• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 4 .Os múltiplos territórios de Paulínia

4.1. Territórios da Segurança

Os agentes que formam os territórios da segurança no município de Paulínia são a Guarda Municipal e a Polícia Militar que têm a função de zelar pelo patrimônio, proteger os cidadãos de Paulínia, combater o crime e preservar a ordem pública municipal.

A formação da Guarda Municipal (G.M) no município de Paulínia ocorreu na década de 1980, com a Lei n° 714/1980 que dispõe da criação da Guarda e dá outras providências, sendo um órgão da administração de Paulínia que colabora com a Política Estadual, ou seja, a Polícia Militar.

Em fevereiro de 1981 foi criado o estatuto da Guarda Municipal, tendo 22 artigos e seis capítulos, que abordou os objetivos, da forma de administração, o efetivo, a uniformização dos Guardas Municipais, as penalidades, o policiamento e outras disposições que competem a Guarda Municipal (PAULÍNIA, 2016).

Em visita a sede da Guarda Municipal de Paulínia em 2015 (Figura 4.1), foi adquirida informação que no ano de 1993 a G.M passa a integrar a recém-inaugurada Secretaria Municipal de Segurança Pública, o que garantiu a G.M maior operacionalização da corporação. Atualmente a G.M conta com 206 guardas municipais e 22 veículos (16 automóveis e 06 motocicletas).

Figura 4.1. Prédio da Administração da Guarda Municipal em Paulínia (SP)

Fonte: Rôvere, S.D. (2015)

A G.M dividiu áreas de atuação no território de Paulínia (Figura 4.2) a fim de distribuir o policiamento no território do município. Segundo informações adquiridas na visita a Guarda Municipal (2015) as divisões levaram em conta a acessibilidade aos bairros através de ruas, avenidas, pavimentadas ou não, concentração da criminalidade e concentração populacional. Semanalmente a G.M realiza reuniões que se chamam Análise Geográfica Criminal Semanal (A.G.C.S) que tem como objetivo traçar um patrulhamento mais efetivo e direcionado no município. Importante salientar que é da alçada da G.M inibir crimes contra o patrimônio.

Os territórios da G.M são distribuídos em Paulínia através dos setores 1, 2, 3 e 4 (Figura 4.2), que se subdividem em letras A, B e C. Os territórios que levam o número 1 são aquelas que necessitam de mais policiamento, ou seja, que a G.M realiza um patrulhamento mais intenso, e assim respectivamente até o número 4, sendo o território com menos intensidade de patrulhamento junto a G.M. A subdivisão das letras A, B e C atendem ao mesmo critério; o território 1A, por exemplo, é um dos territórios que mais apresenta incidências criminais, o que se justifica por nesta área estar localizado o bairro João Aranha, que é um bairro de Paulínia bastante populoso. Da mesma forma, o território 1A, também engloba boa parte do bairro Alto de Pinheiros sendo igualmente populoso. É compreensível que dentro dos territórios classificados como 1 estejam agrupados os bairros com maior contingente populacional que precisam de mais atenção da G.M e ao mesmo tempo esta área que corresponde ao complexo petroquímico, localizado no bairro Bonfim, a nordeste, que apresenta características inversas, uma área com poucas residências e baixa concentração populacional, dessa forma a G.M consegue dentro desse grande território 1 distribuir

efetivamente o seu patrulhamento.

Da mesma maneira, acontece para os territórios 2, 3 e 4. Os territórios classificados como 2A, 3A e 4A são os territórios mais populosos e que têm um potencial elevado de incidência criminal. O território 2A, por exemplo, diz respeito, fundamentalmente, ao bairro Bom Retiro, onde se localiza o loteamento popular Cooperlotes, fazendo fronteira ao sul com o município de Sumaré, apresentando uma possível rota de fuga por parte dos criminosos, direcionando as atenções da G.M para essa área. Já o território 3A corresponde à área central da cidade, com intenso fluxo de pessoas o que também acarreta alto índice criminal. E por fim, o território 4A, equivalendo em sua maioria ao bairro Betel, que tem um crescimento urbano mais recente, graças a loteamentos de alto padrão instalados na região, sendo fronteiriço ao município de Campinas, o que também pode ser uma possível rota de fuga. Como grande parte do bairro Betel apresenta loteamentos de alto padrão, e estes, em sua maioria, contêm segurança privada, este território foi classificada como 4, ou seja, sendo um território com menos intensidade de vigilância da G.M.

Já o caso da criação da Polícia Militar do Estado de São Paulo remonta aos tempos em que o Brasil ainda era uma colônia. Com objetivo de acompanhar e fazer o patrulhamento da família real portuguesa a guarda real da polícia chega ao Brasil. Chegando aqui, a guarda real foi reorganizada tornando-se a polícia da corte.

Em 15 de dezembro de 1831 a Polícia Militar do Estado de São Paulo é formada. A Polícia Militar é:

[...] hoje uma Organização fardada, organizada militarmente, subordinada ao Governador do Estado, através da Secretaria da Segurança Pública e do Comando Geral da Corporação, e que presta seus serviços dentro do rigoroso cumprimento do dever legal. Por ser um corpo militar, dispõe de meios e ferramentas para coibir excesso no seio da tropa, fatos esses a que nenhuma organização está imune, mas que, dada a reação draconiana aplicada aos infratores, inibe e desestimula atitudes anti sociais. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2016, s/n).

A Polícia Militar (P.M) está presente no município de Paulínia desde a formação do município na década de 1960. Inicialmente a patrulha era feita através do 8° Batalhão presente em Campinas e só posteriormente que foi criada a 4° Companhia da P.M (Figura 4.3) com sede em Paulínia. Por ser uma instituição militar e muitos dos seus documentos históricos estarem apenas em formato analógico, não foi possível adquirir mais informações sobre o histórico de formação da P.M em Paulínia.

Figura 4.3. Prédio Administrativo da Polícia Militar em Paulínia (SP)

Fonte: Rôvere, S.D. (2016)

Atualmente, a ação da P.M no município de Paulínia acontece conforme mostra a Figura 4.4. Os territórios da P.M são chamados por eles de Área de Interesse de Segurança Pública (AISP), no qual cada uma delas ganha um número onde 08 corresponde ao fato da P.M de Paulínia ser vinculada ao 8° Batalhão de Campinas e o 4, correspondendo a 4°

Companhia. A delimitação dessas áreas está vinculada principalmente a dois fatores: o primeiro, a incidência de crimes e, segundo, a densidade populacional, onde áreas maiores apresentam menos incidência de crimes e menos concentração populacional. A divisão territorial da P.M (Figura 4.4) apresenta 14 áreas de atuação, as maiores áreas correspondendo aos setores I-08406, I-08407 e I-08413 que, consequentemente, são os territórios que recebem menor intensidade de patrulhamento junto a P.M, isso porque, esses territórios dizem respeito a áreas com baixo adensamento urbano, como é o caso do território I-08406, a sudoeste do município, correspondendo também a uma das poucas áreas com atividade rurais em Paulínia. O território I-08407 refere-se ao complexo petroquímico, que como já foi mencionado concentra poucas residências e, logo, pouca população, e por fim o território I-08413 representando em sua grande parte o bairro Betel, que como também já foi mencionado é um bairro com alta concentração de condomínios fechados, que por consequência apresentam segurança particular, não carecendo de uma vigilância acentuada por parte da P.M.

Interessante destacar que no caso de Paulínia existe uma cooperação entre a Polícia Militar e a Guarda Municipal em que ambas fazem reuniões semanais para traçar e definir as rondas dentro do município.

Com o objetivo de identificar as simetrias/assimetrias dos territórios da G.M e da P.M foi produzido o mapa (Figura 4.5) de interseção dos seus territórios. Observando o Gráfico 4.1 e a Figura 4.5, constatamos que grande parte do território de Paulínia para a segurança, corresponde a um território múltiplo, compreendendo mais de 87% (121 km²) da área total do município. Isso se deve ao fato que, assim como a G.M, a P.M utiliza critérios bastante parecidos para dividir o território de Paulínia, levando em consideração a distribuição da população e a incidência de crimes. Por esse motivo, grande parte do território foi considerado com alta simetria, isso quer dizer que, tanto a G.M quanto a P.M, entendem essas áreas como sendo um território múltiplo, pois sofre atuação das duas instituições de segurança municipal, havendo portanto uma concordância nas ações de planejamento e gestão desses dois agentes de segurança, o que pode contribuir para um patrulhamento municipal mais efetivo, já que os dois agentes consentem os territórios de Paulínia da mesma forma.

Uma justificativa das áreas que apresentam média e baixa simetria, correspondendo respectivamente a 7% (10 km²) e 4% (6 km²) , dizem respeito àqueles territórios com alta densidade demográfica, fazendo com que haja uma interpretação diferente de cada agente, já que a G.M e a P.M possuem um número diferente de policiais e viaturas para realizar o patrulhamento. Outro fator é que a G.M usa como critério para dividir o território uma variável que a P.M não utiliza, sendo a acessibilidade aos setores, levando em consideração o asfaltamento das ruas, além disso, a G.M é responsável por inibir somente crimes contra o patrimônio, diferentemente da P.M que inibe crimes de diversas tipologias, o que pode levar a uma interpretação e, consequentemente, a uma divisão do território diferente ocasionando esses territórios de baixa e média simetria.