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2.4 Tecnologia Seamless

No documento Design funcional de vestuário interior (páginas 39-42)

O mercado de underwear ganhou na passada década uma nova força e orientação com o aparecimento de uma nova tecnologia de produção dos seus artigos: o seamless. O impacto registado surtiu, e continua a surtir, tal efeito que neste momento se tornou numa tecnologia primordial para este sector pelas enormes vantagens que proporciona.

2.4.1 - Estado Actual

Como constatado anteriormente, a inovação na indústria têxtil e vestuário pode ser alcançada por quatro grandes vias: pelo design, pelos materiais, pela tecnologia e pela gestão/organização. Fruto de uma inovação tecnológica na tricotagem de malhas de trama, nasceu um novo fenómeno na indústria têxtil designado de Seamless. O termo Seamless é, hoje em dia, utilizado no mundo têxtil para denominar todos os artigos de malhas de trama sem costuras, dentro das suas várias áreas de acção, nomeadamente underwear (vestuário interior), outerwear (vestuário exterior), sportswear (vestuário desportivo), swimwear (vestuário para banho) e medicalwear (vestuário medicinal). O fenómeno é muito recente, tendo a sua génese em Itália em meados dos anos 90. Esta inovação tecnológica teve como base, a sofisticada tecnologia aplicada na produção dos teares circulares para fabricação de meias para homem e senhora; tecnologia esta já mais antiga. A Santoni® e a Sangiacomo®, ambas empresas italianas do prestigiado Grupo Lonati®, apresentam-se hoje em dia como os maiores fabricantes mundiais deste tipo de tecnologia. A Santoni® é, de longe, o maior fornecedor de maquinaria de tricotagem e da tecnologia associada a este mercado. Com a tecnologia Jumbo da Sangiacomo® sob a sua asa, estima-se que as duas empresas do Grupo Lonati® abasteçam cerca de 99% do mercado global.

Os mais recentes desenvolvimentos técnicos da Santoni® incluem o SM8-EVO4, que permite uma padronização a cores, extremamente, versátil e associada a uma elevada produtividade. Esta máquina electrónica, de 8 alimentadores apresenta 4 pontos de selecção individual das agulhas em cada alimentação, onde cada um tem 16 níveis de actuação. Trata-se de uma máquina concebida para a produção de uma gama seamless completa de roupa interior, exterior, de banho, de desporto e vestuário sanitário com qualquer tipo de fio, incluindo o elastano. Este sistema possibilita a tricotagem de padrões, altamente definidos em todos os

EVO4 (Fig. 2.2) será útil para malhas tricotadas com 8 alimentações na mesma fileira. Isto permite aceder à técnica “3-way” juntamente com 2 cores para o fio de base. Se for utilizada uma única cor para o fio de base, pode então desenvolver-se padrões com um fio sobreposto. Alternativamente, a técnica “3-way” pode ser combinada com desenhos inteligíveis.

Figura 2.2 - Modelo SM8-EVO4 da Santoni®

2.4.2 - O fenómeno sem-costuras: novos mercados, novas aplicações, inovações

Espera-se que o vestuário seamless penetre ainda mais no mercado da moda íntima. A maior parte dos produtores de artigos sem costuras encontram-se numa posição especialmente vantajosa, em comparação com os malheiros tradicionais.

A capacidade de utilização não está ainda saturada, mas revelam que as previsões das vendas para os seus produtos são boas.

A principal tendência na roupa interior seamless é a produção de tecidos mais leves. Em termos de moda, quanto mais rápidas forem as mudanças, melhor é para os produtores de seamless na Europa.

Vantagens:

Os produtos seamless apresentam as seguintes vantagens:

• Marcam menos a roupa pela ausência de costuras laterais. Os elásticos, embutidos e tecidos nas bainhas, também contribuem para a melhor adaptação da peça;

• O toque macio, singular, é conquistado pela mistura de fios e pela forma como é construída a peça. As misturas mais comuns são feitas a partir de microfibra, algodão e modal, sempre aliadas ao conforto proporcionado pela lycra.

• Modelagem e leveza são os segredos de uma perfeita adaptação ao corpo; • Secagem rápida que é uma vantagem valorizada pelo consumidor moderno.

2.4.3 - Seamless no mercado global

Dados recentes, fornecidos pelo líder mundial Santoni®, mostram que a explosão do fenómeno do vestuário seamless veio para ficar. Isto significa, também, vendas regulares de novas máquinas de tricotagem seamless e contradiz a situação das máquinas de tricotagem de grande diâmetro. Em Itália, espera-se que o vestuário seamless penetre, ainda mais, no mercado da moda íntima. Em particular, a Santoni® espera que este atinja uma quota de 25%. A maior parte dos produtores de artigos sem costuras encontram-se numa posição, especialmente vantajosa, em comparação com os malheiros tradicionais. Nos EUA, observa-se uma situação, ligeiramente, diferente, onde a costa oeste, é particularmente, flutuante. Essas empresas, controladas pelos coreanos, estão, fundamentalmente, a produzir vestuário exterior e activo (outerwear e activewear), onde o preço no ponto de venda é mais regular que na moda íntima. Há muita pouca roupa interior seamless a ser produzida na Califórnia.

A empresa israelita Tefron, maior produtor mundial de seamless, está a focalizar-se mais nos produtos de vestuário activo (activewear).

Em Portugal, o fenómeno seamless é muito recente, encontrando-se empresas têxteis a laborar neste sector, há cerca de cinco anos. Entre 80 a 90% dos artigos produzidos destinam-se ao mercado da malha íntima e vestuário exterior. Os 10 a 20% dos artigos restantes resumem a tendência global do mercado seamless actual, ou seja, a produção de artigos cada vez mais técnicos e com funções e aplicações específicas, usando combinações de fios e estruturas diversas. Estes artigos tornam-se mais apetecíveis do ponto de vista comercial, mas contudo apresentam ainda um mercado um pouco restrito.

O seamless tem um potencial ilimitado, no conforto, ajuste e variedade de efeitos que podem ser obtidos contudo, a sua utilização no sentido da produção de artigos multifuncionais

personalizados ainda se encontra por explorar, tendo em conta as necessidades actuais do mercado.

No documento Design funcional de vestuário interior (páginas 39-42)