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Um golpe de estado sem

No documento Ebook Conjuntura brasileira (páginas 136-150)

projeto de classe

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Marcos Del Roio

Um dos elementos para se dizer que determinado golpe de Estado foi bem sucedido é que não seja percebido como tal, seja como ato das Forças Armadas do Estado contra o ordena- mento jurídico, seja como golpe brando, que apenas manipula a força da lei. O golpe militar burguês de 1964 tentou se legi- timar como uma revolução necessária para a restauração da democracia ameaçada. Predominava nessa leitura uma pers- pectiva ideológica liberal eivada de prussianismo, ou seja, da vital necessidade da força armada do Estado para ser imposta a ordem liberal. O golpe de Estado que se realizou no Brasil no decorrer deste ano de 2016 assumiu um formato bem dife- rente, pois foi gradual e buscou resguardar a aparência de le- galidade, com o claro objetivo de ocultar a sua essência e o seu significado, sem que, todavia, prescinda da violência estatal, que se amplia a olhos vistos.

1 Esse texto foi originalmente publicado na revista Margem Esquerda, n. 27, 2016, e aqui se apresenta com apenas alguns acréscimos.

O governo do PT apenas se viabilizou por quase 15 anos por conta da mudança drástica nas suas intenções progra- máticas reais, a fim de selar uma coalizão de governo com o PMDB e um grupo de partidos menores, hoje denominados de “centrão”, que não vivem sem as prebendas do Estado. Essa coalizão teria a obrigação de servir os mais amplos interes- ses setoriais referentes a todas (ou quase todas) as frações da burguesia brasileira, mas do grande capital financeiro em particular, além, é claro, da base real de sustentação do PT, a “aristocracia operária” e parcela da burocracia sindical. As políticas compensatórias e focadas de ação governamental em busca de uma melhoria das condições de vida do proletariado foram de baixo custo e serviram para criar bolsões eleitorais importantes para o PT.

No entanto, essa experiência tinha imensas fragilidades e só foi possível em razão da debilidade da hegemonia burguesa -- que precisou da “aristocracia operária” para governar --, pela conjuntura de crescimento econômico – ainda que muito baixo – e pela persistente desorganização das massas popula- res – que ao PT não interessou educar e organizar por não ter em vista qualquer transformação social de fundo. A politica do governo Lula, assim como a conjuntura continental favo- receram a expansão da burguesia brasileira, acobertada por impulsos a integração regional, assim como pela formação do chamado BRICs, que permitiu alcance maior do comércio e da diplomacia.

Ao se unificar e ainda ampliar o seu arco de alianças so- ciais dentro do Estado, a burguesia pareceu fazer um movi-

débil dada talvez à impossibilidade estrutural, mas com cer- teza à sua franca rejeição em ser agente de uma revolução democrática. Mas o golpe apenas empreendido mostrou que se tratava de uma fantasia burguesa, não porque o seu poder político-econômico estivesse minimamente ameaçado por aliado eventual, mas porque antigas fraturas voltaram a apa- recer e o aliado de ocasião deveu ser não só despejado como seriamente penalizado. Mostrou-se novamente a debilidade da hegemonia burguesa e o que se poderia imaginar que fosse estratégico era algo apenas ocasional.

Acontece que não foi essa a única fantasia a se desfazer. O projeto gerado na seara dirigente da “aristocracia operária” e de segmentos da sociedade civil com disposição em participar num governo de viés social reformista também se desfez como um castelo de cartas. Os parcos ganhos sociais e legais em be- nefício de parte das massas trabalhadoras trouxeram a perigo- sa ilusão de que governar junto com a burguesia era possível e que poderia ser efetivamente uma ação benéfica a todos os brasileiros por meio de “políticas públicas” (sic). Essa ilusão foi derrubada pela dura realidade da ofensiva imperialista soma- da à crise econômica.

Todo esse movimento teve que ignorar que as soluções social-reformistas (também ditas neodesenvolvimentistas), na fase atual de crise estrutural do capital, são de curtíssimo folego, ou mesmo impossíveis, e que soluções propostas pelo ideário neoliberal só terão o condão de aguçar a polarização e a contradição capitalista com o endereço certo de se estabe- lecer a barbárie tecnológica. No cenário global a implicação

será uma série de genocídios e massacres em meio à catástrofe ambiental.

Essa fase mais recente começa com a crise espocada em 2008, com o colapso gerado pela insolvência no mercado imo- biliário dos Estados Unidos, que contaminou todo o sistema financeiro e logo alcançou a Europa. Os Estados fizeram uso dos fundos públicos a fim de impedir a quebra em sequencia dos bancos e com isso só fizeram agravar drasticamente a crise fiscal. A crise se espalhou com ritmos e modos diferenciados. No Brasil, as manobras da política econômica criaram anteparos à crise, cuja chegada foi assim retardada. Com isso ocorreu a recondução ao governo da mesma coalizão, agora presidida por Dilma Rousseff no lugar de Lula da Silva. Sinais de tempestade, no entanto, já estavam no ar com o começo da ofensiva global do imperialismo capitaneado pelos Estados Unidos. Em 2011 teve início um movimento encadeado de mudança e governo ou de regime politico no mundo árabe, no qual forças democráticas se empenharam, mas foram der- rotadas com alguma facilidade. O objetivo era mesmo o de destruir os Estados árabes e proceder a apropriação direta dos recursos petrolíferos. Assim, Iraque, Iêmen, Síria foram de- vastados por forças armadas irregulares. Foi o aprofundamen- to da estratégia do caos, que teve na entidade sionista o maior beneficiário regional. No Oriente Médio ampliado a ofensiva alcançou a Ucrânia, arrancada da esfera de influencia russa e posta debaixo do tacão da OTAN em expansão para o Leste. O deslocamento da frota americana para o extremo oriente e o reforço de tropas na Austrália colocava a nu a determinação

euroasiático nucleado por China e Rússia, mas também a afir- mação mundial do BRICs.

Na América Latina, por sua vez, havia se composto um eixo dito “progressista”, que apostava na integração regional e na diversificação da sua participação no mercado mundial, o que colocava em questão o predomínio imperial dos Estados Unidos. Nesse eixo havia duas variantes: uma formada por Cuba, Nicarágua, Venezuela, Equador e Bolívia e outra por Brasil e Argentina. A primeira com maior base popular e com burguesia mais frágil ou mesmo inexistente, a segunda com burguesias mais fortes. A aposta na integração deveu muito à politica incisiva da Venezuela de Hugo Chaves.

A preparação ideológica e a formação de pessoal come- çaram bastante antes, mas a ofensiva imperialista às claras no continente é observável a partir de 2013, quando a crise econômica e social já se espalhava. A morte de Hugo Chaves foi um sinal importante.

No Brasil, um movimento de rua por mais direitos, co- meçado com a demanda pelo passe livre para estudantes no transporte coletivo logo expos a insuficiência das chamadas “políticas públicas” do governo PT-PMDB, mas foi também a ocasião para que a mobilização liberal conservadora da pe- quena burguesia desse os seus primeiros passos. Essa movi- mentação contraditória do ponto de vista social e ideológico constatou a dificuldade de inserção partidos da esquerda de oposição (PSOL-PCB-PSTU), mas deu origem a inúmeros cír- culos sociais de oposição anticapitalista.

No ano seguinte a confusão continuou, mas já era per- ceptível que os liberais conservadores tomavam a dianteira,

inclusive na oposição à realização da Copa do Mundo de fute- bol. Nas eleições gerais de 2014 estavam já patentes as dificul- dades da coalizão formada em torno da candidatura de Dilma Rousseff. A intensa mobilização ideológica, com farto uso dos meios de comunicação, como imprensa escrita, falada e tele- visada, cumpriu o seu papel. A coalizão governista, principal- mente a sua perna esquerda ficou acuada e o recuo programá- tico e discursivo foi evidente, com a insistência de se apregoar por um País para todos, mas principalmente de “classe média”. Na verdade, a candidata do PT procurou se postar mais ao centro do espectro político que no conjunto se deslocava para a direita. Mais uma vez a esquerda de oposição não conseguiu ampliar espaço, por conta da sua fragilidade orgânica, mas também em razão da marginalização imposta pelas regras do processo eleitoral e pelos meios de comunicação.

A vitória na eleição presidencial ocorreu por margem es- treita, o que revelava respaldo social, mas também uma opo- sição muito mais forte do que em outras ocasiões recentes. Muitos governadores eleitos foram do arco de oposição ou da perna direita do governo, mas a verdadeira e fatal derrota foi a composição do Congresso Nacional que emergiu das urnas: muitíssimo conservador, de baixíssima qualificação cultu- ral, notoriamente corrupto. Decerto um dos piores, senão o pior desde a II Guerra Mundial, apenas para não se especular demais.

Desde a campanha eleitoral Dilma Rousseff havia avisa- do que a politica econômica deveria mudar para enfrentar a crise econômica que chegava de vez e a crise fiscal do Estado

procurou expressar a correlação de forças francamente des- favorável na sociedade civil e na representação política. Em vez de aplacara sanha dos representantes de setores sociais conservadores, a fraqueza evidenciada estimulou ainda mais a ação de persistente sabotagem das medidas do Governo. Pior que o governo ainda teve que enfrentar a oposição da sua per- na esquerda (PT e PCdoB), descontente com a guinada libera- lizante na política econômica.

Estava bastante claro que a base parlamentar do Governo era frágil quando no mês de março teve início a operação Lava Jato da Polícia Federal. A corrupção tornou-se o tema central da vida nacional, mas de modo geral as denuncias estiveram centradas em instituições essenciais para os governos do PT: a Petrobras, o BNDES e as grandes empreiteiras, com Odebrecht à frente. Muitas outras acusações alcançaram membros do PT, dirigentes políticos, muitos oriundos da burocracia sindical da “aristocracia operária”. A partir de então o refrão da grande imprensa foi a denuncia diuturna de corrupção presente no Governo, real ou não, com condenações públicas sem o ônus da prova. O golpe estava em marcha, mas ainda não havia con- senso entre as frações da burguesia, já divididas por interesses a defender diante da grave crise de acumulação.

Setores mais a direita, com pendores fascistas, com finan- ciamento e treinamento externo, tomaram a dianteira com apoio das empresas de comunicação de massa. Ou seja, os in- telectuais orgânicos da burguesia decidiram operar uma con- centração de hegemonia e tomar a decisão que a classe em si relutava. Manifestações massivas da pequena burguesia, con- vocadas com insistência pela imprensa, aconteceram em várias

ocasiões em favor da deposição da presidente da República. Essas manifestações contaram com a simpatia e respaldo do bloco parlamentar de oposição liberal (PSDB-DEM-PPS). No Congresso Nacional a conspiração teve início com a presidên- cia da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha do PMDB-RJ.

Na medida em que a Operação Lava Jato expunha novos fatos, a imprensa comprometida com o golpe oferecia grande destaque para qualquer acusação ou suspeita que surgisse em torno de membros do PT, em particular da figura do ex-presi- dente Lula da Silva, enquanto que as denuncias que envolviam expoentes do PSDB eram praticamente ignoradas.

Desarmada pela guinada centrista do governo, a base social organizada de apoio não conseguiu reagir à altura de se contrapor à mobilização de massa da pequena burguesia reacionária. Movimentos, sindicatos e mesmo os partidos da esquerda de governo encontraram sérias dificuldades. Exteriorizava-se um aspecto marcante do governo do PT, que foi a contribuição na desorganização das classes subalternas, tarefa precípua do Estado burguês. Isso aconteceu em razão da opção de conceder favores a demandas corporativas e a ofe- recer compensações a uma fração do proletariado reduzido à miséria, sem que houvesse implicações em termos de organi- zação / educação / consciência politica de classe.

Com o Governo virtualmente paralisado pela ação policial e pela perda de apoio parlamentar, a crise só fez se agravar e o resultado foi o fortalecimento da oposição e da tendência favorável à deposição da presidente. A intransigência de Dilma

as esferas do Estado foi o que acabou lhe custando o cargo. Já havia diversos pedidos de abertura de processo de deposição da presidente até que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, em manobra para contornar a sua própria posição -- vista como insustentável pelo montante de denun- cias e de provas de corrupção -- decidiu pela abertura do pro- cesso contra a presidente.

Nesse momento, dezembro de 2015, ainda não existia una- nimidade na classe dominante quanto àdisposição em apostar na deposição de Dilma Rousseff, pois a alternativa de apostar no desgaste do Governo e do PT era ainda considerada. Não é menos importante o fato de Macri ter se elegido para a presi- dência da Argentina coisa de dez dias antes, o que significava que havia uma virada conservadora liberal no continente na qual o Brasil talvez devesse se empenhar com maior rapidez.

Em março de 2016 começa enfim o processo do golpe que levaria ao apear de Dilma Rousseff com a indicação da comis- são especial para avaliar a denuncia. Aprovada na comissão o relatório do parecerista segue para o plenário da Câmara, onde a aprovação era já descontada. Nesse momento, frente à gra- vidade das denuncias que pesavam sobre Eduardo Cunha, a Câmara passou a ser presidida por José Maranhão. Aliás, todo o processo na Câmara foi conduzido por aliados de Cunha. A acusação girava em torno de manobras fiscais realizadas pela Presidente com o fito de ocultar a dimensão do déficit fiscal. A partir desse momento a batalha assumia um caráter jurídico com a linguagem pouco compreensível as massas populares. Além da Policia Federal e de procuradores, agora o próprio Supremo Tribunal Federal entrava na contenda que opunha

o poder executivo ao poder legislativo. Nessa partida, não há dúvida que o poder judiciário se postou ao lado do legislativo e decidiu o resultado do conflito institucional.

Como a crise politica se desenrolava dentro do Estado burguês e orientado pelo Direito burguês as massas populares foram postas à parte e a base de sustentação social do gover- no, já debilitada pelas medidas desconexas da presidente desde o início do segundo mandato, não conseguiram se mobilizar para bloquear o golpe em andamento com a força necessária. O processo chegou ao plenário da Câmara em 17 de abril e a maioria dos deputados votou a favor da admissibilidade do processo em andamento, o qual seguiria para o Senado. Foi um inesquecível espetáculo de horror no qual os deputados desnudaram toda a mediocridade e mesquinhez eivadas de preconceitos tacanhos. O picadeiro comprovou a distancia em que a oligarquia politica se encontra da vida social das classes subalternas.

Logo em seguida foi escolhida a comissão especial do Senado, onde todo o processo se repetiria. Foi debatido e aprovado o relatório, que depois seguiu para o plenário para ser enfim aprovada a deposição de Dilma Rousseff. A luta de Dilma e do PT para a preservação do cargo de presidente foi claro indicativo de uma visão de Estado, de politica e de go- verno. A escolha pela judicialização e pela busca de acordos que contornassem o drama politico em andamento significou que a decisão foi a de jogar na conciliação de interesses, na possibilidade de acordos pontuais decididos em corredores ou jantares. Nesse aspecto também o PT desnudou a sua essência

confirmada nos anos de governo. Como mobilizar amplas massas dessa maneira?

Foi ao longo desse período de debate parlamentar visando a deposição de Dilma é que se criou uma nova maioria em torno do PMDB. O chamado “centrão”, grupo de partidos que apoia qualquer governo (PTB-PSD-PR-PSC e outros), desde que estejam também eles usufruindo das vantagens do poder, com alguma vacilação, passou para o lado do golpe, indo ao encontro da oposição liberal (PSDB-DEM-PPS). A nova opo- sição ficou formada apenas por PT-PCdoB e parte de PDT e PSB, além da esquerda que já se opunha ao Governo Dilma.

Ao que parece, desde dezembro de 2015, logo depois que Eduardo Cunha recebeu a denuncia feita por Hélio Bicudo tendo em vista a deposição de Dilma, o vice-presidente se en- volveu na movimentação golpista. O esboço de programa go- vernamental foi apresentado com o documento “Uma ponte para o futuro”. Quando Dilma foi afastada e Temer assumiu de modo interino no mês de abril estava já claro o significado do golpe em andamento. Era o caso de continuar a escalada de denuncias contra o PT e seus próceres, alimentada pela procuradoria, pela Policia Federal e pela imprensa, de modo a decapitar qualquer resistência popular às medidas planejadas. Como desdobramento, toda a esquerda e todos os movimen- tos populares seriam vitimas de desqualificação e perseguidas pela policia militar. Assim, os direitos civis e os direitos políti- cos correm risco de grave retrocesso.

A montagem do governo também denunciava muita coi- sa: tratava-se de um ministério profundamente conservador, quase uma refração da Casa Grande dos tempos coloniais,

a maioria com fortes convicções neoliberais e com víncu- los estreitos com interesses empresariais transnacionais. A “aristocracia operária” estava despejada do poder e tachada de corrupta. A posse definitiva do novo presidente deu mais segurança para que novas medidas sejam tomadas. Frente ao problema de enfrentar a crise fiscal e a estagnação econômica a questão principal que se apresenta é exatamente aquela de saber quem arcará com os prejuízos maiores. A resposta está dada e é bastante fácil: os trabalhadores.

As medidas a serem tomadas envolvem uma brutal retira- da de direitos sociais, com a reforma da previdência social e reformas nas leis do trabalho. O objetivo é estender a jornada de trabalho e o tempo de trabalho durante a vida, além de dei- xar o trabalhador aposentado com uma renda ridícula. Certo que essas questões começaram a ser encaminhada no Governo Dilma, mas a desfaçatez dos representantes diretos da burgue- sia é de assustar, agora que o governo Temer assumiu em defi- nitivo. A intenção declarada de cortes substanciais na educa- ção e saúde também clama por atenção.

Outro vetor é a venda (ou entrega) do patrimônio nacio- nal ao grande capital transnacional. O petróleo do Pré-sal e as terras entram em primeiro plano, com mudanças legislativas que facilitem a devastação ambiental e a grilagem de terras indígenas e de comunidades tradicionais em geral. Junto com isso aparece a guinada na politica internacional do Brasil. O novo ministro das relações externas, José Serra, age no setor diplomático e de comercio exterior e está fortemente conven- cido de que o Brasil deve se afinar novamente com os interes-

prioridades definidas em anos precedentes, como a politica de integração regional em perspectiva antiamericana, dar me- nos ênfase às relações com a África e abandonar o projeto do BRICS, em particular o da criação de uma moeda comum con- corrente do dólar. A aproximação com a Argentina de Macri ganha muita importância agora. Tudo isso sem esquecer que se pensa estabelecer o fim da caça a corrupção, a qual alcança- ria praticamente toda a base do novo Governo.

Acontece que as dificuldades são enormes para o Governo Temer. As frações da burguesia não estão inteiramente uni- ficadas e essa não é uma missão fácil, inda mais em momen- tos de crise aberta. A representação politica tampouco age em uníssono, pois há divergências ideológicas e programáticas, além de interesses comezinhos, os quais têm a sua importân- cia no momento de eleição. Parte essencial dessa luta acirra- da e que acentua a instabilidade e a imprevisibilidade são as denuncias de corrupção que afetam as instituições políticas, o governo e os partidos políticos, o que só tende a agravar a crise de representação, cujo endereço é uma crise orgânica que pode redundar em alguma forma de ruptura institucio- nal. Claríssima então que a crise política estampa a ausência de qualquer projeto por parte das classes “dirigentes”, que não seja a entrega do patrimônio nacional ao grande capital finan- ceiro transnacional e a espoliação da riqueza social do País.

Com as medidas devastadoras que estão na pauta, a re- sistência popular tenderá a crescer. As centrais sindicais, que estiveram adormecidas por longo tempo terão que se movi- mentarem com o risco de perderem as suas bases. Os movi-

No documento Ebook Conjuntura brasileira (páginas 136-150)