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1 INTRODUÇÃO

2.8 A teoria dos custos de transação

Quanto à questão dos custos de transação – para este estudo sobre os contratos - o primeiro pesquisador a abordar a teoria foi Coase (1937). Desde então, muitos trabalhos de pesquisas tiveram-na como base. Isso possibilitou uma mudança na forma de se analisar as transações entre agentes econômicos. Segundo o autor, além dos mecanismos de preços em nível de mercado, enfatizados na teoria neoclássica, há a coordenação pelos agentes que empregam diferentes princípios envolvendo os contratos entre empresas para obter seus recursos produtivos, o que é um método alternativo no processo de assumir uma produção própria, com investimentos em ativos. Assim, as transações podem ocorrer no mercado, através de contratos. Porém, há que se considerar, além do preço do produto, os custos de compilar informações e de negociar os contratos.

Outro pesquisador a abordar a teoria dos custos de transação dos contratos foi Williamson (1985). Para o autor é fundamental rebater a idéia de comportamento maximizador tradicional utilizado nas transações; ele enfatiza a necessidade da busca de economia dos custos de transação, para se obter maior eficiência na adaptação desse processo de alinhamento de interesses numa estratégia comum. Dependendo dos atributos da transação e dos pressupostos comportamentais dos agentes econômicos, pode-se por uma das três alternativas de coordenação desse processo: o mercado, a hierarquia ou as estruturas híbridas.

Para avaliar os custos de transação, Williamson (1985) faz a caracterização dos seus princípios:

2.8.1 Especificidade de ativos

Um ativo é dito específico se houver redução de seu valor caso haja a ruptura da transação, devido ao produto não apresentar características contratadas. Assim, o rompimento contratual poderá levar uma ou todas as partes envolvidas a uma perda, o que eleva os custos de transação. Para reduzi-los em casos de ativos muito específicos, pode-se utilizar mecanismos que coordenem as transações para reduzir o risco e conseqüentemente os custos.

2.8.2 Incerteza

A tomada de decisões na empresa é fortemente afetada pela incerteza, isso em qualquer empreendimento, o que eleva os custos de transação entre os agentes econômicos. O fato de a empresa ter que transacionar com outra, sem conhecer as variáveis relevantes futuras, eleva o risco, podendo levar a um futuro rompimento do acordo estabelecido.

2.8.3 Freqüência

A freqüência pode ser definida como a quantidade de vezes com que se realiza uma transação. Quanto maior a freqüência das transações, maior será o espaço para que se reduzam os custos, através do comprometimento de ambos os agentes econômicos, e isso faz com que o processo receba melhorias contínuas, colaborando para a eficiência do negócio.

Naturalmente os contratos entre os agentes econômicos sofrem influência do comportamento desses agentes; isso se reflete no aumento da complexidade das transações e pode aumentar os custos no objetivo de alinhamento de interesses dos agentes envolvidos. Como os custos de transação dependem do comportamento dos agentes envolvidos, a seguir apresentam-se os principais pressupostos comportamentais definidos por Williamson (1985):

2.8.4 Oportunismo

Ao contrário que do que apregoam os economistas neoclássicos, a busca do auto-interesse prejudicará outros agentes, caso uma das partes manipule ou distorça informações de modo a tirar proveito da situação em benefício próprio. Para evitar ou reduzir o risco do oportunismo, dada a incerteza comportamental dos agentes, há necessidade de se buscar mecanismos de coordenação que tragam equilíbrio às transações, através de elementos que atendam aos interesse de cada agente econômico em particular, para que ambos ganhem no alinhamento desses interesses.

2.8.5 Racionalidade limitada

É a idéia de que os agentes econômicos, apesar de buscarem a racionalidade – conhecimento estratégico -, são limitados em sua capacidade de adquirir e se dispor no cotidiano da empresa desse conhecimento. Isso vai afetar a tomada de decisão e da avaliação da complexidade do ambiente em que está inserido, aumentando o grau de incerteza. Na busca pela redução dos custos de transação, surge a necessidade de encontrar mecanismos de coordenação que gerenciem as relações entre os agentes econômicos de forma a reduzir as resistências e os custos das transações.

2.8.6 Teoria dos custos de transação no ambiente de negócio

Conforme esta teoria, dependendo da especificidade dos ativos, da incerteza, da freqüência com que ocorrem as transações e do perfil comportamental dos agentes, as transações poderão ocorrer em qualquer ambiente de negócios onde há objetivos de alinhamento de interesse numa estratégia comum para ambos os agentes econômicos com estruturas híbridas.

Estes diferentes mecanismos de governança devem ser gerenciados de forma a reduzir os custos de transação e melhorar a eficiência dos agentes. Para os pesquisadores, Barney e Hersterly (1996), as empresas escolherão a forma de coordenação capaz de reduzir os problemas potenciais advindos da racionalidade limitada - conhecimento do mercado - e da ameaça de oportunismo. Outro pesquisador Hiratuka (1997), diz que a coordenação via estrutura de mercado é

mais eficiente quando os ativos específicos não estão presentes e o preço se torna o aspecto mais relevante – caso das commodity - não havendo relação de dependência. Por outro lado, quando os ativos são altamente específicos, a coordenação ou gerenciamento dos processos é mais viável via internalização ou do controle das atividades – uma certa hierarquia – a necessidade de um agente especialista que monitore os processos críticos se torna mais vantajosa, por possibilitar a redução dos comportamentos oportunistas e conseqüentemente reduzir os custos de transação. Já a coordenação e gerenciamento das transações via contratos - estrutura híbrida - se aplicam quando há dependência bilateral e as partes mantêm uma certa autonomia.

2.9 Os mecanismos de proteção de cultivares de soja no Brasil e em outros

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