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Capítulo 3: Unidades didáticas 3 1 Unidade curricular

3.1. Unidade curricular

A unidade didática que subjaz à PES tem como designação “Out and About”, em empréstimo da designação do título da segunda unidade do manual dos alunos,

Your Turn, da Oxford Publisher (Quinn, 2015). Esta unidade didática tem como

principal matriz de conteúdos os eventos, as celebrações e o mundo do entretenimento. Esta unidade didática versa, equitativamente, sobre o mundo do espetáculo e das artes performativas/ artísticas.

A unidade apresenta uma miríade de problemáticas relacionadas com este tema. No manual, a unidade encontra-se dividida em vários itens: vocabulário, gramática, leitura, comunicação, audição, projeto de escrita, testes e ainda notícias sobre eventos sui generis. Tendo por base a análise do manual supracitado, pôde verificar-se que existia uma enorme parafernália de exercícios difusos e sem ligação aparente entre si; e que isso não influía positivamente para a didática do Inglês. Decidi centrar a didática desta unidade em dois grandes subtemas: as celebrações/eventos e as artes. Por outro lado, decidi centrar a unidade em compreensão leitora ou audiovisual e em compreensão leitora ou audiovisual e produção escrita ou oral, em que estas últimas duas competências foram tomadas como tarefas finais das aulas a lecionar. Abordei, com maior foco em duas aulas, os conteúdos gramaticais mencionados na unidade didática do manual supracitado, i. e., o Past Simple, o Past Continuous e o Past tense contrast. Por outro lado, e tendo em

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linha de conta a limitação do tempo, não inclui as Question Tags na lecionação da unidade didática.

Esta unidade didática, subordinada às celebrações, entretenimento e festividades, baseou-se no desenvolvimento do pensamento crítico dos alunos, enquanto cidadãos de um mundo cada vez mais globalizado.

A temática em análise no âmbito da PES apelou à importância das artes nas sociedades atuais e de como estas se podem manifestar de diversas formas e por meio de distintos eventos culturais. A cultura desempenha, no tempo presente, um fator importante do desenvolvimento das sociedades em vários domínios, como o pessoal, o social e o económico. A cultura, frequentemente negligenciada nos tempos atuais, reveste-se de uma importância que vai além do que é visível. Por outro lado, como parte da cultura e das diversas culturas ancestrais, encontramos as celebrações e as festividades. Estas últimas representam formas de eternização de acontecimentos históricos, feitos heroicos ou civilizacionais e tradições que se mantêm vivas ao longo de vários séculos. Por exemplo, a celebração do Natal remonta a um acontecimento ocorrido há mais de dois mil anos, o Carnaval encontra raízes históricas com vários séculos, a Bonfire Night evoca acontecimentos ocorridos no século XVII em Inglaterra, a celebração do Ano Novo remonta, igualmente, a centenas de anos atrás. No fundo, as celebrações e festividades consubstanciam o relembrar das culturas e tradições deixadas pelos nossos antepassados.

Num mundo progressivamente mais globalizado, há a tendência para pormos de lado as tradições nacionais e locais, em função de uma uniformidade cultural mais global. Tal como no caso das línguas, a uniformização de uma língua franca (objetivamente, a língua inglesa) não tem – felizmente - impedido que outras línguas se mantenham ativas e pujantes. Ora, no caso das celebrações culturais e festividades locais ou nacionais, também é possível manter a dualidade daquilo que tende a ser uniformizado pelo mundo e aquilo que permanece como profundamente local ou nacional.

Neste sentido, a unidade temática em estudo teve como objetivo último fazer relembrar aos alunos a importância pessoal, social e histórica das festividades e celebrações, cujo interesse extravasa os limites das festas ou da celebração de um feriado.

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No que à cultura diz respeito, encontramos, igualmente, a importância das artes, enquanto elemento aglutinador das sociedades. O mundo artístico, designadamente das artes performativas, desde as artes circenses até ao teatro, passando pelos festivais, mostra uma importância a nível pessoal e social.

Importa referir que a realização da PES incluiu também a unidade didática “Go for it!”, correspondente à terceira unidade didática do manual da turma (Quinn, 2015), que aborda, de forma genérica, as experiências pessoais dos jovens. A inclusão desta unidade didática deveu-se ao facto de a PES ter abordado todos os pontos considerados essenciais para a unidade “Out and About” nas aulas lecionadas até então. Uma vez que o calendário da realização da PES assim o exigia - e com consentimento por parte da professora cooperante Ana Paula Roque - foi, assim, lecionada uma última aula de PES relativa à dita unidade “Go for it!” que versou sobre a experiência do voluntariado, que se explanará mais adiante neste relatório.

A realização de atividades de ajuda ao próximo, aos mais desfavorecidos e aos que mais necessitam de cuidados é apontada como uma necessidade premente nas sociedades, progressivamente mais individualistas onde o ensimesmamento põe de parte a necessidade de ajuda ao próximo. Nesse sentido, o voluntariado e a constituição de equipas de voluntários surge, não raras vezes, como uma consciencialização dos problemas socioeconómicos que subsistem nas sociedades ditas civilizadas. O ato do voluntariado consubstancia, pois, uma postura altruísta contra a indiferença perante as adversidades de quem se encontra menos protegido no mundo atual.

Por outro lado, a recente crise dos refugiados vindos de vários territórios, em particular da Síria, em direção à Europa e os desafios do seu acolhimento e da sua integração constituem, igualmente, um novo desafio para o voluntariado. Com efeito, seja para solucionar problemas locais de cidadãos sem-abrigo, seja para lidar com desafios à escala planetária como a fuga de milhões de pessoas de zonas de conflito armado, as ações de voluntariado e de auxílio a estas franjas da população podem ser abordadas como conteúdo programático nas múltiplas disciplinas escolares ou como fazendo parte da formação cívica dos alunos. Além disso, a consciencialização destes desafios por parte dos jovens pode, inclusivamente, funcionar como força propulsora para a intervenção dos jovens nos problemas das sociedades atuais.

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Tendo em vista o exposto anteriormente, nesta última aula, foram abordados as circunstâncias e as vantagens inerentes à prática do voluntariado nas sociedades atuais, designadamente num contexto local e mais próximo.

3. 2. Problemática e Hipótese

Durante o período de observação de aulas, no período pré-PES, i. e. durante o mês de outubro de 2016, verifiquei que, embora se tenha utilizado um conteúdo audiovisual numa aula, as aulas observadas por mim estavam relativamente dependentes de exercícios do manual escolar, fazendo com que as mesmas se tornassem bastante mecânicas. Tendo por base esta premissa, comuniquei à professora cooperante que a minha PES versaria sobre questão da utilização dos conteúdos audiovisuais, de forma a tornar as aulas visualmente mais ativas e mais interessantes para os alunos, atendendo à importância da cultura visual e audiovisual no século XXI.

Tiveram lugar várias reuniões preparatórias com a professora cooperante, de forma a melhor delinear os conteúdos a tratar e a forma como os mesmos seriam didatizados. Foi, desde logo, comunicado à professora cooperante que seria dado um grande enfoque à utilização de conteúdos audiovisuais durante a maioria das aulas de PES. No entanto, noutras aulas da PES, seriam utilizados conteúdos não- audiovisuais, por forma a verificar as diferenças ao nível da reação dos alunos, designadamente ao nível da sua criatividade e motivação. O objetivo, seria, pois, o de verificar até que ponto os recursos audiovisuais se adequavam melhor à audiência de dezasseis alunos. Partir-se-ia da hipótese que este conjunto de “nativos digitais” estaria mais recetivo a conteúdos iminentemente audiovisuais, tendo maior empenho na sala de aula, em oposição às aulas em que apenas seriam utilizados recursos não- audiovisuais. Entendeu-se por empenho o ato de comprometimento, dedicação e esforço, neste caso, por parte do aluno.

O objetivo da lecionação desta unidade didática assentaria no contraste e análise de resultados das aulas com recursos audiovisuais em oposição às aulas em que não seriam utilizados materiais audiovisuais. A cada aula sem recursos

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audiovisuais corresponderia uma aula com recursos audiovisuais, tentando com que a tarefa final fosse semelhante para que se pudessem comparar, da forma mais objetiva possível, os resultados obtidos pelos alunos. O objeto de estudo passaria, por isso, por verificar as diferenças em termos de resultados obtidos pelos alunos nas duas aulas.

Assim, o grosso das aulas lecionadas foi dividido em pares de aulas, com utilização de materiais audiovisuais numa e na outra não, e em ambas a tarefa final visava a mesma competência de produção. A grande exceção residiu na última aula (12 de dezembro), cujo ponto de partida era um material áudio (e não audiovisual) e que tinha duas tarefas finais. Os resultados obtidos no par de aulas de 2 e 7 de novembro foram analisados por contraste. O mesmo se passou com as aulas de 14 e 28 de novembro. Os resultados obtidos pelos alunos nas restantes aulas foram também objeto de análise, mas não necessariamente por contraste com outra aula. A análise dos dados destas aulas servirá para corroborar ou infirmar a hipótese colocada.

A hipótese formulada seria, assim, a de que os conteúdos ministrados com o auxílio de meios audiovisuais são mais apelativos, do ponto de vista da didática do Inglês, para dezasseis “nativos digitais”, e que isso influi positivamente no processo de ensino-aprendizagem, mais do que os conteúdos ministrados sem a ajuda de meios audiovisuais.