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O Tratado da Terra do Brasil, em função das variantes textuais e alterações em relação

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Face externa de um fólio; frente; com o livro aberto corresponde sempre à página da direita, à de número ímpar. É o oposto de verso. A outra cópia encontra-se na Biblioteca da Ajuda, em Portugal, registrada sob o número 51 –VII – 31, constante no inventário dos manuscritos da BibliotEca da Ajuda referentes à América do Sul, de Carlos Alberto Ferreira, 1946. Cf. SANTIAGO-ALMEIDA, Manoel Mourivaldo, op. cit., p. 233.

ao Tratado da Província do Brasil, é considerado como segunda versão de elaboração448 e, segundo os comentadores, resultará em História da Província de Sãcta Cruz, obra publicada aproximadamente em 1576. Em relação aos dois tratados, nota-se alteração no título, dedicatória endereçada a um outro destinatário e acréscimo de um capítulo ao final da segunda parte. Composto por quarenta e seis fólios com registros em recto e verso, e um (o último) com registro apenas em recto. Ainda estruturado em duas partes, porém, dessa vez com nove capítulos:

[Folha de rosto] [Dedicatória] Prollogo ao lector Declaração da costa

Cap. 1. Da capitania de Tamaracá Cap. 2. Da capitania de Phernãbuco

Cap.3. Da capitania da Bahýa de Todollos Sanctos Cap. 4. Da capitania de Jlheos.

Cap. 5. Dua nascaõ de gentio q se acha nesta capitania Cap. 6. Da capitania de Porto Seguro

Cap. 7. Da capitania de Spirito Sancto Cap. 8. Da capitania do Rio de Janeiro Cap. 9. Da capitania de San Viçente

Tractado segundo das, cousas que são, gerais por toda, costa do Brasil Cap. 1. Das fazendas da terra

Cap. 2. Dos custumes da terra Cap. 3. Das callidades da terra Cap. 4. Dos mantimentos da terra Cap. 5. Da caça da terra

Cap. 6. Das fruitas da terra

Cap. 7. Da condiçaõ E custumes dos indios da terra Cap. 8. Dos bichos da terra

Cap. 9. Da terra q çertos homes da capitania de Porto Seguro foraõ a descobrir, e do q acharão nella.

[Epílogo]

Dessa “segunda versão” do tratado, de acordo com Pereira Filho449

, são conhecidos quatro testemunhos manuscritos e todos são apógrafos. O primeiro “quinhentista

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HUE apud GÂNDAVO, Pero de Magalhães de. A primeira história do Brasil, op. cit., 2004; PEREIRA FILHO apud GÂNDAVO, Pêro de Magalhães de. Tratado da Província do Brasil [Tractado da província..., op. cit., 1965; STETSON JR., op. cit.

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PEREIRA FILHO apud GÂNDAVO, Pêro de Magalhães de. Tratado da Província do Brasil [Tractado da província, op. cit., pp. 19-20.

contemporâneo do autor” e anônimo se encontra arquivado na Biblioteca Nacional e Lisboa, sob o número 552. O segundo pertence à Série Vermelha dos arquivos da Biblioteca da Academia de Ciências de Lisboa, sob o número 165, e se trata de: “Cópia tardia, realizada por Fr. VICENTE SALGADO, que declara tê-la acabado em 19-2-1800”450. O terceiro, anônimo, também pertence à Biblioteca da Academia de Ciências de Lisboa e pertence à Série Azul, sob o número 739451 e se trata de “cópia tardia e pouco cuidada”. O quarto, finalmente, anônimo e do século XIX se encontra arquivado na Biblioteca Municipal do Porto, sob o número 597.

Em Tratado da Terra do Brasil, o autor, após a exposição do prólogo, apresenta as matérias a serem desenvolvidas na seguinte ordem: Itamaracá, Pernambuco, Bahia de Todos- os-Santos e Ilhéus. Após a exposição da topografia, bem como seus aspectos constituintes, pinta-nos um retrato do habitante local – o índio – nas capitanias de Porto Seguro, Espírito Santo e Rio de Janeiro e São Vicente. No Tratado Segundo, por ordem desenvolve as seguintes matérias: “Das fazendas da Terra”, “Das Qualidades da Terra”, “Dos Mantimentos da Terra”, “Da caça da Terra”, “Das fruitas da Terra”, “Da condição e costumes dos Índios da Terra”, “Dos Bichos da Terra”, “Da Terra que certos homens da Capitania de Porto Seguro foram a descobrir, e do que acharão nella”.

Em Tratado da Província do Brasil, o autor descreve em ordem natural – ordo

naturalis – o seguinte plano no que se refere à exposição das matérias. Em primeiro lugar

expõe as capitanias, na seguinte ordem: Tamaracá, Pernambuco, Bahia de Todos-os-Santos e Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Vicente. No Tratado Segundo, a exposição das matérias apresenta-se da seguinte forma: “Das fazendas da terra”, “Dos Costumes da terra”, “Das qualidades da terra”, “Dos mantimentos da terra”, “Da caça da terra”, “Das frutas da terra”, “Da condição e costumes dos indios da terra”, “Dos Resgates” e “Dos Bichos da Terra”.

O que notamos ao comparar a dispositio tanto de um tratado como de outro, ou seja, tanto em Tratado da Terra do Brasil quanto em Tratado da Província do Brasil, é que os lugares-comuns que geram a exposição das matérias são muito parecidos, com elocuções idênticas, contudo, notamos que no Tratado da Terra do Brasil, que foi editado posteriormente, há um capítulo a mais em comparação com o anterior: “Da Terra Que Certos Homens da Capitania de Porto Seguro foram A Descobrir E Do Que Acharão Nella”.

450 Ibidem. 451 Disponível em: <www2.acadciencias.pt/joomla/images/Documentos/Bibilioteca/Cat%C3%A1logos/catalogoma.pdf.>.

Segundo Pereira Filho, em 1826, o texto do tratado fora publicado pela primeira vez na Academia Real das Ciências de Lisboa, junto à “Collecção de Notícias para a Historia e Geografia das Nações Ultramarinas, que vivem nos Dominios Portuguezes, ou lhe são visinhas”, tomando como referência um dos manuscritos da Academia, sem critério seguro e, ao que parece, com má revisão tipográfica452. Na introdução dessa publicação pode-se ler:

Apezar porém de ser o Escrito que agora offerecemos, mais rezumido, que o que anda impresso, nem por isso se póde reputar destituido de interesse pois nelle refere o Author algumas particularidades, que no outro ommittio, e ainda quando conta os mesmos factos, he não sómente com diversidade de expressões, mas até muitas vezes de circunstancias. O Leitor que quizer comparar estas duas obras, se convencerá facilmente da sua diversidade, e importância.453