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Uma abordagem intergeracional à terapia familiar

No documento Terapia Familiar Conceitos e Métodos (páginas 125-153)

Os pioneiros da terapia familiar reconhe- ceram que as pessoas são produtos de seu con- texto social, mas limitaram o foco à família nuclear. Sim, as nossas ações são influencia- das pelo que acontece na nossa família, mas quais são as forças, passadas e presentes, que moldam essas influências? O que faz com que um marido se distancie da vida familiar? O que faz uma mulher negligenciar o próprio desen- volvimento para cuidar da vida dos filhos? Murray Bowen buscou respostas para essas perguntas na rede mais ampla dos relaciona- mentos familiares.

Segundo Bowen, os relacionamentos hu- manos são impulsionados por duas forças de vida que se equilibram: individualidade e pro- ximidade. Todos nós precisamos de companhia e de certo grau de independência. O que torna a vida interessante – e frustrante – é a tendên- cia a sermos polarizados por nossas necessida- des. Quando um parceiro pressiona por uma maior conexão, o outro pode se sentir acuado e se afastar. Com o passar do tempo, a perse- guição de um e o afastamento do outro leva o par a ciclos de proximidade e distância.

O sucesso em conciliar essas duas polari- dades da natureza humana depende do quan- to a pessoa aprendeu a lidar com suas emo- ções ou, para usar o termo de Bowen, da sua diferenciação de self. Falaremos mais sobre isso no decorrer do capítulo.

Embora ninguém duvide da influência formativa da família, muitos imaginam que, ao sair de casa, eles se tornam adultos desenvol-

toda a família. No âmago do problema havia um “apego ansioso”, uma forma de proximi- dade patológica criada pela ansiedade. Nessas famílias perturbadas, as pessoas eram prisio- neiras emocionais da maneira pela qual os ou- tros se comportavam. A marca registrada des- ses relacionamentos fundidos era a falta de au- tonomia pessoal.

Outra descoberta das pesquisas de Bowen sobre a “simbiose mãe-criança” foi a observa- ção de um padrão repetitivo: ciclos alternados de proximidade e distância, com uma delicada sensibilidade a mudanças na tensão emocio- nal ou na mãe, ou na criança, ou no relaciona- mento entre elas. Acreditava-se que a alterna- ção entre ansiedade de separação e ansiedade de incorporação era a dinâmica subjacente.

Quando o projeto do NIMH terminou, em 1959, e Bowen transferiu-se para a Georgetown University, começou a trabalhar com famílias cujos problemas eram menos graves. O que ele descobriu, para sua surpresa, foi a existência de muitos dos mecanismos que observara nas famílias de psicóticos. Isso o convenceu de que não há descontinuidade entre famílias normais e famílias perturbadas, o que acontece é que todas as famílias variam ao longo de um contí- nuo que vai da fusão emocional à diferenciação. Durante seus 31 anos em Georgetown, Bowen desenvolveu uma teoria abrangente de terapia familiar, inspirou toda uma geração de alunos e tornou-se um líder internacionalmente reconhecido do movimento de terapia familiar. Ele morreu após uma longa enfermidade, em outubro de 1990.

Entre os alunos mais proeminentes de Bowen estão Philip Guerin e Thomas Fogarty, que se reuniram em 1973 para criar o Center for Family Learning em New Rochelle, Nova York. Sob a liderança de Guerin, o Center for Family Learning tornou-se um dos maiores cen- tros de formação em terapia familiar. Guerin é um terapeuta e professor tranqüilo, virtuoso, e dois de seus livros, The evaluation and treat- ment of marital conflict e Working with rela- tionship triangles, estão entre os mais úteis de toda a literatura sobre terapia familiar.

Betty Carter e Monica McGoldrick são mais conhecidas por sua exposição do ciclo de vida familiar (Carter e McGoldrick, 1999) e por defenderem o feminismo na terapia familiar. Michael Kerr, M.D., foi por muito tempo aluno

e colega de Bowen e, desde 1977, é diretor de formação no Georgetown Family Center. Kerr talvez seja o defensor mais fiel de todos os alu- nos de Bowen, como sua brilhante explicação da teoria boweniana no livro Family evaluation (Kerr e Bowen, 1988) demonstra magnifi- camente.

FORMULAÇÕES TEÓRICAS

A maioria dos pioneiros da terapia fami- liar era pragmatista, mais preocupada com a ação que com o insight, mais interessada na técnica que na teoria. Bowen foi uma exceção. Sempre foi mais comprometido com a teoria sistêmica como uma maneira de pensar do que como um conjunto de intervenções.

Segundo Bowen, temos menos autonomia na nossa vida emocional do que imaginamos. A maioria de nós é mais dependente e reativo em relação aos outros do que gostamos de pen- sar. A teoria de Bowen descreve de que forma a família, como uma rede multigeracional de relacionamentos, molda a interação entre in- dividualidade e proximidade, a partir de seis conceitos interligados (Bowen, 1966): diferen- ciação do self, triângulos, processo emocional da família nuclear, processo de projeção fami- liar, processo de transmissão multigeracional e posição de nascimento entre os irmãos. Na década de 1970, Bowen (1976) acrescentou dois outros conceitos: rompimento emocional e pro- cesso emocional societário.

O

modelo sistêmico de família ampliada de Murray Bowen é a teoria mais abrangente na terapia familiar.

A

s aplicações de Philip Guerin da teoria de Bowen produziram alguns dos livros mais úteis na terapia familiar.

Diferenciação do self

A base da teoria de Bowen é um conceito simultaneamente intrapsíquico e interpessoal. Mais ou menos análogo ao termo força de ego, a diferenciação do self é a capacidade de pen- sar e refletir, de não responder automaticamen- te a pressões emocionais, internas ou externas (Kerr e Bowen, 1988). É a capacidade de ser flexível e agir sabiamente, mesmo diante da ansiedade.

Pessoas indiferenciadas são facilmente levadas à emotividade. Sua vida é movida pela reatividade àqueles que as cercam. A pessoa diferenciada é capaz de equilibrar pensamen- to e sentimento, capaz de fortes emoções e es- pontaneidade, mas também possui a autocon- tenção que acompanha a capacidade de resis- tir à pressão dos impulsos emocionais.

Em contraste, a pessoa indiferenciada ten- de a reagir impetuosamente – com submissão ou desafio – aos outros. Ela tem dificuldade de manter sua autonomia, especialmente com re- lação a questões que despertam ansiedade. Se perguntarmos o que ela pensa, ela diz o que sente; se perguntarmos no que acredita, ela ecoa o que ouviu. Ou ela concorda com tudo o que você diz ou discorda de tudo. Em contras- te, a pessoa diferenciada é capaz de assumir uma posição em qualquer assunto, pois pode refletir sobre as coisas, decidir no que acredita e, então, agir em função dessas crenças.

Guerin define a diferenciação como o pro- cesso de se libertar parcialmente do caos emo- cional da própria família. Libertar-se envolve analisar o próprio papel como um participante ativo no sistema de relacionamentos, em vez de culpar todo o mundo, exceto a si mesmo, pelos problemas (Guerin, Fay, Burden e Kautto, 1987). Guerin emprega o conceito de nível de funcio- namento adaptativo para descrever a capacidade de se manter objetivo e se comportar racional- mente diante das pressões da emotividade.

Triângulos emocionais

Tire um minuto para pensar sobre o rela- cionamento atual mais perturbador da sua vida. Esse relacionamento quase certamente envol- ve uma ou mais terceiras pessoas. Praticamen- te todos os relacionamentos são influenciados

por terceiras pessoas – parentes, amigos, até lembranças.

A maior influência sobre a atividade dos triângulos é a ansiedade (Guerin, Fogarty, Fay e Kautto, 1996). Conforme a ansiedade aumen- ta, as pessoas sentem uma necessidade maior de proximidade emocional – ou, em reação à pressão dos outros, uma maior necessidade de distância. Quanto mais as pessoas forem im- pulsionadas pela ansiedade, menos tolerantes elas serão umas com as outras e mais serão polarizadas pelas diferenças.

Quando duas pessoas têm problemas que não conseguem resolver, chegam a um ponto em que fica difícil conversar sobre certas coi- sas. Por que passar por aquela provação se ela só leva à mágoa e raiva? Finalmente, um ou ambos recorrerão a alguém em busca de sim- patia, ou o conflito atrairá uma terceira pessoa que tentará resolver as coisas. Se o envolvi- mento da terceira pessoa for apenas temporá- rio ou pressionar os dois para que resolvam suas diferenças, o triângulo não se torna fixo, mas, se a terceira pessoa continua envolvida, como freqüentemente acontece, o triângulo se torna uma parte regular do relacionamento.

O envolvimento de uma terceira pessoa diminui a ansiedade na dupla ao espalhá-la por três relacionamentos. Assim, por exemplo, uma mulher chateada com a distância do marido pode aumentar seu envolvimento com um dos filhos. O que torna isso um triângulo é a dis- persão da energia que, de outra forma, pode- ria ser dirigida ao casamento. Se ela passar mais tempo com a filha, a pressão sobre o ma- rido diminui, e ele pode se sentir menos obri- gado a fazer coisas que não tem vontade de fazer. Entretanto, isso também diminui a pro- babilidade de marido e mulher aprenderem a desenvolver interesses compartilhados – e di- minui a independência da filha.

Guerin distinguiu “triângulos”, como uma estrutura de relacionamento, da “triangulação”, um processo reativo (Guerin e Guerin, 2002). No processo de triangulação, uma terceira pes- soa, que se torna sensível à ansiedade de um casal, entra em cena para oferecer reassegu- ramento ou acalmar as coisas. “Por exemplo, uma filha mais velha pode tentar reduzir um conflito conjugal intenso conversando indivi- dualmente com cada um dos pais ou com o progenitor sobre o qual ela tem maior influên-

cia. Enquanto isso, seu irmão mais jovem pode absorver a tensão dos pais ou lidar com ela agindo de maneira anti-social. O comportamen- to de atuação também tem a função de unir os pais em uma tentativa de resolver o problema comum da atuação do filho” (Guerin et al., 1987, p. 62).

Um grupo de três não é, necessariamen- te, um triângulo. Em um trio viável, cada du- pla pode interagir um a um, e cada um pode assumir “posições-Eu”, sem tentar modificar os outros dois. Em um triângulo, por outro lado, a interação de cada dupla está ligada ao com- portamento da terceira pessoa; cada pessoa é movida por formas reativas de comportamen- to, nenhuma delas consegue assumir uma po- sição pessoal sem sentir necessidade de modi- ficar as outras duas, e cada pessoa se envolve no relacionamento entre as outras duas. Ima- gine uma faixa de borracha em torno de três pessoas que não podem deixá-la cair. Ela limi- ta os movimentos de tal forma que, se duas pessoas se aproximarem, a terceira precisa se afastar.

Alguns triângulos parecem tão inocentes que nós mal os notamos. A maioria dos pais não consegue deixar de se queixar do parceiro para os filhos. “Sua mãe está sempre atrasa- da!” “Seu pai nunca deixa ninguém mais di- rigir!” Esses intercâmbios parecem bastante inócuos. O que faz com que os triângulos se- jam problemáticos é que eles tendem a se tor- nar habituais e a corromper o relacionamento original.

A triangulação deixa sair o vapor, mas congela o conflito. Não estamos dizendo que se queixar ou buscar consolo é errado, e sim que os triângulos se tornam uma diversão que solapa os relacionamentos.

A maioria dos problemas familiares é tri- angular, e é por isso que trabalhar apenas com uma dupla pode ter resultados limitados. En- sinar a uma mãe técnicas melhores para disci- plinar seu filho não resolverá o problema se ela estiver muito envolvida com o menino como resultado da distância do marido.

Processo emocional da família nuclear

Este conceito trata das forças emocionais na família que operam ao longo dos anos em

padrões recorrentes. Bowen, originalmente, empregou o termo massa de ego familiar indi- ferenciada para descrever um excesso de reati- vidade emocional, ou fusão, na família. Se você conhece alguém que raramente parece ouvir o que você diz porque está mais ocupado em cri- ticar ou dar conselhos, então sabe como é frus- trante lidar com pessoas emocionalmente reativas.

A falta de diferenciação na família de ori- gem pode levar a um rompimento emocional dos pais, o que por sua vez leva à fusão no casamento – por que as pessoas com recursos emocionais limitados costumam projetar todas as suas necessidades uma na outra. Como esta nova fusão é instável, ela tende a produzir uma ou mais das seguintes situações:

1. distância emocional reativa entre os par- ceiros;

2. disfunção física ou emocional em um dos parceiros;

3. conflito conjugal;

4. projeção do problema em um ou mais filhos.

A intensidade desses problemas está re- lacionada ao grau de diferenciação, extensão do desligamento emocional em relação à famí- lia de origem e nível de estresse no sistema.

Processo de projeção familiar

Este é o processo pelo qual os pais trans- mitem sua falta de diferenciação aos filhos. A fusão emocional em um casal cria tensão que leva a conflitos, distância emocional, ou mui- to ou pouco funcionamento recíproco. Um caso comum é o marido que está desligado dos pais e irmãos e se relaciona de maneira demasiado distante com a esposa. Isso a predispõe a se concentrar nos filhos. Mantida à distância pelo marido, ela fica apegada aos filhos de forma ansiosa, normalmente com maior intensidade a um filho específico. Este pode ser o filho mais velho, o mais jovem ou talvez a criança mais parecida com um dos pais. Esse apego é dife- rente de uma preocupação carinhosa: é uma preocupação ansiosa, emaranhada. Como isso alivia a ansiedade do marido, ele aceita o gran- de envolvimento da mulher com os filhos, o

que, por sua vez, reforça o emaranhamento deles e a distância do marido.

O objeto desse processo de projeção – o filho através do qual a mãe vive mais intensa- mente – atinge a menor diferenciação do self e se torna o mais vulnerável a problemas. Isso não significa que padrões de funcionamento emocional causam disfunção física ou emocio- nal: significa que esses processos emocionais na família são uma influência importante so- bre a capacidade do indivíduo de se adaptar a outros fatores que precipitam disfunção.

Quanto mais a mãe focaliza sua ansieda- de em um filho, mais o funcionamento desse filho é tolhido. Esse subdesenvolvimento in- centiva a mãe a pairar sobre a criança, o que a distrai de sua ansiedade, mas incapacita emo- cionalmente a criança.

Processo de transmissão multigeracional

Este conceito descreve a transmissão de ansiedade de geração para geração. Em cada geração, o filho mais envolvido na fusão fami- liar avança para um nível mais baixo de dife- renciação do self (e uma ansiedade crônica), enquanto o filho menos envolvido avança para um nível mais elevado de diferenciação (e menor ansiedade).

Quando uma pessoa (segunda geração) menos diferenciada que os pais se casar, ela, como os pais, escolherá um parceiro com um nível semelhante de diferenciação. Essas duas pessoas, então, estabelecem a atmosfera emo- cional da nova família e incorporam os filhos nessa atmosfera. Se o cônjuge tiver um nível de diferenciação mais baixo que o dos pais, o nível de ansiedade na nova família provavel- mente será mais elevado. Já que a ansiedade é maior, os mecanismos para contê-la (conflito conjugal, disfunção do cônjuge ou disfunção do filho) serão mais ativos nesta geração do que na anterior. A maneira específica de con- ter a ansiedade determina o grau de separação emocional de cada filho na terceira geração. Quanto mais ansiedade estiver concentrada em um dos filhos, menos essa criança será capaz de regular sua própria emotividade e se tornar uma pessoa madura e feliz. Quanto menos an- siedade estiver concentrada nos filhos, mais eles poderão crescer com maior diferenciação

do que os pais. Assim, a teoria de Bowen vai além de dizer que o passado influencia o pre- sente: ela especifica o caminho ao longo do qual os processos emocionais são transmitidos através das gerações.

Os pais que impõem suas preocupações aos filhos deixam a eles pouca escolha além de se conformar ou se rebelar. Em vez de apren- der a pensar por si mesmos, esses filhos funcio- nam em reação aos outros. Quando saírem de casa, terão a expectativa de serem os autores de sua própria vida. Não serão iguais aos pais! Infelizmente, embora possamos lutar contra nossa herança, ela em geral nos alcança.

Posição de nascimento dos irmãos

Bowen concordava com a noção de que os filhos desenvolvem características de perso- nalidade com base em sua posição na família (Toman, 1969). Tantas variáveis estão envol- vidas que é complexo querer predizer, mas o conhecimento das características gerais, mais o conhecimento específico de uma determina- da família, ajuda a revelar que papel um filho vai desempenhar no processo emocional des- sa família.

A teoria de Bowen oferece uma perspec- tiva interessante para se reconsiderar a noção familiar da rivalidade entre irmãos. Digamos que uma mãe está ansiosa para garantir que os filhos jamais sintam ciúme e assume a res- ponsabilidade de assegurar que se sintam igual- mente amados (ainda que a verdade possa ser diferente). Sua ansiedade se traduz no cuida- do para tratá-los exatamente da mesma forma – uma tentativa de perfeita igualdade que trai a apreensão que existe por trás. Cada um dos filhos torna-se muito sensível à quantidade de atenção que recebe em relação aos irmãos. Isso pode resultar em brigas e ressentimentos – exa- tamente o que a mãe queria evitar. Além disso, já que a mãe está ansiosa para controlar como os filhos se sentem, ela pode se meter nas bri- gas para acalmar as coisas, privando-os assim da oportunidade de resolverem sozinhos – e dando-lhes razões adicionais para se sentirem desigualmente tratados. (“Por que eu tenho de ir para o meu quarto? Foi ele que começou!”)

Portanto, o conflito entre irmãos, com fre- qüência explicado como decorrente de uma

rivalidade inevitável (como se a rivalidade fosse o único relacionamento natural entre irmãos), pode ser apenas um lado de um triângulo. (Evi- dentemente, a intensidade da preocupação da mãe com os filhos está relacionada a outros triângulos – inclusive seus relacionamentos com marido, amigos, carreira.)

A importância da ordem de nascimento foi documentada no ótimo livro Born to rebel, de Frank Sulloway (1996). Incluindo dados biográficos de 500 anos de história, as conclu- sões de Sulloway foram confirmadas por uma análise multivariada de mais de um milhão de pontos destes dados. A personalidade, argu- menta ele, é o repertório de estratégias que os irmãos usam para competir entre si a fim de assegurar um lugar na família.

Os primogênitos tendem a se identificar com poder e autoridade: utilizam seu tama- nho e força para defender seu status e tentar minimizar o custo de ter irmãos que os domi- nam. (Alfred Adler sugeriu que os primogênitos se tornam “conservadores famintos pelo poder” conforme lutam para restaurar a primazia perdi- da dentro da família.) Winston Churchill, George Washington, Ayn Rand e Rusch Limbaugh são exemplos ilustrativos.

Como “pobre-diabos” na família, os que nascem depois são mais inclinados a se identifi- car com os oprimidos e a questionar o status quo. São mais abertos a experiências porque essa abertura os ajuda, como retardatários na família, a achar um nicho vago. Dessas fileiras vieram os ousados exploradores, iconoclastas e heréticos da história: Joana D’Arc, Marx, Lênin, Jefferson, Rousseau, Virginia Woolf, Mary Wollstonecraft e Bill Gates são representa- tivos de filhos nascidos depois do primogênito. O que os desenvolvimentalistas outrora consideravam um contexto familiar comparti- lhado agora se revela nem um pouco compar- tilhado. Toda família é uma multiplicidade de microambientes, uma coleção de nichos, que consistem em pontos de observação distintos de onde os irmãos experienciam os mesmos acontecimentos de maneiras bem diferentes.

Rompimento emocional

O rompimento emocional descreve co- mo as pessoas manejam a indiferenciação (e a

ansiedade associada) entre as gerações. Quanto maior a fusão emocional entre pais e filhos, maior é a probabilidade de rompimento. Algu- mas pessoas buscam distância mudando-se para longe; outras fazem isso emocionalmen- te, evitando conversas pessoais ou isolando-se da presença de terceiros.

Michael Nichols (1986, p. 190) descreve como algumas pessoas confundem o rompimen- to emocional com maturidade:

Tomamos como um sinal de crescimento sepa-

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