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Trabalho desenvolvido ao nível da execução do projecto

Parte IV. Natureza da Intervenção e da Participação

4.4. Trabalho desenvolvido ao nível da execução do projecto

Tendo em consideração as diferentes fases de um projecto, as quais já foram sendo exploradas anteriormente, sendo que neste sub-tema será explorada a execução e a animação dos projectos sócio-educativos, importa reflectir sobre o modelo de acção que nos guiou desde a fase de concepção até à execução. Assim, o modelo de projecção da acção que nos encaminhou caracteriza-se pela identificação, e de acordo com Carlinda Leite:

«das intenções e ideias gerais que [permitiram] prospectivar o plano geral, isto é, a forma de intervir na acção ou problema real, passa para a acção, submetendo-a a uma observação contínua, vigilante dos dispositivos de acção e das próprias intenções e planos de acção com vista a identificar evidências que possam melhorar quer a acção quer as próprias intenções. É um processo contínuo e em espiral, amplificador da qualidade dos efeitos que se vão produzindo, ou seja, é um meio gestionário de produção de saberes que accionem o exercício da prática quotidiana» (Leite, 2003:104).

Com este significado presente relativo à intervenção, encontrar-se-á de seguida as distintas funções realizadas, que permitiram a execução dos projectos, nomeadamente, do

Projecto Espaço Aberto e do Projecto de Mediação Sócio-Pedagógica.

4.4.1. Trabalho desenvolvido no âmbito das actividades educativas

Ao ter-se desenvolvido o plano de actividades, para a execução de acções de carácter educativo, o apoio, a ajuda e a preparação necessárias à realização dessas mesmas actividades constituíram funções de operacionalização. Para além da criação do plano de actividades foi também nossa responsabilidade preparar os materiais para a execução das mesmas, assim como acompanhar as crianças e jovens na realização das actividades, transmitindo os objectivos e a pertinência de cada temática e acção educativa. Tal como se pode perceber pelo seguinte excerto:

(…) «avançamos com o jogo, que eles descobriram com facilidade, a maior dificuldade foi mesmo a construção das palavras, mas com a nossa ajuda conseguiram, e penso que o jogo está a fazer sentido para eles/as» (NT7).

Os seguintes excertos comprovam que toda a organização relativa ao espaço, e ao material foram também tarefas desempenhadas ao longo de todo o estágio.

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«No dia em que ficou decidido abrir o Espaço Aberto, chegamos ao início da tarde para dispormos a sala, do modo que pensamos ser mais atractivo e interessante para o desenvolvimento de actividades […]. Antes de abrirmos o espaço, estivemos a organizar os materiais […]» (NT1).

«Ainda antes das 17h00 tratamos de imprimir as letras para o Peddy-Paper que estamos a organizar para realizar durante a próxima semana, para que posteriormente, as possamos recortar» (NT3).

Ainda no que diz respeito à planificação de actividades é de referir que em consequência do plano de actividades que nos foi solicitado no âmbito dos Campos de Férias, a organização e execução das actividades propostas que foram aceites fizeram parte das funções exercidas, permitindo desenvolver competências directamente relacionadas com a organização, a tomada de decisões imediatas, assim como, um assumir de competências na gestão de tempos e conteúdos.

4.4.2. Trabalho desenvolvido no âmbito da colaboração com outras figuras institucionais

No desenvolvimento do Projecto Espaço Aberto e do Projecto de Mediação Sócio-

Pedagógica esteve presente em alguns momentos a colaboração com profissionais de outras

áreas, constituindo-se desta forma, trabalho em equipa ou mesmo equipas multidisciplinares, de acordo com as necessidades que foram surgindo.

No Espaço Aberto desenvolveram-se actividades relativas a dias temáticos, como foi o caso do Dia do Pai, do Dia da Árvore, Dia da Alimentação, entre outros, sendo que, quando esses dias foram comemorados na Dragon Force também houve colaboração por parte do

Espaço Aberto, como na semana em que se comemorou o Dia da Alimentação, o nutricionista

pediu colaboração para se desenvolverem actividades relativas a esta temática, nomeadamente, a construção de

(…) «rodas dos alimentos [com as crianças e jovens]. A ideia pareceu-nos interessante e portanto tratamos de construir três rodas dos alimentos, para preenchermos em diferentes dias, fomos aos supermercados buscar panfletos, para que as crianças pudessem recortar os produtos e depois colocar devidamente na roda» (NT17).

No que diz respeito ao Projecto Bolsa de Mérito este desenvolveu-se em articulação com profissionais da área desportiva, nomeadamente, os treinadores das equipas de competição, assim como, com o coordenador técnico da Dragon Force, que era também treinador de uma das equipas sujeitas a este projecto. Nesta medida, compreende-se que o

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trabalho desenvolvido foi sempre prestado em articulação, levando à criação de uma equipa multidisciplinar, em que a mediadora sócio-educativa desempenhou funções na parte do

Projecto de Mediação Sócio-Educativa, que constituía o Projecto Bolsa de Mérito, sendo os

treinadores também intervenientes neste processo e nas decisões que o mesmo acarretava.

4.4.3. Trabalho desenvolvido enquanto mediadora em âmbito escolar

Embora todo o projecto de estágio se tenha pautado pelo exercício da mediação sócio- educativa, uma vez que, esta representa a profissionalidade das Ciências da Educação, no

Projecto Bolsa de Mérito este papel tomou uma forma mais visível, pois a solicitação do

exercício de funções incidiu concretamente na mediação sócio-pedagógica.

Esta mediação sócio-pedagógica concretizou-se ao serem desenvolvidas as diferentes fases que caracterizaram o projecto, nomeadamente:

1. Contacto formal com a Escola, através do envio de uma carta; 2. Marcação de uma reunião com os/as directores/as de turma; 3. Realização da reunião;

4. Elaboração de relatórios de mediação, com os resultados dos assuntos tratados; 5. Divulgação dos resultados interna e externamente.

Com esta numeração das tarefas executadas pode compreender-se que após o envio da correspondência para a escola, se tentou marcar reuniões, sendo que, depois da sua realização, se elaboraram relatórios, específicos para cada caso, onde davam conta do percurso escolar do aluno, no seu todo, durante este ano lectivo. Por fim, agilizava-se uma reunião com os treinadores responsáveis por cada equipa, para se transmitir os aspectos mais relevantes de cada aluno, onde posteriormente, se reunia com os Encarregados de Educação, com o objectivo de se estabelecer a mediação entre a Escola e o Futebol, dando relevância aos aspectos mais positivos, no sentido da importância da continuidade do trabalho desenvolvido até então e por outro lado, dos aspectos mais negativos, com a finalidade de em conjunto com as mediadoras, com a escola e em casa se apostar na melhoria.

Este projecto trouxe também como função o estabelecimento de uma relação de mediação entre os jovens, a escola e o futebol, onde

«os jovens da equipa de sub-11 e sub-13 nos dizem com frequência os seus resultados [escolares]» (NT38).

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Nas situações em que os jovens apresentaram resultados escolares mais preocupantes optou-se inicialmente por prestar um maior apoio no Espaço Aberto, como se pode perceber pelo conteúdo da nota de terreno:

(…) «temos prestado apoio ao B e ao M essencialmente à disciplina de Matemática […]» (NT43).

Este projecto permitiu o enriquecimento nas competências e tarefas, pois exigiu que se efectuassem reuniões, originando o desenvolvimento de aptidões relacionadas com a interacção directa com as escolas e os/as professores/as, de modo a debater-se as situações escolares dos alunos em questão. Esta interacção originou o que se pode apelidar de consultoria de iniciativas educativas, respeitantes à vida escolar. A elaboração de relatórios pormenorizados levou a aprendizagens de organização de informação e a conceber soluções para as situações que se revelaram mais críticas. O facto da equipa que constituía este projecto ser multidisciplinar desencadeou também aprendizagens significativas, uma vez que, exigiu a negociação de reflexões e pensamentos acerca de cada caso, em particular. O estabelecimento de comunicação para com as famílias permitiu que se fosse adquirindo uma relação de confiança e ajuda mútuas, levando à intervenção em problemas educacionais previamente identificados. Este projecto permitiu ainda e de forma acentuada que se estabelecesse um relacionamento próximo com as crianças e jovens, onde se fomentou a confiança e a partilha de situações entre os jovens e entre nós e os jovens, tendo esta proximidade contribuído para um adquirir de experiências significativas.

4.4.4. Trabalho desenvolvido no âmbito do acompanhamento escolar

Uma das actividades que esteve sempre presente no Espaço Aberto foi a realização dos TPC, na qual desempenhamos funções de acompanhamento, auxílio e supervisão como se pode perceber pelo seguinte excerto:

«Entretanto, por volta das 17h30 começaram a chegar os primeiros meninos, que vinham com trabalhos de casa para fazer, e portanto, dedicaram-se a essas tarefas, com o nosso apoio, sempre que solicitado» (NT2).

«desde o início ficou explicitado que as nossas funções não seriam apenas supervisionar a realização de trabalhos de casa» (NT4).

«(…) uma vez que tínhamos muitas actividades diferentes pensadas para dinamizar a sala» (NT4).

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