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Revisão da literatura

2.2 Transporte de resíduo sólido urbano 1 Tipo de veículo

Para a execução da coleta e transporte de resíduo sólido urbano existem, basicamente, 4 tipos de carrocerias montadas sobre chassi de veículos (FUNASA, 2006; IPT/CEMPRE, 2000):

• Coletor Convencional Tipo Prefeitura (NBR n° 12980). Veículo de carroceria metálica fechada em forma de caixa retangular com tampa corrediça abaulada. Sua descarga acontece por basculamento. Esse modelo é utilizado em pequenas comunidades, com baixa densidade demográfica e em locais íngremes. A capacidade da caçamba comporta entre 4 m3 a 15 m3 cuja descarga ocorre por basculamento hidráulico. Esse sistema exige grande esforço físico dos coletores para elevar o resíduo já que sua borda está a 1,80 m de altura;

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• Coletor compactador (NBR n° 12980). Veículo com carroceria fechada, contendo dispositivo mecânico ou hidráulico que possibilita a distribuição e compressão do resíduo no seu interior. O sistema de compactação pode ser contínuo ou intermitente e o carregamento pode ser traseiro, lateral ou frontal. Sua capacidade volumétrica varia entre 5 m3 a 25 m3 .

• Caminhão compactador com mecanismo para basculamento estacionário, próprio para estabelecimentos onde se concentra grande volume de resíduo; e,

• Caminhão poliguindaste contém pequeno guindaste móvel para remoção de container (conjunto de quatro recipientes agregados de cores diferentes) instalados em local publico, os denominados PEVs (Postos de Entrega Voluntária).

2.2.2 Seleção do veículo

Na seleção do veículo para uso da atividade relacionada à coleta e transporte de resíduo sólido municipal, tanto o método de coleta quanto a característica física do roteiro, bem como o volume de resíduo constituem-se em aspectos importantes a serem considerados (EPA, 2006).

O dimensionamento do veículo requer o levantamento de informações como (FUNASA, 2006):

• mapeamento geral do município; • mapa cadastral ou semicadastral;

• mapa com definição do tipo de pavimentação das ruas; • mapa indicativo das regiões ou ruas comerciais;

• mapa com localização das unidades de ensino, saúde, concentrações industriais, garagem municipal de veículos, localização da área de destino final dos resíduos ou indicativo do sentido;

• sentido do tráfego das avenidas e ruas; e,

• listagem dos veículos disponíveis da frota e respectivas capacidades.

O itinerário de coleta significa o percurso que o veículo faz dentro de um mesmo setor, em um espaço de tempo. A Funasa (2006) aponta três sugestões para facilitar o itinerário:

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• início da coleta nas proximidades da garagem e término próximo à estação de transferência ou destino final;

• início da coleta em vias com declive, no sentido de cima para baixo; e, • para cada itinerário é necessário um roteiro gráfico e descritivo do setor.

Na Suécia são utilizados caminhões compactadores com capacidade de carga para 13,5 m3. Na coleta seletiva, os caminhões utilizados são constituídos de dois compartimentos: um com 7 m3 para embalagem de metal e um com 6,5 m3 para papel ou embalagem plástica. O vidro é coletado em caminhão aberto sem compressão. O sistema de coleta inclui uma equipe composta no máximo por duas pessoas e dois tipos de veículo coletor (PETERSEN et al., 2004; SONESSON, 2000; EVERETT et al., 1998):

• caminhão totalmente automatizado para recebimento da carga pela lateral. Com esse veículo, a coleta é realizada apenas pelo motorista; e,

• caminhão semi-automatizado com sistema de dispositivo hidráulico para levantamento da lixeira e compactação do resíduo, requerendo mão-de-obra para engate da lixeira ao dispositivo do caminhão. Neste, a carga é inserida pela parte traseira.

Com relação ao combustível, Sonesson (2000) e Bhat (1996), afirmam que o consumo depende de vários fatores, dentre os quais, o tipo de caminhão e o combustível utilizado, tempo de acionamento do dispositivo mecânico disponível, distância percorrida e o número de paradas, condições geográficas, situação do tráfego, limite de velocidade e habilidade da equipe.

2.2.3 Consumo de combustível

Segundo Sonesson (2000), o cálculo do consumo de combustível na coleta e no transporte de resíduo sólido urbano compreende a soma de duas partes:

• distância percorrida incluindo paradas relacionadas ao tráfego etc; e, • paradas extras e descarregamento das lixeiras.

Durante o percurso dois fatores influenciam o consumo:

• trajeto entre a área de coleta e o local de disposição (estação de transferência ou local de tratamento); e,

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Caminhões grandes e pesados, além de consumirem maior quantidade de combustíveis, causam danos às ruas residenciais e ao ambiente e, ainda, requerem trabalho adicional de operação e manutenção (REIMER et al., 2006; BLAT, 1996).

Com base em dados disponíveis na literatura, relacionados em ordem cronológica de publicação, são apresentadas um total de doze médias de consumo de óleo diesel no transporte de carga comum e de resíduo sólido urbano, conforme tabela 2.7.

Tabela 2.7 Consumo de combustível em caminhões de carga comum e de resíduo sólido Referência Consumo

médio (km/l)

Aplicação Equipamento Sistema de

coleta Origem Johanson (1999) 2,81 Carga comum

Carroceria/

caçamba n/d Suécia

Sonesson (2000) 4,0 Coleta de resíduo Compactador Mecânica Suécia FGV/ Selur (2001) 1,6 Coleta de resíduo Compactador Manual Brasil McDougall et al.

(2001) 3,0 Coleta de resíduo

Carroceria/

caçamba n/d Reino Unido

Fabi (2004) 2,5 Carga comum

Carroceria/

caçamba n/d Brasil

Malzer (2005) 2,78 Carga comum Carroceria/ caçamba n/d Canadá Agar et al. (2007) 0,9 Coleta de resíduo Compactador Manual Canadá

1,85 Coleta de resíduo n/d n/d Espanha

Iriarte et al. (2009)

1,66 Coleta seletiva n/d n/d Espanha

Iriarte et al. (2009) 2,0 Coleta de vidro

Carroceria/

caçamba n/d Espanha

Graham et al.

(2008) 2,4 Carga comum Carroceria/ caçamba n/d Canadá

Graham et al. (2008) 2,2 Carga comum Carroceria/ caçamba n/d Canadá Média de consumo (km/l) 2,3 ou 0,433 l/km N/D = Informação não disponível

Johansson (1999) apresenta o consumo médio de diesel em caminhão de categoria pesada com tempo médio de vida útil de 10 anos com base na quilometragem percorrida de 35.000 km/ano.

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Sonesson (2000) apresenta o consumo de energia em caminhão compactador com capacidade de carga para 15 a 20 m3, cujos dados correspondem ao exercício de 52 semanas, em 5 dias de operação e 7 horas diárias de coleta.

A FGV/Selur (2001) apresenta uma planilha de consumo de combustível em caminhão compactador para a coleta e transporte de resíduo sólido domiciliar.

McDougall et al. (2001) apresenta o consumo de óleo diesel em caminhão de coleta de resíduo sólido domiciliar.

Fabi (2004) apresenta o consumo de combustível em caminhão com capacidade para 10 toneladas de carga comum, com base em informações fornecidas por duas empresas de transporte.

Malzer (2005) apresenta o consumo médio de óleo diesel medido no período de maio de 1999 e setembro de 2004, em caminhão de carga comum com peso bruto estimado em 25 toneladas.

Agar et al. (2007) apresenta o consumo de combustível com base em dados fornecidos por GPS (global positioning system) instalados em 5 dos 40 caminhões coletores de resíduo no período de dezembro de 2003 a dezembro de 2004.

Iriarte et al. (2009) apresenta duas médias de consumo no transporte da coleta de resíduo (comum e seletiva).

Graham et al. (2008) apresenta o consumo médio de óleo diesel em caminhão pesado para transporte de carga comum.

Sob o aspecto econômico, a despesa com o transporte da coleta de resíduo sólido representa entre 70 a 80% do orçamento destinado à limpeza pública. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa despesa excede os U$ 4,5 bilhões/ano, dos quais 80% corresponde à coleta e transporte de resíduo sólido urbano. Entretanto, o aspecto econômico, tratado aqui de forma superficial, é abordado por vários autores como Reimer et al. (2006) e Blat (1996).

Sob o aspecto energético, uma tentativa de compensar os danos ambientais causados pelo consumo de energia no transporte da coleta de resíduo sólido consiste na implantação da coleta seletiva dos resíduos sólidos como papel, papelão, plástico, vidro e metal, que são matérias passíveis de reciclagem. O retorno dessas matérias ao processo produtivo pelas indústrias

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recicladoras pode trazer vários benefícios, principalmente, energético (IPCC 2007; CABRAL, 2001; TEIXEIRA, 1999; FIGUEIREDO, 1995).