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3 FOLHA DE S PAULO: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-POLÍTICA

4.1 Matérias sobre o MPL publicadas nos cadernos Cotidiano e Poder

4.4.2 Unidade de Significação: Resposta

A segunda unidade de significação, intitulada Resposta, congrega cinco matérias que buscam especificamente expor as posições do MPL a respeito de situações presentes nas manifestações, em especial conflitos entre manifestantes e forças policiais, prédios públicos como alvo das manifestações e hostilidade à presença de militantes dos partidos políticos nas manifestações.

A partir disso, infere-se que a Folha buscou publicar, com base nessas matérias, a posição do MPL sobre assuntos eminentemente negativos, temas que podem indicar que a sua intenção diante do leitor é a tentativa de desconstrução das manifestações convocadas pelo movimento.

A primeira matéria, É impossível controlar a revolta, diz movimento, de 08 de junho, traz a posição do MPL, por meio de nota, em que o grupo não apoia qualquer ato de “violência” e repudia a atuação da PM no protesto do dia 06.

A insatisfação de pessoas presentes aos protestos com a ação da PM e do poder público, segundo o MPL, é que gera revolta a ponto de seus militantes não terem qualquer tipo de controle contra reações mais exaltadas. Por outro lado, a matéria cita a posição da PM de que teria agido para manter a ordem e não em praticar repressão.

Além disso, a matéria cita alguns indivíduos presos nos protestos sob a acusação de “depredação” e que o metrô de São Paulo anunciou um prejuízo em suas instalações e que cobraria judicialmente por isso.

A segunda matéria, ‘É revolta popular, sem controle’, diz movimento, de 12 de junho de 2013, está centrada na fala da militante do MPL, Nina Cappello, sobre o protesto do dia anterior, em que o jornal traz falas da ativista, a fim de situar o leitor do ocorrido na visão do movimento, pois “...A gente não tem controle. Ficou claro que a manifestação se transformou em uma revolta popular na cidade contra o aumento da tarifa.” (CAPPELLO

apud FOLHA DE S. PAULO, 12 jun. 2013, p. C5)

Além disso, ela reitera que a atuação da polícia militar foi no intuito de reprimir os manifestantes e que a força policial acabou impedindo que o MPL encerrasse a manifestação em um terminal de ônibus, que, segundo ela, é uma prática comum do movimento que realizaria lá algumas atividades antes do fim do ato.

O texto diz, ainda, que o MPL queria se reunir com o prefeito. Por outro lado, há espaço para a polícia militar expor que havia sido agredida e que, por isso, agiu contra os manifestantes. Já a entrada no terminal de ônibus, qualificada como “invasão”, teria como intuito promover “queima” de veículos, contudo sem apresentar nenhuma prova. O MPL, ainda, promoveria um novo ato no dia 13 de junho.

A terceira matéria, Grupo condena violência e fala em ‘revolta popular’, de 19 de junho de 2013, expõe o posicionamento do MPL em repudiar a violência no protesto do dia anterior, onde houve tentativa de ocupação da sede da prefeitura e incêndio a um carro de reportagem da emissora de televisão Record.

O texto aponta, ainda, que o movimento considera, como revolta popular, atos descritos, na matéria, como “vandalismo” e como episódios de saque. Há a fala de um militante do MPL, Marcelo Hotimsky, onde defende que “...Tudo o que aconteceu é revolta popular. Se quiser manter a cidade em ordem, vai ter que mudar para conter esse sentimento de revolta” (HOMTIMSKY apud FOLHA DE S. PAULO, 19 jun. 2013, p. C3)

Outra fonte que aparece na matéria é o secretário da Casa Civil do governo estadual, Edson Aparecido, o qual busca responsabilizar o movimento por situações de tensão ocorridas nos protestos “...A liderança de um movimento tem que ter responsabilidade. Eu sou responsável pelo que acontece de bom e pelo que acontece de ruim também [...] estão romantizando muito as coisas; nós vamos ter que abrir esse debate a partir de agora” (APARECIDO apud FOLHA DE S. PAULO, 19 jun. 2013, p. C3). Por fim, a matéria informa de um novo ato do MPL para o dia seguinte, além de um ato do Movimento dos Trabalhadores do Sem Teto (MTST) que teria o apoio do MPL.

A quarta matéria, Em nota, MPL repudia agressão contra partidos, de 22 de junho de 2013, é um curto texto que informa que o MPL divulgou nota na qual condena atos hostis a partidos políticos ocorridos em protestos do dia 20 e defendendo a sua presença nos protestos, mas ressaltando o caráter apartidário do movimento.

No entanto, a matéria ressalta o fato de o MPL não se posicionar contra ao que ela classifica como “ataques” a prédios públicos ocorridos em algumas capitais, ou seja, a

Folha busca jogar no MPL a responsabilidade por ser supostamente permissivo com atos aos

quais condena.

A quinta matéria, É difícil fazer protesto pa cífico, diz Pa sse Livre, de 28 de junho de 2013, relata a sabatina da qual participaram dois integrantes do MPL, Caio Martins e Mariana Toledo, e promovido no dia anterior pelo portal UOL e pela Folha.

A matéria é um apanhado de posições dos membros do movimento externadas na sabatina. Eles entendem a violência nos protestos como resposta à repressão policial.

Criticaram, ainda, a proposta de passe livre estudantil proposto pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e defendem que a tarifa zero deva ser financiada pelos contribuintes.

Boa parte do texto se dedica à discussão da existência de manifestação pacífica e ações contra prédios públicos “...É muito difícil conseguir fazer uma manifestação pacífica de rua [no Brasil] por que o Estado é violento” (MARTINS apud FOLHA DE S. PAULO, 28 jun. 2013, p. C5)

Além disso, o MPL se coloca não só contra atos de “depredação” a prédios públicos, mas também de não buscar criminalizar a atuação de outros manifestantes “...Uma coisa é tentar, auto organizadamente, restringir [a violência]. Ajudar a polícia a criminalizar quem quer que seja é outra coisa” (TOLEDO apud FOLHA DE S. PAULO, 28 jun. 2013, p. C5)

Sobre a tarifa zero, os membros do MPL citaram formas de financiamento e ainda criticaram o resultado da reunião com a presidente Dilma Rousseff. Eles ainda disseram que convocariam mais protestos e citaram a iniciativa de buscar o passe livre, via projeto de lei.

Houve críticas à imprensa por classificar o movimento como um grupo de “vândalos” nos primórdios das manifestações. Falaram, ainda, sobre a forma de organização, como se organizam em uma manifestação, além de destacar as redes sociais como difusoras das atividades do movimento, no momento da luta contra o aumento de vinte centavos nas tarifas das passagens de ônibus.