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TRIAGEM, COMPOSTAGEM E RECICLAGEM DOS RSDC

No documento MATO GROSSO DO SUL (páginas 47-53)

CAP 4 – RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES, COMERCIAIS E DE PRESTADORES DE SERVIÇOS (RSDC)

4.4 TRIAGEM, COMPOSTAGEM E RECICLAGEM DOS RSDC

Define-se triagem, compostagem e reciclagem como formas de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos. A adoção de um sistema de segregação dos RSDC, seja pela iniciativa de cada cidadão, pela coleta seletiva ou nas unidades de triagem de resíduos, traz benefícios ao meio ambiente, reduzindo a carga de material disposto nos vazadouros a céu aberto e aterros sanitários, além de possibilitar a geração de renda às pessoas que dependem da segregação desses resíduos para sobrevier, proporcionando uma melhor qualidade de vida.

Para que haja um tratamento eficiente são necessários estudos preliminares dos municípios, determinando características que interferem na produção de resíduos. Uma das principais características é a composição gravimétrica, que consiste nos quantitativos percentuais dos componentes dos resíduos gerados para cada município.

A fim de destacar os possíveis dados quantitativos dos resíduos secos passíveis de reciclagem gerados no Polo 06 foram utilizados os dados de composição gravimétrica para diagnosticar o potencial de geração diária de resíduos recicláveis (ver subcapítulo 4.2). Neste sentido destaca-se o município de Nova Andradina/MS com 1.854,16 toneladas anuais de resíduos potencialmente recicláveis. Já com relação à estimativa da destinação de materiais recicláveis à reciclagem foi utilizado um estudo do IPEA, também utilizado no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de São Paulo (2014), no qual foi estimado que apenas 2% dos resíduos passíveis de reciclagem são reciclados (ABRAMOVAY & MENDONÇA, 2013). Com isso a estimativa de destinação anual de materiais recicláveis à reciclagem é de 125,25 toneladas (Tabela 2).

Tabela 2 – Estimativa da geração de resíduos recicláveis e passíveis de reciclagem para o Polo 06 – Região Leste. Municípios Quantidade de RSDC (t/ano) Potencial da Geração de materiais recicláveis (t/ano) Percentual Estimado de recuperação dos recicláveis (%) Estimativa da destinação de materiais recicláveis à reciclagem (t/ano) Anaurilândia 1.587,75 406,62 2,00% 8,13 Angélica 2.920,00 996,01 2,00% 19,92 Bataguassu 4.015,00 1.313,71 2,00% 26,27 Batayporã 2.555,00 871,51 2,00% 17,43 Ivinhema 5.110,00 494,65 2,00% 9,89 Nova Andradina 8.829,35 1.854,16 2,00% 37,08

Novo Horizonte do Sul 616,85 157,98 2,00% 3,16

Taquarussu 657,00 168,26 2,00% 3,37

Total 26.290,95 6.262,90 - 125,25

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A partir das estimativas apresentadas, verifica-se que Bataguassu e Nova Andradina/MS geram os maiores quantitativos de materiais recicláveis que, se corretamente gerenciados, serão encaminhados para reciclagem. Neste sentido, no que tange as unidades de triagem de resíduos sólidos, apenas os municípios de Batayporã e Nova Andradina possuem este sistema em funcionamento, com as respectivas Prefeituras Municipais responsáveis pela operação das atividades das UTRs implantadas.

Em Batayporã os resíduos que chegam a UTR são oriundos da coleta seletiva municipal, promovendo a socialização e melhores condições de trabalho aos catadores de materiais recicláveis (Figura 14). Em Nova Andradina/MS esta unidade está inserida em uma área contigua ao atual vazadouro a céu aberto (lixão) e os resíduos são oriundos da coleta de materiais recicláveis que os funcionários da Prefeitura Municipal realizam nos grandes geradores da região.

No município de Angélica/MS existe uma UTR localizada no vazadouro a céu aberto do município, porém não é operada corretamente. A Prefeitura Municipal era responsável pela operação da unidade, mas repassou para 3 moradores do local. A UTR possui esteira e prensa para enfardamento dos resíduos, porém a esteira apresentava problemas no funcionamento, por a isso a separação era feita no local de descarte dos resíduos pelo caminhão e a origem dos mesmos é a coleta convencional (Figura 15).

Figura 15 – Estrutura física da UTR localizada em Angélica/MS.

Fonte: Deméter Engenharia Ltda., 2014.

Figura 14 – Estrutura física da UTR localizada em Batayporã/MS.

Nos municípios de Bataguassu e Ivinhema/MS existe planejamento para implantação de uma UTR. Em Bataguassu a unidade irá operar em uma área contigua ao atual vazadouro a céu aberto e será gerenciada por uma empresa terceirizada. Já em Ivinhema, a UTR será localizada no futuro aterro sanitário do município, a ser operada pela Prefeitura Municipal.

Ainda, nos municípios de Anaurilândia, Bataguassu e Taquarussu existem Galpões de Triagem (GT) em operação. Em Anaurilândia, o GT está localizado no pátio da Associação de Catadores e é operado pelos membros desta (Figura 16). A origem dos resíduos é da coleta seletiva e também através da coleta realizada pelos associados no vazadouro a céu aberto do município, devido à pouca quantidade de materiais advindos da coleta seletiva. Para Bataguassu, o Galpão de Triagem localizado no vazadouro a céu aberto do município é de propriedade de uma empresa particular e os resíduos triados são oriundos de catadores informais que coletam no vazadouro a céu aberto e realizam a venda para a referida empresa. Por fim o município de Taquarussu conta com um GT localizado no pátio da Associação de Catadores e operado pelos membros desta. Ademais, os materiais triados são oriundos da coleta seletiva municipal.

Figura 16 – Galpão de Triagem localizado no pátio da Associação de Catadores do município de Anaurilândia.

Fonte: Deméter Engenharia Ltda., 2014.

Contudo em todos os municípios do Polo 06 ocorre uma triagem informal e reaproveitamento dos materiais recicláveis realizado por catadores informais nas áreas de disposição final (vazadouros a céu aberto) e em menor quantidade coletados por carrinheiros que percorrem as vias da cidade e por comércios de reciclagem.

Neste sentido, um dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010) estabelece em seu Art. 8º inciso IV a iniciativa para criação e desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Entretanto, apenas os municípios de Anaurilândia e Ivinhema possuem Associação de Catadores de Materiais Recicláveis, denominadas respectivamente de Água Amarela e

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ECO Centro. Ainda, o município de Taquarussu conta com uma Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis. Por fim, o município de Nova Andradina, de acordo com informações adquiridas com os gestores municipais durante vistoria técnica in loco, possui uma Cooperativa de Reciclagem (Figura 17), porém a mesma encontrava-se com pendências junto a Receita Federal.

No intuito de identificar a existência de triagem, características das estruturas de triagem dos municípios, tais como a presença de galpão, prensa, esteira, mesa

separadora, baias para acondicionamento e rampa para descarte de resíduos, foi elaborado o Quadro 5.

Quadro 5 – Existência de triagem, característica das estruturas de triagem e estruturas presentes em cada uma para os municípios do Polo 06.

Municípios Existência de Triagem Característica da Estrutura de Triagem Estruturas Presentes G al o P rens a Es teir a M es a Baia s Ramp a

Anaurilândia Sim GT – em operação

Angélica Sim UTR – em operação

Bataguassu Sim GT – em operação

Batayporã Sim UTR – em operação

Ivinhema Sim Não possui

Nova Andradina Sim UTR em operação

Novo Horizonte do Sul Sim Não possui

Taquarussu Sim GT – em operação

Fonte: a partir de informações de vistoria técnica in loco nos municípios do Polo 06 – Região Leste. Legenda

Estrutura em condições de uso

Estrutura em péssimas condições de uso UTR – Unidade de Triagem de Resíduos Sólidos GT – Galpão de Triagem

Quanto à recuperação de materiais compostáveis, foi verificado que é praticamente inexistente nos municípios do Polo 06, apesar da grande maioria dos levantamentos gravimétricos realizados apontarem para percentuais superiores a 50% da geração do total. Tais resíduos orgânicos são passíveis de reaproveitamento seja por meio de processos de compostagem ou utilizando-se biodigestor com reaproveitamento do biogás, seja por outras Figura 17 – Camisa da Cooperativa de Reciclagem de Nova Andradina/MS.

formas de reutilização desta fração dos resíduos, assim atendendo ao Art. 4º inciso II da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), que visa à redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em relação às suas diferentes fontes. Atualmente esses resíduos são dispostos diretamente nos locais de disposição final de RSDC, incorrendo na redução da vida útil destas localidades.

Uma possibilidade para a recuperação destes materiais é através de Unidades de Compostagem. Neste sentido, o município de Nova Andradina/MS conta com infraestrutura para esta finalidade, localizada no vazadouro a céu aberto e possuindo o pátio impermeabilizado através de concreto, porém devido ao fato de estar abandonada, o pátio está sofrendo com ações do tempo e nota-se fissuras na estrutura e o crescimento de vegetações nestas (Figura 18).

Figura 18 – Pátio da Unidade de Compostagem abandonada em Nova Andradina/MS.

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Figura 19 – Situação da triagem, reciclagem e compostagem dos RSDC.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quanto à comercialização dos materiais segregados (Figura 20), a capital do Estado de Mato Grosso do Sul configura-se como o principal destino para os materiais recicláveis comercializados pelos municípios integrantes ao Polo 06 – Região Leste recebendo cargas diretas de Anaurilândia, Angélica, Batayporã, Ivinhema e Nova Andradina, bem como

indiretas de Taquarussu. Ademais, em menor quantidade, há comercialização de materiais recicláveis para o município de Três Lagoas e os Estados de Paraná e São Paulo.

Ressalta-se que nos municípios do Polo 06 as ações referentes ao manejo dos resíduos recicláveis são apenas de triagem (segregação dos materiais) e enfardamento, portanto não existem mecanismos de reciclagem propriamente ditos, pois segundo a Resolução CONAMA n.º 307/2002 este processo consiste na transformação dos materiais recicláveis.

Figura 20 – Principais fluxos dos materiais recicláveis do Polo 06 – Região Leste.

Fonte: Elaborado pelos autores.

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