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Transcrição e categorização de alguns elementos cinésicos

Capítulo II: Metodologia

2. Acção

2.2. Propostas práticas

2.2.2. Transcrição e categorização de alguns elementos cinésicos

Nos fragmentos a seguir apresentados, fizemos uma análise das contribuições dadas pelos elementos não-verbais nas aulas de língua estrangeira, neste caso na aula de Francês do 7º ano sobre os “espaces scolaires”.

Figura 5-Transcrição das notas relativas à figura 6,7,8,9 e 10.

Figura 6

Os elementos não-verbais representados pelos gestos aparecem desde o início da aula, a professora vai associando a sua fala a gestos que complementam ou enfatizam o seu discurso. Na primeira imagem a professora usou o dedo indicador para apontar para o quadro, ao

mesmo tempo que pronunciava oralmente a palavra escrita no quadro que o aluno não conseguia perceber. Desta forma, permitiu ao aluno que visualizasse a palavra e a associasse ao som. Trata-se de um gesto díctico de acordo com a tipologia de McNeill (1992) de que demos conta no primeiro capítulo, uma vez que a professora procurava indicar algo no quadro fazendo-o através do seu dedo indicador.

Figura 7

Na imagem 7, a professora tentava que os alunos identificassem o espaço em que se encontravam e dissessem a palavra oralmente. Para tal, posicionou as suas mãos voltadas para o chão, indicando o espaço em que se encontravam. Com sucesso, os alunos chegaram ao termo salle de classe. Desta forma, acentuou e ilustrou o que estava a ser dito verbalmente. Consideraremos este gesto também de díctico segundo a tipologia de MacNeill já que este também indica um espaço.

Figura 8

Outro momento gestual (figura 8) aparece, ainda, quando a professora, mais uma vez procurando associar o oral ao gestual, indagando o significado da palavra dehors, com a sua mão esquerda aponta para a porta de forma a auxiliar os alunos na compreensão do termo.Este gesto também se pode considerar um gesto díctico uma vez que a professora faz uso do

msemo para indicar o espaço “fora da sala de aula”, havendo uma corelação entre o verbal e o não-verbal.

Figura 9

Já na imagem 9, podemos verificar que aqui a professora fez uso da proxémica e ao mesmo tempo da cinésica (expressão facial). Enquanto uma aluna procurava participar na aula, a professora aproximou-se dela para lhe mostrar que estava atenta e interessada no que ela estava a dizer. Através da sua expressão facial, um sorriso e um ligeiro erguer das sobrancelhas, a professora, mais uma vez, deixava claro o seu interesse e incentivava a participação da aluna.

Figura 10

Noutro fragmento da aula, que podemos ver na imagem 10, a professora aponta com a sua mão para o aluno ao mesmo tempo vai dizendo “oui”, a fim de que de ele perceba que sua resposta se aproxima da correcta. Essa gesticulação tem como objectivo incentivar a participação dos alunos, procurando minimizar o receio de errar.

Figura 11

Neste fragmento da filmagem, a professora faz um gesto icónico, segundo McNeill (1992). Para que os alunos inferissem sobre o significado de: “C’est un grand espace!”, a

professora procurou auxiliar os alunos com este gesto que consistiu na abertura total dos

braços mantendo, também, as mãos abertas.

Figura 12

Nesse fragmento é possível ver que a professora mantém uma distância muito próxima da aluna, sem que esta sinta qualquer desconforto, ao mesmo tempo que dava algumas instruções à aluna sobre o exercício. A professora, à medida que dava a instrução, ia apontando com o dedo indicador na fotocópia para o que pretendia realçar para facilitar a compreensão por parte da aluna.

Figura 13

Nesta imagem podemos ver que a professora se desloca pela sala de aula e se aproxima dos alunos para lhes fornecer algumas indicações sobre o trabalho de grupo a levar a cabo, ao mesmo tempo que lhes fornece algum feedback.

Figura 14

Neste fragmento a professora levanta o seu braço esquerdo e ergue o seu dedo indicador para relembrar aos alunos que têm de “lever le doigt”, antes de falar num momento em que todos queriam participar ao mesmo tempo. O gesto serviu neste caso para dar ênfase à instrução, simbolizando a forma como se deve fazer algo. Este é considerado um gesto icónico uma vez que ilustra o que é dito oralmente.

Descrição das aulas de Inglês

2.2.3. Análise da aula do 4º ano obre o tema “The Life cycle of the butterfly” (recurso à CNV)

Esta aula está inserida na unidade temática “The lyfe cycle of the butterfly” (ver anexo

6), sendo esta a aula nr. 2. Os alunos haviam sido introduzidos a esta temática na aula anterior

e durante esta aula eles debruçaram-se sobre a história “The very hungry caterpillar” de Clark E. De referir que no 1º ciclo recorre-se com frequência ao “story telling”. Sendo esta uma história que desenvolve não só o vocabulário relacionado com o ciclo de vida da borboleta mas também o vocabulário da comida, dos números, e dos dias da semana, revelou-se a história ideal para utilizar em sala de aula de forma a rever conteúdos ensinados e introduzir novos conteúdos. Em primeiro lugar, a professora teria que contar a história, revelando-se necessário que a professora fizesse uso da cinésica recorrentemente para que os alunos pudessem compreender todo o conteúdo da história. Foi notória a forma como os alunos foram seguindo a narração da história, sempre na língua alvo, e apesar de às vezes não compreenderem alguns termos à primeira, com o auxílio de alguns gestos, facilmente, assimilavam o seu significado. Foi curioso observar que mais tarde quando lhes foi solicitado que dramatizassem a história recorrendo a fantoches, os próprios alunos faziam uso de alguns gestos que eles tinham associado a determinados termos.

Ao contrário da aula anterior, nesta aula foi visível o interesse e a motivação demonstrados por estes alunos ao longo de toda a aula. Sempre que o tom e a intensidade de voz da professora sofriam alterações próprias de um discurso narrativo, os alunos centravam ainda mais a sua atenção na professora. Alguns inclinavam-se mais para a frente, outros dilatavam mais os olhos, outros olhavam fixamente para a professora. Sempre que foi necessário recorrer a um gesto, para que eles compreendessem o que se pretendia dizer, eles ficavam algo excitados para ver quem conseguia perceber a palavra em primeiro lugar. É óbvio que se deve referir que não conseguiram sempre captar o significado da palavra. Isto explica-se pelo facto de os gestos da professora não terem sido os mais adequados uma vez que geraram alguma confusão e os alunos associavam-nos a outros conceitos.

Durante toda a aula, os alunos foram receptivos às diferentes aproximações feitas pela professora e mesmo ao contacto que a professora foi tendo necessidade de estabelecer com alguns deles, à medida que ia narrando a história. Sempre que o contacto ocular foi estabelecido, até por necessidade de enfatizar algumas passagens da história, a atenção dos alunos aumentava preponderantemente. Ao contrário da aula que se segiuu, esta decorreu sem distracções e reclamações, à excepção de dois alunos que sem excepção costumam ter um comportamento irrequito e problemático. Ainda assim, até estes alunos revelaram um pequeno aumento de motivação. O mais notório foi o facto do aluno com NEE se ter sentido de tal forma motivado o que lhe deu um elevado nível de confiança, a ponto de se ter envolvido na dramatização.

2.2.4. Transcrição e categorização de alguns elementos cinésicos durante a aula sobre o tema: “The Habitats”- (aula com recurso à CNV)

Esta foi uma aula em que se pretendeu introduzir os Habitats e as suas características (ver anexo 7). Durante esta aula a professora recorreu uma vez mais, e sempre que se revelou necessário, à linguagem gestual. Pretendia-se que os alunos compreendessem e assimilassem algum vocabulário e conceitos novos. De salientar que a aula foi toda dada na língua estrangeira só havendo recurso à língua materna quando se revelou inevitável. Foi a primeira vez que esta matéria foi leccionada aos alunos. Havia sido solicitado à professora generalista que só abordasse esta temática após ela ter sido introduzida na aula de Inglês e ela gentilmente acedeu.

Esta aula foi um grande êxito uma vez que os alunos, não só conseguiram compreender o novo vocabulário como, em seguida, o aplicaram nos exercícios e o usaram ao construirem os seus próprios habitats, recorrendo a caixas de sapatos e material autêntico.

Figura 15

Neste segmento a professora utiliza um gesto icónico que consistiu em levantar a mão e erguer o dedo indicador para ilustrar a instrução: “You can only chose one”. Esta instrução foi utilizada para explicar aos aprendentes que apenas poderiam assinalar uma das respostas na ficha.

Figura 16

Neste momento da aula, a professora procurava ilustrar a expressão “It’s raining”. Para tal ergueu o braço e, fazendo uso da mão no sentido descendente, procurou fazer a representação do movimento da chuva a cair.

Figura 17

Neste segmento vemos a professora a afastar as duas mãos do corpo para ambos os lados de forma a sugerir o tamanho da baleia. Com este gesto icónico a professora procurou ilustrar a frase: “The whale is very big!”

Figura 18

Neste momento da aula vemos, novamente, a professora, a fazer uso deste gesto para auxiliar a compreensão dos alunos. Neste segmento a professora encolhe-se e cruza os braços ao mesmo tempo que usa as mãos para os friccionar, simulando que tinha frio. Este gesto serviu para completar a frase: “It’s very cold in the Arctic.”

Figura 19

Esta figura mostra um momento da aula em que a professora fez uso da proxémica circulando pela aula, prestando esclarecimentos e auxiliando os alunos nas suas tarefas. De

salientar que a maioria deste alunos se sente mais confiante perante a dispobilibildade e o interesse demonstrado pela professora.

Figura 20

A figura 20 mostra-nos a professora que faz uso do objecto e aponta para ele ao mesmo tempo que diz aos alunos. “This is a box.” Neste momento da aula a professora procurava explicar aos alunos de que forma eles iriam construir os seus próprios Habitats e quais os materiais que iriam usar.

Figura 21

Neste segmento a professora ilustra o verbo Eat fazendo um gesto em que recorre às duas mãos, aproximando-as e afastando-as da boca e simulando com a boca o gesto de comer.

Segundo ciclo de investigação

2.3. Análise da aula do 4º ano (sem recurso à CNV)

Esta aula inseriu-se na mesma unidade da aula anterior sobre a temática do ciclo de vida da borboleta “The life cycle of the butterfly” (ver anexo 6). Esta foi a aula nr. 3, a última aula desta unidade. Durante esta aula, seria apresentada aos alunos, em primeiro lugar, uma canção que vinha na sequência da história introduzida na aula anterior “The very hungry

caterpillar”. Esta canção apresentava vocabulário relacionado com o ciclo de vida da borboleta e ainda o vocabulário relacionado com a alimentação, os números e os dias da semana. Inicialmente os alunos teriam que cantar a canção e usar gestos durante a música. A professora deveria proporcionar o modelo. No entanto, desta vez, esta não saiu da sua zona próxima da sua secretária e não acompanhou a canção, fazendo uso da mímica. Em seguida, os alunos teriam que resolver alguns exercícios que envolviam matemática e a interpretação de um gráfico. Durante a resolução destes, a professora não fez uso da proxémica ou da cinésica, permanecendo imóvel, sentada na sua secretária, não demonstrando qualquer disponibilidade para auxiliar os alunos e dando as instruções e as explicações de forma automática e num tom monocórdico. Ao longo da aula, estes alunos, tendo em conta a idade que têm, foram demonstrando o seu desagrado, expressando-o verbalmente e tendo-se aproximado da secretária da professora, por mais que uma vez. Há ainda que referir que o aluno que mais demonstrou sentir o desconforto que o comportamento da professora lhe estava a causar foi um aluno de NEE, uma vez que sente mais dificuldades e necessita constantemente de se sentir motivado, estimulado e envolvida na aula. No final da aula, houve alunos que questionaram a professora sobre se estaria “zangada” ou “aborrecida” com eles e se de alguma forma os estaria a punir.

A filmagem realizada desta aula corrobora todas estas contastações. Ao visionarmos as filmagens, por exemplo, no momento em que a canção está a ser ouvida e os alunos teriam que levar a cabo alguns exercícios gestuais, por ausência do modelo da professora uma vez que esta se encontra sentada e imóvel, os alunos revelam uma clara dispersão, não sabendo de que forma proceder. Ainda assim, é curioso verificar que os que se encontram próximos da professora ainda procuram cantar e fazer a mímica; já alguns dos alunos que se encontravam na parte de trás da sala, entretiveram-se a distrair os outros e até mesmo a fazer troça da música. É visível a desconcentração dos alunos e a apatia da professora. De referir que agir desta forma revelou-se algo bastante penoso para a professora, uma vez que a sua habitual naturalidade para a expressividade e para o uso de todas as envolventes da comunicação não- verbal, transformaram esta tarefa em algo deveras difícil de levar a cabo. O facto de serem apenas 45 minutos de aula, facilitou um pouco a tarefa.

Durante a resolução das fichas de trabalho, mantendo-se a postura da professora como havia sido até aí, alunos houve que, constantemente, procuravam chamar a atenção da professora, solicitando-lhe que se deslocasse até eles, procurando a sua aprovação para o que estavam a fazer. Outros alunos levantaram-se dos seus lugares e aproximaram-se da professora para que esta visse o que eles estavam a fazer e de lhes dizer se estava correcto.

Houve duas alunas que interrogaram a professora sobre se estaria triste ou “chateada” com eles uma vez que não sorria. Dois alunos dos mais irrequietos expressaram mesmo o seu desagrado perante a aula, deixando escapar e cito: “Que seca! Preferia estar lá fora!”.

De facto quando a campainha tocou e a aula terminou foi claro o alívio para a maioria daqueles alunos para quem a aula havia sido uma experiência penosa. Ainda assim, há que referir que algumas alunas que são excepcionalmente brilhantes e habitualmente muito motivadas fizeram tudo o que lhes foi solicitado ao longo da aula. No entanto, deixaram escapar que preferiam quando a professora tinha aquilo que elas denominaram de “outro tipo de comportamento”. O que mais me impressionou foi estes alunos pensarem que de alguma forma teriam feito algo de tão errado que estariam a ser punidos.

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