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Retomamos a consulta às dissertações para levantarmos os dados sobre os tipos e procedimentos de pesquisa mais usados pelos pesquisadores. Nessa lógica, iniciamos pelos

tipos de pesquisa.

Levantamos os dados e chegamos aos seguintes resultados: os tipos de pesquisa predominantes nas dissertações dos pesquisadores do Centro-Oeste, no período de 1999 a 2005, foram o estudo de caso em cinco trabalhos, correspondendo a 41,5% e a pesquisa histórica, também em cinco estudos (41,5%). A pesquisa participante está presente em dois estudos, correspondendo a 17% do total das dissertações.

Quando avaliamos a prevalência da pesquisa estudo de caso e, portanto, a preferência pela pesquisa de campo e da pesquisa histórica, fica evidenciada a cultura dos pesquisadores no sentido de levar em conta a realidade de suas próprias experiências e vivências, objetivando chegar a novas conclusões. Assim sendo, as dissertações, em que foram adotados esses dois tipos de pesquisa, fizeram emergir como objeto de estudo as experiências e vivências dos autores enquanto profissionais da educação, cada um em sua área de atuação.

Especificamente para a pesquisa estudo de caso, podemos mencionar que o agente gerador desse dado tende ser as escolhas dos pesquisadores por desenvolver seus estudos nas instituições escolares em que trabalhavam. Confirmando essas constatações, André (2000, p. 30) afirma que “o estudo de caso aparece há muitos anos nos livros de metodologia da pesquisa educacional, mas [como] o estudo descritivo de uma unidade, seja uma escola, um professor, um aluno ou uma sala de aula”.

Quanto à pesquisa histórica, pensamos que nas dissertações analisadas, essa escolha condiz com os objetivos dos mestrandos que buscavam a história dos cursos pesquisados.

Uma possível justificativa para a pesquisa participante aparecer em apenas duas dissertações analisadas pode ser a exigência de ênfase ao aspecto social, com participação maior da comunidade investigada, o que nem sempre é facilitado ao pesquisador. “A pesquisa participativa pode ser considerada como um processo sistemático realizado por uma determinada comunidade para chegar a um conhecimento mais profundo de seus problemas [...]” (BARTOLOMÉ; ACOSTA apud ESTEBAN, 2010, p. 178). Desse modo, o pesquisador poderia encontrar muitas dificuldades para coletar dados, inclusive em relação ao tempo restrito para integralização do curso de mestrado.

A concentração dos tipos de pesquisa nas 12 dissertações analisadas está apresentada a seguir, no gráfico 02.

36% 36% 14% 14% Análise de documentos Entrevista Observação Questionário

Gráfico 2 – Tipo de pesquisa presente nas dissertações analisadas sobre a formação inicial de professores no Centro-Oeste, 1999-2005.

Fonte: Banco de dados da REDECENTRO e dissertações analisadas, 2011.

Quanto aos procedimentos de pesquisa, chegamos a algumas constatações: a análise de documentos e a entrevista se firmam como procedimentos de pesquisa mais utilizados. Ambos estão presentes em 08 dissertações (36%). Em relação ao questionário e à observação, cada um deles está presente em três estudos (14%).

Ao cruzarmos os dados, verificamos que há uma combinação dos procedimentos com os tipos de pesquisa empregados pelos pesquisadores do Centro-Oeste em suas investigações. Observamos que 50% dos pesquisadores analisados empregaram mais de um tipo de procedimento em suas pesquisas, com ênfase na combinação de todos eles, ou seja, análise de documentos, entrevista, aplicação de questionário e observação (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Procedimentos de pesquisa mais utilizados nas dissertações analisadas sobre formação inicial de professores no Centro-Oeste, 1999-2005.

Fonte: Dissertações analisadas.

Segundo André e Lüdke (1986) a análise documental é pouco explorada tanto na área da educação, quanto em outras áreas de ação social. Possivelmente, não reconheçam que

41,50% 41,50% 17% Estudo de caso Histórica Participante

[...] a análise documental pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema [...] busca identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse [...] (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 38).

Na visão de Lüdke e André (1986, p. 26), a observação é um procedimento de pesquisa que ocupa um lugar de destaque nas novas abordagens de pesquisa educacional. Essas autoras afirmam que, sendo usada como o principal instrumental em uma pesquisa ou se conjugada a outras técnicas, a observação apresenta uma série de vantagens. Uma delas é a possibilidade que o pesquisador tem de manter um contato pessoal e estreito com o fenômeno pesquisado. Porém, para que a observação se torne um instrumento válido e científico é necessário: “[...] ser antes de tudo controlada e sistemática. Isso implica a existência de um planejamento cuidadoso do trabalho e uma preparação rigorosa do observador” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 25).

Outro procedimento utilizado é a entrevista que desempenha um importante papel como um dos principais instrumentos de trabalho em quase todos os tipos de pesquisas científicas. As autoras ressaltam o caráter de interação que permeia a entrevista, ao afirmarem que “[...] a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde [...]” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 33).

O questionário, que aparece conjugado à entrevista e análise de documentos, é também recorrente. Essa associação de procedimentos é motivada pelo fato deles possuírem uma relação de proximidade quanto à aplicação e análise dos dados coletados.

Verificamos que os tipos e procedimentos de pesquisa que permearam as dissertações analisadas são pertinentes à abordagem qualitativa, opção de todos os trabalhos que constituíram nosso material de análise.

A seguir, apresentamos as concepções de formação inicial de professores para a educação básica que se desvelaram nas leituras das produções.

4 CONCEPÇÕES DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A