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A lista inicial de Jerry Back, apesar de ser a mais extensa que encontrámos, no final do nosso trabalho deu origem a um novo mapa onde a quantidade de filmes simplesmente triplicou.

Os mais de 900 títulos de que tivemos notícia e de que podemos juntar dados e em vários casos de que tivemos acesso a cópia, constituem uma panóplia multi- espacial de uma indústria que cada vez mais não conhece fronteiras e se espalha e se desenvolve em cada vez mais e novos projectos de arrojo.

Uma parte dos filmes de que podemos reunir informações nunca foi exibida comercialmente fora do seu país de origem. Uma parte mais significativa acabou por ser exibida só em mais um ou outro país numa dinâmica de internacionalização muito restrita. Naturalmente que cabe à cinematografia americana a parte principal das obras com divulgação à escala mundial. Acessoriamente podemos constatar que muitos dos filmes que só se exibiram no seu país de origem acabaram por passar fronteiras e serem distribuídos em outros mercados através da edição de vídeo doméstico.

Já dissemos que nesta longa lista de filmes várias foram as técnicas de animação empregues para a produção destas obras mas parece-nos importante assinalar que se em 1931 Quirino Cristiani produziu a primeira longa-metragem sonora, coube a Walt Disney em 1937 com “Snow White and the seven dwarfs” a primazia na produção da primeira longa-metragem a cores. A Europa iria esperar até 1945, ano em que o espanhol Arturo Moreno realizaria a cores “Garbancito de la

Mancha” e o Japão esperaria até 1958 pelo seu primeiro filme a cores “Hakuja- den” de Taiji Yabushita.

Um filme sem câmara, desenhado e pintado todo ele sobre a película, viria a acontecer em 1970 na Austrália onde Arthur e Corinne Cantrill viriam a realizar “Harry Hooton”. Em 1976 na Áustria um outro filme experimental de Ernst Schmidt Jr., intitulado “Wienfilm 1896-1976” iria juntar actores a desenhos realizados na própria película.

Por contraponto, a utilização das novas tecnologias info-videográficas tiveram um crescimento inesperado a partir dos anos 90. Em 1997, os espanhóis Javier González de la Fuente e José Martinez Montero realizaram a primeira longa- metragem da Europa de animação virtual 3D. Já no ano 2000 e na Índia, Evan Rickc e Alan Jacobs realizam “Sinbad: beyond the veil of mists”, o primeiro filme de animação 3D integralmente feito com recurso à “motion capture”.

O público destinatário da grande maioria das obras de animação produzidas é o mais jovem, mas é curioso constatar que em 1949 a produtora inglesa “Halas and Batchelor” produziu “Water for Firefighting” a primeira longa-metragem educativa de que temos conhecimento, inaugurando uma produção para públicos muito específicos.

O Japão viria a produzir um número significativo de filmes para adultos, mas também os Estados Unidos e de forma esporádica outros países como a Austrália, França, Bélgica, Espanha e Itália. De todos os filmes para adultos, os mais famosos são “Fritz the cat” realizado em 1972 por Ralph Bakshi e em 1975 “Tarzoon, la Hounte de la jungle” de Picha.

Ao longo destes mais de oitenta anos de produção de longas-metragens de animação, foram-se acumulando as experiências de produção, os projectos foram sendo produzidos um pouco por todo o mundo, transformando a animação numa arte universal. Todos os continentes tiveram a sua longa-metragem.

A América do Sul em 1917, a América do Norte em 1937, a Europa em 1926, a Ásia em 1941, a Oceânia em 1972 e finalmente a África em 2003 no Zimbabué onde Roger Hawkins realizou “The legend of the Sky kingdom”.

Será ainda interessante referir a evolução do início de produção de filmes de longa duração por país, que de alguma forma fornece indicadores de fluxos de produção.

Para além dos casos da Argentina, da Alemanha, da França, da Rússia, da Itália e dos Estados Unidos que já referimos anteriormente terem iniciado antes de 1937, a china produz o seu primeiro filme em 1941, o Japão em 1943, em 1945 é a vez de Espanha e Dinamarca, o Reino Unido em 1946, em 1947 a Bélgica e a Checoslováquia, o Brasil em 1953, o Canadá em 1955, Israel em 1961, a Suécia e a Hungria em 1969, a Roménia em 1971, México em 1974, Noruega em 1975, em 1976 a Tailândia e Hong Kong, a Colômbia em 1978, a Finlândia e Cuba em 1979, Taiwan em 1982, Coreia do Sul em 1983, Bulgária, Nova Zelândia e Coreia do Norte em 1986, Áustria e Irão em 1987, Holanda e Índia em 1992, Filipinas em 1997, Malásia em 1998, Grécia em 1999, Luxemburgo em 2000, Estónia em 2001, Polónia e Chile em 2002, Zimbabué em 2003 e em 2005/2006 Portugal com o projecto “João Sete Sete”.

Com base na análise da lista de filmes que conseguimos reunir, podemos construir um quadro dividido por continentes onde identificámos a produção de cada um ao longo das várias décadas.

Tabela de origem por continente dos filmes de longa-metragem de animação

Década de produção

10 20 30 40 50 60 70 80 90 2000 Totais por continente

Continente América do Sul 3 0 1 0 1 0 11 15 6 14 51 América do Norte 0 0 2 14 8 15 31 51 65 78 264 Europa 0 1 4 11 24 33 56 69 71 70 339 Ásia 0 0 0 2 2 32 30 38 65 65 234 Oceânia 0 0 0 0 0 0 4 15 3 3 25 África 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Totais por década 3 1 7 27 35 80 132 188 210 231 914

O conjunto, inesperadamente impressionante, da produção mundial de longas- metragens de animação permite abordar a produção de um novo projecto com um vivo enquadramento na área. A história tem sempre servido para cimentar novas realizações, o seu conhecimento permite alcançar mais longe, avançar mais

seguro e construir as certezas que formam a base de qualquer projecto de maior envergadura.

Em anexo 2, juntamos a lista de filmes de longa-metragem de animação que conseguimos reunir.

IV. CONTEXTUALIZAÇÃO TECNOLÓGICA

Não conhecendo nós estudos sobre a aplicação de novas tecnologias na produção de uma longa-metragem de desenho animado tradicional, já o conjunto de investigação no âmbito da animação e da aplicação de novas tecnologias na animação é vasto. Sobretudo e de forma mais clara nos últimos tempos, na área específica da animação tridimensional.

A investigação a que tivemos acesso e que consultámos, fruto da sua especificidade e diferente perspectiva, restringiu-nos a oportunidade e efectivo interesse no acesso a vários desses trabalhos.

A bibliografia que colocamos na parte final deste trabalho corresponde por isso ao conjunto da investigação que nos serviu de base à presente investigação.

Na elaboração da presente contextualização tecnológica, socorremo-nos várias vezes de trabalho por nós realizado anteriormente e que se revelou em alguns aspectos ainda actual [VALENTE2001].

Queremos aqui referir a bibliografia que maior contribuição trouxe à elaboração do presente contexto tecnológico: [AYMA], [AYMA2], [BLAIR80], [BRETAUDEAU], [CARRASCAL89], [CARTOON93], [CATÓLICO91], [CORSARO2003], [DEYRIÈS], [FIELDING82], [GARCÍA95], [GIROMINI98], [GRIFFIN2001], [HAYWARD85], [HONE96], [JUNIOR2002], [LAYBOURNE79], [LÓPEZ98], [MAGNENAT- THALMANN85], [MATEUS2004], [PINTEAU2003], [RONCARELLI89], [PATMORE2003] [WEST2005], [WILKIE92], [WILLIAMS2003], [WITHROW2003] e [WHITE88].