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CAPÍTULO I DOS MEIOS QUE POSSIBILITAM À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA AS MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS

1.2 TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A EaD avança com o desenvolvimento das TDIC, possibilitando, também, avanços nos processos de mediação pedagógica. Partindo do

pressuposto de que “o meio é a mensagem”, tomando aqui a histórica frase de McLuhan (1995), para auxiliar na compreensão de que vivemos em um mundo globalizado e midiatizado, que exerce forte influência sobre as pessoas, sobre o seu universo simbólico e sobre os processos de educação, sinalizamos, assim, que as tecnologias não são neutras.

McLuhan (1995) aponta que muitos estudos entendiam o meio (ou mídias) como simples canal de passagem de conteúdos comunicativos, sendo incapaz de influenciar os conteúdos comunicativos que veiculavam. Desse modo, por volta dos anos 1960, esse autor enfatizou a importância dos meios como elementos que ocasionam mudanças na comunicação. Assim, os meios passaram a ser vistos como determinantes na comunicação.

A tecnologia na qual a comunicação é estabelecida está além da forma comunicativa, pois essa tecnologia torna-se um fator determinante daquilo que pode ser dito e isso molda o próprio conteúdo da comunicação, tornando-se a evolução midiática, um elemento fundamental para a transformação da cultura humana (MCLUHAN, 1995). Nesse sentido, McLuhan (1995) apresenta a importância da mídia distinguindo três grandes períodos evolutivos que compreendem: a cultura acústica, ou seja, a cultura das sociedades cujo meio de comunicação caracteriza-se pela palavra oral; a cultura tipográfica, que envolve as sociedades alfabetizadas; e a cultura eletrônica, determinada pela velocidade e pela integração dos sentidos. Cada um desses períodos, chamados de “galáxias” por McLuhan, recebeu uma descrição que representa um modo próprio de o ser humano pensar o mundo e de nele se situar e agir.

Martín-Barbero (2000) não nega a importância dos meios, mas salienta ser impossível entender a importância e a influência dos meios no sujeito se não investigarmos como as pessoas se relacionam com eles. O autor acrescenta que os meios influem na vida das pessoas, dependendo do que elas esperam deles e o que elas “pedem aos meios”. Afirma que os meios não podem ser considerados os únicos atores principais da comunicação, pois os meios “são um dos atores, muito importantes, mas que estão entrelaçados a outros atores também, igualmente, importantes” (MARTÍN-BARBERO, 2000, p. 157).

Em entrevista para a Revista Brasileira de Comunicação, Martín- Barbero (2000) sinaliza a conjectura de que, a partir da teoria das mediações, seria possível encontrar um caminho de aproximação entre os campos da comunicação e da educação. Enfatiza o autor:

O que eu comecei a chamar de mediações eram aqueles espaços, aquelas formas de comunicação que estavam entre a pessoa que ouvia o rádio e o que era dito no rádio. Não havia exclusivamente um indivíduo ilhado sobre o qual se incidia o impacto do meio, que era a visão norte-americana. [...] Mediação significa que entre estímulo e resposta há um espesso espaço de crenças, costumes, sonhos, medos, tudo o que configura a cultura cotidiana. [...] então, tentar medir a importância dos meios em si mesmos, sem levar em conta toda essa bagagem de mundo, da vida da gente é estar falsificando a vida para que caiba no modelo dos estudos dos meios (MARTÍN- BARBERO, 2000, p. 154).

Para Martín-Barbero (2000), as mediações são os lugares onde é possível compreender a interação entre o espaço da produção e o da recepção, por exemplo, o que se produz em um meio (mídia) não corresponde simplesmente às reivindicações do sistema industrial e as estratégias comerciais, mas também às exigências que vêm da trama cultural e dos modos de ver do sujeito.

No contexto educacional, encontramos similaridades com a área da comunicação, pois há pesquisadores que veem as tecnologias como simples instrumentos a serviço do ensino, outros seguem a perspectiva de McLuhan (1995), acreditando que as tecnologias definem as relações educacionais, e também há os que acreditam, assim como Martín-Barbero (2000), que as tecnologias influenciam a educação conforme a expectativa e a vontade dos sujeitos envolvidos.

Garrison e Anderson (2003) ressaltam que na EaD as TDIC influenciam diretamente o desenho dos materiais, as interações entre os envolvidos, o custo dos programas educacionais e, consequentemente, afetam os resultados de um curso, disciplina, etc. Garrison e Anderson enfatizam, contudo, que esses são alguns dos aspectos do contexto educacional que sofrem interferência das TDIC, pois aspectos como a mediação pedagógica, o desenho de um curso, as formas de avaliação, os sujeitos envolvidos, as motivações, os estilos de ensinar e aprender e todos os outros elementos que compõem o contexto educacional são influenciados pelas TDIC.

Na visão de Garrison e Anderson (2003), a tecnologia educacional, ou tecnologia da educação, envolve noções de como o conhecimento pode ser construído, considerando as reflexões da equipe docente e dos

estudantes, e a construção do conhecimento que surge das negociações realizadas para alcançar os objetivos do processo de ensino- aprendizagem. A tecnologia educacional, segundo esses autores, deve ser pensada para construir uma educação que busque disseminar, ilustrar, comunicar, incluir a equipe docente e estudantes em atividades com proposições bem delineadas, a fim de atingir os objetivos específicos da aprendizagem.

Almeida (2015, p. 05) infere que é preciso ter cautela ao mencionar as tecnologias na educação, uma vez que:

São os objetivos educacionais os indicadores da seleção das tecnologias e dos materiais didáticos a serem utilizados na EaD, podendo articular distintos meios, metodologias e recursos digitais ou analógicos. Isso significa que a tecnologia em si mesma influencia, mas não determina a abordagem pedagógica, assim como a tecnologia não é condição suficiente para garantir a qualidade da EaD, embora os modos de produção por meio da tecnologia sejam estruturantes dos processos de produção do conhecimento, desenvolvimento da investigação científica, das relações sociais e educativas.

Nessa perspectiva, as tecnologias são compreendidas neste estudo como ferramentas capazes de viabilizar e promover o processo educacional, podendo ser utilizadas para alcançar objetivos específicos da aprendizagem a partir das expectativas dos sujeitos envolvidos. Por essa razão, as tecnologias são olhadas neste estudo como um meio para as mediações pedagógicas na EaD.

1.3 INTERAÇÃO POR MEIO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS DE