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CAPÍTULO II MÉTODO

3. Participantes no estudo

3.2. A turma

A escolha da turma não obedeceu a um critério específico pelo facto de ser a única turma do 3º ciclo do ensino básico atribuída à investigadora, que estava bastante familiarizada com a mesma, dado que era a diretora de turma desde o sétimo ano. Tal fato revelou-se favorável ao desenvolvimento deste trabalho, pois para uma investigação de natureza qualitativa, torna-se necessário que o investigador faça parte ou esteja familiarizado com o contexto em estudo.

Para caraterizar a turma recorreu-se ao registo biográfico dos alunos, ao projeto curicular de turma e aos dados obtidos no questionário inicial (anexo 1). A turma era constituída por 14 alunos, 10 rapazes e 4 raparigas, e a média das idades era 13 anos. À exceção de um aluno, todos os outros frequentavam o 8º ano pela primeira vez, havendo um com uma retenção ao longo do seu percurso escolar. Todos os alunos residiam em localidades próximas da escola, deslocando-se a pé ou de autocarro até à escola. No que respeita às aspirações académicas, a maior parte pretendia prosseguir estudos, um que pretendia frequentar até ao 12º ano, e dois indecisos.

Os alunos desta turma eram considerados empenhados e trabalhadores, mas conversadores e pouco competitivos. Não participavam, por iniciativa própria, em

competições ao nível de escola ou a nível nacional. Quando a investigadora informou a turma que pretendia levar a cabo um estudo sobre isometrias e que seriam os principais intervenientes, sentiu-se alguma apreensão. A reação imediata foi perguntar se outros alunos iriam ter acesso ao que iam executar. Depois da explicação dada pela investigadora, os alunos aceitaram de bom grado o desafio.

À exceção de dois alunos, os restantes eram colegas de turma desde o 5º ano, o que proporcionava uma grande cumplicidade entre eles. Dada a faixa etária dos alunos no ano letivo a que se reporta este estudo, os seus interesses e as motivações divergiam dos objetivos académicos, no entanto, dada a dimensão reduzida da turma, a maior parte das vezes as situações eram controladas. Preferiam trabalhar em grupo na sala de aula; aulas com recurso às novas tecnologias; não gostavam de aulas expositivas e agradava-lhes a interação professor/aluno e aluno/aluno. Todos os alunos tinham um computador portátil e, na maioria das vezes, utilizavam-no para atividades lúdicas. Alguns dos alunos tinham por hábito utilizar o seu portátil na sala de aula, em atividades propostas pelos vários docentes do conselho de turma, nomeadamente a Matemática.

Alguns dos alunos evidenciavam ter feito uma leitura prévia antes de os conteúdos serem abordados na aula de Matemática. Relativamente à Geometria, os alunos indiciavam conceitos bem consolidados e facilidade em realizar conexões. No que respeita à opinião dos alunos sobre Matemática, apenas quatro a indicavam como sendo a preferida, e sete como sendo a disciplina onde sentiam mais dificuldade. Destes sete alunos, destacam-se duas alunas com bom desempenho a Matemática.

No item do questionário direcionado para a Matemática, a maior parte revelou gostar da disciplina (apesar de não ser a preferida), não sendo evidente a falta de ansiedade nas aulas. A geometria é uma área apreciada por pouco mais de metade dos alunos, sendo no entanto, considerada relevante em termos de importância (tabela 1).

Indagou-se quanto ao significado que os alunos atribuiam a “ser criativo”, tendo surgido respostas comuns como: “ter imaginação”, “ter ideias” e “criar coisas“ e outras, como “ter talento” e “nasce com alguns” (tabela 2). Apenas cinco dos alunos se consideraram criativos apresentando como justificação o facto de “criar coisas

diferentes”, “ter ideias originais”, ter ideias diferentes dos colegas” e “ ter imaginação”.

Tabela 2 – Significado atribuído a “criatividade”

Quanto às disciplinas onde os alunos consideram poderem ser criativos, indicam a Matemática, na geometria; Educação Visual, na criação dos desenhos; Educação Tecnológica, na criação de novos objetos; e Língua Portuguesa na elaboração dos textos ou das poesias (tabela 3)

Tabela 3 – Dsciplinas onde é possível ser criativo Tabela 1 – Relação com a Matemática

Não tenho opinião discordo totalmente não concordo concordo concordo totalmente Gosto de Matemática 1 1 2 6 4 Gosto de geometria 2 2 1 3 6

A geometria não serve

para nada 1 10 3 0 0

Nas aulas de Matemática

sinto-me ansioso 6 5 3 0 0

Ter imaginação 3 Criar coisas diferentes 2 Ter ideias originais 2 Ter ideias novas 1

Ter ideias diferentes 2 Ter talento 1

Criar coisas novas 2 Nasce com alguns 1

Educação Visual 7 Educação Tecnológica 3 Matemática 2 Língua Portuguesa 2

No entanto, a maior parte dos alunos não consegue identificar um professor criativo, como se pode observar na tabela que se segue.

Tabela 4 – “Tens, ou tiveste, algum professor que consideres ser criativo?”

Foi averiguado de que forma poderiam os alunos ser criativos em Matemática, tendo sido a resposta “fazendo desenhos ou esquemas “ a mais frequente (tabela 5).

Tabela 5 – “ Como pode um aluno ser criativo em Matemática?”

Quanto à questão “ De que forma um professor de Matemática poder ser

criativo”, cinco alunos respondem não saber. As respostas dadas encontram-se na

tabela 6 .

Tabela 6 – “ De que forma pode um professor de Matemática ser criativo”

Quanto à criatividade em Matemática, a maior parte considera-a criativa na resolução de problemas e na elaboração de desenhos/esquemas. Para a generalidade

Nenhum 11

Professor(a)

de Educação Visual 2 Professor(a) de Teatro 1

Fazer desenhos ou esquemas 5 Ser autónomo 1

Resolução de problemas de

várias maneiras 3 Fazer materiais manipuláveis 1

Não sei 3 Só os melhores conseguem 1

Não sei 5 Nas aulas onde são realizadas

composições geométricas 1 Não sei o que é um professor

criativo 1

Tentando ensinar de forma

diferente 1

Não sendo tão prático 1 Dando aulas mais alegres 1 Utilizando exemplos criativos 1 Apresentando diferentes maneiras

de resolver um probema 1 Mostrando outros assuntos para

além dos da aula 1

Poderia ser criativo se a

dos alunos, ser criativo não significa ser sobredotado, no entanto, ficam divididos quanto a ser criativo em Matemática ser um dom, e um número significativo de alunos assinala a opção “não tenho opinião” quanto à relação entre ser bom a Matemática e ser criativo. Mais de metade dos alunos considera não ser possível avaliar a criatividade em Matemática, e a maioria não sabe se é possível estimulá-la nas escolas. Metade dos alunos considera no entanto, que, aulas de Matemática criativas podem estimular a aprendizagem dos alunos e que não é relevante estar em grupo ou sozinho para se ser criativo (tabela 7).

Tabela 7 – Representações de criatividade (em) Matemática

Não tenho opinião discordo totalmente não concordo concordo concordo totalmente

Ser criativo a Matemática

é ser sobredotado. 2 4 8 0 0

Ser bom a Matemática

é ser criativo. 9 0 2 3 0

Em Matemática não é possível avaliar a criatividade dos

alunos.

5 6 2 1 0

A criatividade em Matemática pode ser estimulada nas

escolas.

10 0 0 1 3

Sou mais criativo(a) a Matemática quando trabalho com outros

colegas.

4 1 2 5 2

A Matemática é só números,

não permite a criatividade. 1 5 4 2 2

Não consigo ser criativo(a) a Matemática

quando trabalho sozinho(a).

4 4 4 2 0

A Matemática é criativa

quando fazemos desenhos 3 0 2 6 3

Gostava mais de Matemática se as aulas fossem criativas.

4 3 2 2 3

A Matemática não se pode ser criativo, é aquilo e aquilo mesmo

0 5 4 3 2 Aulas de Matemática criativas estimulam a aprendizagem dos alunos. 5 2 0 5 2

Ser criativo a Matemática é

um dom. 5 2 3 2 2

Podemos ser criativos a Matemática porque podemos resolver os problemas de várias maneiras.

3 0 0 7 4

Não é possível ser criativo(a) em Matemática como se é a educação visual

Na parte do questionário direcionada para a articulação de conteúdos, os alunos revelam dúvida quanto à criatividade em Matemática ser diferente da de educação visual e a maioria considera que estabelecer relações entre as duas disciplinas desenvolve a criatividade em Matemática, não tendo, porém, tanta certeza quanto ao desenvolvimento de novas ideias; consideram que a Matemática ajuda a compreender outros conceitos, e o contrário não é possível para a generalidade dos alunos, como se pode ver na tabela que se segue.

Tabela 8 – Representações sobre a aprendizagem e articulação de conteúdos