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Capítulo II – Sistema Econômico e o Papel do Estado: Razões para Tributar

II.2 Tipos de Tributos

Segundo Yvy e Mendonça (2005), a expressão “tributo” foi empregada, originalmente, para designar as contribuições em ouro, escravos, ou sob qualquer modalidade que, em sinal de dependência, o povo vencido nas guerras pagava ao vencedor – o correspondente às atuais indenizações de guerra. Modernamente passou a designar as contribuições exigidas dos próprios súditos para o custeio das atividades públicas.

É importante definir mais precisamente alguns termos muito utilizados no cotidiano, mas que, por muitas vezes, são empregados de maneira errada. O tributo é, segundo o

artigo 3º do Código Tributário Nacional (Brasil, 1966), “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”, ou seja, todo pagamento obrigatório que não represente uma punição por ato ilícito, devendo ser previsto em lei.

Ressalta-se que legislação tributária obedece a uma hierarquia, respectivamente nessa ordem: a Constituição, a Lei, o Decreto e os Atos Administrativos de diversos órgãos do poder tributário.

O tributo tem como espécies os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria, que, embora possuam o caráter de prestações coercitivas, apresentam traços peculiares que os diferenciam.

Segundo Souza (1999), as cargas tributária e fiscal são grandezas diferentes, onde a carga tributária se refere apenas à receita tributária propriamente dita, composta por impostos, taxas e contribuições de melhoria, excluídas as contribuições sociais. Já a carga fiscal considera tanto a receita tributária como as demais contribuições e eventuais outras receitas com caráter impositivo, servindo também para determinar o potencial tributário de um Estado.

Entretanto, como a análise deste trabalho refere-se a todos os encargos fiscais, ao longo desta dissertação, o conceito de carga tributária será amplo e incluirá contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesses de categorias profissionais e econômicas (denominadas contribuições parafiscais), além dos impostos, taxas e contribuições de melhoria, abrangidos pelo conceito de tributo nos termos do artigo 145 da Constituição Federal (Brasil, 1988).

Dessa forma, definir-se-á, para este trabalho, o tributo como a grandeza fiscal, sendo composta por: i) imposto – recurso recolhido pelo poder público dos seus administrados, sem contraprestações específicas; ii) taxa - pagamento referente a um serviço público prestado ou posto à disposição em benefício de um determinado indivíduo; iii) contribuição – recurso recolhido pelo poder público para um determinado fim específico.

II.2.1 Imposto

O imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, caracterizado por não ter sua arrecadação com destino específico, sendo destinado a atender às necessidades gerais da administração pública, sem assegurar ao contribuinte qualquer proveito direto em contraprestação à parcela que pagou (Brasil, 1966).

A cobrança do imposto é medida pela capacidade contributiva. No mercado de combustíveis automotivos incidem somente o Imposto de Importação (II) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que serão definidos no capítulo IV.

II.2.2 Taxa

A taxa, ao contrário, destina-se a remunerar serviços específicos, efetivamente prestados ou colocados ao alcance do contribuinte, tendo como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição (Brasil, 1966). Corresponde sempre a uma contraprestação direta pelo serviço recebido ou posto à disposição, mesmo que o contribuinte dele não se utilize, como é o caso dos serviços municipais de água e esgoto, que, quando existentes e colocados em funcionamento, acarretam sempre a exigência da taxa correspondente. É de suma importância atentar que a Constituição Federal estabelece que, para a cobrança da taxa, não se poderá tomar como base de cálculo aquela que tenha servido para incidência de impostos (Brasil, 1988). As taxas têm origem na isonomia da tributação. Como algumas atividades só beneficiam alguns indivíduos, devem ser financiadas por quem se beneficia.

Ressalta-se que a União, os estados, os municípios e o distrito federal têm competência para a criação de taxas e contribuições de melhoria. Quanto aos impostos, entretanto, a Constituição Federal adota um sistema de rígida discriminação. A União, os estados, o distrito federal e os municípios somente podem arrecadar os impostos que lhes foram atribuídos. Tal princípio constitucional apenas sofre exceção relativamente à União, que

poderá instituir outros impostos, desde que não tenham base de cálculo e fatos geradores idênticos aos que já foram previstos para os impostos devidos às demais entidades públicas.

Ainda assim, o artigo 10º do Código Tributário Nacional ressalta que “é vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo território nacional, ou que importe distinção ou preferência em favor de determinado estado ou município” (Brasil, 1966).

II.2.3 Contribuição

A contribuição de melhoria, referida anteriormente, é instituída para recuperar o custo de obra pública onde houve valorização imobiliária (imóvel particular), tendo como limite total a despesa efetiva, e como limite individual o acréscimo de valor de cada imóvel beneficiado.

A contribuição parafiscal gera uma receita fiscal específica, cuja arrecadação deve ser alocada em um fundo pré-determinado, associado a um objetivo específico. Elas subdividem-se em 3 grupos: as sociais, as de intervenção do domínio econômico e as de interesse das categorias profissionais. As contribuições parafiscais diferem das taxas, pois seus fatos geradores não são atividades do Estado. Também não podem ser caracterizados como impostos, pois tem uma destinação específica.

O mercado de combustíveis automotivos lida diretamente com três contribuições de caráter parafiscal, como a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (CIDE). Todas as contribuições incidentes neste mercado serão explicadas posteriormente (no capítulo IV).