• Nenhum resultado encontrado

O Tratado sobre a Grande Perfeição da Sabedoria (Maha-prajna-paramita Shastra), 7 Comentário sobre a Mente da Iluminação

No documento Manual Do Budismo (páginas 86-106)

Os 12 Elos da Interdependência – Kalu Rimpoche

6- O Tratado sobre a Grande Perfeição da Sabedoria (Maha-prajna-paramita Shastra), 7 Comentário sobre a Mente da Iluminação

O monge Aryadeva escreveu as Quatrocentas Estrofes ou Quatro Centúrias e as Cem Estrofes que Criam o Entendimento.

Já o monge Chandrakirti escreveu o texto intitulado Entrando no Caminho do Meio e também um Comentário sobre o "Entrando no Caminho do Meio".

Nagarjuna não pretendia criar uma filosofia e sim elucidar os ensinamentos dos Discursos sobre a Perfeição da Sabedoria (Prajna-paramita Sutras) que teriam sido expostos pelo Buddha no "segundo giro da roda do Dharma".

O ponto principal do Madhyamika é a vacuidade dos fenômenos (dharma-shunyata). Para esta filosofia, um fenômeno só poderia ser considerado inerentemente existente se ele fosse livre (isto é, independente de causas ou condições), permanente (eternamente o mesmo) e singular (não composto por partes). Porém, a análise dos fenômenos demonstra exatamente o contrário:

Eles são dependentes de causas e condições;

Eles são impermanentes, sujeitos a constantes mudanças; E são compostos por partes.

Esta ausência de uma essência ou entidade, de uma existência inerente (svabhava), é chamada de vazio (shunya) ou vacuidade (shunyata).

Como os fenômenos surgem de maneira interdependente, então todos eles são destituídos — isto é, vazios — de existência inerente.

85

Vacuidade significa interdependência e vice-versa.

De acordo com Nagarjuna, não há fenômeno que não surja de modo interdependente; portanto, não há fenômeno que não seja vazio.

Isto não significa que as coisas não existem, mas sim que elas surgem de modo interdependente, sendo impossível encontrar qualquer essência duradoura ou auto-suficiente.

A vacuidade não é algo distante, separada ou acima das coisas — na verdade, é a verdadeira natureza de tudo. Se as coisas possuíssem uma existência inerente, o universo não seria dinâmico, mas sim seria estático. Do mesmo modo que o espaço abarca as estrelas, planetas e cometas, a vacuidade é o que permite que as aparências de todos os fenômenos venham a ser através da interdependência.

Como verdade absoluta (paramartha-satya), a vacuidade é inexplicável, indescritível ou inefável, além dos conceitos convencionais.

Segundo a filosofia Madhyamaka, existem dois tipos de ignorância.

A primeira é adquirida através de influências culturais, religiosas e educacionais. Devido a essas influências, passamos a adotar certos conceitos e dogmas sem avaliar se são corretos ou não — por exemplo, as visões eternalistas e niilistas. Este tipo de ignorância pode ser superado através da

compreensão intelectual que aponta para a vacuidade; porém, esta compreensão não é a vacuidade em si.

O segundo tipo de ignorância, mais sutil, é inato — a crença consciente ou inconsciente de que os fenômenos têm existência inerente. Este tipo de ignorância é mais difícil de superar porque só pode ser eliminado através da experiência direta da natureza vazia dos fenômenos.

Na antiga Índia, os filósofos deterministas, os hedonistas e os materialistas ou mundanos

subestimavam a natureza da realidade e acreditavam apenas na existência do mundo material. Segundo eles, os seres são compostos por cinco elementos (terra, água, fogo, ar e espaço) que se dissolveriam na hora da morte, sem deixar qualquer continuidade de consciência. Por isso, rejeitavam a teoria do karma, não mantinham qualquer tipo de moralidade e se entregavam aos prazeres sensuais. Esta é uma das duas visões errôneas ou extremas— o niilismo porque nega a causalidade e a interdependência. Ao se apegarem aos prazeres temporários, os niilistas não conseguem encontrar um estado de liberação duradoura.

A outra visão errônea ou extrema é o eternalismo sustentado por textos hindus chamados Upanishads. Os eternalistas superestimam a realidade e acreditam na existência intrínseca de um atman ou "eu superior", que seria permanente, inalterável, imutável e eterno, idêntico à natureza pura de todas as coisas do universo — o brahman ou absoluto. Em algumas escolas hindus, o atman é descrito de forma pessoal, enquanto outras o consideram algo impessoal. De forma semelhante, alguns filósofos hindus postulam o brahman de forma teísta, enquanto outros o consideram como um princípio abstrato, metafísico. Os eternalistas costumam se engajar em yogas ascéticas a fim de "purificar o espírito", mas acabam trazendo mais sofrimento e não a liberação. Esta visão absolutista é errônea porque atribui existência duradoura a coisas que de fato não possuem uma essência independente.

Segundo a filosofia budista de Nagarjuna, a visão correta é o caminho do meio, que não cai nos pólos extremos do niilismo e do eternalismo. Este caminho do meio enfatiza que devemos ver as coisas como elas realmente são, e não como elas parecem ser.

O apego surge porque os seres acreditam que as coisas são permanentes e que podem trazer felicidade duradoura. Ao compreender a natureza vazia dos fenômenos, é possível superar esse apego e alcançar a paz suprema da liberação (sânsc. nirvana). O nirvana incondicionado e o samsara condicionado, apesar de diferentes em seu nível relativo, são igualmente vazios no nível absoluto.

Simplesmente proferir as palavras "o açúcar é doce" não produz a experiência, mas se for degustado, descobre-se que o seu sabor é doce. Do mesmo modo, simplesmente proferir a palavra "vacuidade" não produz a experiência, mas através da meditação o seu sabor é experienciado.

86

O Enfoque sobre a Vacuidade é chamado Madhyamaka e, com o passar dos anos torna-se uma das escolas mais importantes dentro do Budismo Mahayana.

Um Pouco de Sua História

Esta Escola foi fundada pelo Grão Mestre Nagarjuna no século 2 d.C. e a esta Escola pertenceram grandes mestres budistas como Aryadeva, Buddhapalita, Bhavya, Chandrakirti, Shantideva, Prajnakaramati, entre outros. Esta Escola teve quatro etapas de desenvolvimento que se estendem desde o ano 150 a 800 d.C.

a) A primeira etapa está representada por Nagarjuna o fundador desta escola e por Aryadeva, seu discípulo mais próximo.

b) A segunda etapa se inicia com Buddhapalita e Bhavya. Buddhapalita funda a sub-escola

Prasangika do Madhyamaka denominada assim por sustentar que o verdadeiro método de Nagarjuna e de Aryadeva e o Prasanga ou “redução do absurdo”.

De acordo com a escola Prasangika um verdadeiro madyamika não pode sustentar uma tese ou posição própria, não tem por isso necessidade de construir silogismos nem de formular argumentos ou

exemplos; sua única tarefa consiste em deduzir as conseqüências absurdas a que se chega com as teses e argumentos utilizados pelo adversário, em assinalar as contradições inerentes a essas teses e

argumentos dentro dos princípios admitidos pelo próprio adversário.

Bhavya pelo seu lado, funda a sub-escola

Svatantrika tentando estabelecer pontos próprios de reflexão, em vez de simplesmente reduzir a nada os conceitos do adversário.

Na realidade a diferencia entre a escola de Bhavya e a escola de Buddhapalita é mais lógica do que metafísica.

c) A terceira etapa do desenvolvimento da escola Madyamika está representada pelas figuras de Chandrakirti e Shantideva. Estes dois grandes mestres do Budismo pegam cada um os métodos anteriores Chandrakirti reafirmando o Prasangika de Buddhapalita e Shantideva seguindo também o método prasanga; estes dois mestres através de sua sabedoria e experiência dão a estes dois sistemas de pensamento a sua forma ortodoxa e definitiva.

d) A quarta e última etapa está representada por Shantaraskshita (705-762 D.C.) e Kamalashila (713 - 763 d.C.) que adotam uma posição eclética unindo o pensamento Madhyamaka e o enfoque idealista da escola Cittamatra do Budismo Mahayana.

Cap. 7: A Prática da Fé no Budismo

Em que consiste a prática da Fé? Que significa a Fe? Como poderíamos praticar a Fé? Há quatro aspectos da Fé, que são:

1- Acreditar na fundamental verdade, isto é, pensar e sentir gozo na Vacuidade;

2- Acreditar no Buda coberto de infinitos méritos, isto é, sentir regozijo em adorá-lo, em render- lhe homenagem, em lhe fazer oferendas, em escutar a Boa Doutrina, em se disciplinar de acordo com a Boa Doutrina, e em aspirar a Onisciência;

3- Acreditar no Dharma, que tem grandes benefícios, isto é, se regozijar sempre em praticar todas as perfeições;

4- Acreditar na comunidade de praticantes Budistas que observa a verdadeira moralidade, isto é, estar pronto para fazer oferendas à congregação de Bodhisatwas, e praticar verdadeiramente todos aqueles fatos que são benéficos ao mesmo tempo para ele mesmo e para os outros.

87

A Fé torna-se perfeita pela prática dos seguintes cinco atos: Caridade, Moralidade, Paciência, Energia e Discernimento Intelectual.

“Prajna Paramita” ou “Perfeição do Conhecimento Transcendental”

Num lugar chamado Gridhakuta, conhecido popularmente como o Pico dos Abutres, Sidarta Gautama o Buda expôs seus novos ensinamentos a uma assembléia constituída por seres humanos ordinários, Arhats, de Bodhisatwas.

Foi nesse pico que enunciou o ciclo de ensinamentos denominado “Prajna Paramita” ou “Perfeição do Conhecimento Transcendental”.

Prajna Paramita literalmente quer dizer “além -Paramita de todo conhecimento - Prajna”, e Buda expus este conhecimento de três formas diferentes: abreviada, média e extensa.

Este ciclo de ensinamentos enfatiza e tenta demonstrar a Vacuidade, ou seja, todo fenômeno, todo objeto de conhecimento, está intrinsecamente desprovido de natureza própria.

As diferentes exposições da Prajna Paramita podem ser compreendidas em dois níveis: um nível externo e um oculto.

Por nível externo se entende os ensinamentos literais sobre a Vacuidade, o nível oculto trata dos meios particulares para desenvolver a experiência da vacuidade.

Este ciclo novo de ensinamentos, conhecida como Prajna Paramita, inaugura o que recém a partir do 1º século de nossa era se transformaria no que hoje conhecemos como Budismo Mahayana.

As escolas mahayanistas, sustentam doutrinas que se afastam em forma fundamental das doutrinas sostidaspelas escolas Hinayana. As duas principais escolas Mahayanas são os da Madhyamikas e a dos Yogacharas; os ensinamentos destas escolas estão constituídos por uma série de sutras

(ensinamentos) tardios que se atribuem ao próprio Sidarta Gautama o Buda, e aos sastras ou Tratados dos grandes mestres criadores das escolas Mahayana como Nagarjuna, Maitreya, Asanga e

Vashuvandu o Velho.

Os sutras do Budismo Mahayana podem ser classificados em três grupos:

1) Os Vaipulyasutras. 2) As Dharanis 3) Os Sutras Independentes. Poucos destes sutras tem-se conservado em sânscrito, a maioria deles está conservada em Chinês e Tibetano.

1) Os Vaipulyasutras, ou Sutras extensos, compreendem os seguintes ensinamentos: a) O Prajna Paramita. O Sutra do Loto, A Exposição de Vimalakirti, etc.

b) O Buddhavatamsaka que está constituído por uma série de outros sutras entre eles o “Gandavyuha e o Dashabhumika Sutra.

c) O Ratnakuta, que também está constituído por uma série de sutras como, por exemplo: “Bodhisattava - Pitaka, o Kashyapaparivarta, o Pitaputrasamagama”, etc.

d) O Mahaparanirvana e) Mahasamnipatasutra, etc.

Dentro da tradição Mahayana estes são alguns dos sutras mais importantes.

2) Os Dharanis são Sutras curtos que contem fórmulas mágicas.

3) Os Sutras independentes estão constituídos por Sutras muito importantes como o: “Saddharma-pundarika-sutra”, o Lalitavistara-sutra , o Lankavatara- sutra que pertence a Escola da Mente Única de Vasubandhu e Asanga, e valioso “Despertar da Fé no Mahayana, atribuído a Asvaghosa, e o Surangama-sutra que foi compilada na famosa universidade de Nalanda no Norte da India, etc.

88

Sutras:

O Sutra da Grande Sabedoria ou o Maha Prajna Paramita Hridaya Sutra

O Prajna Paramita é um ciclo de ensinamentos iniciado pelo Sidarta Gautama o Buda quando ele deu início ao segundo movimento da Roda da Lei. Este Sutra que foi traduzido do Sânscrito ao Chinês e logo ao Japonês; é uma síntese de todo o conhecimento deixado pelo Buda. Na China e Japão é

conhecido como o Sutra da Grande Sabedoria, sendo o quinto texto sagrado da tradição Zen, os outro quatro textos são: O Samadhi do Espelho Precioso ou “Hokyo Zan Mai”, “San Do Kai” “A Essência e os Fenômenos se Interpenetram”,

“Shodoka” - O Canto do Imediato Satori, e o “Shin Jin Mei” - Tratado sobre a Fé na Mente.

Maha Prajna Paramita Sutra é um nome composto que literalmente quer dizer:

Maha: Grande, mais além, absoluto. Maha contém em si mesma uma idéia de absoluto no sentido de incluir o principio inerente em todas as coisas, algo que está ao mesmo tempo dentro e fora, em qualquer época e lugar. Maha é o átomo e ao mesmo tempo o Cosmos. O Poder do átomo que forma o Cosmos. Por último poderemos definir Maha como o invisível sem forma.

Prajna define a sabedoria, aquela que nasce da compreensão do vazio, inculpe também a idéia de sabedoria comum, porém aqui neste Sutra ao estar associada a Maha, Prajna torna-se cósmica, transcendente, a emanação direta da Vacuidade. Por este motivo Maha Prajna transforma-se na

Sabedoria Infinita, que não depende de circunstâncias para aparecer, que nunca desaparece, que não se fixa em nenhum lugar, que contem em si mesma a Sabedoria sem Apego e sem limites. O encontro do primeiro discípulo e sucessor de Bodhidharma reflete estes dois conceitos.

Quando o primeiro discípulo chinês de Bodhidharma, Hui K’e se encontrou com o mestre, ele estava sentado fazendo zazen frente a um muro. Hui Ké estava fora de pé, na neve, esperando um sinal do Mestre para que o aceitasse como discípulo. Porém Bodhidharma permaneceu imperturbável, e se conta que Hui Ké acabou cortando-se um braço para expressar sua determinação. Dirigindo-se a Bodhidharma assim lhe falou:

- “O Espírito de seu discípulo não está em paz: Mestre, peço-lhe que o pacifique”. Bodhidharma respondeu:

- “Traga seu espírito que eu o apaziguarei”.

- “O tenho procurado por todas as partes, porém é inatrapavel”, - respondeu Hui Ké. - “Isso significa que já está pacificado”.

Paramita: quer dizer mais além, além de tudo, fora do convencional e do catalogado, sem conceitos, sem nomes, além de tudo.

Sutra: ensinamento, porém combinado com Paramita, adquire o sabor especial de ser um Sutra que ao mesmo tempo

transcende aos outros, transformando-se assim na própria essência dos sutras.

Por último Maha Prajna Paramita Sutra pode ser traduzido como:

89

“O Sutra do Espírito da Grande Sabedoria Que Permite Ir Mais Além”

E diz assim:

“Avalokiteswara, o Bodhisattva da Verdadeira Liberdade, através da prática profunda da Grande Sabedoria, compreende que os cinco agregados (corpo, percepção, sensação, pensamento e consciência) não são mais do que o Vazio, e que graças a esta compreensão ajuda a todos os que sofrem.

Oh Sariputra! Os fenômenos não são diferentes do Vazio. O Vazio não é diferente dos fenômenos.

Os fenômenos são vazio. O Vazio é fenômeno.

O Corpo, a percepção, o pensamento, a atividade e a consciência são igualmente Vazio.

Oh! Sariputra. Todas as existências são Vazio.

Não há nascimento nem morte. Não há pureza nem impureza. Não Há crescimento nem diminuição

No Vazio não há corpo, nem percepção, nem pensamento, nem atividade, nem consciência. Não há olhos, nem ouvidos, nem nariz, nem língua, nem corpo, nem mente.

Não há cor-forma, nem som, nem cheiro, nem sabor, nem tato, nem pensamento.

Não há consciência visual, nem auditiva, nem olfativa, nem consciência tátil, nem consciência da consciência.

Não há ignorância, nem extinção da ignorância.

Não há velhice, nem morte, nem extinção da velhice nem da morte.

Não há sofrimento, nem causa do sofrimento, nem libertação do sofrimento, nem via que conduza à libertação do sofrimento.

Não há sabedoria, nem ignorância. O único que há é, nada que obter. Esta é a razão pela qual no espírito do Bodishatva e graças a esta ilimitada sabedoria, não existem redes nem obstáculos, nem causa de obstáculos.

Não existe medo, nem temor, nem causa de medo e temor.

Desta maneira o Bodhisattva se liberta das ilusões, das perturbações e dos apegos e chega à etapa última da vida, o Nirvana.

Todos os Budas do passado, presente e do futuro obtiveram e obterão a Suprema Libertação graças a esta Grande e Ilimitada Sabedoria.

Portanto o Prajna Paramita É o Mantra universal, o Grande Mantra Resplandecente, o Mantra Mais Elevado, aquele que extingue todo tipo de sofrimento. É a verdade autêntica sem erro.

Este é o mantra proclamado no Prajnaparamita:

“GATE, GATE, PARAGATE, PARASAMGATE, BODHI SVAHA!!! “Oh, Bodhi, ido, ido, ido a outra margem, descido na outra margem, Svaha!”

Sutra da Grande Compaixão - ou o Sutra do Coração

Este Sutra tem esse nome por ser considerado representativo dos ensinamentos básicos dos Sutras da Perfeição da Sabedoria, que são muito mais longos. Não é difícil ter o texto completo do sutra em uma única página. O Zen em particular enfatiza bastante o estudo do Sutra do Coração. Sua versão chinesa é recitada com freqüência em cerimônias na China, Japão e Coréia.

Podemos afirmar que este Sutra é irmão do anterior Prajna Paramita, no primeiro fala-se da sabedoria transcendental, porém dentro dos ensinamentos budistas, a sabedoria não pode estar separada da compaixão do qual este Sutra fala. Aqui é apresentado como um discurso entre o próprio Sidarta Gautama o Buda e o Bodhisatwa Manjushiri.

90

A compaixão levada ao extremo transforma-se ou em covardia ou em obsessão sexual.

As duas, Compaixão e Sabedoria, têm que estar juntas. A Sabedoria é representada pelo Bodhisatwa Manjushiri, severo, com uma espada flamígera na mão, simbolizando a espada como a Sabedoria que corta a ilusão e a ignorância dos seres, flamigera porque o fogo representa a luz da própria iluminação. Porém sempre que este Bodhisatwa aparece, ao seu lado está Avalokiteswara - em Sânscrito,

Chenresig em Tibetano, Kannon em Japonês e Kuan Yin em Chinês, sua correlata na mística cristã é a Virgem das Mercês. Mostrando que ambas são inseparáveis. Diz o poema:

- “Oh ! Mui Venerável Mestre deste mundo, que possuis a postura esplêndida. De novo quero te fazer uma pergunta;

Por que Karma o filho de Buda chamado Avalokiteswara é o Bodhisatwa de aspectos maravilhosos?” O Buda responde a Manjursi em forma de poema:

“Por favor, presta atenção à prática do Bodhisatwa Avalokiteswara, cujo poder pode realizar-se imediatamente por todas as partes. Seus votos são mais profundos que o Grande Oceano, eternamente inconcebíveis.

Este Bodhisatwa cria estes Grandes Votos com a ajuda das miríadas de Budas”. Vou explicar brevemente:

Se escutas seu nome, olharás seu corpo.

Se concentrares teu espírito sem deixar passar nada em vão, todos os teus sofrimentos desapareceram imediatamente.

Se te perseguem e te jogam no fogo incandescente, e neste momento te concentras no seu Santo Nome, esse inferno em chamas se converterá num lago tranqüilo.

Se te encontras à deriva no imenso oceano, se os demônios, os monstros marinhos e o dragão te ameaçam, se nesse momento te concentras sobre o seu Santo Nome, as ondas não te tragarão e nada poderá te fazer dano.

Se te encontras acima de alguma montanha, e alguém te empurra para cair num abismo, se nesse momento te concentras sobre seu Santo Nome, flutuarás no céu como o sol poente.

Se uns homens malvados te pegam, e te jogam desde o mais alto dos morros, se nesse momento te concentras no seu Santo Nome, nada sofrerás nem sequer um pequeno rascunho.

Se você encontra-se rodeado por assassinos, ladrões, e malfeitores, que te ameaçam com facas, facões ou espadas, se nesse momento te concentras no seu Santo Nome, em cada um deles por mais ferozes que sejam se despertará o Espírito da Compaixão.

Se algum rei te condena ao patíbulo, e sobre você recai o peso de uma injustiça mortal, concentrando- se sobre seu Santo Nome, a espada do verdugo, por mais dura que seja se quebrará em mil pedaços. Se te colocam no cárcere, te amarram os pés, as mãos, e o pescoço com argolas, concentrando-se no seu Santo Nome, as amarras se soltarão e recuperarás a perfeita liberdade.

Se alguém te envenena, realizam feitiços ou te perseguem, concentrando-se sobre seu Santo Nome, suas ações e feitiçarias voltarão contra seus autores.

Se te encontras com os demônios comedores de homens, ou com o dragão venenoso, concentrando-se no seu Santo Nome,

estas feras por mais aterradoras que sejam fugiram longe.

Se serpentes, ou escorpiões te ameaçam com seus venenos resplandecentes, se te concentras no seu Santo Nome, a pureza deste Sutra os afugentará de teu lado.

Se o trovão, os raios e o furacão, arrasam tudo, casas, árvores, homens, concentrando-se no seu Santo Nome estes fenômenos se converterão numa brisa ligeira.

Quando todos os seres sensíveis sofrem mil tormentos, e se expõem a mil tribulações, o poder da Sublime Sabedoria de Avalokiteswara, se manifesta neste mundo para salvar de seus horrores a todos os seres afligidos.

Avalokiteswara possui plenamente todos os poderes sobrenaturais Sua Sabedoria Suprema se manifesta universalmente,

Não há lugar nenhum no mundo, em que o corpo de Avalokiteswara não possa manifestar-se. As miríades de Karmas nefastos, o inferno, o mundo animal e o demoníaco, o ciclo de nascimento, velhice e morte, todos estes sofrimentos estão destinados a desaparecer.

91

Aparecerá a Observação Pura, A Sabedoria Ilimitada e a Compaixão Infinita, aniquilarão todo sofrimento e a Alegria e Felicidade reinarão universalmente, graças a estes Votos para toda a Eternidade pronunciados e sem mancha

preservados.

A Pura Iluminação, O Sol da Sabedoria romperá a escuridão, e fundirão as correntes do fogo e do vento, o mundo dos seres sensíveis brilhará eternamente.

O sofrimento será aniquilado, graças a esta Observação Compassiva. Poderosa como o Trovão, Graças a esta Virtude e ao Poder da Compaixão Universal, uma chuva de néctar cairá sobre

No documento Manual Do Budismo (páginas 86-106)