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Tramitação e aprovação da Emenda Constitucional n 41/2003 e criação da PEC paralela

5 A SEGUNDA REFORMA DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO BRASILEIRO – 2003 A

5.3 Tramitação e aprovação da Emenda Constitucional n 41/2003 e criação da PEC paralela

A PEC n. 40/2003, mal chegou à Câmara dos Deputados, foi encaminhada para análise da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania e, no dia 7 de maio de 2003, foi designado como relator o deputado Mauricio Rands.

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Assim que se iniciou a discussão, várias vozes, dentro e fora da Câmara, opuseram- se a duas de suas principais regras, quais sejam, a contribuição de inativos e a fixação de um teto único para todos os poderes.

Houve tamanha intensidade de críticas com relação ao subteto único que o governo acabou por alterar a redação da PEC n. 40/2003. Porém nova pressão surgiu por parte dos atores da arena política que apoiaram desde o início a reforma, pois ela provocaria uma redução dos ganhos fiscais obtidos com a sua aprovação.

O relator da Comissão, seguindo as orientações de atender aos dois lados de pressão, e almejando a preservação de parte da estrutura da PEC n. 40/2003, apresentou, por fim, a Emenda Saneadora n. 2, definindo três subtetos para o Estado. Para os servidores do Poder Executivo, seria mantido como limite remuneratório o subsídio recebido pelo governador, no Legislativo, o subsídio do deputado estadual e, no Judiciário, o subsídio do desembargador, o qual, no entanto, ficaria limitado a 75% do subsídio do ministro do Supremo Tribunal Federal. Além disso, dispunha que os servidores do Ministério Público estadual ficariam sujeitos ao teto do Poder Judiciário.

Necessário consignar que o governo não abriu mão do outro alvo de críticas da proposta: a contribuição dos inativos.

Em 11 de junho, foi criada uma Comissão Especial para análise da PEC n. 40/2003, tendo como relator o deputado José Pimentel, que possuía como maior enfoque a controvérsia referente ao valor do subteto, especificamente para o Poder Judiciário, a contribuição dos inativos e o fim da paridade e da aposentadoria integral para os servidores que já haviam ingressado no serviço público.

O deputado José Pimentel apresentou seu relatório no dia 17 de julho de 2003, quando apontou as principais modificações a serem feitas: a) extensão do subteto do Poder Judiciário à Defensoria Pública que, no entanto, permaneceu limitado a 75% do subsídio do ministro do Supremo Tribunal Federal; b) alteração da forma de cálculo da pensão, que passaria a corresponder à integralidade dos proventos do servidor falecido, até R$ 1.058,00 (valor de referencia daépoca), acrescido de até 70% do valor que superasse esse limite; c) manutenção da aposentadoria integral e da paridade para os servidores já ingressos na

Administração pública, desde que cumpridos cumulativamente sessenta anos de idade e trinta e cinco anos de contribuição para homens e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta anos de contribuição para mulheres, além de vinte anos de efetivo exercício no serviço público e dez anos no cargo em que se desse a aposentadoria.

Nessas condições, em 23 de julho, o parecer do referido deputado foi aprovado, passando para discussão em primeiro turno no plenário da Câmara dos Deputados.

Verificando-se a dificuldade de ser aprovada, foi apresentada uma emenda substituindo o Relatório Pimentel, que ganhou a denominação de Emenda Aglutinativa Substitutiva Global de Plenário n. 4, com o seguinte teor: a) elevação do subteto do Poder Judiciário estadual de 75% para 85,5% do subsídio do ministro do Supremo Tribunal Federal; b) alteração da formula de cálculo da pensão, que passaria a ser de 100%, até o valor do teto do regime geral da previdência social, acrescido de 50% da parcela que excedesse esse limite; c) definição do regime de previdência complementar dos servidores como de natureza pública e com plano de benefícios exclusivamente na modalidade de contribuição definida e; d) elevação do limite de isenção para taxação de inativos, que passaria de R$ 1.058,00 para R$ 1.200,00 (valores da época).

Mesmo diante de tais mudanças, o governo continuava enfrentando dificuldades para aprovação da proposta em primeiro turno na Câmara do Deputados. Para superar o problema, o governo fez novas concessões: a) elevação do subteto do Poder Judiciário estadual para 90,25% do subsídio do ministro do Supremo Tribunal Federal e a inclusão dos procuradores estaduais nesse subteto; b) alteração da regra de transição; c) alteração da formula de cálculo da pensão, que passaria a ser de 100%, até o valor do teto do regime geral da previdência social, acrescido de 70% da parcela que excedesse esse limite; c) elevação do limite de isenção para taxação de inativos da União, que passaria de R$ 1.200,00 para R$ 1.440,00 (valores de referência da época), sendo que, para os aposentados dos Estados e Municípios, permaneceram em R$ 1.200,00 (valor de referência da época); d) modificação parcial dos critérios para a aposentadoria dos servidores já ingressos no serviço público e que desejassem se aposentar com valor integral.

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Em 5 de agosto de 2003, foi aprovada a PEC n. 40/2003, em primeiro turno, na Câmara dos Deputados.

Apesar de todos os embates ocorridos na discussão em segundo turno, em 27 de agosto, finalmente, foi aprovada, sem novas modificações, a proposta de reforma da previdência e, posteriormente, foi encaminhada para a avaliação do Senado.

No Senado, a proposta recebeu nova numeração – PEC n. 67/2003, e teve como relator Tião Viana. No dia 17 de setembro, o relator apresentou seu parecer, que foi aprovado na Comissão, em 24 de setembro.

Mesmo com a aprovação, alguns senadores da oposição e da base de apoio do governo começaram a se posicionar de forma contrária, e restou evidenciado que, se não houvesse alterações, ela seria aprovada, fato esse que justificou a apresentação de nova proposta de emenda constitucional (PEC n. 77/2003), denominada de PEC Paralela.

A apresentação dessa nova proposta de emenda constitucional, apesar de ter despertado a desconfiança de alguns parlamentares sobre se de fato o governo apoiaria sua tramitação ou se seria apenas uma forma para que o Senado aprovasse a proposta anterior, acabou gerando os resultados esperados.

Assim sendo, em 27 de novembro, a proposta de reforma foi aprovada em primeiro turno e, em 11 de dezembro, foi aprovada em segundo turno. Em 19 de dezembro de 2003, a PEC n. 670/2003 foi aprovada e convertida na Emenda Constitucional n. 41/2003.

5.4 As mudanças trazidas pela Emenda Constitucional n. 41/2003 ao sistema