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TIPOS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO QUE OS TRABALHADORES DE

Para identificar como os trabalhadores de enfermagem lidam com os sentimentos e situações estressoras geradas pelo trabalho, foi preciso verificar quais os tipos de estratégias de enfrentamento que estes trabalhadores relatam utilizar frente a essas situações e sentimentos.

Entre os trabalhadores de enfermagem que participaram desta pesquisa, 52,08% referem buscar algum tipo de apoio espiritual, e 47,92% disseram que não buscam nenhum tipo de apoio. Dos que buscam apoio espiritual, 29,17% disseram buscar apoio espiritual pelo menos uma vez por semana, e 14,58% buscam esse tipo de apoio diariamente. Dos participantes que responderam “outros”, 25%, justificaram que buscam apoio espiritual quando sentem vontade, sem uma rotina estabelecida.

Gráfico 27: Distribuição do percentual de sujeitos sobre a busca por apoio espiritual como estratégia de enfrentamento

Fonte: Elaboração da autora

Para Bandeira e Panzini (2007) o coping religioso é o uso da religião, espiritualidade ou fé para lidar com situações de estresse. As autoras apontam que práticas religiosas estão associadas com melhor saúde física e mental. As autoras ainda salientam que pessoas que praticam algum tipo de religião possuem maior qualidade de vida, já que a

14,58 29,17 10,42 25,00 20,83 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 diariamente semanalmente mensalmente outros nr

religião incentiva para que o sujeito adote uma postura mais positiva perante a vida. Desta forma parece que os sujeitos pesquisados utilizam do coping religioso para diminuir o estresse e encarar a vida de forma mais positiva.

“fico pensando que dentre tantas pessoas Deus escolheu a mim para trabalhar com eles e agradeço a Deus pela oportunidade de estar com eles...” (S9)

Dentre os trabalhadores de enfermagem que indicaram sentimentos negativos em relação ao trabalho, foi solicitado que respondessem outra questão: o que eles costumavam fazer frente a esses sentimentos. Como a maioria dos sentimentos apontados por trabalhadores de enfermagem em relação ao trabalho foi positiva, 39% não responderam a questão que perguntava o que eles faziam frente a esses sentimentos. Porém cabe ressaltar que, uma parte dos trabalhadores que assinalaram somente sentimentos positivos em relação ao trabalho, responderam a questão sobre estratégias de enfretamento, sendo que uma das alternativas mais assinaladas por eles sinaliza uma forma de estratégia de enfrentamento focada na emoção “procuro controlar minhas emoções”, com 22,92% do total de sujeitos indicando-a. Se há poucos sentimentos negativos em relação ao trabalho, que tipo de emoções os trabalhadores de enfermagem estão tentando controlar? Emoções e sentimentos positivos? Ou ainda, seria possível pensar que não há uma percepção clara por parte dos sujeitos pesquisados em relação as decorrências do trabalho?

O controle das emoções também é apontado por 8,33% dos sujeitos pesquisados como uma forma de evitação da emoção. As estratégias de enfrentamento de acordo com Antoniazzi et al. (1998) se referem a “um conjunto de estratégias utilizadas pelas pessoas para adaptarem-se as circunstancias adversas ou estressoras”(p. 274). Já a evitação da emoção é compreendida como uma fuga frente a um conflito.

Dentre os sujeitos que afirmaram utilizar algum tipo de estratégia de enfrentamento, 5,42% dizem que procuram conversar com os próprios colegas quando ocorrem sentimentos negativos referentes ao trabalho e 14,78% dizem procurar a chefia para conversar sobre esse sentimento. Desta forma parece que os sujeitos pesquisados encontram nas próprias relações interpessoais no trabalho, formas de enfrentarem os sentimentos e emoções negativas causadas pelo trabalho. Parece que algumas variáveis relativas ao trabalho, como as relações interpessoais, são utilizadas pelos sujeitos pesquisados como uma forma de enfrentamento de emoções negativas geradas pelo trabalho. Isso sugere que em algumas

situações com as quais os sujeitos pesquisados se deparam, a única estratégia que encontram é tentar lidar com a emoção, por meio do diálogo com os colegas e com a chefia.

Porém, há outros problemas que precisam ter como foco a própria situação, caso contrário, a mesma não irá se resolver e esses sujeitos permanecerão sofrendo. Como, por exemplo, quando esses sujeitos apontam o desentendimento com a chefia e com os colegas como um fator gerador de estresse no ambiente de trabalho (gráfico 10), indicando que parece não ser fácil trabalhar em um local onde não é possível estabelecer uma boa relação com os demais sujeitos que ali trabalham. Visto que a enfermagem se concretiza por meio do trabalho em equipe, enfrentar situações estressoras provocadas por desentendimentos interpessoais é uma estratégia de enfrentamento adequada para modificar essa situação estressora a fim de tornar o ambiente de trabalho mais prazeroso.

Analisando o gráfico 21, é possível perceber que os sujeitos pesquisados indicam utilizar mais estratégias de enfrentamento focadas na emoção do que na evitação da emoção. Isto parece indicar que esses sujeitos estão tentando, de alguma maneira, se adaptar a situações aversivas, o que parece sinalizar uma forma saudável de enfrentar as emoções provenientes do trabalho. Já quando esses sujeitos indicam utilizar da evitação da emoção, parece evidenciar que alguns sujeitos não conseguem dar conta de algumas emoções provocadas pelo trabalho, e buscam fugir dessa emoção, o que resulta numa postergação do sofrimento, já que não há modificação da situação geradora de emoção negativa.

35,42 22,92 12,50 10,42 6,25 14,58 6,25 0,00 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 converso com meus colegas

controlo minhas emoções rezo/oro fumo um cigarro tomo algum remédio que me tranquilize procuro meu chefe para conversar eu tento guardar meus sentimentos só

pra mim

penso que poderia ser pior

Enf re ntame nto d a e moç ão

Gráfico 28: Distribuição por percentual de sujeitos sobre as estratégias de enfrentamento e evitação focadas na emoção utilizadas pelos trabalhadores de enfermagem, na percepção desses sujeitos

Fonte: Elaboração da autora

A oração também é apontada como uma estratégia de enfrentamento para os sentimentos negativos com 12,50% das resposta. Novamente o coping religioso aparece nesta questão como uma estratégia para enfrentar sentimentos e emoções negativas relacionadas ao trabalho.

O cigarro é apontado por 10,42% para enfrentar as emoções e sentimentos negativos provenientes do trabalho. Apesar de apenas 10,42% dos sujeitos pesquisados indicarem o fumo como estratégia de enfrentamento de situações estressoras decorrentes do trabalho, durante a coleta de dados não era incomum encontrar trabalhadores fumando, o que indica que parece que esses sujeitos não reconhecem esse comportamento como uma forma de enfrentamento da emoção.

O uso de medicações tranquilizantes foi indicada por 6,25% como uma estratégia de enfrentamento da emoção. O uso de medicações psicotrópicas foi também identificada na pesquisa de Silva e Menezes (2008) em 17% dos sujeitos pesquisados pelos autores relataram uso desse tipo de medicação. Silva e Menezes (2008) não conseguiram fazer em sua pesquisa uma associação direta entre o uso de medicação com o esgotamento ou sofrimento no trabalho. Contudo, nesta pesquisa este dado parece ficar evidente, já que os sujeitos pesquisados afirmam que fazem uso de medicação como estratégia de enfrentamento da emoção negativa proveniente do trabalho.

0,00 4,17 4,17 4,17 8,33 2,08 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 culpo outras pessoas pela minha

situação

penso que não há nada que se possa fazer para melhorar essa situação não paro de pensar sobre o trabalho não consigo lidar com a situação e sinto

raiva de mim mesmo por isso tento me controlar penso que se não tivesse escolhido essa profissão minha vida teria sido melhor

Evitaç

ão da

e

moçã

Dos sujeitos que responderam utilizar algum tipo de estratégia de enfrentamento, 6,25% responderam que tentam guardar seus sentimentos só para si. Esse dado parece evidenciar a dificuldade dos sujeitos pesquisados em reconhecer e expressar os sentimentos e emoções negativas em relação ao trabalho, sendo que a repressão de sentimentos e emoções negativas pode provocar efeitos negativos no funcionamento mental desses sujeitos, colocando em risco a saúde do trabalhador em relação ao trabalho. (DEJOURS, 1992).

Referente a estratégias de enfrentamento relativas à evitação da emoção, além da alternativa “tento me controlar”, indicada por 8,33% dos sujeitos, a dificuldade de lidar com a situação, sentindo raiva de si mesmos, foi apontada por 4,17% dos sujeitos. Segundo Viscott (1982, p. 69) a “raiva é o sentimento de estar irritado, ofendido, ser posto de lado, enraivecido”. De acordo com o autor, expressar a raiva é uma forma saudável e equilibrada de “canalizar para fora” as emoções sentidas. Porém, os sujeitos pesquisados referem sentir raiva de si mesmos por não conseguirem lidar com a situação. Desta forma parece que a raiva é um sentimento saudável quando externalizado, sendo que quando este sentimento volta para o próprio sujeito, parece evidenciar uma forma de sofrimento. Deste modo é possível perceber que alguns sujeitos pesquisados indicam não encontrar saída para a raiva proveniente da relação de trabalho, sendo este sentimento redirecionado para o próprio sujeito. Sobre esse aspecto, Dejours (1994) compreende que se o trabalhador não encontra possibilidades de exteriorizar a tensão provocada pelo trabalho, o acúmulo desta tensão poderá tornar o ambiente de trabalho desgastante, colocando em perigo a saúde mental do trabalhador.

Outra forma de evitação da emoção foi a expressa por 4,17% dos sujeitos como “não paro de pensar no trabalho”. Esse dado parece sinalizar um sentimento de ansiedade, em que o sujeito tenta evitar a emoção porém não consegue parar de pensar sobre o trabalho, fazendo com que o sujeito continue vivenciando o trabalho, mesmo quando está fora do ambiente de trabalho. Da mesma forma, 4,17% dos sujeitos pensam que não há nada que eles possam fazer para melhorar a situação. É possível perceber uma frustração dos sujeitos pesquisados frente à impossibilidade de melhorias no ambiente de trabalho. Para Dejours (1992) a frustração, a revolta e a agressividade reativas, muitas vezes não encontram no ambiente de trabalho uma saída. Desta forma, algumas emoções apontadas pelos sujeitos pesquisados, não são possíveis de serem descarregadas e resolvidas no ambiente de trabalho, gerando assim uma carga acumulativa de tensão psíquica nesses trabalhadores, podendo gerar sofrimento e colocar em risco a integridade de saúde mental dos mesmos.

Além de investigar o uso de estratégias de enfrentamento focadas na emoção, foram investigadas também estratégias de enfrentamento focadas no problema. As mesmas podem ser compreendidas como um esforço do sujeito em tentar modificar e alterar o problema existente causador de tensão e estresse (ASSUNÇÃO, 2010).

Sobre as estratégias de enfrentamento focadas no problema, 18,75% dos sujeitos que responderam utilizar algum tipo de estratégia de enfrentamento, responderam que tentam ver o lado bom das coisas; 12,50% tentam observar em que situações ocorrem os sentimentos negativos; 8,33% responderam que frente a sentimentos negativos relacionados ao trabalho buscam atendimento psicológico; 6,25% avaliam se é possível modificar a situação problema; e 4,17% acreditam que vão conseguir superar a situação. A mudança de comportamento frente ao problema foi indicada por apenas 2,08% dos sujeitos, assim como 2,08% pensam que sozinhos conseguiram superar a situação.

Gráfico 29: Distribuição por percentual de sujeitos sobre as estratégias de enfrentamento e evitação focadas no problema, utilizadas pelos trabalhadores de enfermagem na percepção desses sujeitos

Fonte: Elaboração da autora

12,50 2,08 18,75 4,17 6,25 2,08 8,33 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

tento observar em que situações semelhantes me sinto assim

penso que conseguirei superar a situação sozinho tento ver o lado bom das coisas acredito que vou conseguir superar a situação avalio se é possivel modificar a situação problema frente ao problema, mudo meu comportamento procuro atendimento psicológico

0,00 8,33 8,33 6,25 2,08 4,17 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

distancio-me de tudo e procuro ficar sozinho tento não pensar sobre o problema tenho vontade de não trabalhar mais espero que a situação passe espero que outra pessoa me ajude quando me sinto assim vou fazer alguma coisa

que me faça bem

Enf re ntame nto do p roble ma Evitaç ão do pr oblem a

Dos sujeitos pesquisados, 18,75% afirmam tentarem ver o lado bom das coisas, mas como poderiam os sujeitos pesquisados quererem ver o lado bom das coisas se eles mesmo referem mais sentimentos positivos (74,97%) relacionados ao trabalho do que sentimentos negativos (22,89%). Haveria desta forma, algum sentimento negativo em relação ao trabalho que os sujeitos pesquisados não estão conseguindo relatar ou até mesmo perceber? Será que os sujeitos pesquisados conseguem refletir sobre o trabalho no hospital psiquiátrico? Poderíamos aqui identificar algum tipo de alienação? De acordo com Dejours (1999), as estratégias defensivas podem ser úteis quando o trabalhador suporta a angústia proveniente do trabalho e continua trabalhando. Porém, essas estratégias possuem uma via de mão dupla, pois, da mesma forma que podem atenuar o sofrimento, podem também fazer com que os trabalhadores deixem de sentir o sofrimento, podendo chegar a outro ponto que é a alienação (DEJOURS, 1999). Sendo assim, parece que os sujeitos pesquisados ao apontarem sentimentos positivos em relação ao trabalho por um lado, e estratégias de enfrentamento para esses sentimentos por outro, estão sinalizando que há sim um tipo de sofrimento proveniente do trabalho, mas que talvez não seja fácil e nem claro para esses sujeitos tal percepção. Desta forma talvez a identificação de sentimentos positivos em relação ao trabalho coloque os sujeitos pesquisados em uma espécie de zona de conforto, fazendo-os perceber mais os aspectos positivos do que os negativos vinculados ao trabalho. Uma das perguntas do questionário de coleta de dados buscou identificar a relação feita pelos sujeitos pesquisados entre a saúde mental e o trabalho. Sobre esse ponto, algumas respostas merecem ser destacadas:

“acho que não, mas nunca parei pra pensar sobre isso” (S1) “pra mim é muito difícil pensar sobre isso” (S20)

O sujeito 20, durante a aplicação do questionário, buscou o tempo todo justificar suas respostas, dizendo que talvez não conseguisse expressar em suas respostas o que realmente gostaria de dizer. Em vários momentos falou sobre sua satisfação com o trabalho, que trabalha por amor e não pelo dinheiro, e que gostaria que isso fosse compreendido apesar de não saber como expressar tais sentimentos. Ao chegar na questão que buscava identificar a relação estabelecida entre saúde mental e trabalho, o sujeito parou de responder, colocou as mãos na cabeça indicando um comportamento pensativo, demonstrando um certo incômodo.

Perguntado se necessitava de ajuda para responder ou se não havia entendido a questão, S20 diz que entendeu, mas não consegue responder. Perguntado novamente como se sentia ao ler aquela pergunta, S20 diz “pra mim é muito difícil pensar sobre isso”.

Outro fato interessante também ocorreu com o S22, que respondeu em uma das questões que

“a entrevista foi interessante pois buscou algumas reflexões que a gente esquece no dia-a-dia”(S20)

Os sujeitos acima mencionados parecem indicar que existe sim um tipo de sofrimento implícito no trabalho realizado no hospital psiquiátrico, porém esses sujeitos não conseguem perceber esse sofrimento, ou utilizam de estratégias de enfrentamento que mascaram esse sofrimento possibilitando assim que identifiquem mais os aspectos positivos em relação ao trabalho o que lhes permite continuar trabalhando. Como no caso do sujeito 5, que expressou já ter ficado doente e necessitado se afastar do trabalho por diagnóstico de depressão, porém justifica esse adoecimento por problemas pessoais não relacionados ao trabalho.

A busca por tentar observar em quais situações semelhantes apresenta sentimentos aversivos no trabalho, foi indicada por 12,50% dos sujeitos pesquisados. Para Assunção (2010) a escolha de observar e enfrentar a situação problema pode ser considerada uma resposta saudável do organismo. O mesmo acontece com 6,25% dos sujeitos que referem avaliar se é possível modificar a situação problema. Desta forma parece que alguns sujeitos pesquisados adotam posturas mais saudáveis como forma de enfrentamento do problema, uma vez que demonstram conseguir avaliar a situação problema e realizar tentativas de mudanças em relação as mesmas.

O atendimento psicológico foi indicado por 8,33% dos sujeitos pesquisados, porém parece que esse atendimento não ocorre no próprio ambiente de trabalho, conforme apontam as falas dos sujeitos abaixo:

“a ajuda deve ser dada para a prevenção, isso para manter a saúde mental e não deixar ficar doente [...] a necessidade de apoio psicológico é muito importante, isso em momento nenhum nós temos”(S11)

“sugiro um acompanhamento psicológico aos funcionários para controlar a ansiedade e emoções”(S12)

As falas desses sujeitos parecem evidenciar a necessidade de apoio psicológico reconhecida por eles como uma intervenção para controlar emoções negativas provenientes do trabalho, assim como uma prevenção para ajudar a manter a saúde mental. Porém, os sujeitos pesquisados que buscam atendimento psicológico como estratégia de enfrentamento relataram que este atendimento é realizado fora do hospital psiquiátrico, em psicoterapias individuais particulares. Sobre o apoio psicológico oferecido pelo hospital psiquiátrico aos trabalhadores, os sujeitos referiram que este tipo de atendimento não ocorre na instituição pesquisada, de modo que não há um trabalho de prevenção e preservação da saúde mental desses trabalhadores.

Com relação às estratégias de enfrentamento focadas na evitação do problema, 8,33% dos sujeitos responderam que tentam não pensar sobre o mesmo, e outros 8,33% responderam que sentem vontade de não trabalhar mais; 6,25% esperam que a situação passe e 4,07% buscam fazer algo que lhes faça bem. Desta forma parece que alguns sujeitos pesquisados sentem dificuldades de enfrentar a situação problema e utilizam de estratégia de enfrentamento da evitação do mesmo.

É possível observar, a partir dos dados apresentados nos gráficos 28 e 29 que as principais estratégias de enfrentamento utilizadas pelos sujeitos pesquisados estão focadas na emoção. Para Assunção (2010) o coping focado na emoção é a tentativa que o sujeito faz para equilibrar seu estado emocional. Essa tentativa, ou esforço, tem por objetivo alterar o estado emocional e aliviar o estresse. Por outro lado é possível observar que a estratégia de enfrentamento focada no problema é utilizada por uma porcentagem menor de sujeitos pesquisados. Para Assunção (2010) o coping focado no problema busca alterar a situação ambiente causadora de tensão. Desta forma é possível perceber que os sujeitos pesquisados sinalizam utilizar mais estratégias de enfrentamento focadas na emoção para lidarem com os sentimentos aversivos relacionados ao trabalho.

Em relação às situações ambientais estressoras no trabalho, os sujeitos pesquisados parecem demonstrar que utilizam de estratégias de enfrentamento semelhantes com as acima discutidas. Dos sujeitos pesquisados 52,08% responderam que quando ocorrem situações estressoras no ambiente de trabalho, procuram conversar com alguém sobre o assunto; 52,08% disseram que desabafam com os próprios colegas de trabalho. Novamente o controle das emoções aparece nesta questão com 47,92% das respostas, o qual evidencia que frente a situações estressoras no ambiente de trabalho, os sujeitos pesquisados parecem ter sentimentos negativos frente a situação; 33,33% referiram ter outro tipo de atitude em relação

as situações estressoras no trabalho, porém não houve especificação dos tipos de estratégias utilizadas; 25% utilizam do coping religioso com forma de enfrentamento; 10,42% fumam um cigarro e 12,50% dizem ficar irritados consigo mesmos.

Gráfico 30: Distribuição do percentual de sujeitos sobre estratégia de enfrentamento utilizadas pelos trabalhadores de enfermagem frente as situações estressoras no ambiente de trabalho

Fonte: Elaboração da autora

Desta forma parece que tanto para os sentimentos negativos relacionados ao trabalho, quanto para situações estressoras provenientes do ambiente de trabalho, os sujeitos pesquisados demonstram utilizarem mais o coping focado na emoção do que o coping focado no problema. Este dado parece evidenciar que esses sujeitos já estão em sofrimento, uma vez que indicam utilizar de estratégias defensivas. O coping focado na emoção demonstra que esses sujeitos buscam de forma mais frequente minimizar as emoções geradas pelo trabalho, do que modificar as situações geradoras dessas emoções, ocasionando assim uma perpetuação das situações conflitantes.

52,08 6,25 4,17 10,42 4,17 25,00 0,00 0,00 2,08 12,50 2,08 4,17 16,67 52,08 47,92 33,33 2,08 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 fico chateado e procuro conversar com alguém …

fico chateado mas guardo esse sentimento só pra mim ignoro o problema fumo um cigarro tomo algum remédio que me tranquilize rezo/oro fico irritado e desconto nos meus colegas fico irritado e desconto nos pacientes fico irritado e desconto nas pessoas da minha familia fico irritado comigo mesmo choro me afasto do trabalho por uns dias continuo trabalhando e tento esquecer o problema desabafo com meus colegas tento controlar minhas emoções outras nr

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa teve por objetivo caracterizar a percepção de trabalhadores de enfermagem que trabalham em instituições psiquiátricas acerca das consequências do exercício da profissão para a sua saúde mental. Deste modo, foi aplicado um questionário de coleta de dados com 48 funcionários do IPQ, entre auxiliares e técnicos em enfermagem.

Em relação à percepção dos sujeitos pesquisados sobre suas condições de saúde mental, foi possível perceber que esses sujeitos apontam o estresse como um fator de

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