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2 RERENCIAL TEÓRICO

2.1 TEORIAS/ESTUDOS MOTIVACIONAIS

2.1.4 Teoria da hierarquia das necessidades

Em 1954, o psicólogo americano Abraham Maslow publicou a sua “Teoria da hierarquia das necessidades”, identificando cinco níveis distintos de necessidades individuais: fisiológicas, de segurança e sociais (estas três consideradas como necessidades de ordem inferior) e, estima e autorrealização (estas duas consideradas como necessidades de ordem superior) (SCHERMERHORN, 1999). Maslow (1954) argumentou que as necessidades individuais existem em uma ordem hierárquica (necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades de pertencimento social, necessidade de autoestima e as necessidades de autorrealização) e que as necessidades não satisfeitas motivam o comportamento.

Segundo esta teoria, as necessidades de nível mais baixo (inferiores) devem ser satisfeitas antes, para que as necessidades de nível superior se tornem motivacionais. Por exemplo, as necessidades de nível inferior, como uma remuneração adequada para cuidar da família e condições seguras de trabalho têm de ser satisfeitas, antes que as necessidades de nível superior, tais como o desejo de pertencimento social ou o aumento da responsabilidade, se tornem motivacionais (SEILER et al, 2012).

Vieira (2011) e Robbins et al (2010) afirmam que a mais conhecida teoria sobre motivação é a hierarquia das necessidades, de Abraham Maslow. Para Campos e Porto (2010), pode-se considerar como um dos estudos mais emblemáticos e relevantes na história da pesquisa sobre os valores humanos a obra de Maslow (1954). Segundo Campos e Porto (2010), a contribuição de Maslow (1954) sobre valores é fruto de sua experiência com psicologia clínica, que tratou a motivação como sendo o condutor do homem na busca da satisfação de suas necessidades básicas, distribuídas numa pirâmide hierárquica, que conforme o momento de vida estaria sujeito a alterações. A teoria das necessidades de Maslow recebeu amplo reconhecimento, em especial por parte de gestores e consultores (ROBBINS et al, 2010).

A Pirâmide das Necessidades Humanas, resume a Teoria de Maslow, estruturada em cinco níveis (Figura 02):

Figura 02: Pirâmide das necessidades humanas de Abraham H. Maslow

5 – Necessidade de autorrealização (realização pessoal, atualização e estéticas) 4 – Necessidade do ego (autoestima e

estima dos outros)

3 – Necessidades sociais (pertencimento e amor) 2 – Necessidades de segurança

1 – Necessidades fisiológicas

Segundo Maslow (1954), as necessidades do homem estão escalonadas em níveis, ou em uma hierarquia de valor. No nível mais baixo, porém imprescindível, estão aquelas necessidades que são satisfeitas apenas por curto espaço de tempo, conhecidas por necessidades “fisiológicas”. A menos que as circunstâncias sejam especiais, as necessidades de amor, "status" e reconhecimento são inoperantes quando o estômago está vazio há certo tempo. Mas quando o indivíduo come regularmente e de maneira adequada, a fome cessa de ser uma motivação importante. O mesmo ocorre em relação às outras necessidades fisiológicas do homem: de descanso, exercício, abrigo e, proteção contra as intempéries.

Uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas, as de nível imediatamente superior começam a dominar o comportamento do homem; começam a motivá-lo. Essas necessidades são chamadas "de segurança". São necessidades de proteção contra o perigo, ameaça e privação. Algumas pessoas erroneamente se referem a elas como necessidades de proteção. Entretanto, a menos que a pessoa esteja em uma relação de dependência em que uma privação é arbitrária, ela não procura proteção. Essa necessidade está essencialmente vinculada ao desejo de estar livre do medo físico e da privação das necessidades fisiológicas básicas. Em outras palavras, é a necessidade da auto-preservação.

Uma vez que as necessidades fisiológicas do homem foram atendidas e ele não está mais temeroso a respeito do bem-estar físico, afloram suas necessidades “sociais” como importante motivação de seu comportamento. Como o homem é um animal social, a maioria dos indivíduos gosta de interagir com os outros em situações em que se sentem participantes e bem aceitos. Essa é uma necessidade comum. Vêm à tona as necessidades de amor, de participação, de associação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade e

afeto e apresentam-se mais intensas para algumas pessoas que para outras e mais fortes em certas situações que em outras. Muitos estudos demonstraram que um determinado grupo de trabalho bastante unido e dotado de grande coesão é muito mais eficiente para a realização dos objetivos da organização do que indivíduos isolados.

As necessidades do “ego” (autoestima e estima dos outros) normalmente se manifestam quando as necessidades de nível mais baixo estão razoavelmente satisfeitas, representando maior importância para a administração e para o próprio indivíduo. A necessidade de estima está direcionada para a busca de uma autoimagem positiva. É interessante frisar que estes tipos de necessidades são raramente saciados, uma vez que elas não surgem de maneira significativa até que as necessidades fisiológicas, sociais e de segurança estejam razoavelmente atingidas. Essas necessidades estão relacionadas com a maneira pela qual a pessoa se vê e se avalia e envolvem a autoapreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio, poder e consideração. As necessidades de autorrealização são aquelas em que a pessoa realiza o seu próprio potencial e se autodesenvolve. Este último degrau da hierarquia das necessidades humanas representa a grande busca da individuação (motivação pelo crescimento ou metamotivação), ou seja, o grande objetivo que visa à mais alta aspiração do ser humano, de ser ele mesmo dentro do grupo, podendo usufruir de toda a potencialidade da qual é capaz, sem perder sua individualidade. Estas duas últimas necessidades, autoestima e realização, jamais conseguirão ser completamente satisfeitas, mantendo-se sempre como reduto de força motivacional.

Segundo Bergamini (2008), a teoria de Maslow (2000) define que para ser motivada a pessoa precisa sentir desejo ou carência, isto é, anseio (sentido de crescimento) ou falta (sentido de deficiência). Dessa forma, Maslow (2000) chega ao conceito denominado de metamotivação ou motivação pelo crescimento (individuação). Esse tipo de motivação é o oposto à motivação pelas necessidades de deficiência, que são apenas maneiras de reduzir o desconforto. A metamotivação leva as pessoas a tornarem-se mais autossuficientes e senhoras de si, a conhecerem a si próprias e se tornar cada vez mais integradas e unificadas. Têm, por conseguinte, maior consciência do que realmente são, do que realmente querem, entendem com maior clareza sua vocação ou destino. Mostram-se menos ansiosas e menos hostis, necessitando menos de apreço e afeição dos demais.

A teoria da hierarquia das necessidades relaciona-se com a teoria da expectativa, pois o indivíduo move-se em direção a níveis cada vez mais elevados de realização, porém, limitar-se-á ao nível da sua expectativa de sucesso (FORELLI, 2006).

2.1.5 Teoria da maturidade-imaturidade

Em 1957, Chris Argyris publicou a sua “Teoria da maturidade-imaturidade” afirmando que as organizações devem atribuir responsabilidades às pessoas, para que elas cresçam e amadureçam. A teoria foi fruto de um estudo sobre motivação realizado na Universidade de Harvard, na qual ele pesquisou os efeitos da estrutura das organizações na vida dos indivíduos e concluiu que as restrições impostas aos empregados pelas estruturas empresariais, com o fim de garantir a ordem e a eficiência, geram resistências e desestímulos. Chris Argyris focou na congruência entre as necessidades individuais e as demandas organizacionais (Locke, 2004).

Em suas pesquisas, Argyris (1957) verificou que frequentemente ocorre um conflito entre a personalidade do indivíduo e a organização. Ao ingressar na empresa, o empregado leva consigo potencialidades e disposição para o trabalho, muita vontade de realizar e de progredir. Infelizmente, essa disposição nem sempre é estimulada, sendo comum o indivíduo ter seus passos tolhidos, em decorrência das limitações e exigências da própria estrutura formal.

Segundo Hersey e Blanchard (1986), esta teoria afirma que o apego a valores burocráticos leva a relações fracas, superficiais e suspeitas, que não permitem a expressão natural e livre dos sentimentos, e, consequentemente, reduzem a competência interpessoal. Ao contrário se forem adotados valores humanísticos, desenvolver-se-ão relações de confiança e autenticidade entre as pessoas, aumentando a competência interpessoal, a cooperação intergrupal e a flexibilidade, o que, por sua vez, resultará em aumento da eficiência e eficácia da organização.

Argyris (1957) também observou que em muitas organizações, ainda hoje, predominam os valores burocráticos e que a apatia e falta de esforço de seus empregados não são simplesmente resultado da preguiça desses indivíduos. Em muitos casos as pessoas, quando ingressam no mundo do trabalho, são impedidas de amadurecer pelas práticas administrativas utilizadas nas organizações. Nessas organizações os indivíduos têm um controle mínimo sobre o seu ambiente e são estimulados a ser passivos e dependentes. Consequentemente, comportam-se imaturamente.

Manter as pessoas imaturas é algo incorporado à própria natureza da organização formal, que é geralmente criada para alcançar metas ou objetivos, os quais podem ser conseguidos melhor coletivamente. Esse tipo de organização estrutura-se, assim com base nos