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PAISAGEM DA BHRS

4. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SUBAÚMA

4.2 Geologia regional e litologia 1 Macro Contexto Geológico

4.3.1 Unidades Geomorfológicas associadas à Acumulação Quaternária

As regiões de acumulação quaternárias reúnem a Planície Costeira, os Campos de Dunas, a Planície Flúvio-Lagunar, Flúvio-Marinha e Aluvial. Correspondem, em geral, a áreas de relevos pouco movimentados, com superfícies sub-horizontais, declividades predominantes inferiores a 10% (à exceção da faixa estreita dos campos de dunas) e tem sua origem associada a processos onde interagiram a deposição e o retrabalhamento marinho, fluvial, lagunar e eólico dos sedimentos entre o Pleistoceno Superior e o Holoceno.

As unidades geomorfológicas distribuem-se pela faixa litorânea e estende- se continente adentro, seguindo os vales dos rios até cerca de 20km, a partir da linha de costa. A constituição dessas unidades é, principalmente de sedimentos acumulados nos vales da bacia durante o Quaternário, com granulometria principalmente arenosa, embora ocorram também argilas e siltes, especialmente nas áreas de deposição fluvial e flúvio-lagunar.

 Planície Costeira

A planície costeira da BHRS ocupa uma área estreita, com cerca de mil metros de largura, na borda leste da bacia, a partir da sua foz. Sua localização se sobrepõe à Unidade Geológica Depósitos Marinhos Recentes, descrita anteriormente, sendo formada principalmente, a partir da deposição de sedimentos arenosos de idade Quaternário-Holocênica nas partes mais baixas do relevo. A deposição destes sedimentos levou a formação de terraços marinhos com disposição quase paralela à praia interrompidos apenas pela desembocadura do rio Subaúma e pelos arenitos de praia (Figura 15).

Os dados obtidos em campo permitiram estabelecer disposição dos sedimentos desta unidade em uma superfície quase horizontal, com declividades medidas em campo entre 9 e 18% na face de praia e, entre 0 e 9% na faixa de pós- praia.

As declividades obtidas em campo para a face de praia são corroboradas por trabalhos como o de Sul (2005) que encontrou para a praia de Subaúma declividade média de 10%, em julho de 2004 e de Silva et al. (2012; 2013), que classificaram as praias do litoral norte da Bahia, de acordo com graus de atratividade

e atribuíram o valor 2 (entre 9 e 18%) para o índice de declividade da praia de Subaúma.

Ressalta-se que a face de praia é uma das áreas mais dinâmicas da BHRS, com tendência a instabilidade e a variações sazonais de declividade devido a ação dos processos meteorológicos e oceanográficos que continuamente engordam ou erodem a praia.

Figura 15 – Planície costeira na foz do Rio Subaúma - BA.

Foto: Amom Teixeira – 27 de março de 2013

Quanto ao escoamento, o relevo pouco movimentado, com baixa amplitude topográfica e baixas declividades, aliado às características dos sedimentos, pouco consolidados, de granulometrias arenosas faz com que predomine nesse ambiente a infiltração em detrimento do escoamento superficial da chuva, diminuindo seu potencial erosivo.

Há também o predomínio de morfogênese e, os principais solos formados são em geral de matriz quartzarênica (Neossolos e Espodossolos), em geral, pouco desenvolvidos. Baseados na tendência a forte instabilidade, os sub-ambientes desta unidade são em sua maior parte protegidos pelo Código Florestal – restingas e terrenos de marinha (BRASIL, 1979).

 Campos de Dunas

Os campos de dunas são formados por sedimentos pleistocênicos, principalmente quartzosos, remobilizados pela ação eólica no Holocêno (Figura 16). Sua origem na BHRS ocorre a partir dos sedimentos da unidade geológica Depósitos Marinhos Antigos, ocupando uma área com cerca de 1km de largura e inicia-se a partir da margem norte do curso de água principal e se estende até o divisor topográfico da Bacia Hidrográfica.

Figura 16 – No segundo plano, extração de areia em duna com vegetação pioneira na Bacia Hidrográfica do Rio Subaúma - BA.

Foto: Amom Teixeira – 27 de março de 2013

O relevo dessas dunas, fortemente influenciado pela ação eólica, é mais movimentado que a planície costeira, podendo apresentar declividades que variam entre os 5 e 60% e topos com amplitudes entre 5 e 40 metros (BRASIL, 2007). Há a preponderância da morfogênese e, os solos formados tem matriz quartzarenica, com grãos bem selecionados (principalmente Neossolos) e granulometria fina a muito fina. Estes solos são, em geral, pouco desenvolvidos e estão sujeitos a erosão eólica e pluvial em decorrência das altas declividades e da natureza pouco coesa dos sedimentos que os formam. Para evitar os riscos associados a erosão destes

ambientes, as dunas são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP), sendo sua vegetação de fixação protegida pelo Código Florestal (BRASIL, 1979).

 Planícies Flúvio-Marinha e Aluvionar

As planícies flúvio-marinha e aluvial são um conjunto de formas quaternárias quase planas, formadas pela deposição de sedimentos, predominantemente arenosos, nos vales do rio Subaúma e de seus afluentes.

Há uma importante distinção na formação dessas planícies: enquanto a Planície Flúvio-Marinha reúne um conjunto de pacotes sedimentares formados pela interação complexa entre processos fluviais, lacustres e marinhos durante os episódios transgressivos do Quaternário (Pleistoceno Superior e Holocêno), a Planície Aluvionar tem sua origem ligada a depleção dos tabuleiros e deposição dos sedimentos resultantes, pelo rio Subaúma ao longo da calha formada nas últimas transgressões marinhas.

Sua distribuição ocorre desde o litoral e se estende continente adentro até o sopé do Grupo Barreiras (Planicie Flúvio-Marinha) e além dele, podendo chegar nesta bacia até cerca de 20 km de distância do oceano (Planície Aluvionar), seguindo as calhas do Rio Subaúma e de seus tributários. Suas formas são pouco movimentadas e suas declividades são bastante baixas, em geral menores que 2% na planície Flúvio-Marinha e entre 0 e 5% na Planície Aluvionar (BRASIL, 2007). Seus sedimentos possuem via de regra porosidades primárias altas (>30%) (BRASIL,

ibiden), especialmente nos depósitos areníticos, apresentando tendência à infiltração,

em detrimento do escoamento superficial na planície aluvionar.

Já na planície flúvio-marinha as baixas declividades aliadas a interface com o mar e a atributos deposicionais variados dos sedimentos (camadas areníticas intercaladas com camadas argilosas, depósitos argilosos e argilo-areniticos, resultantes da deposição flúvio-lagunar, colmatação dos sedimentos resultante de paleolagunas), tornam essa uma unidade mal drenada e por vezes sujeita a ação das marés.

Como resultados das condições oceanográficas, litológicas e geomorfológicas da planície flúvio-marinha, são comuns as formações de terrenos prolongadamente inundáveis que dão suporte aos ambientes de manguezais, brejos

e lagunas (Figura 17) e a solos hidromórficos, associados a esses ambientes e a foz do rio Subaúma.

Figura 17 – No primeiro plano, brejo formado sobre depósito flúvio-lagunar na Bacia Hidrográfica do Rio Subaúma - BA.

Foto: Amom Teixeira – 26 de junho de 2013

As planícies aluvionar e fluvio-marinha possuem tendência a morfogênese. Os solos formados na planície flúvio-marinha não raramente são hidromórficos e com altos teores de matéria orgânica, em decorrência dos períodos prolongados de alagamento, os solos formados na planície aluvial dependerão da sua posição no relevo, na BHRS são comuns nessa área do relevo Gleissolos, Neossolos e Espodossolos.