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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 Descrição da base de dados

4.1.3 Tipificação dos furtos e de seus autores

Conforme apresentado na TABELA 3, pode-se verificar que 76,50% dos enquadramentos dos furtos foram por Desvios de Ativos Tangíveis ou Intangíveis e 23,50% como Corrupção. Não houve, portanto, nenhum respondente que preencheu o campo “Outros” da segunda questão (Q02) do questionário, eliminando o enquadramento implícito “Manipulação Contábil” dos resultados.

Tabela 3 – Frequência para as variáveis de caracterização dos respondentes.

Variáveis Geral (n=115) N % Corrupção (n=27) Desvio de Ativos (n=88) N % N %

Sexo Feminino Masculino 23 92 20,0% 80,0% 23 4 14,8% 85,2% 19 69 21,6% 78,4%

Idade aproximada (anos) 16 a 18 2 1,7% 0 0,0% 2 2,3% 19 a 20 19 16,5% 0 0,0% 19 21,6% 21 a 25 29 25,2% 4 14,8% 25 28,4% 26 a 30 21 18,3% 6 22,2% 15 17,0% 31 a 35 23 20,0% 8 29,6% 15 17,0% 36 a 40 11 9,6% 5 18,5% 6 6,8% 41 a 50 9 7,8% 4 14,8% 5 5,7% 51 a 59 1 0,9% 0 0,0% 1 1,1% Estado Civil Casado 52 45,2% 15 55,6% 37 42,0% Separado/Divorciado 5 4,3% 3 11,1% 2 2,3% Solteiro 54 47,0% 9 33,3% 45 51,1% Não sei 4 3,5% 0 0,0% 4 4,5% Escolaridade Ensino Fundamental 49 42,6% 11 40,7% 38 43,2% Ensino Médio 41 35,7% 10 37,0% 31 35,2% Ensino Superior 9 7,8% 5 18,5% 4 4,5% Pós-Graduação 1 0,9% 1 3,7% 0 0,0% Não sei 15 13,0% 0 0,0% 15 17,0% Ocupava cargo de chefia Não 101 87,8% 20 74,1% 81 92,0% Sim 14 12,2% 7 25,9% 7 8,0%

Tempo que trabalhava na empresa (anos) < 1 44 38,6% 6 22,2% 38 43,7% 1 a 3 48 42,1% 11 40,7% 37 42,5% 3 a 5 11 9,6% 3 11,1% 8 9,2% > 5 11 9,6% 7 25,9% 4 4,6% Remuneração

Pagamento por produção 11 9,6% 6 22,2% 5 5,7% Salário fixo mais produção 22 19,1% 8 29,6% 14 15,9%

Somente fixa 82 71,3% 13 48,1% 69 78,4%

Faixa Salarial Mensal (R$)

Até 1.000 63 54,8% 7 25,9% 56 63,6%

Entre 1.000 a 5.000 43 37,4% 14 51,9% 29 33,0%

> 5.000 9 7,8% 6 22,2% 3 3,4%

Meses que furtou

Até 6 meses 56 50,0% 4 14,8% 52 61,2% 7 a 12 meses 31 27,7% 11 40,7% 20 23,5% 13 a 18 meses 12 10,7% 4 14,8% 8 9,4% 19 a 24 meses 3 2,7% 0 0,0% 3 3,5% 25 meses ou mais 10 8,9% 8 29,6% 2 2,4% Quantia furtada (R$) Até 100 16 13,9% 2 7,4% 14 15,9% De 100 a 500 29 25,2% 6 22,2% 23 26,1% De 500 a 1,000 28 24,3% 6 22,2% 22 25,0% De 1.000 a 5.000 22 19,1% 5 18,5% 17 19,3% Mais de 5.000 20 17,4% 8 29,6% 12 13,6%

Quanto ao sexo, 80% dos autores eram do sexo masculino e 20%, do sexo feminino. Ao comparar a média geral de cada sexo com o tipo de furto cometido, percebe-se que os homens ficaram acima dela para atos de Corrupção (85,20%) e abaixo para atos de Desvio de Ativos (78,40%), tendo ocorrido o inverso para o sexo feminino (14,80% e 21,60% respectivamente). Essa informação sugere que os homens foram mais propícios às práticas de Corrupção e as mulheres ao Desvio de Ativos.

Em relação à idade, 80% dos empregados que furtaram suas empresas tinham entre 19 e 35 anos. Contudo, ao analisar especificamente a idade média por tipo de furto, percebe-se que os autores de Corrupção analisados pela amostra são aproximadamente 10 anos mais velhos que os autores de Desvio de Ativos, pois 29,60% (maior média do grupo) dos corruptos tinham de 31 a 35 anos, e 28,40% (maior média do grupo) dos que furtaram ativos tangíveis ou intangíveis tinham de 21 a 25 anos de idade.

A pesquisa indicou também que 47% dos empregados que furtaram suas empresas eram solteiros e 45,20% eram casados. Porém, quando este indicador é analisado por tipo de furto, percebe-se que os indivíduos casados e separados/divorciados cometeram mais Corrupção (55,60% e 11,10% respectivamente) quando comparado ao grupo de Desvio de Ativos. Utilizando o mesmo critério, os indivíduos solteiros foram mais propensos a desviar ativos (51,10%).

Quanto ao grau de escolaridade dos empregados que furtaram suas empresas, a pesquisa demonstrou que 42,60% tinham cursado apenas o ensino fundamental, seguido de 35,70% que tinham concluído o ensino médio. Porém, ao analisar as formações possíveis sugeridas pelo questionário, nota-se que dentre os funcionários que cometeram Corrupção 18,50% possuíam diploma de Curso Superior e 3,70% eram Pós-Graduados. Já entre os indivíduos que cometeram o crime de Desvio de Ativos, apenas 4,50% eram bacharéis, e nenhuma pessoa dessa amostra era pós-graduada. Esse dado sugere que, possivelmente, os indivíduos que cometem corrupção possuem um grau de escolaridade mais elevado que os indivíduos que desviam ativos tangíveis ou intangíveis das empresas.

A pesquisa também revelou que 12,20% dos empregados que furtaram suas empresas tinham o cargo de chefia. De fato, uma proporção bem inferior aos subordinados. Entretanto, ao separar por grupos (Corrupção x Desvio de Ativos), tem-se como evidência que dentre os corruptos, 25,90% ocupavam cargo de chefia. Já em relação aos empregados que desviaram ativos, 92% não ocupavam cargos de chefia. Essa informação demonstra que os empregados que não ocupam cargos de chefia podem ser mais propensos a desviar ativos

tangíveis ou intangíveis das empresas que os empregados de maior hierarquia. Em contrapartida, empregados criminosos que ocupam cargos de chefia possivelmente praticam mais Corrupção que Desvio de Ativos.

Em relação ao tempo que os empregados criminosos laboraram nas empresas vítimas, tem-se que 80,70% permaneceram empregados por um período inferior a três anos. Contudo, a pesquisa sinaliza que empregados corruptos apresentam maior tempo de vínculo empregatício nas empresas quando comparados aos que cometem desvio de ativos. Afinal, na amostra pesquisada, 25,90% dos empregados que cometeram Corrupção trabalharam por mais de cinco anos nas firmas.

Quanto ao tipo de remuneração, a pesquisa sinalizou que, em detrimento à remuneração por produção e à remuneração fixa mais produção, empregados que recebem apenas salário fixo (71,30% no presente trabalho) foram mais propensos aos furtos. Essa comparação é ainda mais expressiva analisando-se apenas os crimes de desvio de ativos (78,40%).

Outro fator relevante quanto à caracterização dos empregados que cometeram furto nas empresas onde trabalhavam refere-se à faixa salarial. Nota-se que 54,80% destes recebiam menos que R$ 1.000,00. Porém, analisando separadamente os grupos (Corrupção x Desvio de Ativos), pode-se concluir que a faixa salarial dos corruptores foi maior.

No que tange ao tempo que o criminoso permaneceu praticando o ato até ser descoberto, sob a percepção do gestor, tem-se que 50% furtaram por no máximo seis meses. Entretanto, para os casos de corrupção esse prazo se estende, pois 40,70% cometeram o furto por 7 a 12 meses, e 29,60% chegaram a cometê-lo por mais de 25 meses. Dessa forma, a presente pesquisa sugere que os crimes de Desvio de Ativos são detectados mais rapidamente que os crimes de Corrupção.

Finalmente quanto aos valores furtados, estimou-se que 49,60% desviaram de R$ 100,00 a R$ 1.000,00 das empresas onde trabalhavam. Porém, a maior média encontrada para os atos de Corrupção aponta que 29,60% dos casos pesquisados furtaram mais de R$ 5.000,00 de suas empresas.

Assim, a presente pesquisa aponta possíveis características que distinguem os empregados que cometeram Corrupção dos empregados que cometeram Desvio de Ativos, resumidas abaixo.

Empregados corruptos: indivíduos predominantemente do sexo masculino, com idade entre 31 e 35 anos, casados, com bom nível educacional e que chegam a ocupar cargos

de chefia. Trabalham por um longo período (vários anos) nas empresas e recebem somente remuneração fixa podendo ultrapassar R$ 5.000,00 mensais. Furtam por um período de 7 a 12 meses valores acumulativos acima de R$ 5.000,00.

Empregados que desviam ativos tangíveis ou intangíveis: em sua grande maioria são pessoas do sexo masculino, com idade média entre 21 e 25 anos, solteiros, com baixo nível educacional e que não ocupam cargos de chefia. Laboram por pouco tempo (menos de três anos) nas empresas e recebem remuneração predominantemente fixa inferior a R$ 1.000,00 mensais. Seus crimes são detectados em um curto espaço de tempo (até seis meses) e chegam a desviar menos que R$ 1.000,00 ao longo desse período.

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