• Nenhum resultado encontrado

FOTO 21 – Gincanas: dança da cadeira – Dia da Família na Escola

1 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE EDUCAÇÃO DO CAMPO NA HISTÓRIA DA

2.3 UM DIÁLOGO COM AS PRODUÇÕES DA ANPEd NO GT 03 MOVIMENTOS

2.3.1 Produções da ANPEd GT 03 – Movimentos Sociais e Educação

Apontamos a seguir trabalhos e pôsteres apresentados no GT 03 – Movimentos Sociais e Educação nas reuniões anuais da ANPEd compreendidos entre 2002 e 2010 que versem sobre a Educação do Campo, focando principalmente àqueles que discutem a contribuição dos saberes e cultura do camponês no currículo das escolas do campo. Busca realizada no site da ANPED. Nesse período foram apresentados 108 trabalhos e 21 pôsteres nesse GT. Conforme podemos verificar no quadro abaixo:

Mediante o quadro acima dizemos que dentro das 129 produções entre trabalhos e pôsteres apresentados no GT 03 da ANPEd, no período de análise de 2002 a 2010, 24 produções (APÊNDICE A) versaram sobre a Educação do Campo correspondente aproximadamente a 19% das produções. Dessas 24 produções, 09 se referiam a Educação Indígena, aproximadamente 30% do total das produções sobre a Educação do Campo. Destacamos que nesse período, nenhuma produção do GT 03 discutiu a Educação Quilombola.

A leitura das produções nos deu a dimensão dos assuntos que perpassaram a Educação do Campo nesse período como podemos verificar: em Paes (2002): a linguagem indígena; Casagrande (2002): estudou o trabalho pedagógico do MST a partir da cultura corporal; Weigel (2002): significados e repercussões da educação dos Baniwa. Souza (2003) no artigo: práticas pedagógicas do MST; Araújo (2003): constituição e a institucionalização de escolas-de-fazenda na foz do rio Amazonas. Gomes (2004): apresentou o processo de escolarização entre os Xacriabá e Paiva (2004): prática educativa do MST. Em Nascimento (2005): práticas educativas da EFA – Goiás e Silva (2005): avanços e perspectivas da Pedagogia da Alternância em Minas Gerais. Em 2005, o trabalho Fernandes (2005): formação de professores indígenas, Foerste (2005): parceria UFES e MST (curso Pedagogia da Terra) e Vieira (2005): educação indígena. Barreto (2006) em: escolarização dos trabalhadores rurais. Weigel (2007): formação de professores indígenas. Leite

PRODUÇÕES ANPED - GT 03 – MOVIMENTOS SOCIAIS E EDUCAÇÃO Período 2002 a 2010 Reunião Ano Geral Educação Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST Pedagogia da Alternância EFAS MEPES CEFFAS Educação Indígena Educação Quilombol a Educação de outros sujeitos do campo Total - produções - EC Trabalhos Pôster 25ª/2002 11 01 01 (T) --- 02 (T) --- --- 03 26ª/2003 11 --- 01 (T) --- --- --- 01(T) 02 27ª/2004 15 03 01 (T) --- 01 (T) --- --- 02 28ª/2005 20 07 01 (P) 02 (T) 02 (P) --- --- 05 29ª/2006 11 01 --- --- --- --- 01 (T) 01 30ª/2007 09 01 --- --- 01 (T) --- --- 01 31ª/2008 12 03 01 (T) --- 03 (T) --- 01 (T) 05 32ª/2009 07 02 --- --- --- --- 01 (T) 01 (P) 02 33ª/2010 12 03 --- --- --- --- 02 (T) 01 (P) 03 Total 108 21 05 02 09 --- 08 24

(2008): formação de educadores indígenas; Munarim (2008): movimentos da Educação do Campo; Souza (2008): produção da literatura sobre Educação do Campo e o MST; Evaristo (2008): gestão escolar da escola indígena; Pereira (2008): escola e práticas culturais dos Xacriabá. Cavalcante (2009): tratou das políticas – escolas rurais e Cunha (2009): Educação e a escola pública na comunidade de Ilhéus. Beltrame e et al (2010): Políticas e práticas de Educação do Campo; Silva (2010): escolarização de jovens no meio rural; Marcoccia (2010): interface da Educação Especial e a Educação do Campo.

Diante das produções aqui elencadas ressaltamos os trabalhos que nos ajudam a pensar sobre nosso foco de estudo, são eles, a saber: Paes (2002) e Weigel (2002): esses trabalhos contribuem nesse debulhar fazendo-nos pensar que a escola do campo também fica em zona de fronteira. Provoca-nos a discutir que: há diversidade de saberes que devem ser valorizados, e que contribuem para o currículo escolar, e que nenhum saber deve sobrepujar o outro. Evidenciam que os saberes e culturas específicos do homem do campo devem ser respeitados, em sua totalidade, preservando sua identidade e história, quanto aos demais sujeitos inseridos no contexto da escola.

Destaca-se nesse bojo, a contribuição do trabalho de Pereira (2008) para o nosso estudo, remetendo-nos a compreender e entender a cultura do camponês e como essa se configura e é negociada na escola, entrelaçando todos os seus contextos e sujeitos.

2.3.2 Produções dos Cadernos CEDES

Nas leituras realizadas online dos Cadernos CEDES, encontramos somente dois artigos que versam sobre a temática proposta: como os saberes e culturas campesinas contribuem para a constituição da EMEF Crubixá no município de Alfredo Chaves – Espírito Santo em escola do campo. Assim, em Camargo; Albuquerque (2003) com o artigo intitulado: Projeto pedagógico Xavante: tensões e rupturas na intensidade da construção curricular. Observamos que a experiência dos Xavantes e do processo de construção por uma escola específica e diferenciada

são ações e elaborações novas, intensas e significativas que revelam as tensões culturais vivenciadas nas escolas e nas comunidades.

Educação escolar indígena: um modo próprio de recriar a escola nas aldeias Guarani (Bergamaschi, 2007), o artigo versa sobre a educação escolar específica e diferenciada que se constituiu pelos povos indígenas brasileiros, com maior intensidade, nas últimas décadas, principalmente Os Guarani, zelosos de sua cosmologia e contrários à introdução de aparatos ocidentais em seu modo de vida tradicional, que foram historicamente desfavoráveis à escola. Hoje, algumas aldeias buscam-na, como uma forma de se aparelharem para compreender o "mundo dos brancos", acessando, por meio da escola, conhecimentos necessários para uma interação mais simétrica com a sociedade não-indígena.

A reflexão proposta aborda os processos de escolarização, evidencia as formas de apropriação que ocorrem na escola das aldeias Guarani, Rio Grande do Sul, por meio de práticas escolares que buscam constituir um modo próprio de ensinar, em diálogo com os princípios que compõem a educação tradicional e a cosmologia desse povo.

As contribuições oriundas por Camargo; Albuquerque (2003) e (Bergamaschi, 2007), nos remetem a pensa em propostas curriculares para as escolas do campo junto com os seus pares, coletivamente, em um processo de parceria, envolvimento com a comunidade, num constante diálogo com a cultura camponesa e o conhecimento científico. Traz a reflexão que esse processo são momentos de tensões, diálogos, apropriações e ressignificações. Fazem-nos relembrar que a escola não é como espaço e tempo únicos de educação, e que a escola tem que ser apropriada e ressignificada pelas pessoas que a fazem na comunidade.

Percebemos mediante as leituras realizadas que as discussões sobre Educação do Campo no período compreendido entre 2002 a 2010 nos bancos pesquisados, a Educação Indígena vem se destacando nas pesquisas do meio acadêmico, os estudiosos procuram conhecer como se constitui a educação desses sujeitos e sua relação com a escola e a “educação do branco”. Outro ponto de destaque é a compreensão do tipo de educação que se realiza nos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, e nas Escolas Famílias Agrícolas

(Pedagogia da Alternância). Podemos constatar que as propostas curriculares das escolas dos sistemas públicos de ensino localizadas no campo não são discutidas coletivamente e não emanam do seio dos sujeitos do campo, como de outros coletivos campesinos que participam da constituição dos conteúdos/saberes a serem trabalhados na escola.

Ressaltamos a escassez de trabalhos relacionados à problemática da inserção da cultura e saberes do camponês aos currículos escolares, os que aqui foram apontados são de grande valia para compreendermos como essa cultura e saberes vêm contribuindo para a constituição da escola do campo. Neste ponto, esperamos que esse estudo de investigação contribua para fortalecer e instigar novas pesquisas neste campo de estudo, para que de fato a escola do campo reflita os sujeitos do campo em todos os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos. Salientamos que discorremos as produções dos trabalhos angariados nessa formatação, objetivando sua apropriação de forma mais explícita, proporcionando evidenciar os debates que permeiam a Educação do Campo, dando visibilidade a essa luta, a fim de fomentarmos novas discussões.

Mediante as lacunas encontradas nessa revisão referente aos saberes e culturas campesinas nos currículos das escolas do campo, reafirmamos a contribuição do estudo proposto que tem como objetivo conhecer como a cultura e os saberes campesinos contribuem para a constituição do currículo da escola do campo, fortalecendo e fomentando novas pesquisas sobre essa discussão.