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Diante de uma proposta de estudo de gestão ambiental da orla marítima de Jaboatão dos Guararapes através do ordenamento territorial, com o estabelecimento de novos padrões de uso e ocupação do solo, surge a necessidade de definir conceitos sobre o tema em questão. Esse referencial teórico orientará o desenvolvimento e a elaboração da presente dissertação.

A Gestão Ambiental e o Planejamento Urbano são atividades interrelacionadas, onde o planejamento é parte de um processo maior de gestão. O Ministério do Meio Ambiente - MMA, em seu Atlas dos Ecossistemas Brasileiros, dispõe o planejamento urbano como instrumento de gestão ambiental, reconhecendo a premissa de aliar o ambiental ao urbano nas políticas públicas, para proporcionar melhoria na qualidade de vida das cidades:

"Uma visão moderna do planejamento urbano vai concebê-lo, em essência, diretamente como um instrumento de gestão ambiental, pois seus objetivos se confundem totalmente na meta da melhoria da qualidade de vida das populações. A intervenção planejada sobre a cidade é, em si, a busca de um melhor ordenamento do habitat urbano, tornando-o um ambiente mais saudável e agradável para seus habitantes. Nesse sentido, o ideal seria não dicotomizar o ambiental e o urbano na formulação das políticas públicas."

(1995, p.33)

LANNA (2000, p.75) define como gestão ambiental:

"A Gestão Ambiental é o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço, com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais - naturais, econômicos e sócio-culturais - às especificidades do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes previamente acordados/definidos."

Segundo o autor, é uma atividade voltada para formulação de princípios e diretrizes, estruturação de sistemas gerenciais e de tomada de decisões com o intuito de promover o inventário, uso, controle e conservação do ambiente como estratégia para atingir um desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, faz-se

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necessária a participação ativa do poder público local, que lida diretamente com os anseios e demandas da comunidade.

Destaca como itens da Gestão Ambiental, a Política Ambiental, o Planejamento Ambiental, o Gerenciamento Ambiental, o Método de Gerenciamento Ambiental e o Sistema de Gerenciamento Ambiental.

• A Política Ambiental é entendida como princípios que definem aspirações; • o Planejamento Ambiental, como um estudo que visa a adequação, o

controle e a proteção do ambiente em relação à Política estabelecida, harmonizando as demandas ambientais em relação ao espaço;

• o Gerenciamento Ambiental como ações regulatórias, de cunho prático e operativo, de uso, controle, proteção, conservação e avaliação da situação corrente com os princípios estabelecidos pela Política;

• o Método de Gerenciamento Ambiental, surge como resultado destas ações acima referidas, estabelecendo o referencial teórico que orienta os procedimentos, os papéis e as participações dos diversos agentes do processo de Gerenciamento;

• o Sistema de Gerenciamento Ambiental é visto como o conjunto de organismos públicos e privados, cujo objetivo é de implementar a Política Ambiental, baseada no Método de Gerenciamento Ambiental estabelecido usando como instrumento o Planejamento Ambiental.

Conclui-se que para uma Gestão Ambiental eficiente faz-se necessário uma Política Ambiental que formule diretrizes, que por sua vez sejam orientadas pelo Método de Gerenciamento Ambiental e que o Sistema de Gerenciamento Ambiental articule instituições e intervenções, baseadas em instrumentos legais do Gerenciamento Ambiental, de forma a subsidiarem o Planejamento Ambiental.

Em Jaboatão o Planejamento Urbano-ambiental da orla marítima servirá como instrumento de Gestão Ambiental, tendo como orientação as leis, decretos, normas e regulamentos vigentes, que proporcionarão o ordenamento

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territorial, através de uso, controle, proteção e preservação da área estudada, de forma sustentável.

Faz-se necessário registrar também o conceito de desenvolvimento

sustentável, definido pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente

Desenvolvimento que no Relatório Brundtland de 1987 "Nosso Futuro Comum" define:

"Desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades".

O desenvolvimento sustentável é também visto como um processo:

"Mais que um conceito, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança, onde a exploração de recursos, a orientação de investimentos, os rumos do desenvolvimento ambiental e a mudança institucional devem levar em conta as necessidades das futuras gerações."(Almeida,2000,p.13).

BARBOSA (1999, p.8) cita outra definição da Confederação Nacional das Indústrias - CNI (D'Avignon, 1996):

"O processo de desenvolvimento onde os recursos naturais são usados de forma racional para manter as condições de vida adequadas para as gerações atuais e futuras."

Atualmente o conceito de desenvolvimento sustentável é bastante criticado pela sua banalização nos discursos de cunho político. Uma atividade é dita sustentável quando ela pode continuar indefinidamente. Muitas vezes não se pode garantir sustentabilidade à longo prazo, pois ela depende de outros fatores, às vezes desconhecidos, ou mesmo imprevisíveis.

"Desenvolvimento sustentável", "crescimento sustentável" e "uso sustentável" têm sido usados de forma indiscriminada e empregados como se tivessem o mesmo significado. Faz-se necessário adotar a terminologia de um "desenvolvimento sustentável", onde os recursos naturais sejam utilizados racionalmente, de forma a não se esgotarem, tomando em consideração a

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capacidade de suporte dos ecossistemas, proporcionando assim condições e qualidade de vida as gerações presentes e futuras.

Entre os instrumentos para o planejamento urbano-ambiental, destaca-se em relação ao tema em estudo o ordenamento territorial. Entenda-se por ordenamento territorial:

"...compatibilizar as necessidades do Homem relativas à ocupação e ao uso do solo, com a capacidade de suporte do território que pretende ocupar. (...) A natureza dessa ocupação e do uso subseqüente, por sua vez, é decorrente de um conjunto de políticas próprias..."(MACEDO,1994, p.68).

A Figura 01 apresenta a seqüência de um processo para a elaboração de uma proposta de ordenamento territorial, onde o espaço é analisado sob diferentes prismas, físico, biológico e antrópico, tomando em consideração as ameaças, oportunidades, potencialidades e vulnerabilidades.

Neste processo as alternativas tecnológicas e ocupacionais podem gerar

ameaças, qualquer efeito que possa comprometer a sustentabilidade,

reduzindo-a ou impedindo-a; e/ou oportunidades, situações onde o uso e ocupação do solo não afetem as potencialidades ambientais de uma determinada área ou provoquem efeito adverso, tanto em relação ao espaço

físico, quanto biológico ou antrópico.

Segundo Macedo (op.cit., p.71), para compor quadros sustentados faz-se necessário analisar o espaço territorial segundo suas potencialidades e

vulnerabilidades em relação ao uso e ocupação pretendidos. A mesma análise

deve ser efetuada em relação aos espaços físico, biológico e antrópico.

Dessa análise surgem as orientações e restrições à apropriação dos territórios, que geram quadros alternativos de sustentabilidade ambiental. Nos quadros devem ser considerados os condicionantes externos, outras ocupações

previstas ou existentes e a legislação.

A proposta de ordenamento territorial gerada deve ser compatível com a

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