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Tribunais Regionais Federais

No documento MESTRADO EM DIREITO SÃO PAULO (páginas 138-141)

4.2 Análise dos critérios do merecimento nos Regimentos Internos

4.2.2 Tribunais Regionais Federais

Com relação aos cinco Tribunais Regionais Federais brasileiros, utilizando-se os mesmos enfoques estabelecidos para os Tribunais de Justiça, temos a seguinte situação: três deles não mencionaram os critérios em seus Regimentos Internos: 1ª Região, 3ª Região e 5ª Região294; o Tribunal Regional Federal da 2ª Região mencionou os critérios, mas não

explicitou; e, por fim, apenas o Tribunal Regional Federal da 4ª Região minuciou os critérios, repetindo as disposições da Resolução n. 106 do CNJ.

Um ponto interessante e de vanguarda em relação ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região é o reconhecimento da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) como sendo o órgão responsável pelos cursos computados para a promoção, em obediência ao inciso I do parágrafo único do artigo 105 da Constituição Federal.

Ao contrário do Tribunal de Justiça do Acre, que dispôs no parágrafo único do artigo 276-D do seu Regimento Interno que os cursos de aperfeiçoamento deveriam ser reconhecidos pelo “Ministério da Educação e Cultura ou por órgãos a este vinculados”295, o

TRF da 4ª Região reconheceu integralmente o papel constitucional da Enfam no artigo 380 do seu Regimento Interno:296

Art. 380. Na avaliação do aperfeiçoamento técnico serão considerados:

I - a frequência e o aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos pela Enfam, considerados os cursos e eventos oferecidos em igualdade a todos os magistrados pelos Tribunais e Conselho da Justiça Federal, diretamente ou mediante convênio.

293 Disponível em:

<https://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/downloadNormasVisualizar.do?cdSecaodownloadEdit=9&cdArquivodownEdit= 95>. Acesso em: 30 jul. 2015.

294 O TRF da 5ª Região não citou nem explicitou os critérios do merecimento para as promoções. Apenas em

relação às remoções, citou na alínea a do parágrafo 2º do artigo 267 do seu Regimento Interno os critérios constitucionais da alínea c, inciso II, do artigo 93 da Constituição Federal (Disponível em: <http://www.trf5.jus.br/downloads/REGIMENTO_INTERNO_emendas_01_a_03.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2015).

295 Disponível em: <http://www.tjac.jus.br/wp-content/uploads/1995/12/Regimento_Interno_TJAC.pdf>. Acesso

em: 30 jul. 2015.

296 Disponível em: <http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=pagina_visualizar&id_pagina=968>.

II - os diplomas, títulos ou certificados de conclusão de cursos jurídicos ou de áreas afins e relacionados com as competências profissionais da magistratura, realizados após o ingresso na carreira.

III - ministração de aulas em palestras e cursos promovidos pelo Tribunal ou Conselho da Justiça Federal, pelas Escolas da Magistratura ou instituições de ensino conveniadas ao Poder Judiciário.

§ 1º Os critérios de frequência e aproveitamento dos cursos oferecidos deverão ser avaliados de forma individualizada e seguirão os parâmetros definidos pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam).

§ 2º O magistrado, para promoção por merecimento, deverá cumprir, com aproveitamento, carga horária mínima de vinte horas-aula semestrais ou de quarenta horas-aula anuais, em curso de aperfeiçoamento reconhecido e credenciado pela Enfam, por ano em que permanecer no cargo.

§ 3º A pontuação dos magistrados, após verificado, pela Escola da Magistratura, o atendimento do requisito disposto no parágrafo anterior, para fins de promoção, será realizada pela EMAGIS de acordo com a gradação constante da Tabela de Valoração de Cursos, anexa à Resolução nº 2, de 14 de janeiro de 2010.

§ 4º O Tribunal deverá custear as despesas para que todos os magistrados participem dos cursos e palestras oferecidos, respeitada a disponibilidade orçamentária.

§ 5º As atividades exercidas por magistrados na direção, coordenação, assessoria e docência em cursos de formação de magistrados reconhecidos pela Enfam são consideradas serviço público relevante e, para o efeito do presente artigo, computadas como tempo de formação pelo total de horas efetivamente comprovadas.

Também é interessante, consoante já ressaltamos, que a pontuação relativa ao aperfeiçoamento técnico tenha ficado como incumbência da própria Escola de Magistratura do TRF da 4ª Região.

Nesse universo de trinta e dois tribunais, percebe-se que apenas doze deles explicitaram os critérios de aferição do merecimento. Os outros vinte tribunais mencionaram os critérios e explicitaram superficialmente, ou mencionaram e não especificaram, ou sequer mencionaram os critérios em seus Regimentos Internos.

Somando-se os Tribunais Regionais Federais à análise dos Tribunais de Justiça, afere- se que: se em relação apenas aos Tribunais de Justiça a quantidade de tribunais que esmiuçaram os critérios de promoção por merecimento era perto de metade, se somados com os TRFs, o número cai para praticamente um terço.

Isso demonstra algumas possibilidades: a) que os próprios tribunais não se sentem à vontade para normatizar o tema, diante da inconsistência normativa do Conselho Nacional de Justiça; ou, b) os tribunais preferem não normatizar, para interpretar a Constituição e a Resolução n. 106 do CNJ aos casos concretos; ou, c) os tribunais não querem extrapolar a competência legislativa para dispor sobre o tema, uma vez que mesmo passados vinte e sete

anos da promulgação da Constituição de 1988, ainda não foi editado o Estatuto da Magistratura previsto no caput do seu artigo 93.

Vê-se também que é bastante tímida a participação das Escolas de Magistratura na aferição dos critérios do merecimento. Na maioria dos tribunais, o papel das Escolas é apenas informativo em relação aos cursos oficiais oferecidos pela própria Escola.

A minuta de Anteprojeto do Estatuto da Magistratura elaborada pelo Supremo Tribunal Federal297 reafirma a Enfam como regulamentadora dos cursos oficiais para ingresso e promoção na carreira, bem como seu papel de incentivadora do desenvolvimento das Escolas de Magistratura (art. 5º).

No Capítulo VIII, que versa sobre a formação e o aperfeiçoamento do magistrado, estabelece o inciso III do artigo 217 que cabe às Escolas de Magistratura enviar aos tribunais estatísticas individualizadas sobre a participação dos respectivos magistrados nos cursos, simpósios, congressos e conferências, atribuindo-lhes graduação, para que se constituam em critério objetivo para fins de promoção por merecimento.

Vê-se, então, que se confirmar a disposição de lege ferenda, as Escolas passarão a ter uma participação um pouco menos passiva no processo avaliativo do merecimento.

Outrossim, a minuta do Anteprojeto do Estatuto da Magistratura traz o Capítulo X sobre a movimentação na carreira. Para a promoção por merecimento foi reservada a Seção III, com a repetição, é claro, dos ditames constitucionais. Porém, não foram trazidos os caminhos para a aferição dos critérios constitucionais. A minuta traz apenas o período de abrangência dos dados e, no parágrafo 7º do artigo 260, a participação dos inscritos: findo o processo de levantamento dos dados, todos são notificados para ciência das informações relativas a todos os concorrentes, facultando-lhes a impugnação, no prazo de 5 dias, para exame na sessão de julgamento.

Certamente, assim como os atos normativos do Conselho Nacional de Justiça e dos tribunais, o futuro Estatuto da Magistratura está sendo fruto de discussão e amadurecimento.

297 Disponível em: <http://s.conjur.com.br/dl/estatuto-magistratura-juizes-loman-stf.pdf> Acesso em: 28 out.

No documento MESTRADO EM DIREITO SÃO PAULO (páginas 138-141)