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TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS

No documento Turismo e Hotelaria para (páginas 113-125)

TÓPICO 3 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS MODALIDADES DE TURISMO:

2.5 TURISMO DE NEGÓCIOS E EVENTOS

Como você bem sabe, esta disciplina está totalmente voltada para o turismo e a hotelaria nos eventos, então abordaremos os tipos de eventos desenvolvidos dentro da hotelaria e do turismo posteriormente. Neste momento iremos nos concentrar em conceitos gerais, tais como de Chon (2014, p. 32):

Apesar de a demanda por viagens de negócios ser elástica, ou seja, apesar de flutuar conforme as condições econômicas, ela não é tão elástica quanto a demanda por viagens de lazer. As viagens de lazer podem ser adiadas quando a economia não vai bem. Para alguns tipos de viagens de negócios, não importa se a economia vai bem ou mal, elas devem acontecer.

As viagens de negócios não dependem de clima, por exemplo, e elas podem acontecer o ano inteiro. Muitas vezes, os eventos destinados a negócios suprem a demanda elástica de outros tipos de turismo, como é o caso, o turismo de lazer.

Chon (2014) explica que as reuniões e convenções representam um grande segmento das viagens de negócios. O antigo conceito de convenção referia-se a uma reunião com um grande número de participantes e atualmente é um termo genérico que se refere a reuniões profissionais e de negócios de qualquer tamanho em um local específico. As convenções são realizadas por grandes corporações, agências do governo e organizações. Fora dos Estados Unidos, o termo congresso é frequentemente utilizado no lugar de “convenção”. Exposição e feiras de determinado ramo de negócios que acontecem principalmente para a troca de informações também representam uma grande parte das viagens de negócios ao redor do mundo.

3 TRANSPORTES

O transporte é um elemento do turismo, pois faz com que as pessoas consigam chegar aos destinos desejados.

“A natureza derivada da demanda do transporte significa que fatores como clima, restrições de períodos de férias, festivais religiosos e feriados escolares, influenciam igualmente a ocorrência de uma demanda por transporte no turismo [...].” (COOPER et al., 2008, p. 450).

Segundo Cooper et al. (2008, p. 451), “A forma mais óbvia para analisar o transporte é através de seus meios, sendo que os principais são: rodoviário, marítimo, ferroviário e aéreo”.

O turismo existe através das especificidades, pois as pessoas deslocam-se em busca do novo, do inusitado da aventura, de um lugar, e pode ser entendido também como uma atividade unida à questão da identidade e da subjetividade dos indivíduos, na qual o deslocamento para um determinado lugar atende à busca de desejos e emoções individuais (NETTO; REIS ANSARAH, 2009).

3.1 TRANSPORTES RODOVIÁRIOS

“O turismo rodoviário brasileiro e a própria realidade automobilística nacional, considerada em sua indústria e em seu mercado, receberam seu primeiro estímulo em 1908, quando o conde Lesdain viajou do Rio de Janeiro a São Paulo, de automóvel” (ANDRADE, 2002, p. 136).

De acordo com Cooper et al. (2008), os automóveis dominam o transporte rodoviário, pois é considerado a ferramenta perfeita para o uso do turista em função do controle da rota e das paradas, controle dos horários de saída, flexibilidade porta-a-porta, facilidade de transportar bagagem e equipamento, possibilidade de usar o veículo para pernoite (veículos recreacionais e das vans), privacidade, liberdade para usar o automóvel também no destino e baixo custo compreendido.

Em se tratando de transportes rodoviários, podemos citar também os ônibus. Muito utilizados em regiões desenvolvidas “[...] tanto os coletivos municipais quanto os ônibus intermunicipais/interestaduais viram diminuir significativamente o número de seus passageiros. No entanto, as empresas de ônibus ainda têm seu papel no mercado de turismo [...]” (COOPER et al., 2008, p. 464).

“No Brasil, especialmente na alta estação, o automóvel contribui com maior número de turistas do que os coletivos de linhas regulares e os próprios ônibus de turismo” (ANDRADE, 2002, p. 141).

3.2 TRANSPORTES MARÍTIMOS

Durante muito tempo os navios foram a única forma de realizar uma viagem que necessitasse atravessar o oceano. Todavia existe sempre a relação custo-benefício para cada cliente, ao escolher o melhor meio de transporte. “Viajar pelas águas tornou-se comum desde 1803, quando o inglês Robert Fulton inventou o barco a vapor [...]” (ANDRADE, 2002, p. 132).

Também vale ressaltar que o cruzeiro marítimo pode ser considerado mais uma opção de lazer do que um transporte marítimo em si.

O cruzeiro marítimo tem como objetivo oferecer conforto, diversão, intensa programação de atividades, possibilidade de relaxar e desligar-se do cotidiano, gastronomia, ambiente refinado e interação social. Ainda assim, o seu produto pode, dependendo da empresa, explorar nichos de mercado específicos ou orientar seu planejamento e promoção para uma oferta de massa, dirigida ao varejo do turismo em escala mundial. Um cruzeiro marítimo consegue o fenômeno de agradar seus hóspedes por uma oferta variada de atividades, entretenimento, equipamentos e serviços oferecendo uma variada opção, e criando satisfação em diferentes perfis de hóspedes, promovendo o desejo de repetir a experiência (AMARAL, 2006).

Em se tratando de segurança em alto-mar, Amaral (2006, p. 15) cita que:

Após o trágico acidente do Titanic, em 1912, as autoridades marítimas e portuárias adotaram um elevado nível de exigência para qualquer embarcação de transporte de passageiros, assim como as seguradoras tornaram-se rígidas na obtenção e renovação de apólices de seguro, promovendo drástica redução no número de acidentes que causam ferimentos ou mortes. Alguns casos de pequenos acidentes, como curtos-circuitos que geram pequenos incêndios ou outros casos menores, ainda são registrados.

DICAS

Você já ouviu falar da história do Titanic? Indicamos que você assista ao filme Titanic e observe as instalações do transatlântico, será de grande importância conhecer o sistema de funcionamento de um navio de passageiros.

Um dos piores desastres marítimos da história teve início na noite de 14 de abril e terminou na manhã de 15 de abril de 1912, o luxuoso transatlântico RMS Titanic foi ao fundo do mar após colidir com um iceberg no Oceano Atlântico. O acidente aconteceu horas depois de o navio ter deixado o porto de Southampton, na Inglaterra, na véspera. Dos 2.224 passageiros a bordo, mais de 1500 pessoas morreram afogadas ou por conta do frio. Era o triste fim da viagem inaugural do Titanic, que deveria ter como destino final a cidade de Nova York. Pouco antes da meia-noite do dia 14 de abril, o Titanic navegava em uma área de água parada, sem ondas, um verdadeiro espelho e também um inconveniente para detectar icebergs. Com uma noite estrelada e um mar excepcionalmente calmo, os vigias deram o aviso do iceberg a 600 metros da proa. O Primeiro Oficial Murdoch, de plantão no momento após a retirada do Capitão Smith em sua cabine, tentou evitar a colisão. Porém, o navio raspou no iceberg, o que abriu seis fendas em seu casco. A partir desde momento, o Titanic estava condenado. Para agravar a situação, não havia botes salva-vidas para todos os passageiros, apesar de o navio seguir a legislação vigente na época. Este foi um dos piores desastres marítimos da história em tempos de paz e talvez o mais famoso.

FONTE: <https://seuhistory.com/hoje-na-historia/inicia-se-tragedia-do-titanic>. Acesso em: 10 jan. 2019.

Outro importante transporte hidroviário é o transatlântico. Conforme supracitado, é denominativo de grande navio para transporte de passageiros. Transatlântico é um termo que, usado como adjetivo significa “Situado além do Atlântico”. Como substantivo, seu sentido estrito denomina o navio que faz a rota da Europa para as Américas (ANDRADE, 2002).

Em termos de avaliação técnica, Andrade (2002, p. 126) cita que: “[...] o transatlântico é um hotel itinerante e autônomo, com organização completa a serviço dos passageiros e a qualificação de receptivo de luxo. Divide-se em duas classes determinadas pela qualidade de instalações e dos serviços oferecidos [...].”

3.3 TRANSPORTES FERROVIÁRIOS

Cooper et al. (2008) afirmam que a principal vantagem de se utilizar o transporte ferroviário está na comparação de tempo e distância, do centro de uma cidade ao centro da outra, quando confrontados com o transporte aéreo. Já a desvantagem acontece quando, acima de uma certa distância, alguns visitantes veem os trens como muito incômodos e cansativos.

Alguns motivos podem ser elencados quando tratamos das viagens de trem, tais como: segurança, visibilidade da paisagem externa, a possibilidade de movimentação dentro do vagão, chegar ao destino relaxado e descansado, a busca pelo conforto, os terminais centrais, meio de transporte ecologicamente correto e por fim, mas não menos importante, as rotas descongestionadas (COOPER et al., 2008).

3.4 TRANSPORTES AÉREOS

As grandes distâncias e a necessidade de ganhar tempo, juntamente com o poder aquisitivo das pessoas, são os principais fatores que fazem do transporte aéreo um dos meios mais procurados quando tratamos de transporte turístico em nível nacional, em países de grande dimensão territorial, e internacional. Por isso, a expansão da aviação comercial pode ser considerada tanto causa, quanto efeito do crescimento turístico (ANDRADE, 2002).

Viajar pelo ar é talvez a inovação em transporte mais importante do século XX. Permitiu o transporte de passageiros no menor tempo possível, além de incentivar a demanda por viagens de longo alcance. Na realidade, nenhum lugar do mundo está a mais de 24h de voo de qualquer ponto (COOPER et al., 2008, p. 467).

As companhias aéreas regulares possuem no mercado um produto seguro, adequado, confiável, frequente e relativamente orientado ao consumidor. Os viajantes a negócios, são atraídos pelas companhias aéreas, pois elas apresentam velocidade e a flexibilidade entre vários voos, especialmente nas rotas populares,

bem como os passageiros de lazer que gozam da possibilidade de chegar ao destino ligeiramente sem com isso gastar tempo e dinheiro em rota (COOPER et al., 2008).

Nas companhias aéreas, o conceito de baixo custo (ou em inglês Low cost) também começou a ser utilizado. “O termo baixo custo é comumente associado a companhias com orçamento restrito e serviços sem requinte. O conceito, desenvolvido nos Estados Unidos após a desregulamentação dos serviços aéreos em 1978, foi inaugurado pela Southwest Airlines” (COOPER et al., 2008, p. 468).

Quando usamos expressões como low cost, podemos imaginar situações de baixo custo, e até mesmo de serviços inferiores. Uma dessas situações, a qual se refere o baixo custo, encontra-se quando as empresas não fornecem opção de escolha de acento e também de poucas bagagens. A seguir encontra-se um fragmento do texto intitulado Companhias aéreas low cost de verdade estão chegando no Brasil, saiba mais sobre elas, que irá explicar um pouco melhor sobre o assunto.

Companhias aéreas low cost de verdade estão chegando no Brasil, saiba mais sobre elas

QUANTO CUSTA VIAJAR

Em tempos de crise, quem quer viajar tem que “dar seus pulos” para poder desbravar esse mundão! Uma das primeiras coisas que precisamos pesquisar são as passagens aéreas e, nesse sentido, a chegada de companhias aéreas low cost (ou seja, que possuem bilhetes mais baratos) são um verdadeiro sonho de consumo.

Sabemos que as novas regras da ANAC, que surgiram em 2016/2017, pretendiam fazer com que as companhias aéreas oferecessem passagens aéreas mais baratas, cobrando por bagagem despachada, por exemplo.

O fato é que na prática isso infelizmente não aconteceu para valer aqui (ainda). Isso porque a ANAC já vem regulamentando e autorizando empresas estrangeiras a operarem no modelo low cost de verdade aqui no Brasil.

As companhias aéreas low cost surgiram nos Estados Unidos, mas foi na Europa que elas se popularizaram nos anos 90, graças às liberações concedidas pelo governo, que permitia que essas empresas circulassem livremente, com autonomia na definição de preços e rotas.

Como as empresas conseguem reduzir os custos?

Existe toda uma estratégia para que essas empresas consigam oferecer voos com preços tão atrativos. As principais são:

• Apresentam somente um tipo de aeronave (como o A320 ou Boeing 737). • Os aviões possuem apenas uma classe.

• Quem compra os bilhetes com antecedência vai pagando mais barato. Ou seja, conforme a aeronave vai lotando, o valor da passagem vai subindo, valorizando quem se antecipa na compra.

• Os assentos não são marcados.

• Você paga pelas bagagens despachadas (aqui realmente funciona).

• Os voos partem para aeroportos secundários e com custos mais baratos para a companhia.

• A maioria dos voos são em horários não comerciais ou mais movimentados. • As empresas possuem gestão simplificada, muitas vezes sem guichê ou

vendas em balcão, operando totalmente on-line.

• As companhias disponibilizam mais lugares nos aviões. • O tempo de paragem nos aeroportos é reduzido.

• Os bilhetes aéreos são vendidos separadamente para cada trecho, não sendo possível conexão.

• A emissão dos bilhetes é apenas virtual.

• Bebidas, lanches, fones de ouvido e outros serviços são pagos à parte pelos passageiros que desejarem utilizar.

FONTE: <https://quantocustaviajar.com/blog/companhias-aereas-low-cost-no-brasil/>. Acesso em: 15 jan. 2019.

LEITURA COMPLEMENTAR

Neste momento, apresentamos para você um fragmento do artigo INTERAÇÃO EMPRESÁRIOS-SETOR PÚBLICO NO TURISMO: UMA ANÁLISE INSTITUCIONAL E NEOCORPORATIVISTA NA CIDADE DE HUELVA (ESPANHA), de autoria de Bruno Martins Augusto Gomes, Alfonso Vargas- Sánchez e Huáscar Fialho Pessali.

O artigo apresenta uma análise da interação entre empresários de turismo e setor público, a partir de um estudo na cidade de Huelva, Espanha.

1 INTRODUÇÃO

O turismo é um fenômeno social e tem a economia como parte essencial para a sua existência. Por isso vinculados a ele, além da sociedade civil do destino e dos turistas, estão o setor público e os empresários. Ainda que os turistas e a sociedade civil sejam importantes, estes se envolvem menos com as políticas públicas de turismo. Os turistas, por definição, permanecem no destino por um tempo limitado. Na sociedade civil, por sua vez, são poucos os que se dispõem a uma atuação cidadã nas políticas de turismo – ao contrário do que se vê nas políticas de saúde ou segurança. Os empresários de turismo, ao contrário, têm seu empreendimento diretamente vinculado às políticas públicas do setor e por isso é de se esperar que tenham uma relação mais próxima com o setor público. Da mesma forma, há uma expectativa de que o setor público se aproxime dos empresários obtendo assim mais informações e reduzindo a possibilidade de rejeição das políticas públicas, pois elas serão mais condizentes com as expectativas desta parte interessada.

Nos estudos na área do turismo temas como planejamento, participação da comunidade, descrição e avaliação de políticas são importantes e amplamente discutidos. Contudo, tendo em vista a relevância dos empresários para o turismo – pois é a partir deles que se tem um mercado turístico funcionando – e a respectiva necessidade do setor público como provedor de infraestrutura, de financiamento e de mediador dos interesses da sociedade civil relacionados ao turismo, são necessárias pesquisas que avancem na compreensão da interação empresários- setor público, inclusive com abordagens teóricas até então menos valorizadas.

Como a participação dos empresários nos fóruns de políticas públicas de turismo, na maioria das vezes se dá através da representação por suas associações, propõe-se a abordagem teórica do neocorporativismo para fundamentar a compreensão da interação empresários-setor público no turismo. Considera-se ainda que o funcionamento de um destino turístico é caracterizado pela interligação entre os agentes (principalmente hotéis, transporte, agências de receptivo e entretenimento) gerando efeitos econômicos, sociais, culturais e ambientais para as pessoas em seu entorno, tendo o setor público o papel de coordenar tais elos e mediar interesses da sociedade (ARRUDA et al., 2014; ZAPATA; HALL, 2012).

Por isso o conceito de governança colaborativa pode também ser útil à análise (ANSELL; GASH, 2008; BRUYN; ALONSO, 2012). O conceito complementa o neocorporativismo na medida em que abre espaço para considerar a participação das lideranças da comunidade e não somente as associações empresariais. Apesar de serem encontrados estudos que tratam de governança no turismo, o enfoque de governança colaborativa é menos frequente (ARAÚJO; TAPIA, 1991; SCHMITTER, 1974). Por fim, temos por base uma abordagem institucional, pois a interação é fundamentada em hábitos ou modos instituídos de pensamento e ação (HODGSON, 2007; MCLENNAN, 2014).

Com esse aparato teórico, pretende-se então analisar a interação entre empresários e setor público nas políticas públicas de turismo a partir de um estudo na cidade de Huelva, Espanha. Huelva é a capital da província espanhola de mesmo nome, localizada ao sul do país em fronteira com Portugal. O turismo se desenvolveu na província com foco em sol e praia, e golfe. A partir do final da década de 90 essa experiência ajudou a expandir a percepção sobre um maior potencial da capital para o turismo, iniciando assim esforços públicos e privados para o turismo de compras, gastronômico, esportivo e de negócios.

Para tanto é preciso caracterizar o turismo na cidade de Huelva e os agentes envolvidos com as políticas públicas de turismo locais, identificar hábitos instituídos nas interações entre empresários e setor público, tentando dimensionar o impacto dessa interação sobre o turismo. Para isso será desenvolvido um aporte teórico capaz de sustentar o estudo da interação entre empresários e setor público envolvendo neocorporativismo, governança colaborativa e institucionalismo no turismo, o qual será tratado na próxima seção. Em seguida é exposta a metodologia da pesquisa, descrevendo-se a coleta de dados por meio de entrevistas e a análise a partir da Teoria Fundamentada. Segue então uma seção com os resultados da pesquisa e as considerações finais, reunindo as percepções construídas na pesquisa a respeito da interação empresários-setor público na cidade de Huelva. Espera-se ao fim poder tirar lições para a compreensão da organização do turismo em destinos emergentes e sobretudo de como seus agentes interagem.

2 MARCO TEÓRICO

2.1 Neocorporativismo, Governança e Institucionalismo no Turismo De acordo com Schmitter (1974) quanto mais o Estado se torna necessário para garantir o capitalismo, mais ele precisa de conhecimento profissional e informação especializada, agregar opiniões e garantir legitimidade. Esse ciclo de dependência, segundo o referido autor, faz com que Estado e os empresários procurem um ao outro, gerando interações. No turismo esta dependência é aumentada pois o governo de um município, estado ou país que tem a intenção de estimular a atividade em seu território precisará do conhecimento dos empresários sobre o mercado e também do investimento dos mesmos em empreendimentos locais para receber o turista.

Hall (1999) destaca que a tendência contemporânea à privatização por parte do Estado também está presente no turismo. Por isso o modelo de setor público enquanto o responsável pela implementação de políticas foi alterado para um modelo corporativista que enfatiza a eficiência, relações entre as partes interessadas, papel do mercado e a presença marcante do interesse privado. Nesse ambiente, segundo o autor, há uma relação oscilatória em que ora os agentes do mercado desejam menos Estado (principalmente com menos regulação) ora desejam que o Estado se faça presente, principalmente financiando a promoção turística. Como resultado prático no turismo, segundo o referido autor, tem-se o planejamento do turismo perdendo importância enquanto ganham importância a publicidade, as redes e a governança.

Assim, acredita-se que a base para o entendimento da interação entre empresários e setor público no turismo tem uma base neocorporativista. Segundo Araújo e Tapia (1991), o neocorporativismo é um modelo institucionalizado de formação de políticas públicas no qual as associações empresariais colaboram entre si e com o Estado na articulação dos interesses e na implementação das políticas públicas. Nele a representação é caracterizada pela competição limitada entre um pequeno número de organizações centralizadas com o monopólio da representação, e não pela livre disputa entre grupos por recursos de poder dispersos na sociedade (ARAÚJO; TAPIA, 1991). Ao assumir este entendimento de corporativismo relacionado às associações empresariais (denominado neocorporativismo ou corporativismo societal) descarta-se a aproximação do termo com aquele referente a regimes autoritários (corporativismo estatal).

O neocorporativismo também dá destaque aos conselhos de políticas públicas enquanto fóruns institucionalizados, regulados, compostos por representantes (não funcionam por democracia direta) de grupos de interesses específicos. Suas agendas são influenciadas pela dinâmica da área de política pública com a qual se relacionam (CORTES; GUGLIANO, 2010).

Zapata e Hall (2012), citando o exemplo da Espanha, acrescentam que a evolução dos modelos de parceria público privada no turismo são influenciados por aquilo que ocorre na política e nas esferas governamentais superiores. Estes modelos se disseminaram após a restauração da democracia e seguiram a tendência à descentralização, à mercantilização das funções públicas, aos cortes financeiros, e à falta de recursos locais para implementação de políticas, o que resultou em novas formas de governança. Porém, segundo os autores, no turismo o setor público busca um balanço entre ser legítimo e ser competitivo e eficaz, a partir da estratégia de se

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