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Experimento 2 (momento 3) Pro­ posta para transformar o roteiro

5. DISCUSSÃO DO PROCESSO

5.1. A trajetória construída pelos licenciandos

5.1.1. Trajetória

Como resultado de constantes observações no decorrer da UC, é possível air- mar que os licenciandos agrupados nessa trajetória apresentaram como característi- ca semelhante a timidez para expor suas ideias perante a sala, mas participaram de todas as atividades propostas e expressaram suas relexões de outras formas (escri- ta, representações, apresentação do seminário).

O Quadro 24 mostra um panorama geral sobre as respostas do grupo, no qual foram indicadas as principais relexões que se destacaram.

Em relação à construção do conhecimento cientíico, o grupo inicialmente mos- trou relexões que destacaram o papel fundamental da observação dos fenômenos e a utilização do método cientíico de forma regrada e linear, em uma concepção mais empírica do fazer ciência. Na avaliação inal, o grupo apresentou alterações nas re- postas, citando, por exemplo, a importância de se conhecerem teorias já existentes ou de conhecimentos prévios.

No que diz respeito ao trabalho do cientista, os instrumentos 1c e atividade 2 (momento 3) foram importantes para analisar possíveis mudanças. Com o uso das imagens dos cientistas, foi possível notar que os licenciandos do grupo inicialmente reconheceram o estereótipo do cientista louco e solitário em seu trabalho. Além disso, alguns licenciandos apenas descreveram elementos das imagens, vinculando-as às técnicas especíicas, como, por exemplo, ao trabalho dos biólogos. Em um segundo momento (atividade 2, momento 3) foi possível perceber que as relexões apresen- taram diferenças, tais como o entendimento de que o trabalho da ciência não ocorre apenas dentro de espaços especíicos, como os laboratórios.

Construção do conhecimento cientíico Trabalho do cientista Relação entre ciência e sociedade

Destaque para a necessi- dade de comprovação de teorias.

Utilização do método cien- tíico de forma rígida (em sequência).

Conhecimento cons truído a partir da observação de fenômenos.

O cientista observa, inves- tiga, descobre; tem dúvidas e busca soluções.

Em uma das representa- ções o cientista é apresen- tado dentro do laboratório.

Reconhecimento sobre a inluência da sociedade no trabalho do cientista, sendo ele um membro dela.

A ciência serve à socieda- de, por meio de suas des- cobertas e da busca de soluções para problemas presentes (caráter utilitaris- ta da ciência).

Não houve imagem em re- lação direta com o item.

Imagem 3

Reconhecimento do este- reótipo do cientista em tra- balho solitário, louco, des- vinculado da sociedade. Dois licenciandos expres- saram suas observações em uma visão simplista: um químico dentro de um laboratório realizando um experimento.

Imagem 4

Destaque ao aspecto técni- co do trabalho do cientista. Quatro licenciandos ize- ram referência exclusiva- mente ao trabalho de um biólogo.

Imagem 6

O avanço cientíico vin- culado ao futuro da huma- nidade.

A relexão principal diz res- peito à conexão entre o ho- mem e a tecnologia.

Um licenciando questionou a ideia de vida fora da Ter- ra.

Não houve imagem em re- lação direta com o item.

Imagem 3

Permanência do reconhe- cimento do estereótipo do cientista.

Os licenciandos que inicial- mente expressaram uma visão simplista do traba- lho do cientista alteraram suas relexões destacan- do, além do estereótipo já citado, a ideia de que o ex- perimento não é primordial no processo de construção do conhecimento cientíico (contrapondo a visão indu- tivista da ciência).

Imagem 6

A relexão sobre conexão entre homem e tecnologia permaneceu.

Crítica à visão de ciência como verdade absoluta.

A dependência da ciência pela tecnologia.

Não houve citações sobre o papel da sociedade nes- sa relação. Atividades 1a e 1b (momento 1) 1c (momento 1) Atividade 2 (momento 3) (continua)

Construção do conhecimento cientíico Trabalho do cientista Relação entre ciência e sociedade Imagem 4 O estereótipo do cientista como ser inteligente.

Crítica à ideia de que tra- balho cientíico é realizado apenas dentro do laborató- rio.

Estudo, observação, testes com experimentos.

A construção da ciência não é linear, sendo possí- vel retornar a um conheci- mento anterior.

Ocorre de várias formas: vivência, estudo de teorias já existentes, observação da natureza.

Não ocorre por meio de etapas rígidas (método cientíico); importância do conhecimento prévio; os experimentos não são pre- visíveis.

O cientista é alguém que busca explicações para fe- nômenos, seu trabalho é cheio de desaios e apre- senta “prós e contras”.

Todos os licenciandos cita- ram que a sociedade exer- ce inluência sobre o traba- lho da ciência.

A sociedade deve ter prio- ridade quando se faz ciên- cia; os benefícios devem ser direcionados a ela, vi- sando ao bem comum.

A inluência da sociedade sobre a ciência independe do uso de um método cien- tiico rígido ou não.

Quadro 24 – Relexões dos licenciandos agrupados na trajetória 1

No que tange à relação entre ciência e sociedade, todos os licenciandos do grupo indicaram que o cientista é um membro da sociedade e recebe inluência dela. Houve também a indicação de que a ciência serve à sociedade (em um caráter uti- litarista da ciência) e que, por meio de suas técnicas, pode buscar soluções para os problemas sociais. O cientista estará sob essa inluência, independentemente do modo como desenvolve seus estudos (utilizando um método cientíico rígido ou não). Na avaliação inal, as relexões dos licenciandos sugerem a permanência do caráter utilitarista da ciência, garantindo o bem-estar social. Cabe destacar que se entende a importância atribuída pela sociedade à produção de conhecimentos cientíicos que a beneiciem, entretanto, as produções da ciência não se limitam a essa função; ela produz conhecimento na busca por explicações para os diferentes fenômenos que ocorrem no mundo.

(continuação)

Avaliação inal (momento 4)