• Nenhum resultado encontrado

Para se tornarem mais competitivas em um mercado global, onde o ambiente empresarial está ficando cada vez mais agressivo, é notório que as organizações (públicas e privadas), visando melhorar sua posição de competitividade, tem sido forçadas a investirem em tecnologia, no desenvolvimento do seu capital intelectual, na sua capacidade econômica e social e em sistemas de informação (CYSNE, 2005).

Para Cysne (2005), esses são fatos significativos que dão origem a mudanças fortes e contundentes no comportamento de todas as sociedades, trazendo constantemente novos desafios para todas as nações, uma disputa econômica e tecnológica que é muito difícil de ser enfrentada por países em

desenvolvimento, como o Brasil, requerendo dos mesmos maiores investimentos em tecnologias e inovações tecnológicas e a busca de parcerias de transferência de tecnologia, em especial com as universidades.

Com o objetivo de subsidiar as empresas a se manterem competitivas a ao país um desenvolvimento tecnológico sustentável, a partir de um estreitamento de relações entre esses dois setores, tem sido, segundo Cysne (2005), tema central de debate e de extensa pesquisa desde a década de 1950.

Para o autor, isso se dá pela necessidade de se compreender de forma mais vertical o que vem a ser transferência de tecnologia, o que ela envolve, o que exatamente está sendo transferido, de que forma e o que é requerido em termos de capacidade de transferência, tanto do ambiente do provedor, quanto do receptor, qual vocabulário produz uma compreensão sem ambigüidade da mesma e que estrutura de transferência deve ser montada para garantir seu sucesso.

Como um processo incluso no contexto da história, a transferência de tecnologia, teve seu primeiro grande destaque na Revolução Industrial, na Inglaterra, considerada à época uma pequena, mas influente nação, quando provocou um fluxo significativo de novas tecnologias para as três grandes economias e sistemas políticos: Européia, Americana e Russa. A expansão das atividades da indústria pela transferência da produção continuou através do século 19, tendo na segunda metade do século passado atingido um grande desenvolvimento, que no inicio deste século, vem aumentando cada vez mais (CYSNE, 2005).

A principal alavanca destas transferências, segundo Jeremy (1992); Grant e Stelle (1996) (apud Cysne, 2005), tem sido a ampla disseminação de novas tecnologias de fabricação local, denominadas de tecnologias domésticas e a sua crescente exportação aos países em desenvolvimento.

Com interesse nos fatores de insumo de baixos custos e novos mercados, a partir das décadas de 70 e 80, as atividades de produção fora dos países se tornaram prioridade para o setor industrial.

A transferência de tecnologia, sobretudo, pela existência de um corpo crescente de literatura e de extensa pesquisa sobre a sua complexidade, aponta ser

um tema de grande interesse para os países desenvolvidos e em desenvolvimento (CYSNE, 2005).

Segundo Lima (2004, p.75), o termo transferência de tecnologia tem diversas definições conforme o conteúdo e a finalidade das informações tecnológicas que estão em jogo.

“Em um sentido lato e no espectro da inovação tecnológica, pode ser

considerada como o processo pelo qual um conjunto de informações, conhecimentos, técnicas, máquinas e ferramentas são transmitidas de um local, de um individuo ou de um grupo para outro, com a finalidade se ser

usado na produção ou na prestação de serviços. No sentido stricto, a

transferência de tecnologia, mais corretamente chamada de fornecimento de tecnologia, envolve, além da transferência de todos os dados técnicos de engenharia do processo ou do produto, a metodologia do desenvolvimento tecnológico usada para sua obtenção. Com esta metodologia visa-se a capacitar o recebedor não só a produzir, mas obter a autonomia necessária para prosseguir no melhoramento e modernização do produto, ou ainda, no desenvolvimento de novos produtos de mesmo nível de tecnologia”

(Valeriano apud Lima, 2004).

Para Luz (apud Gandolfo 2006), transferência de tecnologia é conhecimento tácito, experimental, pessoal e o desenvolvimento de habilidades técnicas, criativas e perícia; conhecimento formal decodificado, através de idéias técnicas, documentos, Informações e dados; conhecimentos práticos, que é o conhecimento pelo fazer. Também enfatiza que a transferência de tecnologia é definida como a aquisição, desenvolvimento e utilização de conhecimento tecnológico por um outro ambiente que não o gerou. Ou seja, é o processo de introdução de um conhecimento tecnológico já existente, onde não foi concebido e/ou executado.

Cysne (2005), apresenta uma concepção dinâmica de transferência de tecnologia, e a define como um processo de comunicação de duas mãos pelo qual, duas partes (o provedor e o receptor) trocam conhecimento, e no qual a aquisição, o entendimento, absorção e a aplicação de tecnologia pelo receptor ocorrem de forma objetiva e com sucesso.

Ainda, segundo Cysne (2005), o conceito que define transferência de tecnologia como uma atividade pessoa a pessoa, é uma definição precisa, pois para o autor, qualquer transferência requer contato entre pessoas na medida que as invenções e as novas tecnologias provêm e residem na mente humana, sendo em essência conhecimento tácito, podendo em parte ser explicitado em descrições

escritas, em exemplos e nos trabalhos com os protótipos.

Conforme Lima (2004), os escritórios de transferência de tecnologia tem sido outro importante mecanismo para a transferência de tecnologia gerada pela pesquisa nas universidades, que podem ser derivados da universidade ou de iniciativa de associações, sindicatos, representações da sociedade organizada.

De modo geral, afirma Lima (2004, p.77):

Ao longo do tempo o talento gerencial e o empenho dos agentes inseridos no contexto da relação de Cooperação entre Universidade e Empresa, foram responsáveis pelas experiências bem sucedidas, requerendo para tanto pessoas com características especiais, mas também requer treinamento nesta ciência da Gestão da transferência da tecnologia, e de importância crescente, o que pode ser observado nas publicações e eventos que têm sido realizados nos últimos anos sobre o tema.

No entanto, para que as universidades contribuam para a competitividade das empresas (indústrias) e delas recebam insumo para o incremento de seus projetos de pesquisas há necessidade de se construir pontes que favoreçam as ligações entre os dois setores, sendo os serviços de informações um canal-chave desse entendimento (CYSNE, 2005).

O termo transferência de tecnologia também pode referir-se ao processo de importação de tecnologia. O proprietário da tecnologia é protegido por um monopólio legal, através do sistema de patentes (LUZ apud SANTOS, 2008).

Para Luz (2008), a transferência de tecnologia só acontece quando, no processo, os pré-requisitos necessários são estabelecidos e respeitados, ou seja, que esteja presente no processo a motivação para que seja de fato transferida; recursos financeiros suficientes para assegurar a viabilidade do projeto; recursos humanos adequados (mão-de-obra que garanta habilidades técnicas, gerenciais e de produção).

O processo envolve atividades voltadas para a compra ou absorção de tecnologias nacionais ou estrangeiras consideradas de interesse para a capacitação tecnológica da empresa nacional e que contribui para o desenvolvimento econômico

e social do país (LIMA, 2004). Segundo o mesmo autor, existem obstáculos para transferência de tecnologias, e já no ano de 1984, Perrin, os apresentava, tendo origens diversas sendo as mais freqüentes:

• As tecnologias não são mais detidas por indivíduos isolados, por artesões, mas por empresas ou laboratórios de pesquisa. Transferir a grande diversidade de conhecimentos e de experiência adquiridos por estas empresas é um processo complexo e longo;

• Todas as informações são fonte de poder e as empresas detentoras de tecnologia podem ter interesse, em certos casos, de recusar a venda. Em outros casos, a venda se fará em contrapartida de restrições comerciais, técnicas ou de uma obrigação de compra de máquinas e produtos intermediários ou de acesso privilegiado a mercados;

• O sistema de informações e de representação simbólica utilizada pelos homens, em suas memórias, para produzir, esta em forte interação com aquele utilizado para organizar seu modo de vida. Toda aprendizagem técnica é ao mesmo tempo uma aprendizagem social;

• Para ser adquirida, uma tecnologia deve integrar-se ao sistema de representação daquele que a está adquirindo. Este processo de integração não é espontâneo e impulsiona mudanças profundas. Este processo pode ser colocado de uma maneira coercitiva em função de modelos socioeconômicos externos e desenvolver uma nova forma de dependência entre o país vendedor e o país comprador.

Para Wisner (apud Lima 2004), muitos insucessos no processo de transferência de tecnologia podem ter causa diversas que são:

• Baixa taxa de utilização de máquinas e, conseqüentemente, volume insuficiente de produção;

• Qualidades medíocres de produtos, comprometendo a exportação e tornando-os

• Freqüentemente elevada deterioração material, causada tanto pela inadequação das condições ambientais e organizacionais de funcionamento, como por manutenção deficiente e manipulação incorreta.

Assim, para Lima (2004), a partir destas questões ligadas à produção pode ocorrer o comprometimento de aspectos financeiros do empreendimento resultando de:

• A empresa apresentar-se sem condições de oferecer aos operadores uma situação adequada do ponto de vista salarial, de benefícios sociais e de condições de trabalho;

• Empresa ou o governo, que a partir do insucesso inicial, busque um novo financiamento para manter o empreendimento em atividade e, assim possibilitar o pagamento das dívidas anteriores. Esse procedimento leva a um aumento da dependência diante dos organismos de empréstimo, podendo ter reflexos negativos quanto de negociações posteriores.

Wisner (apud Lima 2004), acrescenta ainda que a importância da transferência da tecnologia, considerando-a como um poderoso instrumento para muitos países que não tem ainda um desenvolvimento completo de suas economias. Também enfatiza que a transferência de tecnologia é um instrumento essencial do comercio internacional, que acaba de tomar um novo impulso diante da globalização dos mercados. Em aspectos mais amplos fica evidenciado que o domínio da tecnologia e um sistema de proteção bem estruturado, significa independência e divisas para um país.

3 METODOLOGIA