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Textos para leitura: oferta e procura

Em 1998, para os alunos de 5ª série, a aprendizagem da leitura não repercutia como possibilidade de emancipação, pois eles não necessitavam da escola para terem

acesso aos bens culturais ou para manipulá-los. Seu poder aquisitivo garantia-lhes acesso, mesmo que às vezes restrito, a outros bens mais valorizados socialmente do que os culturais.

A desvalorização da leitura ocorria, às vezes, pela ação das próprias professoras de séries anteriores e, em alguns casos, pela de alguns pais dos alunos ou responsáveis.

As professoras não possibilitaram aos alunos, de modo global, que se transformassem em leitores. Pelo contrário, afastaram-nos de qualquer leitura, sobretudo da de livros,

seja por tê-los alfabetizado de maneira insatisfatória, seja por fazê-los rever na literatura experiências didáticas que eles desejavam esquecer, ou ainda por não lhes ter permitido participar ativamente do processo de eleição de obras para a leitura. Alguns destes fatores podem ser confirmados pelos seguintes depoimentos fornecidos por

alunos das 5ªs séries, no final de 1998:

- A professora [da 3ª série] mandava ler, a gente lia, ela dava trinta perguntas do livro.

Tinha que decorar... Ah, o nome da editora, do autor, os personagens..., essas coisas...

(João P., 11 anos – 5ª série A)

- Ela [a professora da 4ª série] mandava ler cada coisa chata! Nossa, cara, cada coisa, chata mesmo...

Os pais, em sua maioria, não disponibilizavam aos seus filhos, em suas casas, diferentes tipos de texto para leitura, tais como revistas em quadrinhos, revistas diversas

(Isto É, Veja, Super Interessante etc.), jornais e livros diversos de ficção, obras narrativas que propiciassem a expansão do imaginário do leitor. Esse dado pôde ser

observado pelas respostas dos alunos a um questionário a esse respeito (vide anexo III –

questionário aplicado – II).

A partir de uma questão de múltipla escolha, detectei que, em 1998, de 47 alunos de 5ª série que disponibilizaram seus passaportes, dois não tinham acesso a texto algum

em suas casas; em 1999, de 51 alunos de 6ª série, um também não tinha; e, em 2000, de 52 alunos de 7ª série, um não tinha acesso a texto algum. Em síntese, o acesso a diversos tipos de texto pode ser melhor visualizado pelo seguinte gráfico:

Gráfico IV – Índices de acesso a diferentes tipos de textos disponibilizados nos lares dos alunos entrevistados:

Como se pode ver, a ausência de acesso a textos, em 1998, representada por dois

alunos (4,25%), limitou-se, em 1999, a um aluno (1,95%), e também a um aluno, em 2000 (1,92%). O acesso a apenas um tipo de texto, representado por 19 alunos

40,42% 29,79% 14,90% 10,64% 1,95% 31,38% 23,52% 11,77% 23,98% 4,25% 31,38% 23,08% 1,92% 25,00% 26,92% 0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10% 11% 12% 13% 14% 15% 16% 17% 18% 19% 20% 21% 22% 23% 24% 25% 26% 27% 28% 29% 30% 31% 32% 33% 34% 35% 36% 37% 38% 39% 40% 41%

Nenhum acesso Acesso a um tipo Acesso a dois tipos

Acesso a três tipos Acesso a quatro tipos

1998 1999 2000

(40,42%), em 1998, decaiu para 16 alunos (31,38%), em 1999, e para 13 alunos (25%), em 2000. O acesso a dois tipos de texto evoluiu de 14 alunos (29,79%), em 1998, para

16 alunos (31,38%), em 1999, e reduziu para 13 alunos (26,92%), em 2000. O acesso a três tipos de texto representado por sete alunos (14,90%), em 1998, subiu para 12 alunos

(23,52%), em 1999, e manteve-se em 12 alunos (23,08%), em 2000. O acesso a quatro tipos de texto que compreendia cinco alunos (10,64%), em 1998, aumentou para seis alunos (11,77%), em 1999, e para 12 alunos (23,08%), em 2000.

No mesmo período, de 1998 a 2000, os alunos foram questionados acerca da

existência em suas casas de dicionários, enciclopédias e livros religiosos como a Bíblia, o Antigo e o Novo Testamento, as Sagradas Escrituras, o Evangelho. Todos os alunos, mesmo aqueles que assinalaram no questionário a alternativa “nenhum dos itens”, possuíam um livro religioso e um dicionário em casa. O dicionário era parte integrante do material escolar e todos os anos constava na “lista de material escolar” de cada série.

Quanto à existência de enciclopédias em casa, em 1998, dos 47 alunos, 45 (95,75%), possuíam algum tipo, e em 1999 e 2000, todos (100%).

Com o objetivo de verificar quais quais eram os textos disponibilizados nos lares dos alunos, estes foram questionados sobre a existência de livros, revistas diversas,

revistas em quadrinhos e jornais. A disponibilidade destes textos resultou no seguinte gráfico:

Gráfico V – Índices da oferta por parte das famílias dos alunos de determinados tipos de texto:

Pode-se observar pelo gráfico que o consumo de livros cresce de 1998 para 1999, passando de 21,28% para 60,79%, e de 1999 para 2000, de 60,79% para 80,77%.

Embora haja um crescimento representativo no que concerne à presença de livros nas famílias, em 1999 e 2000, um aluno não possuía acesso a eles ou a qualquer outro tipo

de texto.

Nesses anos, todo o levantamento de livros disponibilizados nos lares foi feito a partir dos questionários respondidos pelos alunos. Pode-se questionar se esse levantamento corresponde à realidade. Entretanto, independente de corresponder ou

não, quando um aluno alega que não há livros em sua casa é porque não os percebe. Sabe-se que quando um leitor não descobre um livro, não o abre para a leitura, o livro

não “existe”. Assim, tanto o leitor quanto o livro permanecem “fechados”.

No que diz respeito ao acesso a revistas diversas, os índices revelam que esse tipo de texto agrada a um número significativo de famílias, sendo que o seu consumo

21,28% 60,79% 80,77% 42,56% 37,26% 51,93% 78,73% 58,83% 34,62% 44,68% 54,91% 73,08% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 1998 1999 2000 Livros Jornais Revistas em quadrinhos Revistas diversas

mantém-se em ascensão: de 44,68%, em 1998, passa para 54,91%, em 1999, e para 73,08%, em 2000. Pode-se concluir que as famílias que passam a consumir livros não

deixam de consumir também revistas diversas.

No que concerne ao consumo de revistas em quadrinhos, pode-se observar que há

uma queda no consumo de 1998 para 1999, e de 1999 para 2000, decrescendo de 78,73% para 58,83% e para 34,62%, respectivamente.

No que se refere ao consumo de jornais, pode-se observar que há um decréscimo de 1998 para 1999, passando de 42,56% para 37,26%. E um crescimento de 1999 para

2000, passando de 37,26% para 51,93%.

Em síntese, pode-se concluir que ao consumir mais livros, em 1999, as famílias optam por deixar de consumir outros tipos de texto, como revistas em quadrinhos e jornais. E, ainda, ao ter de optar por apenas um tipo de texto, as famílias, em 2000, deixam de consumir revistas em quadrinhos e jornais. O único tipo de texto que não

deixam de consumir são as revistas diversas. Segundo alguns alunos, revistas como

Veja, Isto É, Caras, Capricho etc. substituem os jornais e ainda trazem “fofocas de

gente famosa”.

Embora nem todos os pais, mesmo em 2000, disponibilizassem farto material

para leitura aos seus filhos, havia preocupação com a leitura, respeito pelo momento da leitura e desejo de propiciar um ambiente adequado para tal. Isto pôde ser detectado pelas respostas dadas à questão: “para ler em casa você tem paz e silêncio?” (vide

anexo III – questionário aplicado – II). De 47 alunos, em 1998, 46 alunos (97,87%)

responderam afirmativamente e um aluno (2,13%) respondeu negativamente. Quanto à existência de um espaço adequado para ler, os mesmos 46 alunos (97,87%)

responderam afirmativamente e o mesmo aluno (2,13%) que afirmou não possuir tranqüilidade para ler, respondeu negativamente.

Quando questionados sobre o melhor local para a realização da leitura, 43 alunos (93,47%), dos 46 que possuíam espaço adequado para ler e tranqüilidade para tanto,

indicaram o seu quarto como o local mais adequado e três (6,53%) o escritório de suas casas. Esses índices podem ser melhor observados no seguinte gráfico:

Gráfico VI – Índices dos espaços eleitos pelos alunos como adequados para a realização da leitura:

Objetivando detectar se as expectativas das famílias quanto à necessidade de

locais calmos como facilitadores e propiciadores da leitura coincidiam com as dos alunos, questionei-os a esse respeito (vide anexo III – questionário aplicado – II).

Em 1998, de 47 alunos, 36 (76,60%) responderam que preferem locais calmos para ler e 11 (23,40%) afirmaram que qualquer lugar é adequado, desde que a obra seja

interessante, pois quando lêem “desligam”, ou seja, envolvem-se na leitura. Esses índices podem ser melhor apreciados no seguinte gráfico:

6,53% 93,47% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% quarto escritório

Gráfico VII – Índices das preferências dos alunos por locais calmos ou por qualquer outro local para leitura:

A questão a respeito de um local agradável e tranqüilo para a leitura levou os alunos a refletirem sobre isso. Ao perceberem que a maioria prefere “locais calmos”, apresentaram uma nova postura em relação à leitura realizada em sala de aula, pois

concluíram que, com movimentações dentro ou fora da sala, não se obtém a concentração necessária.

Ainda objetivando detectar se havia estímulo por parte da família para que os alunos se tornassem leitores, questionei-os, em 1998, acerca da existência de um ledor

em suas famílias, alguém que lhes lesse livros, textos curtos, trechos interessantes retirados de jornais e/ou revistas, poemas etc. (vide anexo III – questionário aplicado –

II). Entre 47 alunos, 100% responderam negativamente. Questionei-os, então, se em

algum momento, anterior a 1998, leram para eles e quais as pessoas que o fizeram. Entre os 47 alunos, 31 responderam afirmativamente, representando 65,96% do total de

alunos, e 16, negativamente, representando 34,04% desse total.

Dos 31 alunos que possuíram ledores, sete afirmaram que apenas a mãe lia “historinhas” para eles quando eram crianças, um afirmou que teve somente a

23,40% 76,60% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% locais calmos qualquer local

empregada doméstica como sua ledora, 11 afirmaram que tiveram a mãe e o pai como seus ledores, seis, a mãe e as avós materna e paterna, quatro, a mãe e as tias, um, a mãe

e o avô materno, e um, a mãe e a irmã. Logo, entre os 31 alunos que possuíam ledores, 30 (96,78%) indicaram a mãe como ledora, 11 (35,49%), o pai, seis (19,36%), as avós

materna e paterna, quatro (12,91%), as tias, um (3,23%), o avô materno, e um (3,23%), a irmã. Pode-se resumir todos os ledores dos alunos entrevistados no seguinte gráfico:

Gráfico VIII – Índices dos ledores dos alunos:

Pode-se concluir que cabe à mãe, em primeiro lugar, a responsabilidade em ler

para os filhos. O pai fica em segundo lugar e, em terceiro as avós e as tias, sendo esporádica a intervenção de irmãs, avôs e empregadas domésticas.

Os alunos também foram questionados sobre a idade em que leram para eles. Dos 31 alunos que gozaram desse privilégio, dois (6,46%) afirmaram que leram para eles

35,49% 12,91% 3,23% 3,23% 96,78% 19,36% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% mãe pai avós materna e paterna tias avô materno irmã

até os 5 anos, 12 (38,70%), até os 6 anos, dez (32,26%), até os 7 anos, quatro (12,90%), até os 8 anos e três (9,68%), até os 9 anos. Esses índices podem ser melhor apreciados

no gráfico apresentado a seguir:

Gráfico IX – Índices percentuais de idade limite dos alunos entrevistados que dispuseram de leitores:

Como se pode ver, os pais deixam de ler para seus filhos quando estes ingressam no universo escolar ou iniciam o período de alfabetização, ou ainda quando supõem

que o filho já esteja satisfatoriamente alfabetizado.

Aparentemente não havia obstáculos que dificultassem a existência de um ledor nos lares dos alunos, uma vez que seus pais eram todos alfabetizados e, em sua maioria,

possuíam curso superior (vide anexo III – tabela I). Respectivamente, entre as mães dos alunos das 5ªs séries A e B, duas (4,25%) possuíam Ensino Médio Incompleto, 14

(29,79%), Ensino Médio Completo e 31 (65,96%), Superior Completo. Entre os pais, um (2,13%) possuía Ensino Fundamental Completo, 13 (27,66%), Ensino Médio

Completo e 33 (70,21%), Ensino Superior Completo. Logo, nenhuma mãe interrompeu 38,70% 12,90% 9,68% 6,46% 32,26% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% até 5 anos até 6 anos até 7 anos até 8 anos até 9 anos

seus estudos ao término do Ensino Fundamental e nenhum pai, durante o Ensino Médio. Em síntese, o nível de escolaridade dos pais dos alunos pode ser melhor

observado no seguinte gráfico:

Gráfico X – Índices do nível de escolaridade dos pais dos alunos:

Com o objetivo de verificar se coincidia a procura dos alunos por diversos tipos de texto com a oferta destes em suas casas, apresentei-lhes uma questão de múltipla

escolha a esse respeito (vide anexo III – questionário aplicado – II). Em 1998, entre 47 alunos de 5ª série, 13 não procuravam texto algum. Em 1999, entre 51 alunos de 6ª

série, três não procuravam qualquer tipo de texto. Em 2000, entre 52 alunos de 7ª série, um não procurava texto algum. Em síntese, a procura dos alunos por uma variedade de

textos pode ser visualizada pelo seguinte gráfico: 2,13% 4,25% 27,66% 65,96% 70,21% 29,79% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% Mãe Pai Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo Superior completo

Gráfico XI – Índices da procura dos alunos por diferentes tipos de texto:

Confrontando os gráficos IV e XI referentes à oferta e à procura por diferentes

tipos de texto, pode-se observar que, em 1998, dois alunos (4,25%) não tinham acesso a textos em seus lares, enquanto que 13 (27,66%) preferiam não ler, não ter acesso a texto algum. Em 1999, um aluno (1,95%) não tinha acesso a textos, enquanto três (5,89%) ainda preferiam não ler. Em 2000, um aluno (1,92%) não tinha acesso e o mesmo aluno

59,58% 6,38% 6,38% 5,89% 33,34% 3,90% 9,81% 17,30% 27,66% 47,06% 13,37% 1,92% 26,92% 40,39% 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% 22% 24% 26% 28% 30% 32% 34% 36% 38% 40% 42% 44% 46% 48% 50% 52% 54% 56% 58% 60% não procuram procuram só um tipo procuram dois tipos procuram três tipos procuram quatro tipos 1998 1999 2000

preferia não ler. Pode-se concluir que a oferta é maior do que a procura em 1998 e em 1999, e ambas se equivalem em 2000.

No que concerne ao acesso a apenas um tipo de texto, em 1998, 19 alunos (40,42%) declararam possuí-lo, enquanto 28 (59,58%) preferiam tê-lo. Em 1999, 16

(31,38%) possuíam-no, mas 24 alunos (47,06%) preferiam-no. Em 2000, 13 alunos (25%) possuíam acesso a um tipo de texto, e 14 (26,92%) preferiam-no. Pode-se concluir que a oferta de pelo menos um tipo de texto tornou-se menor do que a procura em 1998 e em 1999, e ambas praticamente se equivalem em 2000.

No que se refere ao acesso a dois tipos de texto, em 1998, 14 alunos (29,79%) possuíam-no, mas apenas três (6,38%) desejavam-no. Em 1999, 16 alunos (31,38%) possuíam-no, e 17 (33,34%) preferiam-no. Em 2000, 14 alunos (26,92%) possuíam-no, mas 21 (40,39%) preferiam-no. Pode-se concluir que, em 1998, a oferta é maior do que a procura, em 1999, elas praticamente se equivalem e, em 2000, a procura por dois

tipos de texto é maior do que a oferta.

No que diz respeito ao acesso a três tipos de texto, em 1998, sete alunos (14,90%) possuíam-no, mas nenhum aluno o preferiu. Em 1999, 12 alunos (23,52%) possuíam- no, mas somente dois (3,90%) preferiam-no. Em 2000, 12 alunos (23,08%) possuíam-

no, mas sete (13,37%) preferiam-no. Pode-se concluir que a oferta é maior do que a procura em todos os anos.

No que se refere ao acesso a quatro tipos de texto, em 1998, cinco alunos (10,64%), possuíam-no, enquanto que três (6,38%) preferiam-no. Em 1999, seis alunos

(11,77%) possuíam-no, e cinco (9,81%) preferiam-no. Em 2000, 12 alunos (23,08%) possuíam-no, e nove (17,30%) preferiam-no. Pode-se concluir que a oferta e a procura

Entre os diferentes tipos de texto (livros, revistas diversas, revistas em quadrinhos, jornais), os alunos foram questionados acerca de quais eram os mais procurados. Seus

interesses podem ser visualizados no seguinte gráfico:

Gráfico XII – Índices dos interesses dos alunos por determinados tipos de texto:

Confrontando o gráfico V, relativo à oferta de textos diversos pelas famílias, com

o gráfico acima, pode-se observar que, no que concerne a livros, a oferta, em 1998, representada por 21,28%, era menor do que a procura, 29,79%. Pode-se concluir, então,

que a disponibilidade de livros nos lares, em 1998, não propicia ao aluno opções de leitura, devendo fazê-las junto à biblioteca da escola, do município ou valer-se de

empréstimos junto a amigos ou familiares. Em 1999, a oferta, representada por 60,69%, e o interesse, 50,98%, aumentam em relação ao ano anterior. Adequadamente, a primeira é maior do que a segunda. Esses índices representam que a oferta de livros

29,79% 50,98% 75,00% 6,39% 17,65% 48,08% 27,66% 47,06% 23,08% 34,05% 49,02% 71,16% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 1998 1999 2000 Livros Jornais Revistas em quadrinhos Revistas diversas

proporciona maiores possibilidades de escolhas, de opções para o leitor. Em 2000, a oferta, representada por 80,77%, e a procura, 75%, aproximam-se muito, significando

que a possibilidade de escolha é reduzida.

No que se refere a jornais, pode-se observar que, em 1998, a oferta, representada

por 45,56%, é muito superior à procura, 6,39%. Em 1999, a oferta declinou para 37,26%, enquanto que o interesse subiu para 17,65%. Entretanto, o interesse permaneceu ainda inferior à oferta. Em 2000, a oferta, 51,93%, e a procura, 48,08%, subiram e se aproximaram. Pode-se concluir que o interesse por jornais apresentou uma

ascensão de 1998 a 2000.

No que tange a revistas em quadrinhos, pode-se observar que embora os pais diminuam a oferta em seus lares, em 1998, representada por 78,73%, em 1999, por 58,83%, e em 2000, por 34,62%, e a procura aumente, em 1998, representada por 27,66%, em 1999, por 47,06%, e em 2000, por 23,08%, esta permanece inferior àquela.

A redução tanto da oferta de revistas em quadrinhos nos lares dos alunos quanto da indicação por parte deles como preferidas para a leitura não significa que os alunos deixaram de ler histórias em quadrinhos. Conforme depoimentos, muitos que deixam de consumir revistas em quadrinhos lêem histórias em quadrinhos nas tirinhas dos

jornais. Entre as favoritas, os alunos elegeram as da Turma da Mônica, de Maurício de Souza, as do personagem Calvin, em O melhor de Calvin, de Bill Watterson, e as do

Recruta Zero, de Mort Walker. Alguns alunos também liam Mangás, revistas em

quadrinhos com desenhos japoneses, nas quais a leitura inicia-se pela última página.

Essas revistas, em sua maioria, retomavam desenhos animados que eram apresentados tanto na televisão por assinatura como nos canais abertos.

No que se refere a revistas diversas, em 1998, a oferta era de 44,68% e o interesse de 34,05%. Em 1999, a oferta era de 54,91% e a procura de 49,02%. Finalmente em

2000, a oferta era de 73,08% e a procura de 71,16%. Pode-se concluir que há um aumento quanto à oferta e à procura de 1998 para 1999. Em 2000, elas praticamente se

equivalem.

Em síntese, a partir da análise dos gráficos V e XII, referentes à oferta e à procura por determinados tipos de texto, pode-se observar que a disponibilidade de livros, de revistas diversas, de revistas em quadrinhos e de jornais evoluiu ou decresceu de acordo

com o interesse. Considerando-se que há uma aquisição em 1999 e 2000, pelas famílias, de enciclopédias, pode-se concluir que deixam de consumir o que consideram menos importante. No caso, as revistas em quadrinhos. Assim, o humor perde seu espaço em relação ao que a sociedade considera fundamental. Entretanto, é válido destacar que se a leitura desse tipo de texto diminuiu, o interesse dos alunos permaneceu. Eles passaram a

ler textos em quadrinhos nos jornais. Logicamente, não houve aumento de interesse, como ocorreu com os livros, jornais e revistas diversas. Mas, tendo em vista que a oferta diminuiu gradativamente, pode-se concluir que ela condicionou a procura. Não se pode eleger como mais atraente aquilo de que não se dispõe.

Objetivando detectar se os alunos procuravam a biblioteca da escola, do município ou outras bibliotecas a fim de realizar leituras, questionei-os diretamente a esse respeito (vide anexo III – questionário aplicado – II).

Em 1998, de 47 alunos de 5ª série, 20 (42,56%) freqüentavam a biblioteca da

escola como uma opção a mais na eleição de obras para leitura, cinco (10,64%), a biblioteca da escola e a do município. Os demais 22 alunos (46,81%) ficavam restritos a

obras disponíveis em casa, a compras em livrarias ou a empréstimos de familiares e amigos.

Em 1999, de 51 alunos de 6ª série, 12 (23,53%) freqüentavam a biblioteca da escola, 16 (31,38%), a escolar e a do município. Os demais 23 alunos (45,10%)

ficavam restritos a obras disponíveis em casa, a compras em livrarias ou a empréstimos de familiares e amigos.

Em 2000, de 52 alunos de 7ª série, 17 (32,70%) freqüentavam a biblioteca da escola como uma opção a mais na eleição de obras para leitura, 22 (42,31%) a

escolar e a do município. Os demais 13 alunos (25%) preferiam restringir suas opções para a realização de suas leituras a obras disponíveis em casa, em livrarias, no círculo familiar e de amigos. Em síntese, a procura realizada pelos alunos em determinados locais para a obtenção de obras para a leitura pode ser melhor observada no seguinte gráfico:

Gráfico XIII – Índices da procura realizada pelos alunos em determinados locais para a obtenção de obras para leitura:

42,56% 23,53% 32,70% 10,64% 31,38% 42,31% 46,81% 45,10% 25,00% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00% 1998 1999 2000 biblioteca da escola biblioteca da escola e do município biblioteca de familiares e/ou de amigos e/ou livrarias

É importante observar que nenhum aluno declarou freqüentar somente a biblioteca do município. Pode-se concluir que a consulta à biblioteca inicia-se no próprio ambiente

escolar, posteriormente ela estende-se para a do município. Embora alguns alunos tenham declarado não utilizar os serviços de empréstimos de obras das bibliotecas

escolar e municipal, isso não significa que, para a realização de trabalhos e pesquisas diversas, deixassem de freqüentar esses espaços. Eles não só os conheciam e utilizavam, como também freqüentavam a biblioteca da UNESP (Universidade do Estado de São Paulo) e a do IMESA (Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis). Alguns

professores de diferentes áreas do próprio colégio, como pude observar ao longo dos anos, acompanhavam, em 1998, 1999 e 2000, os alunos a essas bibliotecas ou as indicavam como fonte de consulta de acordo com seus interesses para a realização de trabalhos e pesquisas.

Em relação à leitura, pode-se concluir, também, que há uma mudança na postura

dos alunos. Em 1998, 13 alunos (27,66%), entre 47 de 5ª série, preferiam não ler. Em 1999, o número cai para três alunos (5,89%), entre 51 de 6ª série, em 2000, para um aluno (1,93%), entre 52 de 7ª série. Essa mudança de postura pode ser melhor observada no seguinte gráfico:

Gráfico XIV – Índices da mudança de postura dos alunos entrevistados em relação à leitura:

Pode-se concluir pelos dados apresentados, que há uma crescente valorização da leitura entre os alunos. Esta valorização também pode ser observada na procura cada

vez maior de outros espaços, como o da biblioteca escolar e o da Biblioteca Municipal, para eleição de obras.

A mudança de postura e a valorização da leitura ainda podem ser comprovadas nas respostas dos alunos à questão de múltipla escolha acerca do porquê lêem: por

indicação da professora e/ou da família e/ou por vontade própria (vide anexo III –

questionário aplicado – II). Suas respostas podem ser visualizadas no seguinte gráfico: 27,66% 5,89% 1,93% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 1998 1999 2000

Gráfico XV – Índices da motivação para leitura dos alunos:

Pode-se observar no gráfico que a regressão da influência da professora, como norteadora de leitura, marcada pelos índices 89,37%, em 1998, 78,44%, em 1999, e 69,23%, em 2000, representa um gradual processo de construção realizado pelo leitor

em busca de autonomia. A presença da família como norteadora de leitura aumentou de

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