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5. MATERIAL E MÉTODOS

5.4. Métodos de avaliação da colmatação

5.4.2. Testes hidrodinâmicos: uso de traçadores

5.4.2.4. Testes com traçadores nas unidades plantada e não plantada

No dia 25 de junho de 2014, realizou-se o teste definitivo na unidade plantada, com aplicação iniciada às 15 h e duração de 26 minutos (inferior a 2% TDH). Nessa tentativa, adicionou-se uma quantidade de 10,0 kg em 150 L de água de torneira, gerando uma solução traçadora de concentração (66,67 g L-1) semelhante à utilizada por Chazarenc et al. (2003) em SACs de maiores dimensões (31,0 m de comprimento, 19,5 m de largura e 0,72 m de profundidade). Esse valor é inferior ao da solubilidade do NaCl em água, permitindo então uma mistura completa do sal. Na Figura 5.14b, pode-se observar a adição dos pacotes de 1,0 kg de sal (20 no total) em uma caixa d'água, com adição do solvente e a mistura vigorosa (Figura 5.14c). A adição foi feita diretamente na caixa de distribuição dos SACs-EHSS, na unidade monitorada, colocando o tubo na seção referente ao compartimento do leito monitorado (Figura 5.14d).

Figura 5.14. Aparato utilizado para quantificação da condutividade elétrica (a) e preparo da

solução traçadora e aplicação no SAC (b, c, d).

Em testes hidrodinâmicos com uso de traçadores, o recomendado é o monitoramento por tempo mínimo de 3 a 4 vezes o TDH, com a finalidade de recuperação do máximo possível do traçador (HEADLEY; KADLEC, 2007; KADLEC; WALLACE, 2009; BODIN et al., 2013). Dessa forma, seriam necessários tempos superiores a 3 dias, o que foi reforçado pelo

a) b) c) d) Saída unidade plantada Saída unidade controle Sonda data logger

monitoramento de uma aplicação anterior. Assim, a coleta de dados prosseguiu até que o valor de CE alcançasse o de background (mediana calculada), o que ocorreu após cerca de 4 a 5 dias. O intervalo de coleta de dados passou a ser de 20 min, diferente do utilizado no ensaio de obtenção do valor de background (30 min), para se ter melhor definição da curva de concentração do traçador.

Durante a realização do teste no SAC-EHSS plantado, a taboa encontrava-se em fase final de desenvolvimento, em estádio de florescimento e altura média de 2,40 m acima do nível do leito (Figura 5.15a), situação essa, que pode, hipoteticamente, levar à menor absorção de sais, pois as plantas têm sua maior taxa de remoção nas fases iniciais de crescimento (BRIX, 1997; KADLEC; WALLACE, 2009). Nesse período de acompanhamento da CE com aplicação do traçador salino, houve uma interrupção no fornecimento da energia elétrica e, consequentemente, de esgoto sanitário aos SACs-EHSS, mas como esse evento teve duração de apenas 4 h (de 7 às 11 h do dia 27/06), o que representa menos de 3,33% do tempo de monitoramento, o teste não foi abortado. A interrupção ocorreu entre os 2.400 e 2.640 min após o início da aplicação do sal. Durante a condução desse teste, foram observadas oscilações na curva de distribuição de concentração do traçador em função do tempo, que poderiam ser creditadas às características de sistemas plantados ou a esse evento de interrupção do fornecimento de esgoto sanitário.

No SAC-EHSS não plantado ou controle, o teste teve início no dia 03/07, às 10 h 41 min, tendo a adição do sal, duração de cerca de 18 min. As medições de CE foram, da mesma forma, realizadas de 20 em 20 min.

Na tabela resumo (Tabela 5.2) constam as condições em que foram conduzidos cada um dos testes realizados para obtenção do TDH. Observa-se que, além dos ensaios anteriormente descritos, realizou-se um terceiro no SAC-EHSS plantado, após ter ocorrido o corte da parte aérea da taboa (Figura 5.15b). Com esse novo teste visou-se avaliar a possível influência da fase de desenvolvimento da planta na recuperação do traçador e consequentemente, na resposta do traçador salino. Para também investigar se as oscilações presentes no primeiro ensaio se deveram à interrupção no fornecimento de esgoto ou à interferência das próprias plantas, reduziu-se o tempo de amostragem, tendo sido feitos registros de dados a cada 10 min. A parte aérea da taboa foi cortada no dia 31 de julho, um dia antes da aplicação do sal, o que a deixou com altura média de 11 cm acima do leito. O tempo de aplicação da solução traçadora foi de 20 min, com início às 13 h 24 min.

Tabela 5.2. Resumo dos ensaios realizados nos SACs-EHSS avaliados no estudo. SISTEMA Altura média da taboa (cm)* Horário da aplicação (D e H)** Duração da aplicação (min) Intervalo de coleta de dados (min) Duração do teste (min)

SAC plantado em estádio de florescimento (Figura 5.12 a)

240 25/06/14 às

15h00 26 20 7205

SAC não plantado - 03/07/14, às

10h41 18 20 5924 SAC plantado em estádio

de crescimento (Figura 5.12 b)

11*** 01/08/14 às

13h24 20 10 11275

* Acima do nível do leito; ** Data e Hora; *** Corte da parte aérea no dia 31/07/14

Figura 5.15. Aspecto visual das plantas de taboa, a) em fase final de crescimento

(florescimento da espécie) e b) logo após efetuado o corte da sua parte aérea, no SAC- EHSS.

Durante a realização dos testes, as vazões afluente e efluente foram medidas, utilizando recipientes graduados e cronômetro, em diferentes momentos e em situações em que seu conhecimento era essencial, antes e após o corte da parte aérea das plantas, e na unidade sem vegetação. No SAC-EHSS, antes de ser efetuado o corte da parte aérea das plantas, as medições foram realizadas nos dias 25 e 28 de junho de 2014, 03 e 15 de julho de 2014, ou seja, datas anteriores, durante e após a adição do traçador salino. No SAC-EHSS não plantado, os dias de monitoramento da vazão foram 03, 07, 14 e 15 de julho de 2014, também representativos das condições nas quais foram realizados os ensaios. Após o corte da parte aérea das plantas, as vazões foram medidas nos dias 01 e 02 de agosto de 2014, datas que coincidiram com o período da planta recém cortada e em início de rebrota. A cada dia, com exceção dos referentes ao mês de agosto, foram realizadas 3 repetições, de forma a melhor caracterizar a vazão de entrada e saída da água residuária, importantes variáveis para a observância das condições hidrodinâmicas do sistema. Após o corte da parte aérea, tendo em vista haver grande crescimento e rápida alteração nas condições do meio para realização do

teste, realizou-se a medição das vazões em apenas dois dias. Em razão desse fato, repetiu-se a medição por cinco vezes, nesses dias.

Ressalta-se que, neste estudo, passou-se a utilizar a expressão “corte da parte aérea” ao invés de “poda”, por considerá-lo mais adequado para caracterizar o que foi feito nos testes, já que se entende por poda a prática de desbaste de folhas e galhos de árvores sem, contudo, se efetuar a retirada de toda a parte aérea das plantas.