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2. Capítulo 2: A inserção do Brasil no Sistema Interamericano de Direitos Humanos:

2.2. Tratamento dos dados

Identificar-se-á, primeiramente, todos os casos contra o Brasil no SIDH e, em seguida, aqueles nos quais a Comissão ou Corte proferiram suas recomendações e sentenças e aqueles em que houve uma solução amistosa entre as partes.

Todos os casos serão sistematizados e categorizados por: 1) Região em que as violações foram cometidas; 2) Unidade federativa em que as violações foram cometidas; 3) Em qual órgão do SIDH o caso se encontra; 4) Fase da sua tramitação no órgão identificado; 5) Data de início da tramitação na CmDH; 6) Data em que a violação foi cometida; 7) Quem são os peticionários do caso; 8) Qual o tipo de peticionário; 9) Quais foram os artigos e quais instrumentos do SIDH foram invocados na petição; 10) Quais os temas da violações cometidas.

Os casos em que a Comissão ou a Corte outorgaram recomendações e resoluções e os casos de solução amistosa entre as partes serão ainda classificados em oito categorias. São elas: 1) Data do veredicto da Comissão; 2) Data de envio à Corte; 3) Data da sentença da Corte23; 4) Artigos violados pelo Estado e em qual instrumento; 5) Quais foram as recomendações e resoluções outorgadas ou medidas acordadas em solução amistosa; 6) Quais os objetos das recomendações e resoluções outorgadas ou medidas acordadas em solução amistosa; 7) A compliance do Estado brasileiro com tais medidas; e 8) A data em que a compliance com tais medidas foi avaliada pelo SIDH.

Assim, os dados utilizados incluíram todos os 63 relatórios de admissibilidade dos casos; os 16 relatórios de fundo publicados pela CmDH; as 48 medidas cautelares outorgadas contra o Brasil pela CmDH; 27 relatórios anuais da CmDH encaminhados à Secretaria Geral da OEA24; cinco (5) sentenças da Corte; cinco (5) medidas provisórias outorgadas pela Corte contra o Estado brasileiro; oito (8) relatórios de supervisão de cumprimento de sentença publicados pela CrDH; dois (2) acordos de solução amistosa; duas (2) notas de remissão de casos da CmDH para a Corte; e 106 manifestações de

23 Nos casos de solução amistosa, a data usada será aquela em que a Corte reconheceu o acordo entre as partes.

24 Os relatórios de supervisão de cumprimento das resoluções da CmDH estão inclusos em seus relatórios anuais.

defesa do Estado brasileiro no SIDH entre 1988 e 201425. Os dados coletados26 nos documentos foram comparados com as informações fornecidas pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE) e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH)27.

Nota-se que, algumas vezes, informações fornecidas pelo MRE e pela SDH sobre o mesmo caso divergem entre si. Além disso, as listas de todos os casos do Brasil no SIDH fornecidas pelos dois órgãos são diferentes em termos do seu número. Com o objetivo de sanar este problema, todas as informações do MRE e da SDH foram verificadas novamente e comparadas com os dados e documentos disponíveis nos sítios da Comissão e da Corte. Os casos que não estavam nas duas listas, mas encontram-se registrados na Comissão e na Corte Interamericana de Direitos Humanos podem ser consultados no ―Apêndice A (Informações divergentes sobre os casos contra o Brasil no SIDH fornecidos pelo MRE e SDH, p.240)‖.

Observa-se que os dados fornecidos pelo MRE e pela SDH incluem informações sobre acordos de solução amistosa em processo de negociação e petições em avaliação de admissibilidade. Estas informações são consideradas como confidenciais pelo SIDH e, por isso, não são publicadas em sua página da internet para consulta. Por isso, não fazem parte deste estudo.

Graus de compliance

Como mencionado anteriormente, para fins metodológicos, utilizarei neste trabalho três níveis diferentes para a compliance com as decisões do SIDH. São eles: (1) aguardando cumprimento; (2) parcialmente cumprido; e (3) totalmente cumprido. A mesma diferenciação é usada pela Comissão e Corte em seus relatórios de supervisão de cumprimento. Segundo o Relatório de 2014 da CmDH (CmDH, 2014, pp82-83), as categorias são definidas por:

25 Nota-se que em muitos casos o Estado brasileiro não manifesta formalmente sua defesa no Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Isto faz com que o número de manifestações de defesa do Brasil seja diferente do total de medidas contra ele no SIDH.

26

Fornecidos por meio da Lei de Acesso à Informação, Lei nº 12.527/2011, pelos protocolos 09200000096201519 e 09200000719201553 (MRE) e 00083000104201536 (SDH).

27 Os dados fornecidos pelos dois órgãos estão em anexo a este trabalho como ―Anexo 1 - Dados fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores‖ e ―Anexo 2 - Dados fornecidos pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República‖, exclui-se desses anexos todas as manifestações de defesa do Estado brasileiro no SIDH por se tratar de arquivos extremamente longos.

 Cumprimento total: aqueles casos em que o Estado cumpriu em totalidade com todas as recomendações e resoluções formuladas pela CmDH e CrDH. Dado os princípios de efetividade e reparação integral, os dois órgãos consideram como cumpridas totalmente aquelas recomendações e resoluções que o Estado tenha iniciado e concluído satisfatoriamente a tramitação para o seu cumprimento;

 Cumprimento parcial: aqueles casos em que o Estado cumpriu parcialmente com as recomendações formuladas pelo SIDH, seja por cumprir apenas algumas das recomendações e resoluções ou por cumpri- las de maneira incompleta;

 Aguardando cumprimento: aqueles casos em que a Comissão e a Corte consideram que não houve cumprimento das recomendações ou resoluções devido ao fato de não se ter iniciado nenhuma ação para tal fim, assim como aquelas ações iniciadas que ainda não produziram resultados concretos, as resoluções e recomendações que o Estado explicitamente indica que não cumprirá ou não cumpriu e aquelas que o Estado não informou ao SIDH sobre seu cumprimento e este não conte com informações de outras fontes que indique uma conclusão contrária.

Em seus relatórios de supervisão de cumprimento tanto a CmDH quanto a CrDH avaliam o grau de compliance com as medidas outorgadas de duas formas: 1) Coletivamente, em que a compliance com as medidas proferidas é analisada por caso, ou seja, o caso é avaliado como um todo e classificado em uma das três categorias acima; 2) Individualmente, em que a compliance de cada caso é analisada por meio de cada uma das recomendações ou resoluções pela CmDH ou CrDH, sendo que cada uma das medidas é classificada no final em uma das três categorias de compliance mencionadas acima. Neste estudo, uso a classificação individual de compliance utilizado pelo SIDH.

Os casos em que os órgãos do SIDH ainda não emitiram nenhum relatório de supervisão de cumprimento foram categorizados como ―sem informação‖. São eles: 1) Caso nº 11.405 Newton Coutinho Mendes e outros; 2) Caso nº 11.516 Ovelário Tames; 3) Caso nº 11.598 Alonso Eugênio da Silva; e 4) Caso nº 11.599 Marcos Aurélio de Oliveira.

Por fim, as datas em que os relatórios anuais da CmDH e relatórios de supervisão de cumprimento da Corte foram publicados são consideradas como a data em que o Estado cumpriu com as recomendações e resoluções parcialmente ou totalmente, caso

tenham sido categorizados como tal. Por isso, os resultados relativos ao tempo de cumprimento das medidas devem ser lidos em termos aproximados e relativos.

2.3. Procedimentos contra o Brasil no Sistema Interamericano de Direitos Humanos: