• Nenhum resultado encontrado

TRABALHOS RELACIONADOS AO USO DE ANTI-ESPASMÓDICOS EM

Waxman et al. (1991) não demonstraram um significante benefício da atropina usada como pré-medicação para colonoscopia, tanto para facilidade quanto para a tolerância do procedimento. O tempo total do procedimento foi semelhante.

Cutler et al. (1995) compararam os efeitos do glucagon e placebo, observando idêntico tempo médio de inserção (5.07 minutos) e similar tempo médio de retirada do colonoscópio, 6.85 minutos e 6.92 minutos, respectivamente. Não houve diferença em relação aos scores dos espasmos colônicos. Efeitos colaterais como náuseas e vômitos, foram mais frequentes no grupo glucagon.

Saunders et al. (1995) utilizaram hioscina antes do início da retossigmoidoscopia e observaram um procedimento mais rápido quando comparado ao grupo placebo (tempo médio de 12.5 minutos vs 18 minutos, respectivamente; p = 0.0008). Não houve diferença quanto à profundidade de inserção.

Saunders et al. (1996) tiveram uma melhor performance com o grupo que recebeu hioscina, apresentando um tempo de intubação menor (p = 0.045), um número menor de espasmos colônicos (p = 0.01) e uma colonoscopia mais fácil (p <

0.05).

Os resultados de Dumot et al. (1998) não apresentaram uma diferença significativa quanto ao conforto do paciente, à facilidade de inserção e a profundidade investigada pelo sigmoidoscópio.

Shaheen et al. (1999) não demonstraram eficácia da administração do anti-espasmódico hioscinamina, tanto intravenosa quanto oral, na avaliação do tempo de inserção do colonoscópio.

Marshall et al. (1999) utilizaram a hioscinamina e mostraram uma significância quanto ao menor tempo de intubação cecal (p = 0.01), menor tempo da colonoscopia (p = 0.01), maior facilidade de inserção colônica (p = 0.001) e menos espasmos durante a inserção (p = 0.01). Não houve diferença quanto aos espasmos durante a retirada do colonoscópio. Os pacientes que participaram deste estudo, recebendo anti-espasmódico, relataram um maior conforto durante seus procedimentos (p <

0.001) e que aceitariam mais a repetição da colonoscopia quando comparado ao grupo placebo (p = 0.0001). Esses, experimentaram como único efeito adverso a

18

taquicardia sinusal, observada em 27% dos pacientes.

Asao et al. (2001) tiveram um satisfatório efeito espasmolítico com óleo de menta comparando com placebo, 88.5% vs 33.3% (p < 0.0001), respectivamente, e sem efeitos colaterais. O tempo médio de início de ação foi 21.6 segundos e com maior de pacientes que não repetiriam a colonoscopia.

Os efeitos de glucagon e hioscina como pré-medicação para colonoscopia foram comparados por Yoshikawa et al. (2006) e não apresentaram diferença quanto ao tempo de intubação cecal, dor abdominal e procedimento completo. O grupo que recebeu hioscina apresentou taquicardia mais frequentemente (p = 0.0004).

Ai et al. (2006) comparou a aplicação de uma erva medicinal (TJ-68) e solução salina morna, diretamente na mucosa do cólon, demonstrando uma supressão do espasmo colônico, de forma significativa (p < 0.001), favorável ao uso da erva, sendo considerada uma alternativa quando agentes anticolinérgicos forem contraindicados.

Foram observadas por Misra et al. (2007) uma maior facilidade de intubação ileal, além de uma maior extensão de íleo examinada com a administração endovenosa de hioscina, quando comparada com placebo (p < 0.001).

O uso de hioscinamina sublingual spray apresentou uma maior redução da contratilidade do cólon (p = 0.04), segundo Chaptini et al. (2008), todavia não houve diferença no tempo médio de intubação cecal e no desconforto abdominal.

Lee et al. (2010) criaram um score para graduar os espasmos do cólon e observaram uma significativa redução dos espasmos entre a inserção e a retirada do colonoscópio, favorável ao grupo hioscina. No entanto, não identificaram diferença no número de pacientes com pólipos, ou número de pólipos por paciente. Mostraram uma promissora tendência de maior detecção de pólipos por paciente no grupo hioscina (p = 0.06), quando realizaram a análise do subgrupo com moderados a

19

severos espasmos (score ≥ 3), sugerindo benefício do antiespasmódico no diagnóstico de pólipos.

Shavakhi et al. (2012) avaliaram a eficácia do óleo de menta como pré-medicação antiespasmódica em colonoscopia, e demonstraram tempo total de procedimento e tempo de intubação mais curtos, quando comparados ao grupo placebo, com redução do espasmo colônico, aumento da satisfação do endoscopista e menor dor abdominal referida pelos pacientes.

Sulu et al. (2012) compararam os efeitos do benzodiazepínico (midazolam) combinado com narcótico (meperidina), e a associação de midazolam com antiespasmódico (hioscina) em 120 pacientes ≥ 65 anos de idade, divididos em 2 grupos de 60 pacientes. O grupo que utilizou hioscina associada apresentou um tempo de colonoscopia total e tempo de intubação cecal mais curtos (p < 0.001); A sedação média foi maior no grupo da hioscina (p < 0.001). Após a infusão endovenosa dos medicamentos, os autores demonstraram uma pressão sanguínea sistólica média maior no grupo hioscina (p = 0.006), enquanto a frequência de pulso apresentou-se maior no grupo midazolam e meperidina (p < 0.001). Este estudo apontou ainda menos efeitos colaterais, bom controle da dor abdominal e manutenção dos sinais vitais, recomendando o uso de midazolam e hioscina em pacientes geriátricos.

Corte et al. (2012), estudando 601 pacientes, identificaram um número significativamente maior de pólipos por paciente no grupo que recebera hioscina (0.91 vs 0.70, p = 0.044), mas sem significância quanto ao número de adenomas por paciente (0.55 vs 0.42, p = 0.12), assim como não houve diferença nos índices de detecção de pólipos e adenomas (43.6% vs 36.6%, p = 0.08 e 27.1% vs 21.8%, p = 0.13). Não observaram diferença quanto ao tempo de intubação ileal e sucesso nesta. Houve um tempo menor de retirada do colonoscópio no grupo hioscina. A análise de regressão logística considerou o uso da hioscina (OR 1.62, p = 0.017) e o tempo de retirada do colonoscópio (OR 1.11, p < 0.0001) como fatores relacionados ao maior índice de detecção de adenoma.

Uma grande série publicada por De Brouwer et al. (2012), estudou 674 pacientes randomizados, e não observou diferença significativa entre os grupos hioscina e placebo para o IDA (29.7% vs 31.4%, p = 0.63); Em ambos os grupos o índice de detecção de neoplasia avançada foi de 14.4%, e o tempo de retirada foi semelhante. A análise multivariada não demonstrou efeito da hioscina nos

20

parâmetros avaliados.

Um trial italiano randomizado e duplo-cego, que analisou 274 pólipos em 402 pacientes, não verificou diferença entre os grupos hioscina e placebo, quando comparou IDP (38.6% vs 37%, p = 0.81), IDA (31.7% vs 28%, p = 0.48) e índice de detecção de adenomas avançados (7.4% vs 10.5%, p = 0.35), assim como no número médio de pólipos e adenomas por paciente, 0.69 vs 0.69 (p = 0.66) e 0.52 vs 0.48 (p = 0.42), respectivamente. No entanto, o diagnóstico de lesões não-polipoides foi significativamente menor no grupo hioscina (p = 0.002) (RONDONOTTI et al., 2013).

Tamai et al. (2013) apresentaram resultados significativamente melhores utilizando o glucagon como espasmolítico, ao analisarem dor e plenitude abdominal e tempo de intubação cecal. Não foi observada diferença quanto ao índice de detecção de pólipos.

Um programa multicêntrico de screening de CCR no Reino Unido (LEE et al., 2014) demonstrou que a proporção de pacientes, com no mínimo um adenoma detectado, foi significativamente maior naqueles que receberam hioscina (50.1% vs 44.5%, p < 0.001), assim como para o índice de detecção de adenomas avançados (31.8% vs 27.4%, p < 0.001) e para o número de pacientes que tiveram um ou mais adenomas diagnosticados no cólon direito (21.6% vs 18.1%, p < 0.001). Analisando a regressão logística multivariável, demonstraram que a hioscina tratava-se de um fator independente para os três quesitos citados acima (p < 0.001).

Pao et al. (2014) usaram a hioscina como pré-medicação e observaram uma maior frequência cardíaca no grupo que recebera anti-espasmódico, quando comparado ao grupo placebo (solução salina), 101 bpm vs 77 bpm, p < 0.001, respectivamente. Não houve diferença nos seguintes parâmetros analisados:

intubação cecal, tempo de procedimento, scores da dificuldade do procedimento e dos espasmos colônicos.

Rondonotti et al. (2014) analisaram cinco estudos randomizados totalizando quase 2000 pacientes, verificando ausência de diferença significativa quanto ao número médio de pólipos e adenomas por paciente, assim como nos índices de detecção de pólipos, adenomas e adenomas avançados. Resultados similares foram constatados quanto ao preparo do cólon, idade média e tempo médio de retirada do colonoscópio.

A metanálise de Ashraf et al. (2014) não demonstrou diferença estatística no

21

IDP e IDA, comparando hioscina e placebo. O momento de administração da hioscina, tanto como pré-procedimento ou após o colonoscópio chegar ao ceco, não apresentou influência no IDP.

A metanálise de Cui et al. (2014) apresentou resultados semelhantes tanto para IDP (46.4% vs 44.3%) quanto para o IDA (29.9% vs 27.4%), utilizando hioscina e placebo, respectivamente.

Yoshida et al. (2014) analisaram a efetividade do L-menthol intraluminal em previnir os espasmos colônicos durante a colonoscopia. Foi comparado com placebo (água). O L-menthol foi considerado efetivo, se nenhum espasmo ocorreu em um período de 30 segundos, e seu efeito foi avaliado em 30 segundos, 1 minuto e 5 minutos, em intervalos de 10 segundos. Esta droga apresentou uma significativa eficácia na prevenção de contrações do cólon em 30 segundos (60% vs 22.2%, p = 0.0009), e em 1 minuto (70.8% vs 29.6%, p = 0.0006). O estudo revelou uma curta duração do efeito anti-espasmódico do L-menthol, uma vez que não encontraram diferença em 5 minutos entre L-menthol e água.

Inoue et al. (2014) utilizaram o L-menthol intraluminal como anti-espasmódico e compararam com placebo (água e dimeticona), e demonstraram um significativo maior IDA no grupo L-menthol (60.2% vs 42.6%, p = 0.0083), especialmente das lesões polipoides (p = 0.014) e de adenomas com displasia de baixo grau (p < 0.05).

Tiveram uma maior proporção de pacientes sem peristalse no grupo L-menthol, quando comparado ao grupo placebo (71.2% vs 30.9%, p < 0.0001). Houve um predomínio de lesões no cólon esquerdo, mas sem significância estatística (p = 0.056). Não foi observada diferença quanto ao tempo de intubação cecal, tempo de retirada e dor abdominal após a colonoscopia.

Madhoun et al. (2015) observaram marginal aumento no IDP e IDA, mas sem significância estatística, 46% vs 43% e 31% vs 28%, respectivamente, comparando hioscina e placebo.

A metanálise de Xu et al. (2015) demonstrou um impacto favorável ao uso da hioscina durante a colonoscopia, com um provável aumento nos índices de detecção de pólipos (OR 1.24), de adenomas (OR 1.25) e de adenomas de alto risco (OR 1.22).

Rajasekhar et al. (2015) apresentaram um aumento 61% do uso de hioscina em exames de colonoscopia, com um aumento absoluto no IDA de 2.1%, e um aumento relativo de 13.1% (p = 0.0002). No entanto, não foi demonstrada uma

22

influência direta da administração da hioscina na melhora dos resultados relacionados ao crescimento do IDA.

Ristikankare et al. (2016) não demonstraram melhora na tolerância do paciente, nem na facilidade técnica da colonoscopia com o uso da hioscina. No entanto, a intubação ileal foi mais rápida, o tempo total do procedimento mais curto, e a necessidade de compressão externa foi menor. Taquicardia foi mais frequentemente observada, e não houve aumento no diagnóstico de adenomas.

Dinc et al. (2016) não observaram diferença entre hioscina e placebo, tanto no tempo de intubação cecal, tempo total da colonoscopia, preparação do cólon, doses de sedação, achados hemodinâmicos e satisfação relatados pelos pacientes e endoscopistas, e IDA. A única diferença demonstrada foi um aumento dos batimentos cardíacos em 32% no grupo que recebeu hioscina (p < 0.001).

2.2 TRABALHOS RELACIONADOS AO USO DE ANTI-ESPASMÓDICOS EM COLONOGRAFIA POR TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Bruzzi et al. (2003) não demonstraram uma melhora significativa na distensão colônica e na detecção de pólipo ao utilizarem a hioscina na colonografia por tomografia computadorizada.

East et al. (2007) sugeriram que a hioscina poderia melhorar a visualização da superfície do colon, devido à redução dos espasmos e achatamento das haustrações colônicas, como demonstrado pelas reconstruções tridimensionais por TC.

Behrens et al. (2008) observaram maior probabilidade de uma ótima distensão colônica ao administrarem hioscina endovenosa antes da realização da colonografia por tomografia computadorizada (OR 7.9), e um significativo maior impacto na distensão do cólon sigmoide com doença diverticular.

De Haan et al. (2012) compararam o relaxamento intestinal, causado pela hioscina e o glucagon, em pacientes submetidos a colonografia por TC, e demonstraram uma significativa mais adequada distensão abdominal com a administração da hioscina (p < 0.001).

East et al. (2015), em recente estudo, simulou a retirada de um colonoscópio através de um software de colonografia por tomografia computadorizada (V3D cólon), mostrando um aumento de cerca de 4% de visualização da superfície do

23

cólon, e uma redução de 20% no número de áreas perdidas, de tamanho intermediário (300-1000 mm2), com a utilização de hioscina endovenosa, tanto 20mg, quanto 40mg. Comparando ambas as doses, não houve diferença significativa, sugerindo que uma dose menor seria o suficiente para um possível acréscimo na detecção de pólipos e adenomas relacionado com a infusão de antiespasmódico.

Distensão colônica aumentada, de forma estatisticamente significativa, por insuflação automatizada de dióxido de carbono, foi demonstrada por Nagata et al.

(2015), mas não foi observada pela administração de hioscina. Os participantes relataram similar tolerância.

3 CASUÍSTICA E MÉTODOS

25

O presente trabalho foi executado no serviço de endoscopia da Santa Casa de Caridade de Bagé, Rio Grande do Sul, em parceria com o Instituto de Pesquisas Médicas (IPEM) do Programa de Pós-Graduação em Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR) e Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC), após ser aprovado pelo Comitê de Ética da Santa Casa de Caridade de Bagé (Anexo 1), e realizado de acordo com a Declaração de Helsinque.

Para a redação e editoração, tomou-se como base as normas para Apresentação de Documentos Científicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) de 2007.

Documentos relacionados