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PRODUÇÃO DE SOJA PARA CONSUMO HUMANO UMA ESTRATÉGIA DE MERCADO PARA O PEQUENO PRODUTOR

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS PONTA GROSSA

GERÊNCIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PPGEP

MARCOS FERREIRA DE CAMARGO

PRODUÇÃO DE SOJA PARA CONSUMO HUMANO

UMA ESTRATÉGIA DE MERCADO PARA O

PEQUENO PRODUTOR

PONTA GROSSA FEVEREIRO - 2008

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MARCOS FERREIRA DE CAMARGO

PRODUÇÃO DE SOJA PARA CONSUMO HUMANO

UMA ESTRATÉGIA DE MERCADO PARA O

PEQUENO PRODUTOR

Dissertação apresentada como requisito parcial

à obtenção do título de Mestre em Engenharia

de Produção, do Programa de Pós-Graduação

em Engenharia de Produção, Área de

Concentração: Gestão Industrial, da Gerência

de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus

Ponta Grossa, da UTFPR.

Orientadora: Prof. Magda Lauri Leite, Dr ª

PONTA GROSSA FEVEREIRO - 2008

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C172 Camargo, Marcos Ferreira de

Produção de soja para o consumo humano: uma estratégia de mercado para o pequeno produtor. / Marcos Ferreira de Camargo. -- Ponta Grossa : UTFPR, Campus Ponta Grossa, 2008.

111 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Profa. Dra. Magda Lauri Leite

Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Ponta Grossa, 2008.

1. Soja - Consumo humano. 2. Estratégias de mercado. 3. Produtor rural. I. Leite, Magda Lauri. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. III.Título.

(5)
(6)

Dedico todo esse esforço a Deus,

porque dele tenho recebido tudo em

(7)

PPGEP – Gestão industrial (2008)

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares, pelo grande apoio e compreensão pela minha falta em vários momentos que tive que me ausentar.

A minha orientadora, Professora Drª Magda Lauri Leite, pela sua preciosa ajuda e estímulo nos momentos vacilantes.

À Instituição, pela oportunidade, e aos Professores e colaboradores do PPGEP de Ponta Grossa.

Às empresas e seus colaboradores que prestaram informações valiosas para que este trabalho se realizasse.

(8)

O amor piedoso se caracteriza por nossos atos de bondade para com os outros

(9)

RESUMO

Especialistas vêm apontando o empobrecimento do pequeno agricultor brasileiro, entretanto, poucas iniciativas têm obtido sucesso sobre o tema, mesmo este sendo de grande importância devido ao potencial agrícola do país e a expressão econômica da agricultura no PIB brasileiro. Este trabalho analisa uma estratégia de mercado, focalizando à soja para consumo humano que possa viabilizar a geração de riqueza para o pequeno produtor paranaense, já que boa parte dos pequenos produtores produz soja em áreas menores que 100 ha., e são marginalizados no mercado de alto volume como é o caso das commoditys. A investigação foi conduzida utilizando como instrumento de análise os princípios da escola francesa, a qual analisa os problemas do agronegócio, partindo do produto final. Segundo a escola francesa, todo esforço de produção é orientado pela demanda desse produto, diferentemente da escola americana em que a análise parte da produção no campo até o consumidor final. A estratégia contempla as transações da empresa com o produtor através de contrato, que define as obrigações e os direitos de ambos. Esse é um processo crítico e importante para fortalecer as relações de negócios. Neste trabalho, a análise do elemento contrato utilizou a teoria dos custos de transação, importante instrumento para esta pesquisa. O trabalho foi desenvolvido através do estudo de caso de uma empresa que percebeu o potencial desse mercado e investiu muitos esforços para transformar expectativas de produtos demandados pelo mercado em realidade. O trabalho analisou os processos desenvolvidos pela empresa, considerando mais crítico a transação da empresa com o produtor, sob a perspectiva da teoria dos custos de transação.

Palavras-chave: estratégia - soja - transação - freqüência - pequeno produtor - riqueza

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ABSTRACT

Specialists have been noticing the increase of the poverty among the small Brazilian farms, but few actions have succeeded about this business, although this matter is so important owe to the great improvement of Brazilian crop and its powerful performance in the economy of Brazilian PIB. This work analyses a marketing strategy, which the main purpose is the soybean for humam consumption. It also deals with the possibility to produce capital to the small farmers from Pr State, not forgetting, that the most part of them have planted soybean in areas sometimes less than 100 ha, and so they have stayed far from the high volume of the market, for instance, the commodity. This research was prepared according to the French school’s instrument of analysis, that analysis the agribusiness problems, pondering the final product. According to the French School, every effort of production has been led through the dispute of this product, different from the American school that analysis the production from the field to the final consumer. There are contracts in the relationships between the company and the small farmers. These contracts determine the obligations and the rights of both. This is a critical and important process to strengthen the business relations. In This work, the analysis of the contract element has used the cost of transaction theory and it is considered an important instrument for this research. This work has been developed through the study of case from one company that has invested an intensive effort in order to transform the demanded products of the market in a reality. This research has analyzed the processes which were developed by the company, and the most critical one was considered the transaction between the company and the farmers, under the perspective of the cost of transaction theory.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Círculo de controle dos processos...24 Figura 2- Processos orientados pelo produto final...26

(12)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Características da soja consumo humano...25

TABELA 2 - Evolução da área plantada, produção e produtividade no Estado do Paraná...68

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Características de cada forma de proteção...54

Quadro 2 – Princípio da especificidade do ativo de soja...83

Quadro 3 – Freqüência das transações...86

Quadro 4 – Princípio incerteza dos contratos...88

Quadro 5 – Pressupostos comportamentais dos produtores e da empresa...90

(14)

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO01: Distribuição da soja no mercado consumidor brasileiro...17

GRÁFICO 02: Percentual de participação das pequenas áreas na produção de soja no Estado do Paraná...17

GRÁFICO 03: Fábricas de soja no mundo...36

GRÁFICO 04: Os maiores produtores mundiais de soja...69

GRÁFICO 05: Produção de soja dos últimos vinte anos no mundo...70

GRÁFICO 06: Consumo dos últimos 10 anos no mundo...70

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DHE Sigla do teste de comprovação de que a cultivar é distinguível de

outra, homogenia e estável quanto suas características em cada ciclo produtivo

ECORC Eastern Cereal and Oilseed Research Centre – Centro de Pesquisas

de oleaginosa e Cereal do Oriente

RNC Registro Nacional de Cultivares

SNPC Serviço Nacional de Proteção de Cultivares

TRIPS Trade Related Aspects of International Property Rights - Acordo Sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio – Trade Related Aspects of International Property Rights

UPOV -Union Pour la Protection Dês Obtentions Vegetaux – Organização

Internacional para Proteção de Novas Variedades de Plantas

USDA -United States Departament Of Agriculture- Departamento de

Agricultura dos Estados Unidos

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE QUADROS LISTA DE GRÁFICOS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 16

1.1 Contextualização do problema da pesquisa ...16

1.2 Justificativa para o desenvolvimento deste trabalho ...19

1.3 Objetivos ...20 1.3.1 Objetivo Geral:...20 1.3.2 Objetivo Específico: ...20 1.4 Estrutura do Trabalho ...20 1.5 Procedimentos metodológicos...21 2 REVISÃO DA LITERATURA ...24 2.1 Embasamento teórico ...24

2.2 Conceituação e caracterização da soja ...27

2.3 A soja consumo humano ...30

2.4 Processos críticos de armazenagem para soja consumo humano ...33

2.5 A importância econômica da soja ...34

2.6 O mercado para a soja consumo humano... 35 2.7 Estratégia de mercado ...43

2.7.1 Conceituação de estratégia para este trabalho ...43

(17)

2.8 A teoria dos custos de transação ...48 2.8.1 Especificidade de ativos ...49 2.8.2 Incerteza ...49 2.8.3 Freqüência ...49 2.8.4 Oportunismo...50 2.8.5 Racionalidade Limitada...50

2.8.6 Teoria dos custos de transação no ambiente de negócio ...50

2.9 Os mecanismos de proteção de cultivares de soja no Brasil e em outros países. ...51

2.9.1 Convenções UPOV ...54

2.9.2 Patentes ...55

2.9.3 Serviço Nacional de Proteção de Cultivares ...57

2.9.4 O Brasil e a UPOV ...61

2.9.5 Lei de cultivares ...61

2.10 A problemática do pequeno produtor ...63

2.10.1 O ambiente do pequeno produtor...63

3. METODOLOGIA DO ESTUDO ... 66 3.1 Abordagem ...66 3.2 Local geográfico ...67 3.3 População...67 3.4 Instrumento de pesquisa ...67 3.5 Coleta de dados ...67

3.6 Apresentação da coleta de dados...68

3.6.1 Panorama do mercado de soja ...68

3.6.2 Produção de soja no mundo ...69

3.6.3 Panorama do ambiente da pesquisa ...71

3.6.4 Ambiente de negócio da empresa ...73

3.6.5 Ambiente de negócios das empresas industriais e do varejo que negociam com soja ...74

3.6.6 Pequeno produtor ...75

3.6.7 O produto soja...76

3.6.8 O mercado para a soja consumo humano...76

3.6.9 OS processos críticos com a soja consumo humano...77

3.6.10 O processo envolvendo o pequeno produtor...79

3.6.11 Políticas de contratos envolvendo o pequeno produtor ...80

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 81

(18)

4.1.1 Discussões do principio especificidade do ativo soja ...83

4.2 Frequência das transações...86

4.2.1 Discussões do princípio freqüência das transações...86

4.3 Incerteza dos contratos ...88

4.3.1 Discussões do principio incerteza dos contratos ...88

4.4 Pressupostos comportamentais do produtor e da empresa ...90

4.4.1 Discussões dos pressupostos comportamentais do produtor e da empresa ...91

4.5 Ganhos financeiros através da redução dos custos ... 91

4.5.1 Discussões dos ganhos financeiros através da redução dos custos ...94

5 CONCLUSÃO E SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ...95

5.1 Conclusão ...95

5.2 Sugestão para trabalhos futuros ...100

REFERÊNCIAS...101

APÊNDICE A – PERGUNTAS ORIENTADORAS DA PESQUISA ...105

APÊNDICE B – EMPRESAS QUE TRABALHAM COM SOJA...106

ANEXO A – PRODUTOS DERIVADOS DE SOJA...108

(19)

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre conceituação da soja, o potencial de mercado de alto valor, proteção das variedades, estratégias de mercado, problemática do pequeno produtor, que são apresentados nos capítulos um e dois. A metodologia e o estudo de caso com os resultados e discussões serão apresentados nos capítulos três a cinco.

1.1 Contextualização do problema da pesquisa

O mercado característico de alto volume (soja commoditys) dificulta a formação de uma estrutura padrão homogênea de qualidade no produto ao longo de sua

produção (transporte, armazenagem e comercialização) e também o

dimensionamento do formato produtivo. Portanto, verifica-se, no ambiente de negócio da soja, que Brasil se aproveitou de momentos favoráveis externos de forma passiva, que beneficiavam sua produção em larga escala; pouco se fez de forma ativa, para pensar em uma estratégia que crie novos mercados, gerando maior riqueza.

A soja em uma análise superficial parece um simples grão, mas para o mercado de consumo, principalmente o asiático, ela pode ser mais nobre. Hoje no país, graças a Embrapa e outros centros de pesquisas da iniciativa privada, há mais de 400 variedades para comercialização1, cada uma com suas particularidades e características que podem ser aproveitadas em muitos mercados de consumo. O alto valor comercial desse produto chega a valer muito quando se tem um conjunto de variedades prontas para a comercialização, com características específicas para um mercado potencial.

A produção de soja no país, em pouco tempo será a maior do globo. Isso é um avanço significativo em relação à produção de riqueza, mas existem alguns dados á considerar com relação a esse sucesso brasileiro. No interesse desse trabalho serão apresentados dois:

• A grande produção de soja precisa de um mercado sólido e diversificado; a soja, como vetor de riqueza num processo

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técnico-científico, deve envolver todos os elementos do sistema de produção dessa riqueza, que, inseridos, compartilhem desse sucesso.

Gráfico 1: Distribuição da soja no mercado consumidor em milhões de toneladas

Fonte: IBIOVE 2006

• A produção de soja no Estado do Paraná -delimitando esta pesquisa- se encontra em pequenas propriedades que em média não passam de 100 ha.

Gráfico 2: Percentual da participação das pequenas áreas na produção de soja no Estado do Paraná.

Fonte: IBGE 2005

Distribuição da soja no mercado brasileiro

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 p ro c e s s a m e n to e x p o rt a ç ã o v e n d a s in te rn a s Uso da soja q u a n ti d a d e e m m il t o n e la d a s Distribuição da soja no mercado

Produção de soja no Paraná

40 45 50 55 menor 100 há maior 100 há Áreas produtoras p e rc e n tu a l (% )

(21)

O produtor precisa do apoio técnico-científico e mercadológico para ser uma unidade de produção importante, e isso requer investimentos de longo prazo. O que não se sustenta é o status quo atual. O produtor reconhece que está transferindo sua riqueza para outras fronteiras, logo não será estimulado a plantar nada no campo.

Dados das associações nacionais envolvidas na produção de soja apresentam números que envolvem a distribuição da riqueza no agronegócio brasileiro; apenas 10 a 20% fica no campo, boa parte da riqueza fica com os prestadores de serviço e a maior parte permanece com os elementos que estão estruturados no mercado consumidor de soja, ou seja, estão próximos dos consumidores e sabem das suas necessidades.

De outro lado, empresas ligadas ao agronegócio têm se posicionado estrategicamente com o objetivo de transformar ameaças em oportunidades. Essa empresas reconhecem as importantes mudanças que têm ocorrido no agronegócio brasileiro e mundial. Cada vez mais fica claro que o comércio mundial concentrar-se-á, num futuro próximo, em produtos agroindustriais beneficiados, processados e industrializados.

Isso determina uma grande expectativa: que, em cinco anos, cerca de 50% do valor do comércio mundial de alimentos será de produtos industrializados. Tal fato pode significar que os produtos transacionados no mercado mundial serão cada vez menos “conteúdo e commoditys” e cada vez mais posicionamento mercadológico estratégico, utilização de capacidade de análise e inteligência de mercado, utilização de ferramentas empresariais modernas, uso de competência e gestão estratégica da empresa, num mundo altamente competitivo2.

Nesse ambiente extremamente competitivo, o pequeno produtor está sujeito a maior risco na geração de riqueza, caso se configure o modelo de produção atual, que, mesmo assim, tem um papel importante na produção de alimentos. As empresas reconhecem a importância estratégica do produtor, mas não transferem isso para as negociações, gerando um modelo de produção prejudicial para o sistema como um todo.

(22)

Assim, este trabalho tem um caráter teórico e prático para abrir maior reflexão sobre o modelo de produção da soja brasileira. Há grandes desafios e mudanças inovadoras se iniciam com pequenos projetos. Essa pesquisa tem o objetivo de contribuir com o tema: geração de riqueza para o pequeno produtor.

Evidentemente que o presente estudo tem suas limitações de ordem econômica, cultural, histórica, citando apenas algumas, pois considerando que o ambiente não é uma economia de competição perfeita, muitas variáveis diretas e indiretas afetam essa pesquisa.

1.2 Justificativa para o desenvolvimento do trabalho

O pequeno produtor do Estado do Paraná, a cada ciclo produtivo, tem empobrecido, pois os resultados financeiros obtidos com seu trabalho no campo não gera rentabilidade, mas sim subsistência, e se agravam a cada ano. São muitas variáveis que corroboram para esse processo de perda de riqueza, porém a mais grave é a incapacidade mercadológica que envolve sua pequena produção.

A produção de soja commoditys, no Paraná, se estende numa grande quantidade de pequenas áreas, um perfil produtivo contraproducente, pois o quesito de riqueza para se produzir é o ganho de escala, o que é difícil de obter em pequenas áreas. Assim, de forma autônoma, ou mesmo em cooperativas, sem um ganho de valor não há geração de riqueza.

Com esse alto risco de retorno no investimento para o pequeno produtor, sua produção vai se tornando a cada ciclo produtivo insustentável a médio prazo. Neste contexto, esta pesquisa tem sua orientação na geração de riqueza para o pequeno produtor, por meio de uma estratégia mercadológica onde sua produção faça parte de um esforço conjunto de agregação de valor.

(23)

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral:

a) Analisar uma estratégia de negócio com a soja consumo humano, que viabilize a geração de riqueza para o pequeno produtor paranaense.

1.3.2 Objetivos específicos:

a) conceituar e caracterizar a soja;

b) identificar o mercado potencial para soja consumo humano;

c) localizar a problemática do produtor paranaense;

d) confrontar o que foi levantado no referencial teórico com o ambiente real de negócio das empresas.

1.4 Estrutura do trabalho

Nesse trabalho serão apontados os processos primários e secundários da empresa, a participação do produtor no processo, políticas de contratos e a geração de riqueza para o produtor. Esta análise tem como base a comparação do ambiente real de negócio da empresa com as referências bibliográficas.

A análise desse problema no agronegócio teve como parâmetro a escola francesa que contempla o produto final. Todo o esforço de produção é orientado pela demanda desse produto, diferentemente da escola americana, em que a análise parte da produção desde o campo até o consumidor final.

É importante conceituar o termo estratégia, muito usado neste trabalho, evitando uma amplitude exagerada. Nesse trabalho estratégia enfatiza a importância de se utilizar as noções de eficiência (fazer bem feito), eficácia ( fazer o que o mercado orienta) e com efetividade nas transações.

Já a estratégia mercadológica, neste trabalho, é caracterizada como a capacidade em que as empresas (considerar o produtor como uma empresa) dominam nas áreas de seu conhecimento (produto, processo ou organização),

(24)

independente desse conhecimento ser uma novidade na indústria nacional ou internacional.

Assim, neste contexto, pode-se considerar que a eficiência deste processo é a capacidade da empresa em converter a soja em produtos nobres, com o máximo rendimento e de forma rentável. Já a eficácia empresarial compreende a capacidade de atender às demandas atuais e potenciais desse mercado específico gerando resultados lucrativos, dentro dos requisitos de preço, qualidade, quantidade e de forma efetiva3.

No estudo, procurou-se considerar o caráter sistêmico dos fatores que influenciam as transações de negócios. Para facilitar a análise desses fatores foi utilizado um instrumento que possibilitou medir qualitativamente os efeitos das adoções de políticas nos contratos; a teoria do custo de transação.

A estrutura do trabalho é composta dos seguintes capítulos: o capítulo um apresenta a contextualização do problema da pesquisa, o capítulo dois o conceito e caracterização da soja, seu histórico, o desenvolvimento do interesse comercial e o potencial de mercado. O capítulo três a metodologia do estudo. Já o capítulo quatro e cinco apresenta análise dos resultados e conclusões do estudo.

O trabalho, foi desenvolvida a partir de um estudo de caso, o que permite inferir observações no ambiente real de negócios. Tendo com fator inicial um levantamento bibliográfico para ser confrontado com uma situação real onde elementos se relacionam com objetivos comuns.

1.5 Procedimentos metodológicos

O trabalho tem com base uma pesquisa qualitativa. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos neste tipo de pesquisa, mas não requerem uso de técnicas estatísticas. O pesquisador é o responsável pela coleta de dados, a fonte de coleta de dados é o próprio ambiente em estudo, o modo de análise é o indutivo SILVA e MENEZES (2001).

A pesquisa contempla um estudo de caso, pois trabalha com as questões do tipo ‘como’ ou ‘por que’ sobre um conjunto de acontecimentos que interessam ao

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pesquisador. É um modelo lógico de provas que permite fazer inferências relativas às relações causais entre as variáveis sob investigação”, YIN (2005).

A natureza da pesquisa desenvolvida neste trabalho é exploratória, pois tem por objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é bastante flexível, de modo a possibilitar a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Esse tipo de pesquisa envolve: levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulam a compreensão.

Este estudo é de natureza aplicada porque “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais” SILVA e MENEZES (2001).

Utilizou-se a pesquisa bibliográfica, por ser essa a base de todas as outras, buscando, selecionando e interpretando as diversas fontes sobre Instrumentos ligados ao tema, para melhor fundamentar.

A coleta de dados teve como instrumento a entrevista semi-estruturada, utilizando um gravador, conduzida informalmente, mas sendo focalizada, pois apesar de ser livre, trata de um tema específico, cabendo ao pesquisador durante a entrevista manter o entrevistado atento ao tema ou fazer com que ele retorne após alguma digressão. Este tipo de instrumento dá liberdade ao entrevistador para dirigir a entrevista de acordo com no interesse da pesquisa.

O universo da pesquisa envolveu empresas, pequenos produtores e comerciantes, todos ligados à soja consumo humano. O local geográfico foi delimitado à Região dos Campos Gerais e à Curitiba no Estado do Paraná. As entrevistas envolveram diretamente os especialistas das empresas: dois melhoristas e três agrônomos de campo, gerentes de novos negócios, doze pequenos produtores, sendo seis produtores contratados e seis autônomos (sem contratos) e dez empresas que trabalham com soja para consumo humano, sendo seis indústrias e quatro no comércio varejista.

Os objetivos da coleta de dados foram a obtenção de informações sobre o planejamento das empresas e suas estratégias de mercado, relacionamento com o

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pequeno produtor, seus processos críticos e de suporte, a estrutura mercadológica, as transações com os produtores; do lado do produtor, as expectativas de resultados, a credibilidade nos processos e nas empresas, assinatura de novos contratos. Esse estudo não tem autorização de algumas empresas para divulgar documentos e nem nomes, devido ser um mercado estratégico para a empresa e do alto volume financeiro envolvido no projeto.

Para alcançar o objetivo desta pesquisa serão analisados os processos, os custos de plantio, as transações comerciais levantadas a partir do referencial teórico e dos dados obtidos nas entrevistas, e que serão confrontados com o ambiente real de negócios das empresas.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Embasamento teórico

Para que a riqueza chegue ao pequeno produtor é condição básica a agregação de valor para remunerar todos os elementos envolvidos no processo.

Assim, é importante conceituar esse mercado como sendo um mercado de alto valor, o qual opera em todas as operações de produção e de comercialização necessárias para passar de uma matéria-prima de base para um produto final.

Por esse motivo as operações de produção e comercialização são controladas pelo agente especialista no negócio – empresa que coordena toda a operação - que monitora o processo em todas as suas atividades em cada etapa, desde a produção, controle das semente, transporte da soja, recepção, secagem, armazenagem e distribuição.

Figura 1: Círculo de controle dos processos

Fonte: Competências gerenciais, (2003).

O processo mantém um padrão homogêneo de qualidade, uma exigência do mercado consumidor. A soja vira produto de alto valor ao final do processo, na entrega do produto ao consumidor final, atendendo a todos os requisitos físico-químicos necessários para elaboração de um produtos à base de soja.

Desempenho dos processos Esforço produtos Exerce um esforço de trabalho. Cria uma expectativa Tecnologia da empresa (saber fazer) Valor positivo ou negativo no final do ciclo

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Atributos da soja Percentual da soja % Proteína (%) 40,00 Óleo (%) 19,50 Umidade (%) 12,00 Cinzas (%) 4,00 Fibra (%) 5,50 Carboidratos/açúcar total (%) 12,50 Valor calórico (%) 41,00 Minerais 5,00

Tabela 1: Características da soja consumo humano

Fonte: EMBRAPA, (2006).

Como há um grande investimento em pesquisas, esse mercado de produtos com maior valor agregado tem um perfil caracterizado como: concentração de capital elevada, mercado oligopolizado, atuação crescente de grandes corporações em diferentes mercados, produção dirigida, diferenciação e diversificação de produtos. Diante disso, esta pesquisa tem suas limitações devido à análise marginalista.

O principal conjunto de idéias que impulsionou este trabalho veio da escola francesa que se formou na década de 1960 que estudava os problemas agroindustriais. Naquela época, desenvolveu-se no âmbito dessa escola a noção de

analyse de filière. Para este estudo, a expressão analyse Filière será traduzida

para o português como forma de produção, ou seja, forma de produção de soja. A preferência pela escola francesa motivou-se porque a análise se concentra no produto final, orientado de jusante a montante4.

(29)

Figura 2: Processos orientados pelo produto final

Fonte: Gestão das cadeias produtivas; SILVA A L; BATALHA M.O ( 1999).

A escola francesa difere da escola americana, que surgiu em meados do século XX e que analisa os problemas do agronegócio das cadeias produtivas por meio da produção no campo até o consumidor final, ou seja, de montante a jusante5.

Essa forma de atuar aumenta as chances da empresa de acompanhar as mudanças e inovações exigidas pelo mercado. No Brasil os ciclos econômicos que se desenvolveram ao longo de sua história foram sempre seguidos de muita fragilidade, segundo importantes pesquisadores do agronegócio nacional como Caio Prado Junior, Celso Furtado, entre outros. Estudiosos como estes têm demonstrado que os ciclos econômicos da cana-de-açúcar, da borracha e do café, citando apenas alguns, perderam seus momentos de força da economia nacional em suas épocas favoráveis, por não se adaptarem às novas mudanças significativas de caráter mercadológico, no contexto mundial.

Assim, uma mudança importante no agronegócio é o desenvolvimento de uma estratégia de produtos através da agregação de valor para os produtos agrícolas. Esse quesito se dá, entre outras possíveis formas, pela incorporação de tecnologia diferenciada ou na obtenção de maior qualidade (atributos do produto) e logística de serviço no atendimento ao mercado consumidor.

Demanda Pesquisas

Esforço de produção orientado pelo mercado.

Expectativa de produtos com potencial de venda.

Projetos dos produtos

Processos críticos de produção para Manter a expectativa da demanda

Produto final Processos

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O que confirma esse ambiente são avaliações de projeções realizadas na agricultura nacional, que registraram a existência de mercados internacionais crescentes para os principais produtos do agronegócio e capacidade competitiva para ocupá-los. O Brasil tem condições de obter sucesso no segmento mundial de produtos processados que saem das fazendas com maior valor agregado6.

Nesse contexto, a agregação de valor no agronegócio é de fundamental importância, e isso corresponde em atender às expectativas dos consumidores em relação à qualidade intrínseca e/ou percebida do produto. Isso quer dizer que, na qualidade intrínseca, podem se identificar os atributos químicos e naturais do produto, como: vitaminas, proteínas, fibras etc; em relação às qualidades percebidas destacam-se os atributos físicos dos produtos como cor, textura, sabor, aroma, conservação, tamanho, homogeneidade visual ou ainda praticidade e apresentação do produto .

2.2 Conceituação e caracterização da soja

A soja (Glycine max (L.) Merrill), que hoje é cultivada em todo o mundo, não é mais a mesma que lhe deu origem – uma espécie de planta rasteira que se desenvolveu na Ásia. Sua evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais, entre duas espécies de soja ainda selvagens, que foram melhoradas por cientistas chineses. A utilização na alimentação das civilizações antigas da China foi fundamental, tanto que o grão de soja era considerado sagrado (EMBRAPA,2004).

A soja já é explorada comercialmente há décadas no Oriente. Tanto que é um dos alimentos mais antigos cultivados no mundo atualmente. Apesar de conhecida e explorada no Oriente, no lado Ocidental o seu cultivo só teve início comercialmente na segunda metade do século XX nos Estados Unidos.

No Brasil a soja chegou, vinda dos Estados Unidos, pela Escola de Agronomia da Bahia, no final do século XIX e início do século XX, época em que foram feitos os primeiros estudos de cultivares. Foram realizados outros estudos no Instituto Agronômico de Campinas, mas ainda o interesse concentrava-se numa cultura forrageira, sem pretensões comerciais (BONETTI, 1981).

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O Estado do Rio Grande do Sul apresentou condições favoráveis para que a soja se desenvolvesse e se expandisse. Assim, o primeiro registro de cultivo da soja foi em Santa Rosa no Rio Grande do Sul.

A soja foi beneficiada com um programa oficial do governo à triticultura nacional, por volta 1950, devido ao fator técnico – leguminosa que poderia suceder à gramínea, e econômico – otimização da terra, das máquinas e implementos, infra-estrutura e da mão-de-obra. Mas o maior incentivo foi como alternativa de verão para suceder ao trigo cultivado no inverno.

No Estado do Paraná, a soja foi cultivada com interesse comercial apenas em 1950. Isso foi possível devido a uma alternativa ao plantio do arroz de sequeiro, cultura que apresentava dificuldade de plantio na época, e precisava ser rotacionada com outra planta: a soja foi uma boa alternativa.

Mas, como ocorreu nos Estados Unidos, foi somente a partir de 1960 que a soja conquistou um espaço importante na agricultura nacional. Essa alavancagem da soja se deu em razão da política de subsídios ao trigo, como o objetivo de tornar o país auto-suficiente em relação a esse produto. Um dos motivos era a dobradinha trigo no inverno e soja no verão.

Foi em 1970 que a soja se consolidou como uma importante cultura no agronegócio nacional, quando sua produção passou de 1,5 milhão no início da década para mais de 15 milhões de toneladas no final da década de 70. O que justificou esse crescimento não foi somente o aumento da área plantada, mas um grande incremento de produtividade que passou de 1,14 para 1,73 toneladas por ha. (BONATO, BONATO,1987).

Vários fatores contribuíram para que a soja se estabelecesse como uma importante cultura no Brasil. Esses fatores podem ser comuns tanto para o Sul como no Cerrado Brasileiro; outros são específicos para cada região7. (EMBRAPA, 2004):

● semelhança do clima e solo com aquele predominante no sul dos EUA;

● estabelecimento da “Operação Tatu”, no RS, em meados de 1960, cujo programa promoveu a calagem e a correção da fertilidade dos solos,

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favorecendo o cultivo da soja naquele estado, na época o grande produtor nacional de soja;

● incentivos fiscais disponibilizados aos produtores de trigo nos anos 50, 60 e 70 beneficiaram igualmente a cultura da soja;

● mercado internacional em alta, principalmente em meados dos anos 70, em resposta à frustração da safra de grãos na Rússia e China;

● substituição das gorduras animais (banha e manteiga) por óleos vegetais, mais saudáveis ao consumo humano;

● estabelecimento de um importante parque industrial de processamento de soja no sul do país;

● facilidades de mecanização total da cultura;

● surgimento de um sistema cooperativista dinâmico e eficiente;

● estabelecimento de uma bem articulada rede de pesquisa de soja envolvendo os poderes públicos federal e estadual, apoiada financeiramente pela indústria privada (Swift, Anderson Clayton, Samrig, etc.);

● melhorias nos sistemas viário, portuário e de comunicações, facilitando e agilizando o transporte e as exportações.

No que diz respeito ao cultivo da soja na Região Central do Brasil, houve um ganho de escala na produção, tornando a soja uma commoditys de alto volume, devido às grandes áreas produtoras dessa região. No Centro Oeste brasileiro, a concentração da produção de soja ocorre em grandes áreas, diferente do sul do país, onde a concentração de pequenas propriedades ainda hoje responde por boa parte da produção. Entre os elementos apontados por especialistas que favoreceram esse crescimento da produção, podem ser citados:

● desenvolvimento da infra-estrutura do Centro-Oeste;

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● instalação de empresas ligadas ao agronegócio, em busca dos mesmos incentivos;

● baixo valor da terra na região;

● desenvolvimento de novas cultivares adaptadas à região;

● topografia favorável à mecanização;

● melhorias no sistema de logística;

muitos produtores com estrutura financeira e tecnológica;

regime pluviométrico da região altamente favorável aos cultivos de verão. 2.3 A soja consumo humano

A maioria dos cultivares de soja para consumo humano apresenta de 38 a 45% de proteínas, de 15 a 25% de lipídios, de 20 a 35% de carboidratos e cerca de 5% de cinzas em suas sementes. Quando processados, 100 quilos de soja produzem, em média, 79 quilos de farelo (que possui cerca de 50% de proteína) e 18,4 quilos de óleo. O óleo de soja é o líder mundial dos óleos vegetais e é responsável por 20 a 24% de todas as gorduras e óleos consumidos no mundo. No Brasil, o óleo de soja contabiliza bem acima dos 50% de todos os óleos e gorduras dos produtos alimentícios. O maior uso do óleo de soja na alimentação humana é na cocção dos alimentos, nas frituras, na produção de margarinas e de gorduras vegetais.

É no germoplasma de soja que há considerável variabilidade nos teores de proteína. A soja para consumo humano oscila entre 40% a 50% (arroz é 7% e feijão é 20%). Deve-se ressaltar, ainda, que o óleo foi sempre a fração econômica mais importante, o que acentuou a seleção de cultivares com altos teores desse produto, evidenciada pela correlação positiva entre óleo e rendimento. Através da manipulação dos genes da fração protéica é possível avançar mais rapidamente na melhoria da qualidade da proteína de soja.

Óleo e conteúdo total de açúcar, sacarose, rafinose e estaquiose estão positivamente associados ao mesmo tempo em que tanto óleo quanto açúcares totais estão negativamente correlacionados com proteína; então se pode dizer que

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muita proteína leva a uma deficiência em açúcar (MORAIS & SILVA, 1996). Essas correlações demonstram o problema que se tem para conseguir obter cultivares com elevado teor protéico e alto rendimento de grãos.

O teor de cálcio nos grãos de soja varia de 160 a 470 mg (média de 230 mg) por 100g de grãos. Essa quantidade supre em média 30% da necessidade diária de cálcio (800 mg), recomendada para adultos (homens) entre 22-35 anos, com peso corporal em torno de 70kg.

A soja, segundo LIU (1999), pode ser classificada em dois grupos: soja para produção de óleo e farelo, tipo grão, e soja para alimentação humana, tipo alimento. No Brasil, a Lei nº 9.972, de 25 de maio de 2000, que diz respeito ao Regulamento Técnico de Identidade e de Qualidade para a Classificação de Soja, classifica a soja no Brasil.

O conceito de produto, ou seja, a definição de soja segundo o regulamento são os grãos provenientes da espécie Glycine Max (L) Merril.

A soja é classificada em três categorias: grupos, classes e tipos8.

Grupos: conforme a finalidade, a soja é classificada em dois grupos:

• Grupo I – a soja destinada ao consumo “in natura” (consumo humano) • Grupo II – a soja destinada à utilização para fins industriais.

Classes: de acordo com a coloração do grão. Há cinco classes:

• amarela - constituída de soja que tem a casca de cor amarela, verde ou pérola, mas cujo interior se mostra amarelo ou amarelado, ou claro ou esbranquiçado em corte transversal, admitindo-se até 10 % (dez por cento) de grãos de outras classes, em conjunto ou isoladamente;

• Verde - constituída de soja que tenha a casca de cor verde e cujo interior seja verde em corte transversal, admitindo-se até 10% (dez por cento) de grãos de outras classes, em conjunto ou isoladamente;

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• Marrom - constituída de soja que tenha a casca de cor marrom, castanho claro ou escuro, admitindo-se até 10% (dez por cento) de grãos de outras classes, em conjunto ou isoladamente;

• Preta - constituída de soja que tenha a casca de cor preta, acinzentada ou parda, admitindo-se até 10 % (dez por cento) de grãos de outras classes, em conjunto ou isoladamente;

• Misturada - constituída de soja que não se enquadra em nenhuma das classes anteriores, especificando-se obrigatoriamente, no Certificado de Classificação, as percentagens de cada classe que compõem a classe misturada.

Tipo: independente do grupo e da classe a que pertença, a soja será classificada em dois tipos, definidos em função dos percentuais de ocorrência de defeitos e de matérias estranhas e impurezas9.

A soja Grupo II apresenta sementes de tamanho médio; o peso de 100 sementes varia entre 10 e19 g, e atende, principalmente, às indústrias de farelo e óleo. Este tipo de soja apresenta algumas características indesejáveis como cozimento lento, sabor amargo ou adstringente ou semelhante ao de feijão cru, resultando em uma baixa aceitação sensorial (LIU, 1999).

A soja Grupo I para alimento pode ser dividida em duas classes: sementes pequenas, com peso de 100 sementes menor que 10 g, destinadas ao consumo em forma de brotos e de natto (alimento fermentado); e sementes grandes com peso de 100 sementes maior que 20 g.

Além de apresentar sementes maiores, a soja Grupo I possui sabor adocicado, alto teor de carboidratos, menor produção ou ausência de odores indesejáveis, reduzido teor ou ausência de fatores antinutricionais (LIU, 1999). Apresenta elevado teor protéico, proteínas ricas em aminoácidos essenciais, exceto sulfurados: metionina e cistina. A carência de aminoácidos sulfurados pode ser facilmente contornada associando-se a soja com outros alimentos complementares, como cereais - arroz, milho e trigo -, por exemplo (YOKOMIZO, 1999). Também apresenta menor teor de óleo, cor clara e uniforme das sementes (cotilédone, tegumento e

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hilo), menores teores de ácidos graxos insaturados como linolênico e linoleico e de lipoxigenase (LIU, 1999).

A soja Grupo I com sementes grandes pode ser utilizada de várias formas: "soja hortaliça" (edamame) consumida principalmente como tira-gosto e também como legume, em adição a sopas ou processadas em doces (TSUTSUMI, 2000). É comercializada fresca, congelada ou enlatada (LIU, 1996). “Soja doce” (kuromame) compreende genótipos com sementes grandes, de tegumento preto, consumida na forma de grãos maduros, geralmente cozidos a vapor e é utilizada no preparo de doces especiais; “soja salada” apresenta sementes maduras grandes, com tegumento de cor amarela e hilo cor creme, aceitando-se em alguns locais grãos de cor verde (YOKOMIZO, 1999).

Esta soja Grupo I é cultivada em pequena escala, sendo que, atualmente, está havendo um aumento do interesse comercial por este tipo e as áreas de cultivo estão crescendo nos Estados Unidos e no Canadá. Estão sendo desenvolvidas cultivares adaptados para uso doméstico e exportação para o Japão, onde a produção não atende ao consumo interno (TSUTSUMI, 2000).

Recentemente, vem surgindo no Brasil uma nova categoria de produtores e indústrias de soja orientadas para a alimentação humana. Estão descobrindo este mercado e investindo em pesquisas e novos processos para se adequar ao exigente mercado da alimentação humana. Além das barreiras tecnológicas e competitivas, há forte proteção sanitária no comércio internacional para nichos de mercado como o da soja.

2.4 Processo crítico de armazenagem para a soja consumo humano

O processo de armazenagem está sendo considerado para a soja consumo humano, porque tecnicamente as empresas têm perdido muito produto nesta fase. Quando o produto está pronto para a comercialização ou para a produção de derivados, há um comprometimento de parte dos estoques, essa parte vira

commoditys devido à falta de gerenciamento desse processo na questão da

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Há certo relaxamento da empresa depois de ter seus produtos classificados e estocados nos armazéns, conforme aponta a literatura científica: é fundamental o gerenciamento do processo de armazenagem para evitar prejuízos.

Desta forma, considera-se a armazenagem um dos processos mais críticos para este tipo de soja; as condições de armazenamento refletem diretamente o rendimento e a qualidade do produto final a que se destina a soja (FETT, 1998).

Tal fato ocorre porque os grãos absorvem oxigênio e desprendem gás carbônico e água, processo que libera calor, e o aumento da umidade do grão acelera esta atividade biológica. A elevação da temperatura aumenta a respiração dos grãos, assim quanto maior a taxa respiratória mais rápida será a deterioração do produto soja armazenado. A taxa de respiração de grãos não sadios, sujos ou danificados (com danos mecânicos) é bem mais elevada do que os grãos sadios e limpos mantidos nas mesmas condições (FETT, 1998) .

Portanto, duas considerações são importantes neste processo: a primeira diz respeito ao local de armazenagem que exige um ambiente climatizado; a segunda ao exigente padrão de qualidade do processo aplicado à soja.

O que justifica o ciclo curto de venda do produto é a metodologia de negociação de jusante a montante. Buscam-se contratos de vendas ou expectativas no mercado consumidor para que a produção seja iniciada dentro de um processo fechado de plantio, colheita, processamento e distribuição ao mercado consumidor, com o mínimo de tempo de armazenamento do produto.

2.5 A importância econômica da soja

A revolução socioeconômico e tecnológica iniciada pela soja no país pode ser comparada com o que ocorreu com a cana-de-açúcar no Brasil Colônia e com o café, no Brasil Império/República, que, noutras épocas, comandavam o comércio exterior do Brasil. A soja respondeu por uma receita cambial – no ano de 2003 - para o Brasil de mais de sete bilhões de dólares anuais (superior a 11% do total das receitas cambiais brasileiras) e cinco vezes esse valor, se considerados os benefícios que gera ao longo da sua extensa cadeia produtiva (EMBRAPA 2004).

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O complexo soja ainda mantém essa hegemonia na economia do agronegócio, seguida pela cadeia de carnes, deixando para trás as cadeias produtivas da madeira, sucroalcooleiro e do café.

A soja foi responsável pela formação de cidades, uma nova civilização no Brasil Central, levando o progresso e o desenvolvimento para uma região pouco desenvolvida e desvalorizada, transformando os pequenos povoados urbanos existentes em cidades.

No século passado, em apenas quatro décadas, a soja teve sua produção aumentada em 260 vezes. Isso foi determinante para ocorrer uma série de mudanças no país. Foi a soja, inicialmente auxiliada pelo trigo, a grande responsável pelo surgimento da agricultura comercial no Brasil.

Pode-se dizer que foi ela a responsável pela aceleração da mecanização das lavouras brasileiras, pela modernização do sistema de transportes, pela expansão da fronteira agrícola, pela profissionalização e pelo incremento do comércio internacional, pela modificação e pelo enriquecimento da dieta alimentar dos brasileiros, pela aceleração da urbanização do país, pela interiorização da população brasileira.

2.6 O mercado para a soja consumo humano

A maior parte da soja produzida no mundo atualmente é destinada à produção de óleo e farelo. Grande parte desse óleo é destinada ao consumo humano. E quase que toda a proteína da soja é utilizada para o farelo utilizado nas rações animais.

Nos países da Ásia, onde se originou a soja, o aproveitamento desse grão é mais nobre. Tradicionalmente a oleaginosa é transformada em vários alimentos para o consumo humano, como tofu, natto, misso, bebida a base de soja e consumo em natura como salada e edamame.

Nos países do ocidente, o interesse comercial pela soja tem aumentado. O consumo em forma de alimentos e bebidas tem crescido vertiginosamente, criando uma nova geração de alimentos à base de soja, com qualidade nutricional e funcional, abrindo um mercado potencial com características diferenciadas.

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Número de fábricas de derivados de soja no mundo 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 EU A Ale man ha Bra sil Japã o Indo nési a Fran ça Países Q u a n ti d a d e s

Gráfico 3: Fábricas de soja no mundo

Fonte: USDA, 2004.

Os mercados dos países asiáticos podem ser considerados altamente promissores, tanto pela alta dependência destes países em relação ao consumo como pela regularidade da demanda. O mercado japonês de soja, entretanto, apresenta peculiaridades às quais os países exportadores precisam se ajustar. As exigências de padrões de qualidade, sustentadas pelos importadores japoneses, especialmente pelas indústrias de produtos alimentícios típicos, são muito rígidas10.

No mercado interno, caso a soja agrade ao paladar do brasileiro, é possível tornar seu uso um hábito, aumentar o valor nutritivo da alimentação e aproveitar a produção nacional, que boa parte é hoje exportada. A soja é um alimento capaz de enriquecer, a baixo custo, a dieta humana. É rica em proteínas, carboidratos, minerais e vitaminas. O consumo de alimentos preparados à base de soja pode ser dirigido especificamente à terapia nutricional - nutrição enteral, nutrição oral especializada - ou a nutrição popular - leites especiais, compostos nutricionais fortificados (MAGNONI, 2000).

Inúmeros estudos científicos comprovaram a importância de certos alimentos para a saúde. Os alimentos, que além de nutrir o organismo humano e saciar a

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fome, têm componentes ativos que ajudam na prevenção e controle de doenças são chamados de funcionais (SALGADO, 2000).

O termo “alimento funcional” foi primeiramente introduzido no Japão por volta de 1980 e pode ser definido como: “qualquer alimento ou parte de um alimento que proporciona benefícios à saúde, incluindo a prevenção e tratamento de doenças, além de satisfazer os requerimentos nutricionais tradicionais” (SANAVITA, 2003).

A vedete dos alimentos funcionais é a soja. Inúmeros estudos científicos comprovam seus benefícios à saúde e têm demonstrado que o consumo de produtos derivados da soja está associado freqüentemente com a redução ao risco de doenças crônicas, tais como, câncer de esôfago, pulmão, próstata, mama e cólon, doenças cardiovasculares, osteoporose, diabete, mal de Alzheimer e sintomas de menopausa (YIM, 2003).

A soja é rica em isoflavonas, substâncias que pertencem à família dos polifenóis, uma grande classe de componentes sintetizados pelas plantas. Uma propriedade dos polifenóis é sua atividade antioxidante; também possuem ação de fitoestrógenos. Os fitoestrógenos representam um extenso grupo de compostos derivados de plantas de estrutura não esteróide que tem ação estrogênio-símile (MAGNONI, 2000).

As isoflavonas correspondem a apenas 2% do peso do grão; o gérmen concentra 80% do teor de isoflavonas. Portanto, a manutenção das propriedades físico-químicas da soja em todo o processo de obtenção do gérmen define a alta qualidade de fornecimento de isoflavona natural (LENA, 2002). A grande dificuldade, entretanto, está em encontrar a qualidade de soja que atenda às necessidades da indústria quanto ao teor de isoflavona. Se não houver o índice esperado, descarta-se o grão.

Entre os principais fatores que definem os teores de isoflavonas no grão de soja está o genético, ou seja, a variedade tem que ter aptidão para altos ou baixos teores. Aliados a uma boa genética, os fatores locais do meio ambiente, como clima, altitude, latitude, temperaturas médias, fertilidade do solo e condições climáticas durante o desenvolvimento das culturas e colheita, podem tanto melhorar quanto

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A maioria das pesquisas mostra que apenas uma porção de soja cozida (100g) ou de seus derivados, como, por exemplo, uma xícara de "leite de soja" ou 1/2 xícara de tofu, contém quantidades suficientes de isoflavonas para exercer efeitos clínicos (SALGADO, 2000). É importante também salientar que dois produtos à base de soja, o molho (shoyu) e óleo de soja, não contêm isoflavonas (SALGADO, 2000).

A soja chega ao terceiro milênio como uma das mais importantes commoditys agrícola e ainda está sendo reconhecida como alimento funcional. Isso significa que a soja pode colaborar na melhoria da saúde e da qualidade de vida. Apresenta-se como cultura de grande relevância econômica, produzindo grãos com boas características sensoriais e nutricionais.

A principal contribuição que a soja pode fazer para nutrição humana é o fornecimento em qualidade e quantidade de proteína. No entanto, outra consideração é dada a outros constituintes da soja que também possuem importância nutricional. As vitaminas e os minerais da soja são significativas e podem ser um fator nutricional decisivo em situações onde a disponibilidade desses nutrientes podem ser limitada (HANSEN, 1999). Como todas as leguminosas, a soja é uma fonte de vitaminas do complexo B, mantendo essas características da colheita ao consumo, o que não acontece com diversos cereais nos quais o beneficiamento retira quase todas as vitaminas e minerais (ZANGELMI, 1989).

A soja pode ser consumida in natura, semicozida, na forma de extrato hidrossolúvel (“leite”), líquido ou em pó, aromatizado ou não, proteína vegetal texturizada, processada com outros alimentos, como biscoitos e sopas, tofu (coágulo protéico), shoyu (molho), natto (grãos fermentados), miso (pasta) e broto. No Ocidente a soja está presente na alimentação de forma indireta, como proteína vegetal texturizada, farinhas integral e desengordurada, lecitina e tocoferol (vitamina E) que entram na composição de embutidos, hambúrgueres, leite em pó, pães, massas salgadas, biscoitos, chocolates, sorvetes, entre outros (YOKOMIZO, 1999).

A proteína isolada de soja é um ingrediente muito utilizado por sua propriedade emulsificante e como agente de textura para embutidos em geral (MARTINO, 2001). Tem um teor de proteína acima de 90% (TEIXEIRA, 2000). As proteínas texturizadas de soja possibilitam uma substituição de até 20% da proteína animal nos embutidos sem alterar o sabor, a textura e a aparência (MARTINO, 2001). Outra aplicação

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importante é seu uso como fonte protéica em produtos recheados e pratos culinários vegetarianos.

As lecitinas de soja são usadas como suplementos alimentares, além de emulsificantes naturais para diversos produtos como chocolates, margarinas, biscoitos, achocolatados, produtos instantâneos e para nutrição animal (MARTINO, 2001).

As fibras de soja são utilizadas como matéria-prima pela indústria alimentícia na fabricação de pães, barras energéticas, bebidas dietéticas, entre outros. Também podem ser utilizadas em sopas e para empanar alimentos. O conteúdo em fibras (celulose e hemicelulose), apesar de não assimiláveis pelo organismo, deve ser mencionado por tratar-se de fator importante na prevenção de arteriosclerose e alguns tipos de câncer (de intestino, por exemplo).

Os derivados de soja podem ser divididos em quatro grupos: produtos não desengordurados, produtos do farelo desengordurado, produtos do óleo bruto e produtos de tradição oriental (MORAIS & SILVA, 1996).

Os alimentos à base de soja podem ser fermentados ou não. A fermentação acrescenta cor, sabor e aroma ao alimento, além de enzimas e substâncias nutritivas. A digestibilidade do produto é incrementada pela fermentação. O emprego do sal visa selecionar os microorganismos inibindo aqueles nocivos à saúde do homem e os indesejáveis. Os orientais são os detentores dessa tecnologia, bem como seus maiores consumidores.

No Brasil, além dos descendentes, poucos são os adeptos que consomem produtos tradicionais de soja. O shoyu ou molho de soja é o mais difundido entre os brasileiros, usado no preparo de carnes e molhos para salada (CÂMARA, 1982).

Um dos produtos mais conhecidos da soja é o extrato hidrossolúvel de soja – “leite” de soja. O “leite” é uma solução obtida a partir da extração aquosa resultante da hidratação dos grãos de soja, convenientemente limpos, seguido de processamento tecnológico adequado (SACCO, 2001). Para se produzir “leite” de soja são desejáveis variedades com alto conteúdo protéico, sementes de cor amarela clara e com hilo claro.

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Há dois tipos de sabores considerados indesejáveis nos produtos protéicos de soja. Um deles é composto pelos voláteis, responsáveis pelo sabor herbáceo ou feijão cru / beany flavor, sendo originado pela oxidação do ácido linolênico e outros lipídeos poliinsaturados sob a ação das lipoxigenases; e outro pelos compostos não voláteis, responsáveis pelo sabor amargo e adstringente (YOKOMIZO, 1999). A sensação adstringente é atribuída à substâncias polifenólicas, interagindo com mucoproteínas na boca e garganta. O sabor amargo e adstringente é formado por deterioração oxidativa de aminoácidos e por hidrólise enzimática (SACCO, 2001).

Este sabor característico está diretamente ligado à presença de compostos como aldeídos e hidrocarbonetos, produzidos durante o processamento do grão pela enzima lipoxigenase que catalisa a oxidação dos lipídios poliinsaturados. Tais compostos aderem na fração protéica da soja e, quando o grão é aquecido, é ainda mais difícil removê-los. Isso acontece nos produtos primários, como a farinha integral e o “leite” de soja. Além de alterar o sabor da soja, as lipoxigenases provocam a rancificação do óleo e diminuem a vida de prateleira dos alimentos.

Nos EUA, têm sido desenvolvidas inúmeras pesquisas objetivando o melhor aproveitamento dos derivados da soja na alimentação humana. Essas pesquisas visam desenvolver cultivares de melhor sabor, por intermédio da eliminação das enzimas lipoxigenases. A eliminação genética dessas enzimas constitui um dos itens de melhoramento da qualidade da soja (TEIXEIRA, 2000).

A chave para se obter sojas especiais ou melhoradas geneticamente é conseguir identificar quais variabilidades genéticas que influenciam na composição das sementes. A variação genética quantitativa é controlada por vários genes na planta de soja. Para identificar linhas parentais com variação genética desejável, as linhagens de soja têm que ser cruzadas e selecionadas conforme o objetivo que se quer alcançar.

A composição química pode afetar a qualidade e o sabor dos alimentos à base de soja. Com o aumento do consumo desses alimentos, devido principalmente aos atributos nutricionais, o consumidor deve estar atento à qualidade desses alimentos.

Cientistas estão pesquisando diferentes cultivares de soja para alimentação. Doze genótipos de soja foram selecionados, incluindo alguns selecionados por

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cientistas da China e da Tailândia, baseados nos atributos físicos da semente (sementes “cremes” /brancas, hilo claro/amarelo, peso de 100 sementes maior do que 15g). As sojas foram selecionadas para a fabricação do tofu.

As seleções de algumas variedades apresentaram melhor rendimento, ou seja, um ganho de quantidade e qualidade de produto sem aumentar a quantidade de soja. Genótipos com sementes de tamanho grande ou médio (peso de 100 sementes 15g ou mais) produziram mais tofu, com melhor textura e coloração mais branca. As sojas com alto conteúdo de proteínas produziram esse derivado de soja com mais proteína, alcançando melhor preço, e dando mais lucro ao produtor.

O mercado de processamento de alimentos à base de soja visa a grãos com hilo claro, porém fatores como tamanho das sementes, conteúdo de óleo ou proteína, e sabor agradável também são desejáveis.

A maior parte dos alimentos derivados desse grão é fabricado em países orientais, sendo o Japão o maior comprador com este propósito. Em toda Ásia muitos países consomem alimentos feitos com soja, os EUA vendem soja para países como a China, Coréia, Taiwan, Hong Kong, Malásia e Indonésia. O aumento do interesse por alimentos diet, a mudança no estilo de vida, e as colônias orientais localizadas em algumas regiões têm feito com que o consumo de alimentos feitos com soja cresça nos EUA. Alguns fatores favoráveis no mercado Oriental:

• O consumo mundial de alimentos de soja foi estimado em cinco milhões de toneladas. No Japão este número é, em média, 1 milhão de toneladas (20% do mercado total).

• USDA’s estimou que os japoneses consomem anualmente 20 milhões de

bushels (544 000 toneladas) de soja para tofu, a maior parte importada dos EUA.

• São produzidas, mais ou menos, 560 000 toneladas de miso/ano; a maior parte é consumida no Japão, e somente 3 000 toneladas são exportadas. O consumo per capta, no Japão, é de aproximadamente 4,9 Kg.

• Para cada 4 Kg de miso, utiliza-se 1 Kg de soja. No Japão, utiliza-se em torno de 140 000 toneladas de soja para produção de miso.

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• Crescerá o consumo e conseqüentemente a demanda por soja no mundo, pois a população humana continuará aumentando.

• O poder aquisitivo dessa população continuará incrementando-se,

destacadamente na Ásia, onde está o maior potencial de consumo da oleaginosa.

• O consumo interno de soja deverá crescer, estimulado por políticas oficiais destinadas a aproveitar o enorme potencial produtivo do Brasil.

• O protecionismo e os subsídios à soja, patrocinados pelos países ricos, tenderão a diminuir pela lógica e pressão dos mercados e da Organização Mundial do Comércio, aumentando, conseqüentemente, os preços internacionais, que estimularão a produção e as exportações brasileiras.

• A cadeia produtiva da soja brasileira tenderá a desonerar-se dos pesados tributos sobre ela incidentes, para incrementar a sua competitividade no mercado externo.

• Pode-se estimar, também, pelas tendências do quadro atual da agricultura brasileira, que a produção da oleaginosa (commodity) no país se concentrará cada vez mais nas grandes propriedades do Centro-Oeste, em detrimento das pequenas e médias propriedades da Região Sul, cujos proprietários, por falta de competitividade na produção de grãos, tenderão a migrar para atividades agrícolas mais rentáveis.

Em última análise, o futuro da soja brasileira dependerá da sua competitividade no mercado global e de sua capacidade de diversificar e aproveitar melhor a riqueza dessa leguminosa, e para isso, além do empenho do produtor, são necessárias empresas empreendedoras, centros de pesquisas e o apoio governamental, especificamente no desenvolvimento da infra-estrutura de escoamento.

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2.7 Estratégia de mercado

2.7.1 Conceituação de estratégia para este trabalho

A estratégia mercadológica pressupõe uma organização flexível, um sistema que contemple o meio ambiente e seus elementos estratégicos, a interação permanente com o mercado e seus clientes, estruturação de suas atividades por processos, subcontratação, parcerias e terceirização.

Segundo Peter Drucker (1995), “ a venda deve se tornar supérflua,

conhecendo e compreendendo o cliente tão bem que o produto ou serviço sirva e venda por si próprio”. Esse pode ser o melhor conceito de efetividade.

Para Philip Kotler (2000), o valor para o cliente é a diferença entre os valores que ele ganha comprando e usando um produto e os custos para obter esse produto.

Michael Porter (1990), afirma que cada empresa possui uma estratégia, seja ela explícita ou implícita, e o desenvolvimento de uma estratégia é uma fórmula para definir como a empresa irá vender seus produtos. Esta fórmula visa a estabelecer uma posição lucrativa e sustentável no mercado.

Pode se dizer que o objetivo estratégico da empresa está relacionado à obtenção de retorno ao capital investido. Se em algum momento o retorno não for satisfatório, então esse problema deverá ser corrigido, ou a atividade abandonada em troca de outra que ofereça retorno. Assim, de todas as visões sobre a finalidade das empresas, a predominante ainda é decorrente da teoria econômica. No sistema econômico, o principal objetivo da empresa está relacionado à maximização dos lucros.

A excelência empresarial é o grau máximo do desempenho conseguido quando os resultados atendem simultaneamente às finalidades externas e internas da empresa, ou seja, agem de forma eficiente e eficaz.

A segmentação consiste em se ver um mercado heterogêneo, com determinada quantidade de mercados homogêneos menores, em resposta à diversas preferências de produtos entre importantes segmentos de mercados. Ela se

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preciso do produto e do esforço de marketing às exigências do consumidor ou usuário (Kotler, 1990).

À primeira vista, a segmentação de mercado não é tarefa difícil; por muito tempo, foi entendida como um conceito que consistia apenas em dividir o mercado em segmentos. Depois, os teóricos e executivos perceberam que a segmentação de mercado constitui poderosa arma estratégica, cujas implicações decorrem da escolha de segmentos bem definidos para o delineamento de estratégias mercadológicas:

• Primeiro segmenta-se o mercado.

• Em seguida, escolhe-se o alvo com que se quer trabalhar, diferenciando produtos e serviços de modo a atender necessidades e desejos do público-alvo.

• Posteriormente, posiciona-se o produto como forma de expressar as diferenças existentes.

A segmentação é estratégia que auxilia a empresa a penetrar em focos escolhidos, facilitando o acesso ao consumidor por intermédio do ajuste da oferta à demanda, e do produto ao mercado.

É importante observar que o conceito de segmentação tem relação direta com o mercado. Segmenta-se o mercado e não setores de atividades, produtos, canais de distribuição. Os produtos e canais de distribuição são ajustados em decorrência do alvo escolhido.

O objetivo básico da segmentação é concentrar esforços de vendas em determinados alvos que a empresa entende como favoráveis para serem explorados comercialmente, em decorrência de sua capacidade de satisfazer a demanda dos focos de maneira mais adequada. Cada segmento deverá ser constituído por grupos de consumidores que apresentem o mínimo de diferenças entre si, do ponto de vista das características adotadas, e o máximo de diferenças em relação aos demais segmentos.

Por meio da segmentação de mercado, pode-se conhecer melhor as necessidades e desejos dos consumidores. Tal conhecimento se aprofunda, à

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