O estado de transe é esse grau de sono magnético que permite ao corpo fluídico exteriorizarse, desprenderse do corpo carnal, e à alma tornar a viver por um instante sua vida livre e independente. A separação, todavia, nunca é completa; a separação absoluta seria a morte. Um laço invisível continua a prender a alma ao seu invólucro terrestre. Semelhante ao fio telefônico que assegura a transmissão entre dois pontos, esse laço fluídico permite à alma desprendida transmitir suas impressões pelos órgãos do corpo adormecido. No transe, o médium fala, movese, escreve automaticamente; desses atos, porém, nenhuma lembrança conserva ao despertar.
O estado de transe pode ser provocado, quer pela ação de um magnetizador, quer pela de um Espírito. Sob o influxo magnético, os laços que unem os dois corpos se afrouxam. A alma, com seu corpo sutil, vaise emancipando pouco a pouco; recobra o uso de seus poderes ocultos, comprimidos pela matéria. Quanto mais profundo é o sono, mais completo vem a ser o desprendimento. As radiações da psique aumentam e se dilatam; um estado diferente de consciência, faculdades novas se revelam. Um mundo de recordações e conhecimentos, sepultados nas profundezas do “eu”, se patenteia. O médium pode, sob o império de uma vontade superior, reconstituirse numa de suas passadas existências, revivêla em todas as suas particularidades, com as atitudes, a linguagem, os atributos, que caracterizam essa existência. Entram ao mesmo tempo em ação os sentidos psíquicos. A visão e audição, a distância, se produzem tanto mais claras e fiéis quanto mais completa é a exteriorização da alma.
No corpo do médium, momentaneamente abandonado, pode darse uma substituição de Espírito. É o fenômeno das incorporações. A alma de um desencarnado, mesmo a alma de um vivo adormecido, pode tomar o lugar do médium e servirse de seu organismo material, para se comunicar pela palavra e pelo gesto com as pessoas presentes.
Sábios eminentes dão testemunho da realidade desses fatos. O Dr. Oliver Lodge, em seu discurso na Royal Society, de Londres, em 31 de janeiro de 1902 167 , assim se exprime:
167
“Uma máquina, elaborada como o são os nossos corpos, pode ser empregada, no caso de transe, não só pela Inteligência que, por assim dizer, a fabricou, mas também por outras Inteligências a que dela se permite fazer uso. Isso naturalmente não se realizaria senão por um certo tempo e com bastante dificuldade. Em sua comunicação transmitida ao Congresso Oficial de Psicologia, de Paris, em 1900 168 , o professor Myers, de Cambridge, era ainda mais afirmativo. Depois de haver enumerado os fenômenos obtidos no estado de transe pelas Sras. Piper e Thompson, fenômenos que ele estuda há 25 anos, assim concluía o professor:
“Em sua maioria, os fatos enunciados lembram o caráter e a memória de certas pessoas mortas... Estou convencido de que essa substituição de personalidade, ou mudança de Espírito, ou possessão, é um sensível progresso na evolução da nossa raça”.
Durante o transe, o Espírito do médium pouco se afasta; permanece quase sempre confundido no grupo espiritual que cerca o seu invólucro terrestre. Sua influência às vezes se faz ainda sentir sobre o corpo, a que seus próprios hábitos o atraem. Sua ação se torna em tal caso um incômodo, um estorvo para os Espíritos que se comunicam.
Quando a força oculta é insuficiente e o transe pouco profundo, o desprendimento é incompleto; as personalidades se confundem. O médium resiste à ação exterior do Espírito, que se esforça por tomar posse de seus órgãos.
Suas radiações psíquicas se mesclam às do manifestante. Daí, em variadas proporções, conforme os casos, duas partes a distinguir na manifestação: a do médium e a do Espírito, operação delicada, que exige profundo conhecimento das personalidades que se apresentam e das condições do fenômeno.
O estado de transe facilita a sugestão. Nos fenômenos de escrita e da mesa, o médium se conserva na plena posse do seu “eu”, de sua vontade, e poderia repelir as inspirações que recebe. No desprendimento já se não dá o mesmo. A alma se tem retirado, e o cérebro material fica exposto a todas as influências. Quando está suficientemente protegido, o médium tornase receptivo, tanto às sugestões de um magnetizador como às dos assistentes, ou às de um Espírito. É o que muitas vezes lança uma certa confusão na interpretação dos fatos e exige, da parte dos experimentadores, extrema prudência. Em tal caso é difícil distinguir a natureza real das influências atuantes. Hudson Tuttle, médium ele próprio, o faz notar em seu livro ARCANA OF SPIRITUALISM:
“Os grupos espíritas são frequentemente joguete de uma ilusão, enganados por suas próprias forças positivas. Afastam os ditados espíritas, substituindoos pelo reflexo de seus próprios pensamentos; e então observam contradições e confusões que ingenuamente atribuem à intervenção de Espíritos malévolos”.
168 REVUE SCIENTIFIQUE ET MORALE DU SPIRITISME, outubro de 1900, pág. 213. Ver também o
É preferível, por isso, deixar agirem sozinhos os Espíritos sobre o médium, abstendose de toda intervenção magnética humana. Foi sempre o que fizemos, no curso de nossos estudos experimentais. Em raras circunstancia, quando, faltando lhes de repente a força psíquica, as Inteligências nos pediam que atuássemos sobre o médium por meio de passes, bastava essa passageira intervenção para fazer crer aos assistentes numa ação sugestiva de nossa parte.
Na maioria das vezes, os fluídos de um magnetizador, por seu estado vibratório particular, contrariam os dos Espíritos, em lugar de auxiliálos. Têm estes que se entregarem a um trabalho de adaptação, ou purificação, que esgota as forças indispensáveis à manutenção. Um magnetizador, cujos fluidos não sejam puros, que não possua um caráter reto, nem irrepreensível moralidade, pode, mesmo sem o querer, influenciar o sensitivo num sentido muito desfavorável.
Mesmo quando a ação oculta é poderosa e bem determinada, é preciso ter ainda em conta o embaraço do Espírito que se deve comunicar com o auxílio de um organismo estranho, mediante recursos muitas vezes restritos. O estado de harmonia entre as faculdades do Espírito e as do médium raramente existe; o desenvolvimento dos cérebros não é idêntico, e as manifestações são por isso contrariadas.. É o que nos diziam certos Espíritos, no curso de nossas experiências de incorporação: “Estamos acanhadamente encerrados; faltamnos meios suficientes para exprimir os nossos pensamentos. As partículas físicas deste cérebro são muito grosseiras, para poderem vibrar sob nossa ação, e as nossas comunicações se tornam por isso consideravelmente enfraquecidas”.
O Espírito Robert Hyslop o repete a seu filho, o professor Hyslop. Quando penetra na atmosfera terrestre e no organismo do médium, as coisas, diz ele, se lhe amesquinham: “Todas as coisas se me apresentam tão nitidamente, e quando aqui venho para exprimilas, James, não o posso”. 169
Entretanto, quando se pode dispor de um médium de real valor, quando a possessão é completa e a força suficiente para afastar as influências contrárias, deparamse fenômenos Imponentes. O Espírito se manifesta na plenitude do seu “eu”, em toda a sua originalidade. O fenômeno das incorporações se mostra então superior a todos os outros.
Indagam certos experimentadores: o Espírito do manifestante se incorpora efetivamente no organismo do médium? Ou opera ele antes, à distância, pela sugestão mental e pela transmissão de pensamento, como o pode fazer um espírito exteriorizado do sensitivo.
Um exame atento dos fatos nos leva a crer que essas duas explicações são igualmente admissíveis, conforme os casos. As citações que acabamos de fazer provam que a incorporação pode ser real e completa. É mesmo algumas vezes
169 M. Sage, MADAME PIPER ET IA SOCLÉTÉ DEZ RECHERCHES PSYCHIQUES, pág. 244. mental e pela
inconsciente, quando, por exemplo, certos Espíritos pouco adiantados são conduzidos por uma vontade superior ao corpo de um médium e postos em comunicação conosco, a fim de serem esclarecidos sobre sua verdadeira situação. Esses Espíritos, perturbados pela morte, acreditam ainda, muito tempo depois, pertencerem à vida terrestre. Não lhes permitindo seus fluidos grosseiros o entrarem em relação com Espíritos mais adiantados, são levados aos grupos de estudo, para serem instruídos acerca de sua nova condição. É difícil às vezes fazerlhes compreender que abandonaram a vida carnal, e sua estupefação atinge o cômico, quando, convidados a comparar o organismo que momentaneamente animam com o que possuíam na Terra, são obrigados a reconhecer o seu engano. Não se poderia duvidar, em tal caso, na incorporação completa do Espírito.
Noutras circunstâncias, a teoria da transmissão, a distância, parece melhor explicar os fatos. As impressões oriundas de fora são mais ou menos fielmente percebidas e transmitidas pelos órgãos. Ao lado de provas de identidade, que nenhuma hesitação permitem sobre a autenticidade do fenômeno e intervenção dos Espíritos, verificamse, na linguagem do sensitivo em transe, expressões, construções de frases, um modo de pronunciar que lhe são habituais. O Espírito parece projetar o pensamento no cérebro do médium, onde adquire, de passagem, formas de linguagem familiares a este. A transmissão se efetua em tal caso no limite dos conhecimentos e aptidões do sensitivo, em termos vulgares ou escolhidos, conforme o seu grau de instrução. Daí também certas incoerências que se devem atribuir à imperfeição do instrumento.
Ao despertar, o Espírito do médium perde toda consciência das impressões recebidas no sentido de liberdade, do mesmo modo que não guardará o menor conhecimento do papel que seu corpo tenha desempenhado durante o transe. Os sentidos psíquicos, de que por um momento haviam readquirido a posse, se extinguem de novo; a matéria estende o seu manto; a noite se produz; toda recordação se desvanece. O médium desperta num estado de perturbação, que lentamente se dissipa.
Às vezes o regresso à carne origina cenas pungitivas, quando o médium, durante a exteriorização, tornou a ver, no Espaço, entes amados, e no instante que precede o despertar ainda conserva essa impressão. O contraste entre a vida livre e luminosa, que acaba de fruir, e o cárcere sombrio a que é obrigado novamente a descer, provoca cenas de lágrimas e lamentos, repugnâncias de reintegrarse na carne, que se traduzem por lamentos e comovedoras súplicas. Temos sido muitas vezes testemunhas de tais cenas.
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Não nos sendo possível examinar todos os fatos relacionados com o fenômeno do transe, limitarnosemos a citar os mais importantes, não só entre os
que têm sido verificados nestes últimos anos, por diversos homens de Ciência, como entre os que temos por nossa parte observado.
Figuram em primeiro plano as manifestações devidas à mediunidade da Sra. Piper. Essa senhora esteve muito tempo ligada por contrato à Sociedade de Investigações Psíquicas (S.P.RJ, de que já temos falado, e que possui uma seção em Londres e outra em Nova Iorque. A Sra. Piper foi o agente principal das experiências levadas a efeito nesses centros por sábios como os professores Lodge, Myers, Hodgson, W. James, Hyslop e outros, todos pertencentes a universidades inglesas ou americanas, e que são decerto os homens mais competentes que podem ser ainda citados em matéria de Psiquismo. O estudo de suas faculdades constituiu o objetivo de numerosas sessões, cujos resultados foram consignados nos
PROCEEDINGS, boletins da Sociedade supramencionada. Esses documentos formam um volume de 650 páginas, constituindo o tomo XVI dos PROCEEDINGS. Um resumo dele foi publicado em francês. 170
A Sra. Piper – os experimentadores o atestam – goza de excelente saúde. Não há em sua família nenhuma tara hereditária. Só duas vezes no curso das experiências, em 1893 e 1895, esteve enferma; em ambas, suas faculdades mediúnicas declinaram, e não foi possível obter boas comunicações.
A Sra. Piper foi objeto de constante e minuciosa vigilância. Policiais lhe acompanhavam os passos e observavamlhe os menores atos; tomaramse todas as providências para descobrir a fonte em que ela poderia colher informações. Durante sua permanência na Inglaterra, em casa dos professores Myers e Lodge, ela ficou insulada, privada de toda relação estranha; suas malas foram revistadas, suas cartas abertas a pedido seu. Nada se encontrou de suspeito. Ao contrário, quanto mais rigorosa era a vigilância, maior caráter de certeza revestiam as manifestações obtidas.
Durante o transe ela se conserva indiferente à dor, e os globos dos olhos se lhe reviram nas órbitas. Fala ou escreve, e a voz muda a cada Espírito. Todas as perguntas feitas são breves, e ela nunca sabe quem as formula, porque os visitantes são introduzidos durante o seu sono e uniformemente designados sob o nome de Sr. Smith. Alguns levam a precaução ao ponto de vir de carruagem, tendo o rosto coberto com uma máscara.
Um testemunho, primeiro que todos, nos deve prender a atenção. É o do Dr. Richard Hodgson, vicepresidente da S.P.R. na América, que abordou o estudo do fenômeno espírita como crítico severo e meticuloso. Foi ele quem estudou os fatos extraordinários atribuídos à Sra. Blavatsky, e concluiu pelo embuste. Pôs em evidência as fraudes inconscientes de Eusápia Paladino, e mostrouse, durante anos,
170 M. Sage, MADAME PIPER ET IA SOCÍÉTÉ ANGIOAMERICAINE DES RECHERCHES PSYCHÍQUES,
um implacável adversário da mediunidade. Aqui está o que ele declarou nos
PROCEEDINGS:
“Há doze anos que estudo a mediunidade da Sra. Piper. Ao começo, uma só coisa desejava: descobrir nela a fraude e o embuste. Entrei em sua casa profundamente materialista, com o fim de a desmascarar. Hoje, digo simplesmente: Creio!... A demonstração me foi feita por modo a tirarme até a possibilidade de uma dúvida”.
Para transformar a esse ponto a opinião de um homem tão prevenido como o Dr. Hodgson, foram precisos fatos bem eloqüentes. O mais significativo é a manifestação espontânea de seu amigo George Pellew (aliás, Pelham), homem de letras, falecido havia alguns meses, e que a médium não podia conhecer. A identidade do defunto foi estabelecida de modo muito positivo, no curso de numerosos diálogos.
O Dr. Hodgson trouxe à presença da médium adormecida todos os antigos amigos de G. Pelham que pôde encontrar – cerca de uns trinta. O Espírito os reconhecia a todos, logo à chegada, e os acolhia com ditos imprevistos. Não somente os chamava por seus nomes, como lhes falava no mesmo tom familiar, usando das expressões habituais de que se servia com cada um deles, segundo o grau de intimidade que os ligava na Terra, e isso sem a menor hesitação da parte da médium, antes com a máxima espontaneidade. A todos fornecia as mais minuciosas provas de identidade.
Um deles, o professor Newbold, propôs a Pelham uma tradução do grego, língua que ele conhecia, mas que a Sra. Piper ignorava absolutamente. O Espírito traduziu com exatidão, acompanhando o texto literal grego.
Durante a primeira fase das experiências, o médium é influenciado, dirigido, fiscalizado (segundo a expressão americana) por Espíritos pouco adiantados. Um certo Phinuit responde de modo incoerente às perguntas formuladas, e tornase necessária toda a paciência anglosaxônia para acompanhar o desenvolvimento do fenômeno durante anos, através do labirinto de suas divagações. É provável que investigadores franceses não tivessem tido essa perseverança e houvessem perdido todo o beneficio das concludentes manifestações que sucederam a esse período confuso.
Com G. Pelham as comunicações se tornam mais claras; mas, no correr do tempo, sentese a falta de direção competente. Phinuit e Pelham não são Espíritos que tenham bastante força nem aptidões para manterem o transe em grau profundo e impedirem a personalidade do sensitivo de imiscuirse algumas vezes nos fenômenos e os perturbar. Estimulada por influências contrárias, a médium se esgota rapidamente. A “máquina”, conforme a expressão dos guias, se deteriora. As manifestações se tornam de novo confusas.
Evocase o Espírito Stainton Moses, autor dos “Ensinos Espiritualistas”, há pouco restituído à vida do Espaço, e travase com ele controvérsia sobre um ponto de doutrina. O escritor inglês afirmava em seu livro que os Espíritos atrasados conservam no outro mundo suas paixões e apetites terrestres e ainda os procuram satisfazer. Essa teoria desagrada em extremo ao professor Newbold, que pede a Stainton Moses se retrate. Este acede imediatamente, e suas explicações são deploráveis. Certos escritores, comentando este fato, acreditaram dele poder tirar conclusões desfavoráveis à filosofia espírita. As condições em que Stainton Moses se pronunciou nos parecem suspeitas. A médium funcionava mal; o Espírito não pôde sobre ela firmar seu império, nem mesmo chegou a provar sua identidade. Talvez não houvesse afinidade suficiente entre seu organismo fluidico e o da Sra. Piper. É essa uma dificuldade que os críticos não tomam bastante em consideração. Por seu lado, o professor Newbold, com sua opinião muito arraigada, teria exercido ação sugestiva sobre o sensitivo. De resto, aí estão os fatos, aos milhares, para demonstrar a inanidade dessa teoria muito cômoda, dessa opinião de que a morte bastaria para nos desembaraçar de nossos vícios. O Espírito, na realidade, conservase o mesmo que se fez durante a vida terrestre. As necessidades procedem do corpo e com ele se extinguem. Os desejos e as paixões são do Espírito e o acompanham. Quase todos os fenômenos das casas malassombradas são produzidos por Espíritos atrasados que vêm satisfazer, postmortem, rancores nascidos aqui na Terra, de males ou de prejuízos causados por certas famílias, que assim se tornam presa de nefastas influências. O mesmo se dá em todos os fatos de obsessão e em certos casos de loucura. Todos os observadores de longa data o sabem. A sensualidade e a avareza subsistem nas almas inferiores. Os fenômenos produzidos por Espíritos “incubo” e “súcubos” não são imaginários e assentam em testemunhos formais. fácil negar; seria preferível observar e curar.
A manifestação efêmera de Stainton Moses e a discussão de seus ENSAIOS
sugeriram aos experimentadores a idéia de evocar os Espíritos que os haviam ditado, Espíritos superiores, designados nessa obra sob os nomes de Imperador, Reator, Doctor e Prudens. Estes acudiram ao chamado, e imediatamente o aspecto das sessões mudou. Sentiuse que ação nova e combinada se exercia sob a direção de alta Inteligência. Cessam as incoerências; as obscuridades, os erros se dissipam; as explicações se tornam claras, as provas abundantes; as últimas dúvidas dos experimentadores se desvanecem. O médium é objeto de cuidados fluídicos assíduos; a “máquina”, reparada, funciona daí em diante com precisão. Reator é especialmente preposto a sua guarda, e afasta os intrusos, os Espíritos levianos. Todas as manifestações têm que se submeter à sua fiscalização. h ele quem se encarregará de transmitir as comunicações úteis, as respostas às perguntas formuladas. Imperador começa sempre por uma prece. Quando fala pela boca da
Sra. Piper, sua voz é grave, imponente; impressiona e comove. Suas vibrações provocam o recolhimento, restabelecem a harmonia nos pensamentos dos consultantes.
Isso vem confirmar o que tantas vezes notamos em nosso longo tirocínio de experimentador. Quando se empreende o estudo dos fenômenos, como diletante, sem nenhum cuidado pelas condições psíquicas a preencher, raramente se obtêm resultados perfeitos e satisfatórios. Nas sessões que eu dirigia, de acordo com um método rigoroso, desde que a unidade e elevação dos pensamentos cessavam entre os assistentes, desde que o recolhimento era interrompido por conversas ou discussões inoportunas e surgiam divergências de opinião, logo as manifestações diminuíam de valor e intensidade. Espíritos inferiores se intrometiam, e, sob a sua influência, as faculdades dos médiuns se turbavam, não produzindo mais que imperfeitíssimos resultados. Era preciso um enérgico esforço de reação interior e obter a intervenção das potências invisíveis, para restabelecer o curso regular das manifestações.
Na experiência espírita – não o esqueçamos – os resultados dependem da proteção oculta que podemos obter e, sobretudo, da extensão e eficácia dessa proteção. Ora, esta só se pode exercer no limite em que a tornemos possível, colocandonos em estado moral e mental de harmonia que facilite a ação dos Espíritos adiantados. Sem afinidade de pensamento e de sentimento, sem comunhão