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Tessitura da metodologia: a crítica do documento

A proposta desta investigação tem como objeto estudar a institucionalização dos Grupos Escolares no Pará, a partir de 1890 a 1910, mediante a compreensão das ideias republicanas e ideários pedagógicos, religiosos e políticos, com o propósito de responder a seguinte questão-problema: Como ocorreu a criação do Grupo Escolar na Educação

Primária no Estado do Pará (1890-1910), a partir do republicanismo e do modelo escolar? As questões norteadoras e os objetivos. Diante do exposto, a pesquisa priorizou a

coleta de informações na forma de documentos, com ênfase na narrativa, analisando toda a sua riqueza, respeitando, tanto quanto o possível, a forma em que estes foram registrados ou transcritos. Assim, a atenção se voltará para a descrição das informações contidas nos documentos, considerando a possibilidade de uma abordagem minuciosa, valorizando os pormenores, tudo que possa se constituir em pista e que permita uma compreensão sobre o objeto de estudo.

Nesse pensar, foi possível entender as atitudes dos protagonistas no âmbito das ideias pedagógicas, religiosas e políticas, como também compreender os desdobramentos de tudo isso no processo de institucionalização dos grupos escolares no interior do Pará. Nesse desenho, o significado é de importância fundamental, porque interessa saber como diferentes atores deram sentido as suas vidas. Principalmente o significado de suas ações, o que inclui a forma como organizaram a Instrução Pública no Pará e a criação do grupo escolar no interior do Estado (WEBER, 2001).

Desse modo, a pesquisa está articulada à dimensão da Nova História Cultural, através da Micro-História com o uso do paradigma indiciário, no âmbito da história da educação. Isso foi possível, porque com a renovação historiográfica, principalmente com a Escola dos Annales, surgiram novas perspectivas, como a Nova História Cultural, a História Nova, possibilitando outro enfoque de pensar e fazer história, assim, não tem mais o propósito de se dedicar às narrativas de grandes homens, de grandes sínteses. Com os Annales surge a história problema, dando ênfase a outras cenas e atores, como o cotidiano, as escolas, os anônimos, enfim, uma abordagem diferente da historiografia tradicional. “Cada época elenca novos temas que, no fundo, falam mais de suas próprias inquietações e convicções do que de tempos memoráveis, cuja lógica pode ser descoberta de uma vez só.” (BLOCH, 2001, p. 7).

No Brasil, com a institucionalização dos programas de pós-graduação a partir de 1969, as pesquisas em educação, mais especificamente na área de história da educação, ganharam força para se desenvolverem, porém ancoradas nas áreas afins das ciências

humanas. A partir de então, a pesquisa em história da educação vem desenvolvendo uma pauta de embate teórico-metodológico marcado por diferentes posicionamentos, tais como a concepção positivista de história; as diversas abordagens ancoradas na concepção idealista, a concepção marxista, as concepções resultantes do movimento dos Annales e mais as tendências teórico-metodológicas presentes na historiografia, ancoradas nas diversas dimensões e abordagens da história, como a história nova, a história das mentalidades, a Micro-história, dentre outras. Muitos embates travados no interior da historiografia da educação apresentam vínculo predominante aos problemas da história e seu objeto (LOMBARDI, 1999).

Ao adotar diversas abordagens embasadas nessa nova postura historiográfica, a história da educação “libertou-se” da dependência da filosofia, da teologia, do caráter normativo e doutrinário, a serviço da formulação dos ideários educativos, com a responsabilidade de explicar as condições em que se desenrolara o fenômeno educativo (SAVIANI, 2004).

Essa mudança é identificada a partir da década de 1980 com a adoção da “nova” história, bem demarcada por Eliane Marta Teixeira Lopes, com o livro: Perspectivas históricas da educação em 1986. Este estudo abriu possibilidades para estudo de novos problemas, novas contribuições, objetos e novas abordagens metodológicas, onde é veiculada a ideia de que a história comporta objetos pra além do registro da história do vencedor, apresenta o desafio de buscar a história dos vencidos, e recuperar caminhadas, programas fracassados, derrotas e utopias, importa “sentir” e “não acreditar muito”. (LOPES, 1990, p. 32).

O começo de uma caminhada...

De início foi realizado o levantamento bibliográfico e parte do documental para coletar dados e informações sobre a temática, dentre elas, livros, artigos, jornais, fotografias, periódicos, revistas eletrônicas, como primeiras aproximações do objeto de investigação. A revisão da literatura permaneceu, pois possibilitou a delimitação do arcabouço teórico, fundamentou a tese e favoreceu ter elementos de diálogo com os autores na análise, de maneira que facilitou a fundamentação dos argumentos da investigação sinalizada na temática e no problema da pesquisa que se constituiu em tese. Assim, permaneceu o diálogo com Weber (2006), Paul Ricoeur (1989, 2007, 2010), Lorenzo Luzuriaga (1985), José Veríssimo (1891, 1906), Antonio Carlos Villaça (1974), Cynthia Greive Veiga (2007), Casimiro de Reis

Filho (1995), Carlo Ginzburg (2007), Henrique Espada Lima (2006), Le Goff (2003), Lombardi (1999), Lopes (1990), Faria Filho (2000), Valdemarin (2004), Rosa Fátima de Souza (2004), Andrade (2011), Dosse (2001), Saviani (2008), assim como outras possibilidades que contribuíram no momento de descrever, comparar e analisar o objeto e suas relações.

Destaco ainda como critério metodológico a análise das narrativas nos textos como cartas, mensagens, relatórios, dentre os demais documentos. Entendo que esses textos foram fontes preciosas, porque são portadores de informações relevantes e foram usados, porque expressam os pensamentos e ações de muitos protagonistas em relação à historicidade do objeto de estudo. De acordo com Andrade (2011, p. 14), trabalhar com narrativa possibilita recordar o passado esquecido de personagens que podem narrar sua trajetória de vida e expressar “representações acerca de determinados objetos apreendidos pelo sujeito, num determinado momento de sua trajetória existência.”

A intenção foi buscar a aproximação do objeto de estudo através da pesquisa documental, com ênfase em suas narrativas. De acordo com Ricoeur (2010, p.100): “Se, com efeito, a ação pode ser narrada, é porque ela já está articulada em signos, regras, normas: está, desde sempre, simbolicamente mediatizada.” É um procedimento metodológico que possibilita a utilização de fontes e documentos, testemunhos, versões e interpretação sobre a história em suas dimensões: factuais, temporais, espaciais, conflituosas, consensuais.

Os grupos escolares selecionados para estudo foram: o 1º Grupo Escolar criado no Estado do Pará em Alenquer no interior: Grupo Escolar Fulgêncio Simões em 1899 e o 1º criado na cidade de Belém, capital do Estado: Grupo Escolar José Veríssimo em 1901, porque é a partir deles que iniciou todo o processo de reorganizar o ensino primário em novas bases, ou seja, uma nova forma de organização escolar: o Grupo Escolar.

Como a pesquisa foi realizada?

Neste estudo, a opção de coleta de informações (dados) ocorreu da seguinte forma: o predomínio de uma pesquisa com fonte documental, tais como jornais, diários oficiais, relatórios, mensagens, cartas, regulamentos, decretos, revista; fotografias e ilustrações. Dessa maneira ocorreu a organização do corpus da pesquisa, a leitura do material e a ordenação dos achados por temas, para fazer a interpretação e análise com uma abordagem crítica dos dados. Assim, as formas de coletas foram acompanhadas do protocolo, para registrar as informações.

Portanto, os locais de pesquisa foram a Biblioteca Pública Arthur Vianna do Estado do Pará, no centro da capital paraense, onde foram localizadas as fontes primárias no setor de obras raras: o livro sobre Alenquer, de Fulgencio Simões (1908), o livro A Educação Nacional, de José Veríssimo (1906), o folheto Estado do Pará: a Instrução Publica em 1900 – Resposta pelo Dr. Alexandre Tavares ao Prologo da Colleção de Leis e Regulamentos do Ensino Publico organizada em 1901, pelo Ex-Diretor Geral do Governo do Estado Augusto Olympio de Araujo e Souza, de Alexandre Vaz Tavares (1902), alguns boletins oficiais e os relatórios, foi possível manusear, outros, após solicitação, foram enviados por e-mail. No setor de impressos foram: jornais e diários oficiais, porém o acesso a alguns jornais e diários foi somente no setor de microfilmagem; as fontes secundárias no setor de pesquisa bibliográfica. Na biblioteca da Universidade Federal do Pará, no setor de obras raras, localizei o relatório de José Veríssimo (1891).

O outro espaço de pesquisa foi por meio virtual através da internet, veículo fundamental, pois possibilitou o acesso às mensagens dos Governadores (http://www.crl.edu/ pt-br/brazil/provincial/par%C3%A1); à documentação educacional, como regulamentos e decretos; o acesso às teses, dissertações e artigos sobre a temática; a alguns livros de difícil acesso. A relevância desse espaço é que está disponibilizando o acesso aos livros escritos e publicados referentes à temática, como os livros de D. Macedo. Infelizmente, foram localizadas fontes primárias no Arquivo Público do Pará, mas este entrou em reforma e não possibilitou mais o acesso.

A escolha da coleta das informações através de documentos tem como vantagens, permitir o acesso em primeira mão à linguagem e às palavras dos participantes envolvidos em questões que têm relação direta com o objeto na época em que estavam em evidência os acontecimentos significativos para a pesquisa. Quanto à opção de materiais visuais, oportunizou uma visualidade sobre a época pesquisada e o tratamento de interpretação da iconografia através da iconologia.27

As fontes usadas neste estudo favoreceram o contato com as propriedades do objeto desta pesquisa, pois foi a partir desse acesso, que percorri um caminho, constituindo bases conceituais, reflexões e análises. Essa relação entre a pesquisadora e objeto se efetivou no campo, na empiria, a partir das informações contidas nas fontes documentais, isso possibilitou o desenrolar do enredo e permitiu compreender a importância da criação dos grupos escolares, a dinâmica de criação dos mesmos, a modernização do ensino, a divulgação

do ensino primário através destes, os limites e sua extensão dessa forma de organização escolar no Pará.

As fontes primárias foram as bases desta proposta de pesquisa, também foram utilizadas as fontes secundárias para complementar as informações. Dessa maneira o procedimento de registro das informações foi através de notas e memorandos, pois nestes ficaram registradas as informações relevantes expressas nos documentos e do material visual, onde foram destacadas as principais ideias (significativas) constantes nas fontes. Desse modo, a atenção às fontes foi criteriosa, principalmente a atenção aos documentos no sentido de identificar as informações primárias, ou seja, informação diretamente das pessoas ou situações em estudo; ou material secundário, que traduz relatos de segunda mão de pessoas ou situações, escritos por terceiros (CRESWELL, 2007).

Quanto à análise e interpretação das informações, foram adotados os seguintes procedimentos: o tratamento das fontes escritas, as narrativas nos documentos foram submetidas à análise crítica, subsidiada pela técnica de análise de dados qualitativos tendo como referência a teoria fundamentada na realidade de Strauss e Corbin (2008).28 Primeiro, a análise das informações teve diversos componentes, onde o processo de análise consistiu em extrair sentido das informações do texto dos diversos documentos, dentre eles, os relatórios, mensagens, diário oficial, jornais e dos livros. Foi um processo constante de reflexão sobre as informações, de questionar o documento, redigir memorando durante toda a investigação. E essas ações não ocorreram separadas das outras atividades, a coleta e a análise de dados foram processos simultâneos na pesquisa qualitativa.

Segundo, foi imprescindível: 1) a organização e preparação das informações para a análise através de leitura, registro de notas, sistematização de memorandos, classificação e organização dos dados em diferentes tipos; 2) a leitura das informações, buscando obter um sentido particular articulado ao geral, sendo as reflexões sistematizadas em notas; 3) na análise detalhada foi necessário: uma leitura cuidadosa das transcrições e do sentido, do que está no texto, sempre fazendo as anotações nas margens, ou no lado; esse procedimento abrangeu todas as fontes.

O passo seguinte foi a listagem dos tópicos. O agrupamento dos tópicos similares foi organizado em colunas e classificado como tópicos principais e tópicos secundários, é o

28Para esses autores o uso do termo “teoria fundamentada” foi derivada dos dados, sistematicamente reunidos e

analisados por meio do processo de pesquisa. Neste método, coleta de dados, análise e eventual teoria mantém uma relação próxima entre si. Um pesquisador não começa um projeto com uma teoria preconcebida em mente (a não ser que seu objetivo seja elaborar e estender a teoria existente). Ao contrário, o pesquisador começa com uma área de estudo e permite que a teoria surja a partir dos dados. (STRAUSS; CORBIN, 2008, p. 25).

que se chama de processo de codificação. Esse agrupamento permitiu o surgimento das categorias, ou seja, as informações foram articuladas à teoria, de forma que foi possível visualizar conceitos e seguir as categorias29 confirmadas na pesquisa de campo, que surgiram a partir das narrativas nas fontes documentais e nos livros (fonte primária), a priori não apontei nenhuma categoria. As categorias depois de identificadas – republicanismo e modelo de escola – foram tratadas e explicitadas ao longo dos capítulos na composição da tese, sendo enfatizadas em forma de tópicos no segundo e terceiro capítulo da pesquisa. Esse caminho metodológico abrangeu aspectos significativos sobre o objeto de estudo. De acordo com Rosa Fatima de Souza et al. (2012, p. 7), teórica que pesquisa a criação dos grupos escolares no Brasil e em particular em São Paulo, que também se dedicou a estudar essas categorias, o Republicanismo trata da “discussão sobre a relação entre Estado e sociedade, o papel do Estado em relação à educação pública, a questão dos municípios” e o Modelo de Escola, se referindo ao “grupo escolar em relação às outras escolas primárias”. No que se refere ao Republicanismo neste estudo, o debate foi sobre o papel do Estado em relação à educação primária no âmbito estadual, considerando o ideário pedagógico, religioso e político. Quanto ao Modelo de Escola, segui as orientações da referida autoridade na temática.

De acordo com as orientações de Strauss e Corbin (2008), esses passos possibilitam gerar categorias de informações (codificações abertas), selecionar uma das categorias e posicioná-la dentro de um modelo teórico (codificação axial) e depois narrar uma história de interconexões entre essas categorias (codificação seletiva) (STRAUSS; CORBIN, 2008). Resumindo, a análise das informações, é a ação de organização: de agrupar, codificar e categorizar. A interpretação é a ação de atribuir sentido, esta foi presente na análise. Paralelamente foram sistematizados os memorandos e também organizados os quadros para facilitar a visualidade das informações, o agrupamento as categorias e a articulação entre as mesmas. É um processo que envolveu também a reflexão sobre as questões analíticas com relação:

a) às informações, o que permitiu a checagem de categorias, novas categorias e evidências;

b) e sobre a relação entre os sujeitos e o objeto, o que permitiu uma produção sobre o fenômeno centrada no sujeito, problematizada pelo pesquisador com base nas narrativas articuladas às informações sobre o objeto.

29Conceitos que representam os fenômenos (e estes são ideias analíticas importantes que emergem dos nossos

Esse processo possibilitou os argumentos, que articulados à conceituação da pesquisa qualitativa, não no sentido de provar, mas no sentido de fornecer argumentos, para que pudesse desenvolver as narrativas temáticas, que estão apresentadas nos capítulos, ou seja, as evidências empíricas, mais a relação com a teoria e entre as categorias sustentando a tese. Para facilitar tudo isso utilizei, a princípio, as tabelas no programa excel, mas depois optei em mapear manualmente em cartolinas.

A tessitura da pesquisa é apresentada em forma de narrativa, o método consiste em usar uma passagem narrativa para transmitir os resultados da análise, onde a análise das informações “envolve a interpretação ou extrair significados dos dados.” (CRESWELL, 2007, p. 198). Quanto à validação dos resultados, não encontrei um documento de confronto dos fatos, "que pudesse servir de modelo, a partir do qual se analisassem distorções e lacunas. Os livros de história que registram esses fatos são também pontos de vista, uma versão do acontecido, não raro desmentidos por outros livros com outros pontos de vista.” (BOSI, 2009, p. 37). Concluindo, o sentido de validação nesta pesquisa está exposto nas narrativas, não no sentido de “verdade”, mas ancorado na representância em Ricoeur (2010), os seja, nas versões relatadas nos documentos sobre o objeto de estudo e através da crítica ao documento.

A crítica do documento

O interesse deste estudo está no uso do paradigma indiciário de Ginzburg, que tem como princípio deter-se aos detalhes, aos registros de minúcias, para o que é preciso seguir os indícios imperceptíveis para a maioria.30Assim, foi estabelecido o diálogo com a teoria, alguns autores e com as fontes documentais localizadas nos espaços da pesquisa já citados nesta, tais como: Boletins Oficiais sobre a Instrução Pública, Relatórios, Diário Oficial com os Decretos, onde foram presentes alguns indícios e algumas evidências sobre os grupos escolares e seus os protagonistas. Nesse pensar, Le Goff (2003, p. 429) acrescenta que:

Neste tipo de documento a escrita tem duas funções principais: “Uma é o armazenamento de informações, que permite comunicar através do tempo e do espaço, e fornece ao homem um processo de marcação, memorização e registro”; a outra, “ao assegurar a passagem da esfera auditiva à visual”, permite “reexaminar, reordenar, retificar frases e até palavras isoladas”.

Devido ao recorte ser no final do século XIX e início do XX (1890-1910), a importância de trabalhar com “documento” neste estudo foi fundamental, pois, possibilitou

fazer uma reflexão histórica sobre a implantação do grupo escolar no Estado do Pará, somando a discussão historiográfica, no sentido de preencher as lacunas da história da educação, e os silêncios da história. Porém, não se limitou a isso, foi preciso problematizar a documentação para se obter a compreensão da institucionalização do grupo escolar primeiro no interior do Pará. Assim, foi necessário também:

[...] ir mais longe: questionar a documentação histórica sobre as lacunas, interrogar os esquecimentos, os hiatos, os espaços em branco da história. Devemos fazer o inventário dos arquivos do silêncio e fazer a história a partir dos documentos e da ausência de documentos. A história tornou-se científica ao fazer a crítica dos documentos a que se chama “fontes”. (LE GOFF, 2003, p. 109).

Desta forma, foi realizada a crítica externa dos documentos, da sua originalidade e importância histórica, assim como também a crítica interna, que se refere a interpretar o significado dos documentos, avaliar a competência de seu autor. Do mesmo modo, considerei em que condições ocorreram a produção do documento, pois isso envolveu as estruturas do poder da sociedade paraense, por isso foram fundamentais as bases em Weber (2001), para entender as relações sociais, as ações e o significado destas nas narrativas. Dito de outro modo, as narrativas enquanto consciência histórica, com bases em Ricoeur (2010), expressam que o historiador quer é compreender é o homem.

Acrescento ainda que as categorias republicanismo e modelo de escola em Rosa Souza (1998, 2012) foram as lentes desta pesquisa, localizadas na documentação sobre o objeto de estudo, as quais expressam o poder das categorias sociais e dos grupos dominantes evidenciados nas fontes documentais, a educação primária foi regulada por decretos e regulamentações resultantes dos embates entre os conservadores, liberais e republicanos. Essas leis são produtos desses embates, portanto contraditórias, ao mesmo tempo que se proclamava o desenvolvimento e as melhorias à educação, muitas escolas funcionavam com dificuldade, mas não se nega que houve avanço no ensino paraense. O que foi deixado voluntariamente ou não nos documentos, tudo isso compõe a história oficial. Assim, deve ser reconhecido e desmontado pelo historiador, nesse sentido Le Goff (2003, p. 110) coloca que:

Nenhum documento é inocente. Deve ser analisado. Todo documento é um monumento que deve ser desestruturado, desmontado. O historiador não deve ser apenas capaz de discernir o que é “falso”, avaliar a credibilidade do documento, mas também saber desmistificá-lo. Os documentos só passam a ser fontes históricas depois de estar sujeitos a tratamentos destinados a transformar sua função de mentira em confissão de verdade.

Finalizando, a crítica ao documento e todos os procedimentos que contribuíram na sistematização do relatório de análise crítica durante a investigação foram revisados, mas

abertos às modificações, caso necessário. Após a revisão, concretizei à escrita final da pesquisa, na forma de tese, de acordo com a análise das fontes documentais, dando devolutivas ao problema, as questões norteadoras aos objetivos propostos para este estudo,