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Para Chiavenato (2000, p.135), a liderança constitui um dos temas mais pesquisados e estudados nas últimas décadas. Segundo este autor, várias teorias sobre a liderança acompanham o desenvolvimento da teoria administrativa.

A figura 1, a seguir, demonstra que as teorias sobre liderança podem ser divididas em três grupos, cada um apresenta características próprias.

Figura 1: As teorias sobre liderança Fonte: Chiavenato (2000, p.136).

Teoria dos Traços de Personalidade

Para Chiavenato (2000, p.136), “são as teorias mais antigas a respeito da Teorias dos Traços

de Personalidade Teorias dos Traços

de Personalidade

Teorias sobre Estilos de LiderançaTeorias sobre Estilos de Liderança Teorias Situacionais de Liderança Teorias Situacionais de Liderança Características marcantes

de personalidade possuídas pelo líderCaracterísticas marcantes

de personalidade possuídas pelo líder

Maneiras e estilos de se comportar adotados pelo líder Maneiras e estilos de se comportar

adotados pelo líder

Adequação do comportamento do líder às circunstâncias da situação Adequação do comportamento do líder às circunstâncias da situação

liderança. Um traço é uma qualidade ou característica distintiva da personalidade. Segundo essa teoria, o líder é aquele que possui alguns traços específicos de personalidade que o distinguem das demais pessoas”. Assim, afirma Chiavenato, o líder apresenta características marcantes de personalidade por meio das quais pode influenciar o comportamento das demais pessoas.

Essas teorias, conforme o autor, foram influenciadas pela teoria do grande homem, defendida por Carlyle para explicar que o progresso do mundo foi produto das realizações pessoais de alguns homens que dominam a história da Humanidade.

Segundo Chiavenato (2000, p. 136), “Cada autor especifica alguns traços característicos de personalidade que definem o líder, como sendo:”

a) Traços físicos: como energia, aparência pessoal, estatura e peso;

b) Traços intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança; c) Traços sociais: cooperação, habilidades interpessoais e habilidade

administrativa;

d) Traços relacionados com tarefa: impulso de realização, persistência e iniciativa. Bergamini (apud Queiroz, 1994), contribui afirmando que alguns autores associam liderança com as características pessoais, como carisma e firmeza. Cita o caso de Wess Roberts (1989), que, ao delinear o perfil de Átila, o huno, como o de um exímio líder, estabelece, segundo a autora os seguintes atributos de liderança: lealdade, coragem, anseio, resistência emocional, vigor físico, empatia, poder de

decisão, antecipação, sincronização, competitividade, autoconfiança,

responsabilidade, credibilidade, tenacidade, confiabilidade, vigilância e proteção. Para Queiroz (1996), esta abordagem é bastante restrita, pois pressupõe que a liderança seja um dom nato.

Em resumo, para Chiavenato (2000, p.136), “um líder deve inspirar confiança, ser inteligente, perceptivo e decisivo par ter condições de liderar com sucesso”. Porém, afirma o autor, as teorias de traços apresentam aspectos falhos, a

saber:

a) Não ponderam a importância relativa de cada uma das várias características e traços de personalidade que realçam os aspectos da liderança: nem todos os traços são igualmente importantes na definição de um líder, pois alguns deveriam ter maior realce do que outros;

b) As teorias dos traços ignoram a influência e reação dos subordinados. A pergunta que paira no ar é: Um indivíduo pode ser líder para todo e qualquer tipo de subordinado?

c) Essas teorias não fazem distinção entre os traços válidos quanto ao alcance de diferentes tipos de objetivos a serem alcançados. Em certas missões alguns traços de personalidade são mais importantes do que outros: uma missão militar de guerra exige traços diferentes de um líder, enquanto uma missão religiosa ou filantrópica exige outros;

d) As teorias dos traços ignoram a situação em que a liderança se efetiva. Nas organizações existem diferentes situações que exigem características diferentes dos líderes. Uma situação de emergência exige um tipo de comportamento do líder, enquanto uma situação de estabilidade e calma tem outras características; e) Dentro dessa abordagem simplista, um indivíduo dotado de traços de liderança é

sempre líder durante todo o tempo e em toda e qualquer situação, o que não ocorre na realidade. Um sujeito pode ser o líder inconteste na seção onde trabalha e o último a dar palpites em seu lar.

Por essas razões, segundo Chiavenato (2000, p.137), “essas teorias caíram em descrédito e perderam sua importância”. No entanto, a simples enumeração de algumas características pessoais de liderança constitui um exemplo e um paradigma interessante para o administrador ter em mente.

“Não resta dúvida de que grandes mudanças na história das sociedades e das empresas foram devidas ao esforço inovativo de alguns indivíduos dotados de características excepcionais, como é o exemplo de certos reis, militares e estadistas”, afirma Chiavenato (2000, p.137). Todavia, para o autor, as teorias da

liderança, baseadas em características no perfil do “grande homem” constituem uma ficção.

Teorias sobre Estilos de Liderança

Segundo Chiavenato (2000, p.137), “são teorias que estudam a liderança em termos de estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados, isto é, maneiras pelas quais o líder orienta sua conduta”. Enquanto a abordagem dos traços se refere àquilo que o líder é, a abordagem dos estilos de liderança se refere àquilo que o líder faz, isto é, seu comportamento para liderar.

Para Chiavenato (2000), a teoria mais conhecida que explica a liderança por meio de estilos de comportamento, sem se preocupar com características pessoais de personalidade do líder refere-se a três estilos de liderança: autoritária, liberal e democrática.

O autor cita White e Lippitt, que realizaram uma pesquisa nos Estados Unidos, década de 30, para analisar o impacto provocado por três diferentes estilos de liderança, em meninos com idade de 10 anos, orientados para a execução de tarefas. Os meninos foram divididos em quatro grupos.

Cada seis semanas a direção de cada grupo era desenvolvida por líderes que utilizavam três estilos diferentes: a liderança autocrática, a liderança liberal (laissez-faire) e a liderança democrática. O quadro 1, a seguir, dá uma idéia das características de cada um desses estilos de liderança.

Quadro 1: Os três estilos de liderança Fonte: Chiavenato (2000, p.138).

Chiavenato (2000, p.138), caracteriza os três estilo de liderança conforme abaixo:

Liderança autocrática: Neste estilo o líder centraliza as decisões e impõe suas ordens ao grupo. O comportamento dos grupos mostrou forte tensão, frustração e agressividade, de um lado, e, de outro, nenhuma espontaneidade, nem iniciativa, nem formação de grupos de amizade. Embora aparentemente gostassem das tarefas, não demonstraram satisfação com relação à situação. O trabalho somente se desenvolveu com a presença física do líder. Quando este se ausentava, as atividades paravam e os grupos expandiam seus sentimentos reprimidos, chegando a explosões de indisciplina e de agressividade;

Liderança Liberal: Neste estilo o líder delega totalmente as decisões ao grupo e deixa-o à vontade e sem controle algum. Embora a atividade dos grupos fosse intensa, a produção foi medíocre. As tarefas se desenvolveram ao acaso, com muitas oscilações, perdendo-se tempo com discussões voltadas para motivos pessoais do que relacionadas com o trabalho em si. Notou-se forte individualismo agressivo e pouco respeito ao líder;

AUTOCRÁTICA DEMOCRÁTICA LIBERAL (LAISSEZ-FAIRE)

O lider fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo

As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo

líder

Há liberdade total para as decisões grupais ou individuais, e a mínima

participação do líder O líder determina as providências para a

execução das tarefas, cada uma por vez, na medida em que se tornam necessárias e de modo imprevisível para

o grupo.

O grupo esboça as providências para atingir o alvo e pede aconselhamento do

líder, que sugere alternativas para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates.

A participação do líder é limitada, apresentando apenas materiais variados

ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que as

pedissem. O líder determina a tarefa que cada um

deve executar e o seu companheiro de trabalho.

A divisão das tarefas fica a critério do grupo e cada membro tem liberdade de escolher seus companheiros de trabalho.

A divisão das tarefas e escolha dos colegas fica totalmente a cargo do grupo.

Absoluta falte de participação do líder. O líder é dominador e é "pessoal" nos

elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro.

O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito. O líder é "objetivo"

e limita-se aos "fatos" nas críticas e elogios.

O líder não avalia o grupo nem controla os acontecimentos. Apenas cometa as

Liderança Democrática: Neste estilo o líder conduz e orienta o grupo e incentiva a participação democrática das pessoas. Houve formação de grupos de amizade e de relacionamentos cordiais. Líder e subordinados passaram a desenvolver comunicações espontâneas, francas e cordiais. O trabalho mostra um ritmo suave e seguro, sem alterações, mesmo quando o líder se ausentava. Houve um nítido sentido de responsabilidade e de comprometimento pessoal além de uma impressionante integração grupal, dento de um clima de satisfação.

A figura 2, apresenta a ênfase dada em cada um dos estilos de liderança.

Figura 2: As diferentes ênfases decorrentes dos três estilos de liderança Fonte: Chiavenato (2000, p.139).

Os grupos submetidos à liderança autocrática, segundo Chiavenato (2000), apresentaram a maior quantidade de trabalho produzido. Sob a liderança liberal não se saíram bem quanto à quantidade e quanto à qualidade. Com a liderança democrática, os grupos apresentaram um nível quantitativo de produção equivalente à liderança autocrática, com uma qualidade surpreendentemente superior. Líder Subordinados Líder Subordinados Líder Subordinados Estilo

Autocrático DemocráticoEstilo LiberalEstilo

Ênfase

no líder Ênfase no líder eno subordinado no subordinadoÊnfase Líder Subordinados Líder Subordinados Líder Subordinados Estilo

Autocrático DemocráticoEstilo LiberalEstilo

Ênfase

Para Chiavenato (2000), os autores fizeram ressalvas quanto a variáveis não controladas na experiência, ao fato de o comportamento juvenil ser diferente do comportamento adulto, à diferença das atividades escolares em relação às atividades empresariais, ao curto período da realização da experiência e ao fato de não utilizarem incentivos salariais.

A partir dessa experiência, passou-se a pesquisar o papel da liderança democrática – compatível com o espírito americano da época – comunicativa, que encoraja a participação espontânea do empregado que é justa e não arbitrária e que se preocupa simultaneamente com os problemas do trabalho e das pessoas (CHAVENATO 2000).

Nas pesquisas posteriormente desenvolvidas, “os grupos dirigidos democraticamente são mais eficientes pelo fato de serem, no mínimo, tão produtivos quanto aos outros e também mais criativos”, afirma Chiavenato (2000, p.139).

Na prática diz, Chiavenato (2000, p.140), “o líder utiliza os três processos de liderança, de acordo com a situação, com as pessoas e com a tarefa a ser executada”. O líder tanto manda cumprir ordens, como consulta aos subordinados antes de tomar uma decisão, como também sugere a algum subordinado realizar determinadas tarefas: ele utiliza a liderança autocrática, a democrática e a liberal. O desafio da liderança, segundo o autor, é saber quando aplicar qual processo, com quem e dentro de que circunstâncias e atividades a serem desenvolvidas.

Teorias Situacionais da Liderança

Para Chiavenato (2000), as teorias sobre traços de personalidades são simplistas e limitadas. As teorias sobre estilos de liderança consideram apenas certas variáveis da situação. As teorias situacionais explicam a liderança dentro de um contexto mais amplo e partem do princípio de que não existe um estilo ou característica de liderança válida para toda e qualquer situação. A recíproca é verdadeira: cada situação requer um tipo de liderança para alcançar eficácia dos subordinados.

pois aumentam as opções e possibilidades de mudar a situação para adequá-las a um modelo de liderança ou então mudar o modelo de liderança para adequá-lo à situação.

Assim, Chiavenato (2000, p.141) afirma, “que o líder é aquele que é capaz de se ajustar a um grupo de pessoas sob condições variadas”. A localização e o reconhecimento de um líder dependem da posição estratégica que ele ocupa dentro da cadeia de comunicação e não apenas de suas características de personalidade. A abordagem situacional da liderança passou a ganhar terreno nas teorias administrativas.

Tannenbaum e Shimidt, apud Chiavenato (2000, p.140), “expõem uma abordagem situacional da liderança, com uma gama ampla de padrões de comportamento de liderança que o administrador escolhe para as suas relações como os subordinados”, conforme apresentado na figura 3.

Figura 3: Continuum de padrões de liderança Fonte: Chiavenato (2000, p.140).

Área de autoridade do administrador

Área de de liberdade dos subordinados Liderança centralizada

no chefe Liderança descentralizadano subordinado

1 Administrador toma a decisão e comunica 2 Administrador vende sua decisão 3 Administrador apresenta suas idéias e pede sugestão 4 Administrador apresenta sua decisão, tentativa sujeita á modificação 5 Administrador apresenta o problema, recebe sugestões e toma sua decisão 6 Administrador define os limites e pede ao grupo que tome uma

decisão 7 Administrador permite que subordinados funcionem dentro de limites definidos por superior

Autocrático Consultivo Participativo

Área de autoridade do administrador

Área de de liberdade dos subordinados Liderança centralizada

no chefe Liderança descentralizadano subordinado

1 Administrador toma a decisão e comunica 2 Administrador vende sua decisão 3 Administrador apresenta suas idéias e pede sugestão 4 Administrador apresenta sua decisão, tentativa sujeita á modificação 5 Administrador apresenta o problema, recebe sugestões e toma sua decisão 6 Administrador define os limites e pede ao grupo que tome uma

decisão 7 Administrador permite que subordinados funcionem dentro de limites definidos por superior

Segundo Chiavenato (2000, p.141):

“O comportamento de liderança localizado no lado extremo esquerdo denota o administrador que mantém alto grau de controle sobre os subordinados, enquanto o comportamento localizado no lado extremo direito denota o administrador que permite ampla liberdade de ação para os subordinados. Nenhum dos extremos é absoluto, pois autoridade e liberdade nunca são ilimitadas”.

Para escolher o padrão de liderança a adotar em relação aos subordinados, o administrador deve considerar e avaliar três forças que agem simultaneamente, conforme figura 4.

Figura 4: As forças que condicionam os padrões de liderança Fonte: Chiavenato (2000, p.141).

Da abordagem situacional, Chiavenato (2000), infere as seguintes proposições:

a) Quando as tarefas são rotineiras e repetitivas, a liderança é limitada e sujeita a controles pelo chefe, que passa a adotar um padrão de liderança próximo ao extremo esquerdo do gráfico;

Forças na Situação

Tipo de empregado e seus valores e tradições Eficiência do grupo de subordinados

Problema a ser removido Tempo disponível para resolvê-lo

Forças nos Subordinados Necessidade de autonomia Desejo de assumir responsabilidade

Tolerância para a incerteza Sua compreensão do problema Seus conhecimentos e experiência

Desejo de participar nas decisões Força no Gerente

Valores pessoais do gerente Suas convicções pessoais Confiança nos subordinados Inclinações sobre como liderar

Tolerância para ambigüidade

Estilo de Liderança a ser Adotado Forças na Situação

Tipo de empregado e seus valores e tradições Eficiência do grupo de subordinados

Problema a ser removido Tempo disponível para resolvê-lo

Forças nos Subordinados Necessidade de autonomia Desejo de assumir responsabilidade

Tolerância para a incerteza Sua compreensão do problema Seus conhecimentos e experiência

Desejo de participar nas decisões Força no Gerente

Valores pessoais do gerente Suas convicções pessoais Confiança nos subordinados Inclinações sobre como liderar

Tolerância para ambigüidade

Estilo de Liderança a ser Adotado

b) Um líder pode assumir diferentes padrões de liderança para cada um de seus subordinados, de acordo com as forças anteriores;

c) Para um mesmo subordinado, o líder também pode assumir diferentes padrões de liderança, conforme a situação envolvida. Em situação em que o subordinado apresenta alto nível de eficiência, o líder pode dar-lhe maior liberdade nas decisões, mas se o subordinado apresenta erros seguidos e imperdoáveis, o líder pode impor-lhe maior autoridade pessoal e menor liberdade de trabalho.