• Nenhum resultado encontrado

Dentre os 55 convidados, 31 residentes (os da clínica médica e da cardiologia) e 24 preceptores intensivistas, foram incluídos 43 participantes (78,2%); 31 residentes e 12 preceptores, sendo nove intensivistas da Unidade de Terapia Intensiva e três da cardiologia do HUOL, sendo 24 mulheres e 19 homens. Dentre os residentes, 21 eram residentes da Clínica Médica e 10 residentes da Cardiologia.

Em relação às ausências no curso, a maioria dos residentes ausentes alegou conflitos entre o dia da semana (sábado) e outras atividades. Quanto aos intensivistas, apesar de conceberem a capacitação como importante, não registraram justificativas para suas ausências.

Com o intuito de compreender os motivos que atraíram o participante para o curso teórico-prático, foi utilizada uma estratégia de método ativo denominada Panorama Sobe e Desce (figuras 6 e 7); entre as respostas coletadas, predominaram as que faziam referência ao aprendizado de uma nova técnica, a oportunidade de atualizar os conhecimentos, a consequente aquisição de um novo conhecimento, a valorização profissional e o fator segurança, a fim de que iatrogenias fossem evitadas. As figuras abaixo resumem tais respostas.

Figura 6. Motivação de residentes para participação no treinamento sobre punção guiada

Figura 7. Motivação dos preceptores para participação no treinamento sobre punção guiada

por ultrassom. Fonte: figura elaborada pelos autores, 2019.

Por sua vez, as respostas atribuídas a outro Panorama Sobe e Desce utilizado, questionando sobre o que dificultava e ou desmotivava os pretendentes a realizarem o curso (figura 8), variaram entre a falta de tempo devido ao trabalho, a falta de tempo devido às atribuições como residentes e questões relacionadas a agenda.

Figura 8. Fatores que desmotivam os residentes e preceptores para participação no

treinamento sobre punção guiada por ultrassom. Fonte: figura elaborada pelos autores, 2019.

Em se tratando do processo avaliativo, é interessante lembrar o primeiro item do questionário intitulado Avaliação Diagnóstica (apêndice 4) e Avaliação pós- intervenção (apêndice 5) – aplicados respectivamente antes e após o curso, cuja indagação se reportava à pratica do profissional em relação aos acessos centrais, conforme segue: “Como você costuma realizar os acessos centrais? ”. Dentre os 43 médicos participantes, dois residentes informaram que não tinham experiência com acesso venoso central e três médicos (um residente e dois intensivistas) utilizavam o aparelho ultrassom quando disponível, para guiar a punção venosa. O item seguinte do questionário indagava sobre a via de acesso preferencial dos participantes; as respostas revelaram que 68,29% (28 participantes) optam pela Veia Jugular Interna Direita, 21,9% (9) pela Veia Subclávia Direita e apenas um participante indicou a Veia Subclávia Esquerda como sua veia de acesso preferencial.

A Avaliação Diagnóstica, pré-teste aplicado antes do curso teórico-prático, seis participantes não responderam ao terceiro quesito, que abordava a sequência de ações do procedimento. Observou-se que a quase totalidade, 41 (95,3%), não mencionou a necessidade da realização de coagulograma prévio ao acesso venoso e 51,16% não fez menção à solicitação de raio-x de tórax após o procedimento.

Após a realização do curso, 18 residentes (41,8%) responderam de forma perfeita às etapas requeridas no passo a passo do procedimento (abordagem ao paciente, solicitação do TCLE, pormenores técnicos do procedimento, solicitação de coagulograma, raio-x de controle e registro no prontuário). Todavia, 14 participantes não mencionaram a requisição do TCLE e 13 sobre o registro no prontuário médico; 65,11% não fizeram menção ao coagulograma (26 de 43 participantes) e 39,5% sobre a realização de Radiografia de tórax pós-procedimento (17 de 43).

O quarto e o quinto quesitos do questionário abordaram a importância da punção guiada por ultrassom. No questionário pré-curso, 27,8% responderam que o ultrassom é importante após a primeira tentativa de punção sem sucesso; já 37,2% responderam que o US é importante antecedendo a primeira punção; por sua vez, dois participantes declararam que o US é importante após a segunda tentativa. Sobre essa questão, apenas um participante não respondeu a este quesito, limitando-se a emitir a opinião de que “com certeza melhora a técnica e a segurança do procedimento”.

Após a realização do curso, a totalidade dos participantes afirmou a importância do treinamento do ultrassom guiando o acesso venoso para identificar variações anatômicas, aumentar taxa de sucesso, reduzir riscos e complicações, entre outros benefícios, como identificações de trombos e posicionamento do cateter.

Para a avaliação da consistência interna dos instrumentos, DOPS e avaliação da atividade, foi empregado o teste Alfa de Cronbach. Ambos apresentaram coeficiente superior a 0,7, o que demonstra a consistência das respostas dos participantes, sendo os valores 0,719 e 0,894, (tabela 1).

Tabela 1. Análise global da consistência interna dos instrumentos.

Instrumento Alfa de Cronbach com base em itens padronizados

Avaliação da Atividade 0,894

Avaliação DOPS 0,719

A tabela 2 evidencia a consistência das respostas dos participantes no questionário de avaliação da atividade, com o coeficiente alfa de Cronbach acima de 0,9 em todos os quesitos.

Tabela 2. Análise da consistência considerando os itens de cada um dos dois instrumentos.

Fonte: Tabela elaborada pelo autor, 2019.

Itens/Domínios Média Padrão Desvio

Correlação de item total corrigida Alfa de Cronbach DOPS Nível de supervisão do residente 2,07 1,27 0,00 0,62

Avaliac dops conhecimento 5,00 1,82 0,35 0,44

Avaliac dops habilidade 6,11 1,93 0,67 0,15

Avaliacao dops conjunto 6,41 1,62 0,83 0,07

Dops_foco 2,59 0,93 -0,34 0,69 Avaliação da atividade Local_teórica 4,73 0,45 0,33 0,92 Local_prática 4,73 0,45 0,48 0,91 Teor_material didático 4,37 0,61 0,60 0,91 Teor_texto legível 4,07 1,01 0,54 0,92 Teor_figuras 4,53 0,57 0,78 0,91 Teor_videos 4,57 0,57 0,48 0,91 Teor_tempo de aula 4,57 0,57 0,55 0,91

prática após a teórica 4,43 0,63 0,33 0,92

Material de prática (simuladores

e material de suporte) 4,37 0,81 0,32 0,92

Tempo de prática 4,57 0,68 0,63 0,91

Refletir desempenho 4,53 0,57 0,50 0,91

Fácil identificar onde não

desempenhei bem 1ª prática 4,37 0,72 0,60 0,91

Fácil identificar onde não

desempenhei bem 2ª prática 4,40 0,72 0,62 0,91

Autoavaliação - acrescentou

informações 4,57 0,50 0,71 0,91

Autoavaliação - feita de forma

apreciativa após 1ª prática 4,53 0,51 0,68 0,91 Autoavaliação - feita de forma

apreciativa após 2ª prática 4,53 0,51 0,65 0,91 Feedback- apresentação de conteúdos relevantes 4,67 0,48 0,75 0,91 Feedback- apresentação didática e objetiva 4,57 0,57 0,81 0,91 Feedback- estimularam a interação 4,60 0,56 0,65 0,91

Feedback- disp. p/dúvidas 4,73 0,45 0,77 0,91

No questionário sobre a Avaliação da Atividade, 100% dos participantes “concordaram totalmente”, ou (apenas) “concordaram” com o local de realização do workshop. Em relação à aula teórica, sete dos 43 participantes (do 1º e 2º cursos) responderam que o texto não estava legível ou de fácil entendimento. Os demais

quesitos referentes a esse item obtiveram 100% de respostas favoráveis, sob a configuração de “concordo totalmente” ou “concordo”.

A maioria dos participantes concordou/concordou totalmente (88,4%) que a estratégia didática utilizada, com teoria seguida de práticas e avaliação, contribuiu para o aprimoramento da habilidade na realização das manobras. Foi perguntado também aos participantes se a teoria seguida de duas aulas práticas teria concorrido para o aprimoramento da habilidade na realização das manobras. Nesse quesito, cinco participantes (11,5%) declararam que não concordaram, nem discordavam. Quanto a avaliação (modelo para punção) - representado pelo frango resfriado, por agulhas de punção, fios-guia, aparelho de ultrassom, sala de exame – foi considerado adequado por 97,7% dos mesmos.

Em relação à autoavaliação, um participante não respondeu a nenhum dos três quesitos, enquanto um respondeu que discordava em relação ao item “foi fácil identificar onde não havia desempenhado bem a habilidade após a primeira prática”. Os demais 41 participantes responderam “concordo totalmente”, ou “concordo” a todos os quesitos restantes.

Em relação aos quatro quesitos do item denominado Feedback (impressão dos avaliadores) apenas um participante respondeu “Não concordo e não discordo” ao quesito “ foi feito de forma apreciativa após a segunda prática”. Os demais 42 participantes responderam “concordo totalmente”, ou “concordo” a todos os quesitos. Por fim, no item Atuação dos Palestrantes, do Questionário Avaliação da Atividade, 100% dos participantes responderam aos quatro quesitos: “Concordo totalmente ou concordo”.

Os participantes destacaram a parte prática como um dos aspectos relevantes do curso, dada à possibilidade de adquirirem uma nova habilidade e capacitação no aprendizado de uma técnica que traz mais segurança para o procedimento, para o médico e o paciente, com menos riscos de complicações e menos punções sem sucesso.

Assim sendo, os resultados foram considerados positivos por 100% dos integrantes, com base na medida do coeficiente de alfa de Cronbach – que mede a confiabilidade e consistência das respostas dos participantes, incluindo autoavaliação e avaliação do treinamento –, com predomínio de desempenho satisfatório de todos os 43 participantes. Isto ratifica a unanimidade referente à

aceitação do modelo educacional de treinamento de simulação aplicado – o peito de frango resfriado – sendo este enfaticamente escolhido pelos próprios participantes, por atingir o objetivo do treinamento.

Em relação aos elementos frágeis do workshop (“o que pode melhorar”), foi citado o dado relacionado a mais tempo para a parte prática, a demonstração de casos clínicos e o acesso para outros vasos, como a veia subclávia e femoral. Um dos participantes sugeriu a melhora de alguns slides, sob a alegação de que os que foram usados se apresentavam “muito brancos”; já outro participante solicitou que fosse fornecido material didático antes do curso. As sugestões feitas para o próximo workshop sintetizaram três principais expectativas: que as qualificações sejam extensivas a todos, que se repitam mais vezes e, particularizando o conteúdo ministrado, que abranjam também outros acessos como a veia subclávia e femoral.

Documentos relacionados