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CAPÍTULO 5 – AS RELAÇÕES DE FRONTEIRA ATRAVÉS DOS RELATOS ORAIS

5.5 Transformações da paisagem – e da sociedade – na fronteira

Co

riedades de antigas famílias da região, voltadas para a pecuária extensiva e/ou a monocultura de arroz, cedem lugar às grandes empresas multinacionais de fore

madeira ou de

Durante a pesquisa de campo chamou-me a atenção, já na primeira vez que adentrei a fronteira uruguaia, que ao longo da estrada, ao invés do vasto horizonte que caracteriza os campos pampeanos,

paisagem. Aos ndo da nova

realidade. Pedro Riera, diretor do Liceo Rural de Cerro Pelado foi quem melhor descreveu a situação pela qual passa a fronteira uruguaia:

Sí, sí, habían explotaciones agro-pastoriles, como eran las tradicionales. Pero lo que ocurrió? Una ley de forestación en el país, que ya hace más de 15 años. Que la forestación es una inversión a largo plazo, no se pagaban impuestos, inclusive había incentivos para poder preparar la tierra, para comprar los platines (?), plantarlos como debería, hacer el rareo de la madera, para evitar los nudos... Y lógico, eso lleva muchos años antes de que pueda ser rentable. Y eso fue subsidiado por el Estado, por esta ley. La ley fue creada en principio para que el propio uruguayo pudiera invertir, cosa que no pasó. Porque una hectárea que tenia un promedio de 300 dólares, pasó a revenda a 600, 800 y hasta 1000 dólares. Pero quien pagaba esto? No era nuestro invertidor, no eran orientales uruguayos, fueran firmas que vinieran de Canadá, que vinieran de Chile, sobretodo, y de otras partes del mundo, que compraban las tierras con sociedades anónimas. Pero esto no estaba permitido en Uruguay nuestro. Acá había que saber quien era el dueño de la tierra, porque sobre el dueño de la tierra pesa una hipoteca social muy grande, de que no sólo tiene que tenerla sino que tiene que producirla. Pero si viene el capital que no tiene nombre, viene a especular... [o comprador] no metía gado en la portera, no creaba nada. Y después no vivía en la tierra, no conocía la tierra. Y la relación hombre-

rmação da paisagem – e da sociedade – na fronteira

mo já foi introduzido no item anterior, a região da fronteira passa atualmente por um processo de transformação radical, que tem origem na alteração das formas de produção tradicionais: as estâncias, em geral prop

stación, plantadoras de árvores (pinus ou eucalipto) para manufatura de papel.

havia grandes matas artificiais, de uma só espécie, a modificar a poucos, em conversas com a população da região, fui me inteira

tierra, familia-tierra, es lo que construyó nuestra patria. Es el principio de nuestra historia, que no es muy antigua, tiene 200 años, pero hay toda una relación de intimidad en eso que es muy fuerte, que el extranjero compraba sin conocer.

Há, no entanto, quem enxergue aspectos positivos neste cultivo: ocorre um aumento da fauna selvagem local, que encontra lugar para se reproduzir, há aumento de empregos e melhoria nas condições de trabalho, etc. Já as críticas de boa parte da população fundamentam-se no aspecto transitório do cultivo, pois após dez ou quinze anos as árvores são cortada

142

lteração no sistema de produção acarr

vuelta, esa gente ya no está más ahí. Esos peones que trabajaban ahí, no sé donde están esa gente. Porque las estancias se compraran, se llevo todo, pero la gente que estaba ahí no se sabe, porque la forestadora compró y... eran casas antiguas... (Alejandro, 32 anos – Rivera/UY)

As narrativas da fronteira, que tem como inspiração e como um de seus principais cenários a vida no campo, no entanto, continuam sendo contadas, porém cada vez mais correspondem à memória desta forma de vida e não às práticas e experiências cotidianas. Há, no entanto, um número crescente de eventos realizados como intuito de relembrar e restaurar

s e tanto a fauna perde seu habitat quanto a população empregada deve procurar novos postos. Outro questão a ser considerada é que, após dois ou três cultivos, a terra perde todos os seus nutrientes e corre o risco de entrar em processo de desertificação. Finalmente, o principal argumento a favor da entrada destas empresas, de que estas implementariam melhorias nas estradas de ferro e incrementariam a indústria local – madeireira e de celulose – aproveitando a mão-de-obra ociosa, não corresponde, já que toda a produção, sem manufatura, é conduzida em caminhões diretamente para o porto de Montevidéu, de onde são transportadas para os seus respectivos países.

A venda das estâncias, a preços lucrativos, para empresas estrangeiras, tem sido alvo de polêmica, mas passou a ser uma prática, há mais de uma década, sobretudo nas fronteiras uruguaias e argentinas , por parte de herdeiros das propriedades, que muitas vezes encontram dificuldades em manter sua rentabilidade. A a

eta, por sua vez, mudanças nas relações de produção, nas relações sociais, e na própria relação com o meio ambiente, como aponta Pedro. Todas estas mudanças se refletem também na prática das narrativas orais, já que os próprios contadores, habitantes e empregados de estâncias, começam a perder esta condição:

Lástima que hoy en día, con el tema de la forestación en todas estancias acá a la

142 Segundo pude perceber, esta prática ainda não atingiu a fronteira brasileira. Muitas grandes estâncias realmente são vendidas, mas em geral para empresários brasileiros de outros estados e os modos de produção, ainda que modernizados, mantém-se relativos à criação extensiva de bovinos e ovinos e ao cultivo de arroz, não modificando as relações de produção.

estas práticas. Alguns são realizados por iniciativas pessoais, como as yerras, onde pequenos do gado, tanto o sentido das técnicas utilizadas (os animais são laçados e marcados no campo e não num rete143, os ferros são esquentados num fogo de chão e não num fogareiro, os testículos etirados dos touros são assados e saboreados instantaneamente, etc.) quanto no sentido do eve

alista Gaúcho) e prevêem competições, bailes, desfiles, que tem como obj

eu não tenha me detido especificamente sobre estes concursos, é interessante perceber que todos estes eventos, mais ou menos institucionalizados, de

modo de vida tradicional (fortemente ligado à ruralidade), funcionando como uma estratégia de recriação, freqüentemente já no meio urbano, das tradições e práticas do meio rural, entre elas, a ação de 144

proprietários rurais retomam o uso de práticas antigas na marcação e castração n

b r

nto promovido (ao invés de um trabalho “otimizado”, aqui os vizinhos são convidados para ajudar na atividade, o trabalho é executado em ritmo de competições espontâneas de laço e gineteada e no final todos confraternizam num churrasco oferecido pelo proprietário da estância).

Já outros eventos são organizados por associações comunitárias ou pelo MTG (Movimento Tradicion

etivo a retomada ou a representação das tradições, práticas e experiências da vida rural. Enquanto nos eventos privados a narração de histórias consta “naturalmente” do encontro, tendo especial lugar no final do dia – tanto durante o churrasco quanto nas mesas de truco e rodas de causo à volta do fogo que ocorrem depois – nos eventos mais “institucionalizados”, ainda que as narrativas circulem espontaneamente, é comum que haja também, dentro da programação, concursos de causos. Ainda que

notam uma reação da população local ao processo de transformação do

contar causos e cuentos .

orredor que comunica com a mangueira ou curral, dentro do qual o animal fica com seus idos, podendo ser marcado, assinalado, vacinado, castrado, tosado, etc., sem ser derrubado.”

XIX surge o Partenon Literário, onde a exaltação da temática gaúcha é feita por intelectuais e tavam juntar os modelos culturais europeus com a visão positivista da oligarquia rio-grandense. xima do modelo que continua vigente na atualidade, que retoma as tradições através de festas, rianos, etc. (Oliven, 1992: 70, 71) Em ambas, segundo Oliven (op. cit.: 73) o pano de fundo é o ssado e o presente que começa a se fazer sentir. A essas associações seguem-se várias outras, em poucos anos, mas é somente em 1948 que será fundado o primeiro Centro de Tradições vimento Tradicionalista Gaúcho. As especificidades do MTG e sua importância para o contexto

alidade serão abordadas no capítulo 9, onde faço 143 “Espécie de c

movimentos tolh

(Nunes & Nunes, 2000: 74)

144 As associações voltadas ao culto das tradições de forma alguma são novidade no Rio Grande do Sul. Já em meados do século

escritores que ten

No final do mesmo século surge a primeira agremiação tradicionalista, chamada Grêmio Gaúcho de Porto Alegre, mais pró

desfiles de cavala

mesmo: a transformação do Estado (e da economia, que atinge diretamente os meios de produção no campo) e a tensão entre o pa

que extinguem-se

Gaúchas, que dará origem, nas palavras de Oliven (1990), ao “maior movimento de cultura ocidental do mundo

ocidental”, o Mo

fronteiriço na atu uma etnografia de um dos principais eventos promovidos pelos tradicionalistas, o Desfile do Dia do Gaúcho.

Este processo de transformação por vezes assume um feição cruel, que beira o absurdo, como

dele em Rivera. Mas assim, a história é essa: que ele comprou a estância com o peão incluído. E depois quando ele vendeu não quiseram ficar com o peão.

ara as forestadoras, estas não tem mais espaço para

ade vai ser utilizada como método de abordagem em diversas pesquisas antropológicas. No nosso caso veremos que, ao invés de uma distinção ou ruptura, há uma lin

campo e a cidade, ainda que preservadas pequenas peculiaridades de cada contexto. Rowe

(1991), serve-s nte

manifesto no meio rural mas que, como ele exemplifica através do cordel nordestino, demon

suas imensas propriedades de terra, muitas ainda oriundas das sesmarias distribuídas no tempo no caso citado por Felipe, 40 anos – Rivera/UY:

O Jorge Acuña, mucho rico, comprou una estância con el negro incluído, con el negro que cebaba el mate incluído. Un peão negro aí e ele comprou com o peão incluído e ele teve muito tempo com ele lá, depois, quando ele vendeu a estância, ele trouxe o velho aqui prá casa

Ainda que vender ou comprar uma estância com alguns peões incluídos reflita uma prática antiga, esta obedecia a uma dinâmica local, na qual estes homens idosos, sem família e sem moradia própria, podiam permanecer na estância do novo proprietário, executando pequenos trabalhos e mantendo o cotidiano que se habituaram a ter. A dramaticidade da situação atual é que, com a venda das terras p

os antigos peões, que acabam sendo levados para asilos ou hogares de ancianos.

Todas estas transformações também exercem uma influência direta na forma como se desenvolve a relação cidade X campo, em muitos casos aproximando o convívio social entre as duas esferas. Partindo da tese de Carvalho da Rocha (1994), pode-se inferir que muitas cidades gaúchas, com seu surgimento ligado à atividade dos tropeiros, carreteiros e viajantes em geral, criadas, assim, com o aspecto de “cidades corredores”, sempre mantiveram, através dessa população flutuante, um contato intenso com o campo.

A distinção cultural entre campo e cid

ha contínua, freqüentemente reforçada, na narração de histórias entre o

e desta distinção, apontando a literatura oral como um fenômeno especialme

stra, com seu contínuo vigor, uma capacidade de servir-se não apenas da experiência rural, mas também da experiência ligada ao moderno contexto urbano.

Abaixo procuro fazer uma síntese desse processo de transformação na fronteira: - Há uma diminuição na extensão das propriedades rurais da região, caracterizada por

do Império. Esta diminuição é resultante das partilhas das terras em heranças, como aponta Seu Neto Ilha, de 83 anos – Caçapava do Sul/BR:

Ele tinha quinhentas quadras de campo! Só lá onde eu fui ele tinha noventa quadras... tocou quinze prá cada herdeiro...(...) tinha tudo, né. Noventa... quinhentas quadras de campo!

região já há algum tempo:

ou ainda oriunda das dificuldades econômicas enfrentadas por agricultores e pecuaristas da

O Décio Paiva também, ali naquela estância que tu passou, não era o homem mais rico de Livramento? O Décio Paiva tinha granja, tinha a Santa Rufina, tinha tambo, tinha o Artigas, tinha campo em Rivera ainda. Ficou pobre, pobre, pobre que não tem o que comerem!

nada, ficaram pobre pobre.” (Dona Eládia, de 52 anos – Quaraí/BR)

peões e, às vezes, uma cozinheira, apesar dos galpões continuarem existindo, é comum que o espaço de reunião para o mate do final da manhã e do final da tarde seja transferido para a

geral fazem visitas semanais aos seus estabelecimentos. As idas e vindas entre campo e cidade

itos trechos das áreas rurais. Em algumas estâncias, no entanto, a chegada e a saída ainda são bastante complicadas. Numa estância onde estive, em ramento, a estrada mais próxima, com acesso a ônibus, ficava a 30 quilômetros. A outra Venderam casa, o banco agarrou casa, agarrou tudo! O banco agarrou tudo! Eles tão morando em Campo Fino, não sei de quem é, decerto deixaram ele... Ele não fala nem nada... um filho quis dar um tiro nele, ele ficou meio fraco... não sei o que é que fizeram... não tem nada nada

- Com a diminuição no tamanho das propriedades ocorre também a redução do número de empregados. Devido a isso, em estâncias menores, que tem apenas um ou dois

própria sala da “casa grande”, em frente à lareira145.

- Atualmente, a maioria dos proprietários de estâncias residem na cidade, mas em

também ficaram facilitadas para os empregados, com a melhoria do acesso pelas estradas e implantação de linhas de ônibus em mu

Liv

única saída possível seria atravessar o rio Quaraí em um pequeno bote, para Artigas, no Uruguai, onde os ônibus são mais freqüentes. Naquela ocasião, devido à minha insistência em permanecer na estância, para acompanhar uma marcação de gado, fiquei sem carona para voltar à cidade e optei pela aventura com o bote (eles me diziam que eu seria “contrabandeada” para o Uruguai e me alertavam: “Não te esqueça que tu tem que sobreviver, que é prá poder contar a história né, senão é um fato consumado.”) Mas, mala suerte, depois de horas de uma chuva ininterrupta, o Rio Quaraí não parecia amistoso para aquela travessia.

Presa

o pegou o cavalo, foi até uma estância próxima e mandou uma mensagem pelo rádio para outra estância, pedindo carona prá mim. Voltou sem resposta.

À noite, o cap

pela manhã, pois já estava resolvido o meu problema: como era sexta-feira, o capataz da

estância vizinh ma carona.

Este pequeno episódio dá a dimensão da eficaz rede de comunicação e solidariedade que se

rápida inserçã

iam tomar seu mate num outro galpão

ontexto147.

numa estanciola com apenas um casal de caseiros, entretanto, não faltaram mate e histórias. Fala daqui, fala de lá, no outro dia Seu Ronald

Enquanto esperava, Dona Iriolanda ia me contando sua história de vida. ataz da estância vizinha veio avisar que eu esperasse pronta no dia seguinte,

a iria para a cidade ver a família e aceitou me dar u

revela por detrás do aparente isolamento da população rural. Os telefones, mesmo os celulares, ainda são raros e pouco viáveis nesta área, o que é compensado pelo amplo sistema de rádio amadores (alguns patrões possuem rádios inclusive nas suas caminhonetes) e pelos utilíssimos “avisos” transmitidos pelas emissoras de rádio AM locais.

- Atualmente a maioria das estâncias, sobretudo no Brasil e no Uruguai, já estão ligadas à rede elétrica ou possuem geradores próprios. Como conseqüência, há uma

o da televisão no meio rural, sendo que alguns galpões, nas estâncias maiores, já possuem sua própria TV. Na Estância São Jorge, por exemplo, a maior onde estive, localizada em Uruguaiana/BR, havia uma pequena TV preto e branco, com uma imagem bastante ruim, mas que já servia para deixar os peões mais jovens mudos diante da visão distorcida de alguma atriz de telenovela. Digo os mais jovens porque os mais velhos, ou continuavam “proseando” sem se deixarem afetar pelo ruído da TV ou

zinho, onde há apenas um rádio146. No entanto, ocorre um fato curioso: devido ao fraco sinal das emissoras de TV na área rural, há necessidade da instalação de antenas parabólicas. Como as parabólicas transmitem diretamente de São Paulo, toda a programação local (telejornais, comerciais) não pode ser vista e, em conseqüência, durante todo o espaço reservado para esta, as TVs ficam mudas. E são justamente nestes pequenos intervalos que as conversas e os causos prosseguem. Desta forma, ao mesmo tempo que a TV possibilita aos habitantes do campo uma prática antes exclusiva daqueles que moravam na cidade, aproximando-os, ela também vai modificar o cotidiano da fala naquele c

146 Em re

habitantes das estâncias pois, ao contrário da situação descrita acima, Leal (1989: 120), verifica em sua pesquisa rádio e falar simultaneamente.

A observação destas transformações das manifestações orais na região, ainda que feita durante a própria diferentes realidades e não sob uma perspectiva histórica, permite a sua inserção como um novo e importante elemento de análise. Para Brenneis (1987), em seu lação a este aspecto, em poucos anos parece ter havido algumas transformações no comportamento dos que a fala é um evento em si mesmo; no galpão dois homens nunca vão falar ao mesmo tempo, nem vão ouvir o

147

- Por fim, é fato recorrente que muitos contadores, trabalhadores rurais já idosos, que trabalharam e vivera

problemas de s

á pro Duraznal e morei lá cinqüenta anos. Depois a minha mulher morreu, em noventa, e eu vim prá cá. E tô aqui até agora. Cinqüenta anos de casados. (Seu Valter Costa, 83 anos – C

Assim com escutei u estâncias viram

mais trabalho, etc. - também o imaginário local adapta-se à nova realidade. Mas ainda que as narrativas comecem a tratar de outros temas, mais “urbanos”, o que ocorre fundamentalmente é uma

gnifica, no entanto, que este seja melhor

ou mai 148

m toda a sua vida no campo, hoje são aposentados, viúvos ou tem aúde e por estes motivos tiveram que se transferir para as cidades:

É, eu nasci cá na Barranca do Camaquã aqui. Na parte da encosta é que eu nasci. Depois eu fui l

açapava do Sul)

como população da fronteira tem de se adaptar a estas transformações - pois, m comentarista da Rádio Internacional de Rivera/UY preconizar, as casas das taperas, escasseiam crianças nas escolas rurais, os peões já não encontram

adaptação tanto do conteúdo destas (o evento narrado), que é re-contextualizado, quanto na sua forma, local e ocasião de transmissão (o evento narrativo). Finalmente, é importante ressaltar que, apesar da presença imponente das empresas forestadoras nas fronteiras da Argentina e do Uruguai, ainda subsiste um grande número de estâncias que mantém o modo de produção tradicional, o que não si

s justo para com seus empregados .

artigo Talk and Transformation, a linguagem, como uma prática social, está inextrincavelmente ligada a outras “falantes” vivem continua a mudar. Maluf (1992), por outro lado, mas também utilizando-se das narrativas para despeito das transformações vividas pela comunidade pesquisada.

148 Dos lugares que conheci durante a pesquisa de campo, foi na fronteira argentina onde encontrei as formas passado, como o horário em que os peões acordam (por volta das 4 horas da manhã), a forma de alimentação (ainda fortemente baseada na carne e numa espécie de mingau feito com farinha de mandioca), e mesmo o sistema de trabalho, sem carteira assinada, sem férias ou benefícios sociais, mas ao mesmo tempo com a dimensões da atividade humana e a fala está sujeita a transformações da mesma forma que o mundo em que os analisar as relações sociais, vai verificar como determinadas narrativas (no caso, de bruxarias) se mantém, à

mais tradicionais de trabalho nas estâncias. Práticas que no Brasil e no Uruguai são contadas como coisas do

possibilidade de atuação mais livre dos peões nas suas atividades cotidianas no campo. Percebe-se inclusive na estrutura física destas estâncias a precariedade de recursos oferecidos aos empregados: na estância Tres Reyes, uma das maiores da região, em Tapebicuá/AR, não havia água encanada no banheiro dos peões.

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