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1. CONCEITOS E REFLEXÕES DE BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS

1.1 TRABALHO COMO INCLUSÃO? O TRABALHO (E SEUS LIMITES)

Embora não haja um conceito único de emancipação social na obra de Boaventura de Sousa Santos, ao longo da mesma é possível apreender diferentes elementos que integram o que o autor compreende em relação ao termo e o que implica,

na prática social, a busca da emancipação social dos diferentes grupos oprimidos e invisibilizados.

Uma das formas como Santos (1999a; 2010) compreende a emancipação na vida social moderna, é por meio de uma composição de princípios como a liberdade, a igualdade e a cidadania. Compreensão que, para o autor, contempla em si mesma uma importante contradição uma vez que o paradigma da modernidade, reduzido basicamente àquilo que orienta o desenvolvimento capitalista, pressupõe mecanismos de regulação social que, para garantirem a reprodução do modo de produção hegemônico, produzem inevitáveis desigualdades e exclusão, negando, por essa razão, os princípios voltados à igualdade, à integração social e à emancipação (SANTOS, 2010). Ou seja, a emancipação social seria contraditória, ou até mesmo impossível, no capitalismo.

Na concepção de Santos (1999a; 2010), apesar de configurarem-se como sistemas de pertença hierarquizada, a desigualdade e a exclusão diferem-se entre si, pois, enquanto na desigualdade pressupõe-se minimamente uma integração social, tornando a presença daquelas pessoas, mesmo em níveis mais baixos da escala social, indispensáveis para o desenvolvimento da sociedade, no sistema de exclusão, isso não ocorre – a pertença dá-se pela própria exclusão, deixando de fora e tornando supérfluo quem está embaixo.

Baseado em referenciais marxistas, Santos (1999a; 2010) afirma que o grande princípio da integração social na sociedade capitalista baseia-se na relação capital/trabalho, assentada, portanto, no princípio da integração pelo trabalho, em que a desigualdade sustenta-se entre aqueles detentores do capital e dos meios de produção e daqueles que dispõem apenas de sua força de trabalho para sobreviver - uma desigualdade de classes, baseada na exploração, segundo o autor. Se com o modelo de Estado-Providência, ao final dos anos 1950, houve tentativas de regulação dessa relação, garantindo proteções aos trabalhadores e políticas redistributivas que pudessem garantir seu desenvolvimento, as mudanças econômicas, políticas e sociais ocorridas nas últimas décadas, dando vez ao Estado Neoliberal, isentaram o Estado do papel de garantir proteções, passando a trabalhar, em vez disso, em função das exigências econômicas, acirrando os processos de desigualdade e fragilização da classe

trabalhadora, que não vê mais no trabalho as garantias de integração e proteção social (SANTOS, 1999a).

Por outro lado, no que se refere à exclusão, a partir da perspectiva do filósofo Michel Foucault, Santos (1999a) afirma que enquanto a desigualdade é um fenômeno socioeconômico, a exclusão é, sobretudo, um fenômeno cultural e social, tratando-se de um processo histórico através do qual uma cultura, por meio de um discurso que se impõe como verdade, impõe também a interdição social de toda pessoa que escapa à norma estabelecida e, por ser assim, devendo ser exposto a mecanismos de normalização, a fim de romper com a periculosidade a que estão associados os “desviantes”.

Vale dizer, aqui, que a população em situação de rua, apartada das normas e referências hegemônicas da sociedade, especialmente da relação de exploração capital/trabalho, pois já não está mais passível de ter sua força de trabalho utilizada dada a lógica produtivista, é objeto direto da exclusão social, de normatização, interdição social e, até mesmo, de limpeza social, a partir das práticas higienistas que pretendem invisibilizá-la, ainda mais, da cena urbana.

Nesse contexto, a emancipação social somente seria possível na sociedade capitalista globalizada por meio das formas de regulação que essa última dispõe, a fim de evitar extremos de desigualdade (a escravatura, por exemplo) e de exclusão (o extermínio); sob essa lógica, a “integração pelo trabalho” sustentaria as políticas redistributivas que pretendem reduzir as “desigualdades mais chocantes geradas por vulnerabilidades que ocorrem quase sempre ligadas ao trabalho” (SANTOS, 1999a, p. 26). Entretanto, as diferentes transformações econômicas e do próprio trabalho que levaram ao acirramento do desemprego estrutural nas últimas décadas, como vimos, parecem dificultar esse cenário, na medida em que

[...] o trabalho passa a definir mais as situações de exclusão do que as situações de desigualdades. Acresce que a informalização, a segmentação e a precarização ou flexibilização da relação social faz com que o trabalho, longe de ser uma garantia contra a vulnerabilidade social, torna-se ele próprio a expressão dessa vulnerabilidade. A precariedade do emprego e do trabalho fazem com que os direitos do trabalho, os direitos econômicos e sociais, decorrentes da relação salarial e sede das políticas redistributivas do Estado Providência, se transformem numa miragem. O trabalho perde eficácia como mecanismo de integração num sistema de desigualdade para passar a ser um mecanismo de reinserção, num sistema de exclusão. Deixa de ter virtualidades para gerar redistribuição e passa a ser uma forma precária de reinserção sempre à beira de deslizar para formas ainda mais gravosas de

exclusão. De mecanismo de pertença pela integração passa a mecanismo de pertença pela exclusão (SANTOS, 1999a, p. 27).

Assim, na medida em que o trabalho se transforma, deixa de exercer seu potencial integrador, passando, ao contrário, a se associar aos mecanismos de exclusão social, tornando inúteis contingentes cada vez maiores de trabalhadores que, uma vez desempregados não deverão mais retornar ao “contrato social” e aos direitos vinculados ao trabalho, ou ainda, nem adentrarão ao “contrato social”, isto é, nunca exercerão o papel social de trabalhadores em suas vidas; todos esses, independentemente de seus saberes e qualificações, tornando-se descartáveis (SANTOS, 1999a; 2012a), o que se torna ainda mais dramático, uma vez que o trabalho ainda parece ser – na verdade a ele é atribuído, o grande caminho para o acesso aos direitos e a grande via de acesso à cidadania (SANTOS, 2012a).

Do ponto de vista econômico, as manifestações mais recentes da exclusão social, a partir do final do século XX, estariam relacionadas justamente à “capacidade da sociedade em criar emprego para seus membros ou a eles atribuir renda mínima de vida”, em que os excluídos agora são compreendidos como vítimas do desemprego estrutural, em que a não inserção no mundo do trabalho, complementa-se e agrava-se, muitas vezes, com a não inserção social (NASCIMENTO, 2003, p. 66). Muitas pessoas já não são mais incorporadas no mundo do trabalho, pois não têm trabalho nem capacidade para entrar nele e pouco a pouco, a ameaça à coesão social que isso configura, desperta representações sociais que consideram esses sujeitos “desnecessários economicamente” (um peso econômico para a sociedade e governos), como “socialmente ameaçadores e incômodos politicamente” (na medida em que são responsabilizados pelas mazelas da política), tornando-se “passíveis de repressão e eliminação física” (NASCIMENTO, 2003, p. 66). Justamente, e não por coincidência, as representações normalmente dispensadas à população em situação de rua.

Esse processo de pauperização, de acordo com Escorel (2009), atinge, inclusive, aqueles sujeitos que, mesmo nas margens do sistema produtivo, tinham algum tipo de inserção social e econômica, além do amparo do sistema de proteção social governamentais; passando a se configurar como os novos pobres, vítimas de uma nova

Nessa mesma perspectiva, Castel (2013) parte da ideia da centralidade do trabalho como eixo das relações sociais e como processo que origina as configurações culturais, simbólicas e identitárias na nossa sociedade. A perda das regulações do trabalho e do papel integrador do mesmo11 nas últimas décadas; a instabilidade da situação salarial, bem como o esgotamento da proteção social, teriam criado condições para a multiplicação de uma nova categoria que marcou a pobreza francesa na década de 1980, especialmente composta por “inválidos de conjuntura”, isto é, sujeitos cuja vulnerabilidade foi criada pela degradação das relações de trabalho e das proteções a ele ligadas e que talvez, em outras condições, conseguiriam se inserir no mundo do trabalho (CASTEL, 2000; 2013).

Se o trabalho se configura como uma importante referência para a vinculação na sociedade e na estrutura social, ou mesmo de acesso à cidadania, como apontou Santos (1999a), analisar a relação das pessoas com ele permitiria compreender o lugar que elas ocupam na dinâmica social. Nesse aspecto, o sentindo contemporâneo da exclusão social para Castel (1997), seria a degradação em relação a uma posição anteriormente ocupada, tendo por referência os lugares ocupados nas relações com o trabalho (ou a falta dele) e a inscrição em redes de sociabilidade e nos sistemas de proteção (ou sua inexistência).

Daí decorre para o autor a ideia de zonas de inserção: a de integração (em que a pessoa tem vínculos fortes com o trabalho e com as suas redes sociais de suporte), de

vulnerabilidade (em que há inserção frágil no trabalho e nos suportes sociais) e, por

fim, a desfiliação social12 (em que há a ruptura total com as redes sociais de suporte e com o trabalho). Segundo Castel (1997), a inscrição (e a permanência) nessas zonas é um processo dinâmico, influenciada por diferentes fatores, em que o mais importante está na compreensão do que levou a pessoa a estar onde está.

Diante dos processos de exclusão social (ou desqualificação/desfiliação social, a depender da perspectiva teórica), identifica-se a população em situação de rua como a personificação e um resultado direto dos processos de vulnerabilização e fragilização,

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Castel (2000; 20013) chamou a degradação das relações de trabalho e das proteções a ele ligadas de “crise da sociedade salarial”.

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Castel (2013, p. 32) prefere o termo desfiliação ao termo exclusão social por acreditar que somente o primeiro dá a ideia de processo e de percurso (que leva a uma posição inferior) enquanto a exclusão representaria uma situação estanque, um estado de privação, que, além de homogeneizar diferentes categorias distintas entre si, não é capaz de apreender os processos que levam a essa situação.

em que o esgarçamento das relações sociais e de trabalho, produzem isolamentos e afastamentos cada vez maiores dos circuitos sociais, familiares e do próprio trabalho, em que a rua torna-se um desfecho perverso, ao acentuar e reforçar ainda mais essa exclusão/desfiliação.

Num paralelo a essa perspectiva, ao propor o uso do termo abissal, Boaventura o associa à exclusão em que a exclusão “não abissal” (ou não radical) refere-se àqueles que vivenciaram em algum momento a inclusão e a “abissal” (radical) contempla as pessoas que nunca nem foram incluídas ou mesmo pensado em sê-lo (SANTOS, 2012a, SANTOS, 2016). Apesar desses conceitos poderem ser aplicados a vários contextos, são ainda mais coerentes na relação com o mundo do trabalho, exposta por Castel (2013). No contexto da população em situação de rua, estamos falando de uma

heterogeneidade que contempla inclusive isso: daqueles que nunca nem chegaram ao mundo do trabalho formal, excluídos abissalmente desse cenário e de tudo aquilo que, mesmo fragilmente, ele proporciona a quem o toca. Nesse aspecto, Melo (2017b) discute a situação dos jovens em situação de rua nos últimos anos, cujo perfil se caracteriza por idades cada vez menores e pelo fato de nunca terem acessado o mercado de trabalho – foram de situações vulneráveis direto para a rua.

O trabalho, portanto, apesar de continuar sendo uma referência hegemônica na nossa sociedade, na sua ausência e precarização, cada vez maiores, alarga ainda mais as fileiras do Sul e a distância desse para o Norte abissal a ponto de, muitas vezes, nem possibilitar que quem está no Sul toque ou se aproxime do outro lado.

Corroborando com essa perspectiva, o sociólogo francês Serge Paugam (2003; 2008), afirma que existe, na nossa sociedade, um processo paulatino de desqualificação social, decorrente da degradação do mercado de trabalho, do aumento dos empregos instáveis e do desemprego prolongado e do simultâneo enfraquecimento dos vínculos sociais, até mesmo para aquelas pessoas que nunca haviam vivido situações de pobreza ou miséria. São pessoas que, ao se afastarem do mundo do trabalho, sofrem um distanciamento comumente acompanhado por perdas de vínculos sociais e familiares, afastamento da vida social e perda de identidade, em que a falta de perspectivas de empregabilidade e o sentimento de inutilidade podem culminar no total rompimento com a sociedade.

Para Paugam (2003; 2008), o trabalho e o lugar social ocupado por meio da inserção nele, configuram-se como um dos elementos cruciais para a integração social, principalmente pelas referências construídas pela vida profissional na vida cotidiana (horários, rotinas e relações de amizade). O desemprego e a instabilidade profissional podem levar, portanto, a um processo que o autor designa como desqualificação social, que vai da fragilização das relações sociais à total marginalização, em as pessoas não se veem nem são mais vistas como úteis à sociedade, o que se intensificaria pela ausência de redes sociais de suporte. Do mesmo modo, para o autor, a precariedade associada ao trabalho estaria diretamente relacionada ao risco de rupturas com as redes familiares e sociais de suporte.

É dessa forma também que Bursztyn (2003, p. 51-52) sintetiza a realidade de muitos dos sujeitos em situação de rua, particularmente nas últimas décadas do século XX, em que

[...] as pessoas vão sendo conduzidas no sentido do rebaixamento na hierarquia social. Acabam perdendo vínculos que possam permitir uma reinserção. Perdem a proteção social, perdem a referência do lar, frequentemente perdem os vínculos familiares, perdem autoestima. Dificilmente conseguem um caminho de volta. Deixam de pertencer ao mundo oficial e passam a ser vistos como ‘problemas’. E, nessa categoria, são objeto, na melhor das hipóteses, da caridade (BURSZTYN, 2003, p. 51- 52).

Além de serem excluídas das principais relações e fontes de renda, do convívio familiar, são pessoas forçadas

ganhar a vida em ocupações precárias como atividades sazonais ou trabalhos semiclandestinos: vendedores ambulantes, lavadores de carro, guardadores auto nomeados de carros estacionados em lugares públicos etc. Eles participam não somente do assim chamado mercado de trabalho informal como produtores, mas também dos chamados assentamentos informais como moradores; o que implica a utilização de todo o tipo de mercados de consumo

informal, como os camelôs, atendimento informal de saúde e coisas do

gênero (SINGER, 2012, p. 64, grifos do autor).

São inúteis à nova ordem social. E essa produção da inutilidade torna-se, portanto, a nova face da exclusão, marcada não mais culturalmente (ou apenas), mas principalmente, social e economicamente (SANTOS, 1999a), centrada na perda do status do trabalho, eixo central do sistema capitalista, como elemento de inclusão, passando a ser fator responsável por exclusões ou inclusões muito precarizadas (CARVALHO, 2009).

Assim, no cenário neoliberal, a estabilidade dos mercados ocorre às custas da estabilidade do trabalhador, perdendo o trabalho seu papel de servir como suporte à cidadania e vice-versa (SANTOS, 2003). Logo, muitos grupos sociais, em diferentes sociedades, mas sobremaneira nos países periféricos, vivenciam uma mobilidade descendente, enquanto trabalhadores não qualificados e para quem o trabalho deixou de ser expectativa realista, concreta (SANTOS, 2003).

De acordo com Carvalho (2009), nesse momento os sistemas de desigualdade e exclusão se imbricam na construção das “populações sobrantes”, supérfluas para o capital e que vivenciam processos perversos de exclusão/inclusão muito precária, em meio a formas de não-existência. É por essa razão que outro conceito possível para esses sujeitos é também o de não-cidadãos, isto é, aqueles que já vivenciaram processos de inclusão e foram jogados “para fora” ou tampouco estiveram incluídos (SANTOS, 2003).

Corroborando a ideia de que no Brasil a situação difere em muitos aspectos das experiências europeias, Yazbek (2012) reitera que os direitos sociais foram tardiamente construídos no país, já em um contexto de avanço neoliberal e que a “não-cidadania” sempre foi a maior realidade brasileira, especialmente dos pobres, privados frequentemente de seu acesso aos direitos sociais, além de serem alvos frequentes de estigma, preconceitos e discriminações, num movimento de culpabilização e responsabilização por sua condição o que é, notadamente, uma realidade para a população em situação de rua, para quem o senso comum atribui a culpa e a responsabilidade de sua condição e a superação da mesma, ignorando os fatores históricos, sociais, econômicos e estruturais que concorrem para a realidade de muitos sujeitos nessa situação.

É desse modo que, além da mudança da chave explicativa dos anos 1970 e 1980, da vadiagem para a população em situação de rua como um desfecho das mudanças no mundo do trabalho e segmento da classe trabalhadora, a partir da década de 1990, a exclusão social que avançava também foi importante referência para compreensão do fenômeno da população em situação de rua no Brasil (MELO, 2017a).

Nessa perspectiva, a exclusão social, materializada na ruptura dos vínculos familiares e/ou de trabalho, produziu contingentes cada vez maiores de sujeitos vivendo na/da rua (ESCOREL, 1999); se antes o mendigo era o vagabundo, pedinte e aquele que

recusava “voluntariamente” o mundo do trabalho, o desemprego e o avanço da exclusão social faz engrossar as fileiras daqueles que, sem escolhas, caem nas ruas diante da inexistência de outras possibilidades de sobrevivência, tornando-se desnecessários e supérfluos ao sistema produtivo

Dessa forma, a exclusão social designaria o desemprego estrutural associado a mobilidades conjunturais de desvinculação; desemprego temporário que se transforma em permanente; e, ainda, dificuldades crescentes de inserção dos jovens no mercado de trabalho (ESCOREL, 1999, p. 169).

As relações limitadas e precarizadas com o mundo do trabalho, portanto, impedindo o acesso à ocupações promotoras de independência e autonomia, levariam esses sujeitos a se desvincularem da família ou se virem impedidos de construírem outra, num processo crescente de vulnerabilização e exclusão (ESCOREL, 1999).

Nesse sentido, Prates, Prates e Machado (2011, p.198) ainda chamam atenção para dois importantes elementos no processo dessa exclusão social - a vivência da autoexclusão, isto é, o não reconhecimento de si próprios como sujeitos de direitos ou mesmo como parte integrante da sociedade, em que a imagem desqualificada, é reiterada pelo estigma social hegemônico, levando por vezes, a um isolamento quase absoluto dos sujeitos que vivenciam a exclusão, além da tendência à responsabilização individual e a autoculpabilização em relação às vivências de exclusão, ao não reconhecer situações como o desemprego, como uma expressão da questão social, muito para além de fatores individuais, mas notadamente um reflexo do cenário estrutural e conjuntural.

A existência da população em situação de rua remete, portanto, dentre outros fatores, à grande desigualdade vivida no país, em que a riqueza produzida não é distribuída e os direitos de cidadania não são vivenciados em sua completude. Apesar disso, haveria uma tendência de culpabilização dos sujeitos pelo seu fracasso individual e econômico, quando na verdade, existe um imenso fracasso social da sociedade e do Estado, provocando e intensificando as desigualdades (VALENCIO et al, 2008), ou como vimos, do próprio contexto global, capitalista que é incompatível com a emancipação e a igualdade social.