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FOTO 21 – Gincanas: dança da cadeira – Dia da Família na Escola

1 UM BREVE HISTÓRICO SOBRE EDUCAÇÃO DO CAMPO NA HISTÓRIA DA

2.1 UM DIÁLOGO COM O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA

Nossas aproximações com as produções do PPGE19 ocorreram com a leitura do catálogo dos 30 anos do Programa de Pós-Graduação em Educação que abarcam as dissertações e teses defendidas no período de 2004 a 2009. Como nosso estudo consiste analisar as produções no período compreendido entre 2002 a 2010 e para contemplarmos o ano de 2010 recorremos à leitura e busca das dissertações e teses da Biblioteca Setorial do Centro de Educação que não estavam no catálogo

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A escolha pelo GT 03 – Movimentos Sociais e Educação - deu-se pelo fato que as discussões iniciais sobre a Educação do campo ocorreram no âmbito dos movimentos, mas especificamente no MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

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Vinculado ao Centro de Educação (CE) da Universidade Federal do Espírito Santo, o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) foi recredenciado de acordo com a Portaria MEC 182, de 02/02/1999.

Observamos que no período de 2002 a 2010 foram defendidas no PPGE – UFES: 44 teses e 343 dissertações, dentre as quais 04 teses e 13 dissertações especificamente abordam discussões sobre a Educação do Campo20, nesse bojo 02 trabalhos (dissertações) contribuíram diretamente para compreendermos como os saberes e cultura campesinos contribuem para a constituição do currículo das escolas do campo. A escolha dessas duas dissertações deu-se porque os dois trabalhos são desenvolvidos em uma escola pública localizada no campo, assim, como nosso estudo, embora tratem sobre a linguagem, fazem o confronto de como essa cultura linguística é absorvida pela escola, e que consequentemente, tem reflexo direto no currículo.

Mediante o mapeamento das produções surgiu o quadro abaixo, nos mostrando as temáticas abordadas sobre a Educação do Campo.

Produção de teses e dissertações sobre Educação do Campo Período 2002 a 2010 – PPGE – UFES - ES

Ano de defesa Educação dos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST Pedagogia da Alternância EFA – MEPES CEFFAS Educação Indígena Educação quilombola Educação de outros sujeitos do campo Outras temáticas Total 2002 --- --- --- --- --- --- --- 2003 --- --- --- --- --- --- --- 2004 01 02 --- --- 01 --- 04 2005 --- --- 01 --- --- --- 01 2006 02 --- --- --- --- --- 02 2007 01 01 02 --- 01 --- 05 2008 --- --- 01 --- --- --- 01 2009 --- 01 --- --- --- --- 01 2010 --- --- 01 01 01 03 Total 04 04 05 01 02 01 17

Diante da exposição acima, podemos perceber que no período de 2002 a 2010 no universo de 44 teses e 343 dissertações, no total, 387 produções acadêmicas, verifica-se que 17 produções estão relacionadas à temática Educação do Campo, correspondendo a aproximadamente 5% das produções. E no universo de 17

20 O campo tem diferentes sujeitos. São pequenos agricultores, quilombolas, povos indígenas, pescadores, camponeses, assentados, reassentados, ribeirinhos, povos da floresta, caipiras, lavradores, roceiros, sem-terra, agregados, caboclos, meeiros, assalariados rurais e outros grupos mais. (CALDART, 2002, p. 153) – Por uma Educação do Campo.

produções sobre Educação do Campo 05 trabalhos tratam da Educação indígena, ou seja, 30%. Nesse período podemos destacar que a Educação quilombola foi a que menor obteve concentração de pesquisa, apenas 01 produção nesse período.

A partir da leitura dos trabalhos verificamos que existe uma discussão profícua sobre a Educação do campo, fortalecendo as lutas empreendidas durante décadas, tornando visíveis seus saberes-fazeres, principalmente referente aos povos indígenas. As teses de Cota (2008) e Lorenzoni (2010) procuram evidenciar a práxis pedagógica desses povos, em conhecer seu processo de escolarização e como se constituem essas práticas. Já Moreira (2010) discute a implantação e expansão da Pedagogia da Alternância nas CEFFAs do norte do Estado o ES, sob a ótica religiosa e política e Pedrada (2010) a subjetividade das professoras negras.

As dissertações enriquecem os debates sobre a EC, fazendo-nos perceber que essas discussões perpassam por diversas temáticas e abordagens dentro da academia, desde os processos de subjetivação das práticas educativas proferidas pelos educadores do MST - Mongim (2004); a relação pais-monitores no cotidiano da escola comunitária e seu papel sociopolítico e pedagógico - Cruz (2004); a educação oferecida às populações do campo pelas Escolas Família Agrícolas - Magalhães (2004); o processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita na aprendizagem das crianças pomerana - Ramlow (2004); o processo de ensino- aprendizagem de matemática nas aldeias Tupinikim e Guarani do ES - Marcilino (2005); formação de professores Sem Terra - Zen (2006); educação e infância dos sem terrinha - Martins (2006); a visão dos Guarani Mbya sobre a escola na aldeia indígena de Três Palmeiras - Teao (2007); formação de professores indígenas, objetivando desvelar suas concepções, crenças e atitudes frente à matemática - Magalhães (2007); construção dos saberes dos professores (monitores) do MEPES - Jesus (2007); processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa num espaço onde se encontram alunos provenientes do meio campesino - Perini (2007); tornar- se professores Sem Terra - Pezzin (2007); a educação ambiental e educação do campo na globalização - Ferreira (2010).

Assim, nesse contexto de 17 produções (teses e dissertações) – (APÊNDICE A), as dissertações que versem sobre como os saberes e a cultura campesinas podem

contribuir para a constituição do currículo das escolas do campo tiveram uma contribuição mais peculiar em nosso estudo.

Nesse bojo, destacamos 02 dissertações de: Ramlow (2004) e Perini (2007). Em Ramlow (2004), “Conflitos no processo de ensino-aprendizagem procurou compreender a integração das crianças de origem pomerana no ambiente escolar, enfocando, em especial, o processo de ensino-aprendizagem da escrita e da leitura.

Nessa pesquisa observamos as dificuldades experimentadas pelos professores diante de salas de aulas, nas quais alguns alunos ignoram o idioma nacional. Necessitando que a escola promova a interação e o diálogo entre diversas culturas e linguagens.

Encontramos com a dissertação da Luciene Perini (2007), “A linguagem do aluno do campo e a cultura escolar: um estudo sobre a cultura e o campesinato na escola básica”, este estudo aborda o processo ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa num espaço onde se encontram alunos (as) provenientes do meio campesino. Focando aspectos da história da educação, em especial a educação do campo e da cultura, direcionando-se às questões relacionadas às diversas linguagens – vozes – que chegam à escola. Esse estudo nos despertou a pensar que a escola tem que ofertar uma educação que respeite a cultura camponesa; que assuma também a identidade do meio campesino; que valorize o saber do campo; que respeite a linguagem e a história dos sujeitos; e, ainda, que possibilite a construção de conhecimentos à criança, na resolução de problemas que emergem de seu espaço vivido.

A discussão proposta por Ramlow (2004) ao compreender como se dá a integração das crianças de origem pomerana no ambiente escolar com foco no processo de ensino-aprendizagem da escrita e da leitura, auxilia esse trabalho na medida em que os saberes e cultura desses povos estão contribuindo com a constituição do currículo da escola, mas nos aponta a dificuldade enfrentada no conhecimento principalmente da língua nacional. Fazendo-nos repensar a necessidade de inserção dos saberes e culturas campesinas no currículo em diálogo com outras culturas, sem inferiorizar ou sobrepor.

Perini (2007) verifica em sua pesquisa o ensino da linguagem que é destinado aos povos do campo, principalmente àqueles que estudam em escolas fora de suas comunidades e a necessidade de uma educação vinculada à realidade campesina. Esse trabalho contribui nessa discussão por apontar a necessidade das práticas pedagógicas se atentarem às Legislações que pregam uma educação voltada ao homem do campo com ênfase no cruzamento e diálogos entre culturas de povos diferentes.

A partir da leitura dessas produções, queremos elucidar que as contribuições dos saberes e culturas na constituição do currículo das escolas do campo devem dialogar permanentemente com outras culturas, atender aos interesses dos sujeitos envolvidos nesse processo de construção e legitimar o que preconizam as legislações.

Podemos notar que dentro da Universidade, as pesquisas voltadas à Educação do Campo ainda estão se consolidando, muitas coisas ainda estão sendo discutidas, fortalecendo esse debate, nos mostrando as mazelas, entraves que impossibilitam que as populações do campo tenham uma educação voltada à sua realidade, especificidades, saberes. Emergem assim, a necessidade de mais trabalhos de investigação abordando a Educação do campo, tornando visíveis práticas que potencializam a escola do meio campesino.

2.2 UM DIÁLOGO COM AS PRODUÇÕES DO BANCO DE TESES E