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Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação na Educação

No documento Diamantina 2023 (páginas 30-34)

A disseminação e uso de tecnologias digitais, marcadamente dos computadores e da internet, favoreceu o desenvolvimento de uma cultura de uso das mídias. A educação no Brasil está se adequando a essa ferramenta, que vem ajudando a melhorar a qualidade da educação nas redes de ensino. Entretanto, é necessária uma formação qualificada para os educadores, voltada para o ensino tecnológico, pois, nos dias atuais, o conhecimento midiático vem exigindo que tenhamos certo conhecimento dos recursos tecnológicos para que assim, possamos utilizá-los no âmbito educacional em prol dos educandos (MARTINS;

VIANA; SILVA, 2019).

Por TIC e/ou TDIC, conforme Silva e Moraes (2015, p. 6) “entende-se todas as tecnologias que interferem e permeiam os processos de informação e comunicação entre os seres humanos, por digitais, entende-se a internet e suas ferramentas como mediadoras”. De acordo com Coll, Mauri e Onrubia (2010), a centralidade da educação e da formação da Sociedade da Informação (SI) acompanha um protagonismo crescente das TDIC nos processos educacionais e formativos.

As tecnologias na educação são ferramentas que podem ser utilizadas para melhorar a aprendizagem dos alunos, servir de suporte às atividades docentes, bem como, auxiliar os gestores em diversas atividades. Klein et al. (2020) ressalta ainda que, a educação está diretamente relacionada aos acontecimentos da sociedade e, portanto, também à tecnologia e à globalização. A escola acima de tudo é um patrimônio público voltado para a melhoria de vida da comunidade escolar como um todo, e se ela quiser sobreviver como instituição, precisa buscar meios que venham a ser inovadores, uma vez que as inovações tecnológicas exigem um sistema educacional capaz de estimular nos estudantes o interesse diante de novos conhecimentos e técnicas, e que sejam mantidas ao longo de sua vida profissional (KLEIN et al., 2020).

Moran (2017) aponta que, com tantas evoluções tecnológicas, recursos digitais, num cenário tão dinâmico, a escola parece parada no tempo. Para o autor, a escola é “Um espaço de confinamento, quadrado, com tempos marcados para cada área de conhecimento, para cada atividade, para cada avaliação” (MORAN, 2017, p. 66). É impressionante a quantidade de materiais e conteúdos que se encontram disponíveis na internet e que oferecem

apoio aos professores e estudantes. Milhares de vídeos, textos, roteiros de aprendizagem, animações, cursos abertos online, de qualquer conteúdo e ou disciplina, que permitiria inovar e implementar o processo de ensino-aprendizagem, mesmo assim, muitos professores não fazem uso destes recursos.

Neste sentido, cabe ressaltar que a escola tem relevante importância neste processo, e a mesma deve proporcionar a interação entre as tecnologias e os alunos, de modo a promover a aprendizagem por meio dos novos métodos de ensino. A tecnologia educacional é mais do que um conceito recorrente, representa, a cada momento no tempo histórico, a complexidade dos processos pedagógicos (KLEIN et al., 2020).

O autor reforça que, a utilização das TDIC, pela ótica pedagógica, modificou o papel do professor. Agora, o aluno é o protagonista de sua aprendizagem, colocando o professor numa posição de moderador/intermediador desse cenário, e não mais apenas transmissor do conhecimento. Ademais, as TDIC não vieram para substituir o professor, e sim, para mudar seu papel no processo educativo, agregar e facilitar o seu processo de ensino e aprendizagem (KLEIN et al., 2020; MARTINS; VIANA; SILVA, 2019).

Silva e Correa (2014) alertam que será necessária essa compreensão pelo professor, de que o mesmo terá que se adaptar às novas exigências educativas que vêm com as mudanças sociais, ou ele será considerado ultrapassado. É importante que o uso de tecnologias na educação seja aceito, pois assim, o professor compreenderá que a escola também mudou, e que precisa de pessoas capazes de introduzir novos paradigmas no seu processo formador.

Contudo, a escola é marcada pela lógica da instrução, da transmissão e memorização da informação, conflituando com a lógica das TDIC e das metodologias ativas, cujo funcionamento se baseia na construção colaborativa de saberes, na abertura aos contextos sociais e culturais, à diversidade dos alunos, aos seus conhecimentos, experimentações e interesses (SILVA, 2002). Mesmo considerando que as tecnologias potencializam e diversificam o fazer pedagógico, fazendo com que os educandos se apropriem de habilidades fundamentais para a construção do conhecimento, sua inserção na educação ainda apresenta muitos desafios (SILVA; CORREA, 2014).

Corroborando com esse pensamento, Silva e Moraes (2015, p. 9-10) afirmam que

“o uso das TDIC na educação perpassa por desafios ainda constituintes de fatores históricos, culturais, econômicos e sociais que interferem nos objetivos educacionais dessas ferramentas”. Outro desafio está relacionado a desigualdade social em nosso país, o acesso às

TDIC por todos os alunos de forma igualitária, assim como todos os professores e ambientes escolares existentes.

Em 2010, a LDB já previa o uso das tecnologias como recurso pedagógico e visava assegurar a presença das TDIC no currículo escolar. Essa imposição mexeu com um sistema educacional que até então estava acostumado com uma educação de valores antigos.

“Agora, espaços deveriam ser abertos para uma concepção de currículo numa perspectiva digital, ressignificada nas práticas pedagógicas dos educadores em sala de aula” (SILVA;

CORREA, 2014, p. 30).

Martins, Viana e Silva (2019) destacam a importância da tecnologia e suas contribuições dentro do espaço escolar, reconhecem as potencialidades quanto ao uso de recursos tecnológicos a favor da educação, e as possibilidades de ser trabalhado nas escolas o uso desses instrumentos. Porém, destacam que, não se trata simplesmente de utilizar as tecnologias a qualquer custo, mas sim, de acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança civilizatória, a qual questiona intensamente as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas educacionais tradicionais e sobretudo, os papéis do professor e do educando.

É muito importante desenvolver experiência utilizando novos recursos tecnológicos para diversificar e promover mudanças pedagógicas, e isso não implica apenas na instalação de computadores ou qualquer outra ferramenta nas escolas (KLEIN et al., 2020).

Para os autores, a tecnologia na educação utiliza-se da técnica em favor do conteúdo, dimensionando o espaço e o tempo. Igualmente, visa a promover um novo ambiente de ensino, proporcionando o uso de práticas educacionais adequadas para pessoas que, por muito tempo, viviam paralelas à sociedade, e agora, com esses novos recursos é possível acolher e valorizar as diferenças presentes na sala de aula.

A inclusão no contexto educacional exige a realização de adaptações e reestruturações no modelo atual, no ambiente e na prática escolar, em cumprimento à Lei Brasileira de Inclusão: Lei Federal nº 13.146 de 2015 que tem por objetivo garantir em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da pessoa com deficiência, para promover a sua inclusão e cidadania. Para isso, a inclusão escolar é responsável por incorporar novas práticas pedagógicas, bem como, investir em qualificação dos profissionais e desenvolvimento de práticas educacionais apropriadas às necessidades dos alunos e às exigências da atualidade (DANTAS; COUTINHO, 2020; NETO et al., 2018).

Faz se necessário, portanto, adequar e reestruturar o ensino por meio de recursos que garantam não apenas o acesso, mas a permanência do aluno no ensino regular, bem como

lhe proporcione melhores condições de aprendizagem, autonomia e dignidade. Diante do contexto, as tecnologias apresentam diversas vantagens que ampliam possibilidades e proporcionam melhor desempenho do aluno com deficiência, bem como contribuem com sua permanência no ambiente educacional. Portanto, desempenha um decisivo papel na promoção e facilitação da aprendizagem, promovendo a partir de meios adequados, a inserção dos cidadãos e propiciando a estes papéis ativos no processo de aprendizagem (DE SOUSA;

MESQUITA, 2020; SARDAGNA; DE OLIVEIRA, 2016).

As TDIC podem se desenvolver como instrumentos com capacidade mediadora no processo de ensino e aprendizagem basicamente em duas direções: “mediar às relações entre participantes, (professores e alunos) e conteúdos de aprendizagem; e mediar às interações e as trocas comunicacionais entre participantes sejam entre professores e alunos ou entre os próprios estudantes” (SILVA; MORAES, 2015, p.8). Mas, conforme os autores, são muitas as diferentes contribuições que as TDIC podem oferecer a cada professor, sendo necessário um entendimento das possibilidades e potencialidades, a partir das exigências e particularidades de cada disciplina, assim como dos meios disponíveis.

Para tanto, Coll, Mauri e Onrubia (2010) apresentam três aspectos importantes nesse processo de incorporação das TDIC na prática pedagógica, que consistem: no projeto tecnológico - que se refere a organização por parte de professores e alunos conforme as possibilidades de uso das TDIC, bem como o acompanhamento e análise dos resultados; no projeto pedagógico – quanto ao uso de ferramentas tecnológicas como elemento essencial do projeto técnico-pedagógico no processo de ensino e aprendizagem, necessitando de normas e procedimentos de uso; e no projeto de uso – referente a recriação e definição do potencial destas ferramentas como instrumentos psicológicos, determinantes na organização de atividades conjunta, no processo intra e inter mentais envolvidos no ensino e aprendizagem.

Silva e Moraes (2015) reforçam essa necessidade de uma organização e previsão educacional atrelada a um planejamento técnico e instrucional para o uso das TDIC, pois, caso contrário, se torna apenas elemento de reforço de práticas docentes já existentes em sala de aula, como a reprodução e memorização, e não contribuem como ferramentas mediadoras de novas experiências de ensino e aprendizagem.

Portanto, diante do contexto apresentado, para a inserção das TDIC nas práticas pedagógicas vários são os desafios a se enfrentar. Entender e relacionar o conhecimento teórico, técnico e pedagógico, são elementos fundamentais ao se pensar na utilização dessas ferramentas tecnológicas em sala de aula. São vários os fatores limitantes, como: a formação

docente, o uso inadequado das TDIC, uma concepção de processo de ensino que não prioriza a criticidade, a colaboração, a criatividade dos alunos e estruturas físicas escolares, dificultando assim o bom funcionamento dos recursos tecnológicos (SILVA; MORAES, 2015).

Todavia, é inevitável não caminharmos juntos aos avanços tecnológicos, as TDIC permitem mudanças significativas na educação, então porque não a usufruirmos? Elas podem auxiliar na prática docente e superar, mesmo que na parcialidade, alguns fatores limitadores com relação ao uso efetivo e pedagógico. Ressalta-se, no entanto, a necessidade de percorrer alguns caminhos, para inseri-las nas metodologias de ensino e no processo de aprendizagem.

No documento Diamantina 2023 (páginas 30-34)

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