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106Trilhamos um caminho que nos levasse ao entendimento

No documento PORTCOM (páginas 106-110)

A regionalização no telejornalismo piauiense: estratégias adotadas pela Rede

106Trilhamos um caminho que nos levasse ao entendimento

da participação popular na Casa Brasil Imbariê, e como ela pode contribuir para o compartilhamento de poderes e decisões na produção, desenvolvimento e circulação da comunicação (a partir da atuação dos membros no Teatro, nas experiências com o curso de Quadrinhos), seja somente no nível da informação - como espectadores, aguardando as demandas das atividades solicitadas - ou mesmo na cogestão da unidade, promovendo exposições, espetáculos, participando da escolha dos temas das aulas seja nos cursos de Desenho ou no Teatro, enfim, participando e democratizando o poder de comunicar por meio de suas experiências.

Considerações

As explanações anteriores deixam claro que a democratização da comunicação é fundamental para o empoderamento da Comunicação Comunitária, uma vez que ele pode proporcionar a apropriação da comunicação pelas comunidades, que em seu objetivo primário pode servir como uma ferramenta de articulação para a busca e reivindicação social dos demais direitos de cidadania. Sabemos, contudo, da necessidade premente em se lutar contra todas as mazelas econômicas, sociais e políticas que fazem tão poucos terem acesso às TICCs. Fazemos menção à comunicação de forma geral, em quaisquer meios, que seja uma arena de realização de conflitos e disputas de hegemonia na sociedade.

Outro ponto importante é a concepção do Estado nas dimensões dos direitos de cidadania, pois é necessária uma série de regulações, leis e instrumentos para que eles sejam garantidos. Enquanto são tímidas as investidas do Estado em prol de uma outra comunicação, os movimentos sociais populares, instituições da sociedade civil, homens, mulheres, levantam a bandeira de luta pela democratização da comunicação no país. A Casa Brasil Imbariê a partir de suas práticas demonstra que apesar dos escassos recursos materiais e financeiros, mas com suas ricas experiências no por em comum, é possível democratizar a comunicação. A comunicação pautada no diálogo, nas atividades e tarefas diárias, na conscientização e participação das ações coletivas.

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Entretanto, somente num espaço dialógico e plural, onde todos tenham voz, acesso aos meios de produção e comunicação e condições de participação equânime na formulação e monitoramento de políticas democráticas de comunicação, os demais direitos poderão ser reconhecidos, de fato.

Sabemos que muitas investidas do Estado em promover políticas de “inclusão” são orientadas de cima para baixo, temos um histórico marcado pela submissão dos povos em diversos níveis que não vamos adentrar aqui. Mas de nada adianta o investimento em políticas públicas de comunicação que não sejam orientadas para a participação popular, de maneira gradativa e processual, pois certamente estarão à mercê de sua própria sorte, fadadas a sua descontinuidade, ou melhor, existirão unicamente enquanto o poder público quiser.

As demandas da sociedade civil, mais articuladas, se apropriam dos meios que estão ao seu alcance, porém, muitas vezes, por limitações próprias, não alcançam o restante da população alijada desses processos. Infelizmente, nem todos os cidadãos têm consciência dos seus direitos básicos, menos ainda dos direitos à comunicação. Falta em muitos casos, uma cultura de autonomia, de mobilização que precisa ser fomentada, não da noite para o dia, mas gradualmente. Mesmo assim, acreditamos que todo o “barulho” provocado e fomentado por parte da sociedade civil é reflexo de que uma outra comunicação é possível.

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