• Nenhum resultado encontrado

4. Metodologia e Análise dos Dados

4.2 Tipo de Investigação

Para a elaboração deste estudo, privilegiamos uma pesquisa do tipo qualitativa, visto que o seu objetivo fundamental é desenvolver conhecimento através da descrição e da interpretação, mais do que avaliar. Deste modo, este tipo de investigação demonstra a importância primordial da compreensão do investigador e dos participantes no processo de investigação (Freixo, 2009).

Este estudo enquadra-se numa investigação qualitativa pelo que, de acordo com os autores Bodgan e Biklen (1994), este cumpre as cinco principais características de uma investigação qualitativa: - a situação natural constitui a fonte dos dados, sendo o investigador o interveniente fundamental na recolha de dados; - a função primária do investigador é a descrição e, secundariamente, a análise dos dados; - o investigador vê todo o processo como partes fundamentais da investigação, ou seja, o contexto, a situação, o

7

Teoria Construtivista – Piaget e Vygotsky propõem que o conhecimento é construído em ambientes naturais de interação social, estruturados culturalmente. Cada aluno constrói a sua própria aprendizagem num processo de dentro para fora baseado em experiências de foro psicológico. Os teóricos desta abordagem procuram explicar o comportamento humano numa perspetiva em que sujeito e objeto interagem num processo que resulta da construção e reconstrução de estruturas cognitivas.

63 produto e o resultado final; - os dados recolhidos são analisados indutivamente, como se reunissem, em conjunto, várias partes de um puzzle; - relaciona-se com a procura de significado, ou seja, o "porquê" e o "o quê".

Wilson (1977) explica, também, que este tipo de metodologia de investigação pode designar-se de etnográfica, tendo em conta os seguintes pressupostos essenciais: - os acontecimentos devem ser observados em contexto natural, ou seja, no contexto de intervenção; - os acontecimentos só podem ser compreendidos pelo investigador quando o investigador observa segundo a perceção dos participantes e intervenientes na investigação. A etnografia pertence, fundamentalmente, à família da metodologia qualitativa e aparece como: “ modelo alternativo a la investigación tradicional utilizada por los científicos sociales para estudiar la realidad social” (Arnal, Rincón & Latorre, op. cit.)

Este estudo enquadra-se numa modalidade da investigação com contornos de investigação-ação, visando a intervenção e a inovação em problemas concretos com objetivo de modificar as realidades educativas e realizando-se em quatro fases: identificação e formulação do problema ou objetivo a alcançar; elaboração de propostas de intervenção pedagógica; experimentação das propostas; avaliação dos resultados (Gagné et al.,1989).

A investigação-ação é utilizada como uma modalidade da investigação qualitativa, contudo os autores Bogdan e Biklen (1994:293) afirmam: " muitos académicos tradicionalistas não a entendem como "verdadeira investigação" visto que este tipo de investigação é aplicado no terreno e pressupõe que o investigador se envolva ativamente. Geralmente, este tipo de investigação-ação é efetuado com o objetivo de apressar uma mudança num contexto ou assunto: "a investigação é a transformação controlada ou direta de uma situação indeterminada numa outra que seja totalmente determinada” (Dewey, 1938, p.101). Para tal, Bogdan e Biklen (1994) enunciam diversas formas de, através deste paradigma de investigação, modificar as práticas existentes: - recolha de dados que permitam a identificação de pessoas ou contextos; - recolha de dados que permitam a compreensão de factos, com o objetivo de tornar as decisões e intervenções do investigador mais credíveis; - auxílio na identificação de aspetos do sistema que possam ser modificados; - aumento da consciência acerca do que pode ser alterado; - recolha de dados que permitam o planeamento de estratégias de desenvolvimento da investigação.

64

Contudo, não podemos definir a investigação-ação com base num único autor, devemos procurar entender as múltiplas facetas desta metodologia e a sua complexidade. Segundo Elliot (cit. Máximo-Esteves, 2008) a investigação-ação é o estudo de uma situação, num contexto social, no sentido de melhorar a qualidade da ação que dela sucede.

A investigação-ação, para Kemmis e McTaggart (cit. Máximo-Esteves, 2008, p.19), constitui uma forma de questionamento que permite a compreensão das práticas e das situações desenvolvidas: “introspectiva colectiva, empreendida por participantes em situações sociais (incluindo educacionais) com o objectivo de melhorar a racionalidade e a justiça das suas práticas sociais ou educacionais”.

Segundo a autora Moreira (2001, p. 23), a “investigação acção tem revelado constituir uma intensificação da prática reflexiva, pois combina o processo investigativo e a reflexão crítica com a prática de ensino, tornando esta mais informada, mais sistemática e mais rigorosa”. A investigação-ação, como meio privilegiado de produção de conhecimentos sobre a realidade educativa, pode constituir-se como processo de construção de novos modelos e realidades, pondo em causa os modos de pensar e agir: "a chave para nos tornarmos profissionais autónomos reside na disposição e capacidade do professor para se dedicar ao estudo do seu próprio modo de ensino e para testar a eficácia das suas práticas educativas" (Stenhouse citado por Arends, 1995, p.526).

A investigação-ação é, enquanto processo de reflexão e ação em situações concretas e objetivas, um meio para modificar as práticas, no sentido de melhorar a qualidade da escola (Hopkins, 1985), da educação (Ainscow, 2000) e a vida das pessoas (Bogdan & Biklen, 1994). Esta é uma atitude que se deve fomentar e desenvolver nos professores, que por sua vez, poderão dar uma melhor resposta à diversidade de públicos e ao desafio de uma escola inclusiva.

Em suma, a investigação-ação deve adquirir um conjunto de etapas que, num processo contínuo, permitem melhorar as práticas educativas, tendo por objetivo o sucesso (Lessard-Hébert,1996).

4.2.1. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados

É fundamental proporcionar às crianças uma educação de infância de qualidade, pois esta tem um enorme impacto na vida futura da criança: “a estimulação da iniciativa das crianças e das suas tendências para relações interpessoais positivas num contexto de

65 aprendizagem activa afecta determinantemente o desenvolvimento das crianças de idade pré escolar e as suas realizações enquanto adultos” (Hohmann & Weikart, 2009, p.13). É desta forma que queremos proporcionar às crianças experiências de aprendizagem de qualidade para que, futuramente, se tornem cidadãos Abertos ao Outro, mais participativos e democraticamente envolvidos com a sociedade.

Para atender às necessidades específicas do grupo e de cada criança foi necessário refletir e selecionar as formas de recolher informação viável, para tal, escolhemos um conjunto de técnicas e instrumentos de recolha de dados: a observação participante, o registo fotográfico e áudio e os documentos das crianças.

Segundo Máximo-Esteves (2008) a técnica da observação participante permite-nos ser, simultaneamente, atores e investigadores. Esta técnica, no entanto, tem vantagens e desvantagens. A citada autora aponta que a familiaridade com o contexto e o envolvimento emocional como fatores que podem influenciar o processo de investigação negativamente, porém, o facto desta técnica não necessitar de um período de aceitação por parte das crianças e de permitir uma maior compreensão e um levantamento mais profundo das questões são vantagens desta técnica.

Os registos fotográficos permitem registar informação visual que, mais tarde, estarão disponíveis para analisar e reanalisar, assim como o registo em vídeo, permite-nos reter informação visual e áudio para, posteriormente, analisar. No decorrer das várias atividades que se realizaram em contexto de pré-escolar existiu necessidade de registar através de fotografia e vídeo as diferentes experiências de aprendizagem, como forma de complementar a observação feita pelo investigador.

Para complementar a observação e os registos fotográficos e áudio optámos por utilizar alguns documentos produzidos pelas crianças e amostras de trabalhos elaborados. Segundo Máximo-Esteves (2008, p. 92), “a análise dos artefactos produzidos pelas crianças é indispensável quando o foco da investigação se concentra na aprendizagem dos alunos”. Desta forma, utilizámos os registos gráficos individuais e os registos escritos daquilo que as crianças foram efetuando ao longo das sessões propostas pela investigadora, nomeadamente, grelha de avaliação da intervenção “O que mais gostei”, ficha de consolidação “Eu conheço algumas palavras em PB, ficha “A minha sopa” e a ficha ”O animal preferido”.

66