• Nenhum resultado encontrado

"Droga" foi a primeira palavra que passou pela minha mente quando vi aqueles filhos da puta estúpidos vindo em minha direção hoje depois do colégio. Eu já sabia que eles iam me arrebentar porque tinham três caras e duas meninas contra mim. Eu não estava com medo nem nada. Não é como se fosse a primeira vez, e com certeza não será a última. Mas, por quê hoje? É o primeiro dia de aula e eu não estou afim de

lidar com essa merda!

Eu sabia que eu não queria vir pra essa escola. Meu oficial de justiça pensa que ele é muito esperto; ele jura que é um especialista em gangs. Esse imbecil realmente pensa que meus problemas em Long Beach não irão me alcançar no Wilson High. Se fosse por mim, eu nem estaria no colégio, mas ele me ameaçou dizendo que seria ou Wilson High ou o boot camp (acampamento militar para jovens indisciplinados). Acho que ir para a escola é menos doloroso. Meu oficial de justiça ainda não entendeu que o colégio é igual à cidade e que a cidade é igual à prisão. Todos eles estão divididos em grupos, de acordo com a raça. Nas ruas, você anda nas diferentes vizinhanças dependendo da sua raça, ou de onde você é. No colégio, nós nos separamos das pessoas que são diferentes da gente. É apenas do jeito que é e todos nós respeitamos isso. Então, quando os asiáticos começaram a tentar reivindicar partes da vizinhança, a gente teve que colocar eles no seu devido lugar. Nós tivemos que mostrar a eles quem são os verdadeiros gangsters originais. Nós somos os gangsters originais. Pouco tempo depois você tem esses pequenos grupos que querem ser uma gang tentando te dar uma surra no colégio, exigindo o respeito que eles nem merecem. Por isso que eles ficaram putos quando me deram uma surra, porque eu me recusei a me curvar pra eles. Eu olhei para eles de cima a baixo, dei risada, parei e depois disse "Mi barrio es primero". Enquanto eu estava no meio do beco, eu pensei em como eles se pareciam com as mesmas pessoas que eles odiavam. Eles se vestem como a gente, eles agem como a gente, e eles querem o território que é nosso. Por essa razão, eu não tenho nenhum respeito por eles ou pelo bairro pelo qual eles estão dispostos a morrer. Eu nem sei porque eles tentaram vir até a mim, perguntando de onde eu era. Esses perdedores deveriam saber o que acontece quando um de nós leva uma surra - nós ficamos putos, o inferno fica solto e as consequências podem ser fatais.

Latinos matando asiáticos. Asiático matando latinos. Eles declararam guerra às pessoas erradas. Agora tudo se resume ao que você parecer ser. Se você parece asiático ou latino, você vai ser detonado ou no mínimo, levar uma grande surra. A guerra foi declarada, agora é uma luta por poder, dinheiro e território; nós estamos nos matando por raça, orgulho e respeito. Eles começaram a guerra no nosso Aztlán (território latino), uma terra que nos pertence por natureza, e por natureza nós iremos enterrá-los.

Eles podem pensar que estão ganhando por estarem me arrebentando agora, mas mais tarde, todos eles vão se ferrar!

Diário 140: traduzido por duplas de alunos usando o google tradutor e dicionários da biblioteca da escola, revisado e adaptado por mim.

Querido diário,

Eu não consigo dormir. Engraçado, os motivos são diferentes dos que costumavam ser quando eu era apenas uma criança. Dormindo embaixo de carros. Pele e ossos. Bom, muitas coisas aconteceram desde então. Eu vou te levar de volta ao primeiro ano do ensino médio.

"Bata testa comigo e você perde." "É o que vamos ver!”

Essas foram as últimas palavras entre eu e minha mãe antes de eu ir embora. Eu estava obcecado com a minha independência, mas eu ainda iria perceber que eu estava apenas vendo os benefícios de ser dono da minha própria vida e deixando de lado as responsabilidades que vinham com isso. Mas você pode dizer isso pra um garoto de quinze anos tentando achar seu lugar no mundo? Não pra mim, de qualquer jeito. Então eu estava farto. "Aprendendo do pior jeito" é um modo simples de descrever os anos que se seguiram depois que eu saí por aquela porta.

Eu não preciso falar de todas as minhas histórias de luta nas ruas. Tem muitas. Mas aqui vai um momento do final do nono ano: foi uma semana antes do verão, e eu já estava completando um mês longe de casa. Nenhum dia se passava sem a ajuda daquele pó branco. Eu nem precisava mais ficar chapado. Agora já era vital pra eu funcionar. Meu corpo precisava disso do mesmo jeito que eu precisava de ar. Quando eu pensei que não aguentaria mais uma noite fora de casa, alguém decidiu por mim. Eu queria pegar uns cubos de açúcar com LSD e eu perdi o controle. A polícia acabou me levando sob custódia por assalto. Em um estalar de dedos, as coisas nunca mais seriam as mesmas.

" Eu vou pegar sua bunda, garoto branco"

As primeiras palavras que me foram ditas quando cheguei na prisão. Palavras que eu nunca vou esquecer. Esse lugar era um mundo completamente diferente e eu não tinha ideia de como eu vim parar aqui. Graças a Deus, eu fui sentenciado a passar o próximo ano na reabilitação. Mesmo odiando o sistema daquela época, olhando pra trás eu percebo que eles me salvaram de mim mesmo e salvaram a minha vida. Eu não era mais capaz de funcionar no mundo lá fora. Então, eu passei o ano seguinte na casa de reabilitação para adolescentes.

Reabilitação foi um longo e duro caminho. Foi cheio de sorrisos, choros e tudo no meio disso. Mas naqueles longos doze meses, eu descobri algumas coisas. Eu descobri quem eu era. Meu eu verdadeiro. Eu não precisava usar drogas pra ser feliz. Eu era especial e valia a pena. Eu percebi que minha família me amava muito e que esse mundo podia ser um lugar muito legal pra viver se eu soubesse como conviver com os outros 5 milhões de habitantes. Eu fui para a escola de verão e consegui avançar um semestre do que estaria. Finalmente, já era a hora da prova final. Me juntar à sociedade como uma pessoa nova e melhorada. Eu saí no meio de 1996 como paciente externo. Não foi fácil. A maioria dos meus amigos lá dentro não

duraram muito, e dos que ainda estavam comigo quando eu saí de lá, pouquíssimos sobreviveram como pacientes externos. Apenas quem era forte sobreviveu.

Eu me graduei como paciente externo depois de 10 meses. Eles me liberaram dois meses mais cedo porque meu programa deu muito certo. As coisas estavam bastante diferentes quando eu voltei pra casa. Terapia me ajudou na conciliação com a minha família e nós estávamos nos dando bem. Eu tinha minha liberdade agora e era porque eu tinha merecido, dessa vez. Agora eu tinha um novo senso de apreciação do mundo lá fora. O sentimento era maravilhoso de pegar o que eu queria comer e não o que era colocado diante de mim, mas sentar aqui e dizer que foi fácil voltar pra casa seria uma mentira muito descarada. Nos mudamos para uma nova casa pra eu ter um recomeço. Eu fui para um novo colégio também. Eu vi muitos dos meus antigos amigos, mas eu percebi que tínhamos virado pessoas muito diferentes. Essa não era a vida que eu queria. Tinha muita pressão no colégio, então eu tinha que me cercar com pessoas boas. E eu fui para grupos de ajuda. E isso nos leva ao agora.

Como eu disse, eu não consigo dormir hoje de noite. Não entenda errado, Kleenex (lenço) é quase a única coisa que eu coloco perto do meu nariz hoje em dia. É porque eu vou me graduar amanhã. Eu nunca pensei que chegaria aqui, mas eu cheguei. Eu não estou só graduando, entretanto. Eu vou ganhar alguns prêmios também. Eu mantive as minhas notas todas acima de 9 nos quatro anos. Eu cheguei até a conseguir um 10 em um semestre. Eu também consegui um papel de honra e um prêmio por tomar aulas extras. Em doze horas eu vou estar usando a roupa de formatura, pronto para andar e os minutos não passam.

Não só o colégio é bom, mas várias outras coisas se tornaram melhores. Eu consegui um emprego depois de sair da reabilitação e tenho trabalhado duro. Dois meses atrás eu consegui um outro emprego e agora estou trabalhando em tempo integral. Semana passada eu comprei um carro novinho para a formatura. Eu estou pagando ele sozinho. Eu vou precisar porque vou começar a faculdade no outono. Oh, eu ganhei um pouquinho de peso, uma corzinha e até minhas espinhas sumiram. É, eu definitivamente diria que as coisas estão melhorando. Esses quatro últimos anos têm sido uma caminha difícil, mas eu descobri que tem algo melhor do que viver por