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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS UNICAMP

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2 – Pressupostos teórico-metodológicos

19. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS UNICAMP

Para obter informações sobre o acervo de teses e dissertações, consultamos as bibliotecas das instituições, enviamos cartas e e-mails para os coordenadores dos cursos e bibliotecárias responsáveis pelo acervo. Utilizamos também levantamentos disponíveis na academia, entre eles o Inventário da Pesquisa em Comunicação no Brasil 1883-1983 (MARQUES DE MELO, José, 1984); Produção científica brasileira em Comunicação na

Ada de Freitas M., 1997); Teses e Dissertações em Comunicação no Brasil 1992-1996 (STUMPF, Ida Regina C. & CAPARELLI, Sérgio); Teses e Dissertações em Comunicação

no Brasil 1997-1999 (STUMPF, Ida Regina C. & CAPARELLI, Sérgio); Banco de Teses da Capes5 (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O recorte temporal para a produção acadêmica foi a produção até 2003, uma vez que as instituições não haviam cadastrado as teses e dissertações defendidas em 2004.

Após o levantamento e o respectivo armazenamento das teses e dissertações sobre Comunicação para a Saúde e dos 215 artigos publicados nas sete edições da COMSAÚDE, demos início à etapa da análise propriamente dita do recorte proposto para buscar identificar as linhas que regem o que vem sendo produzido pela academia nesta temática. Trata-se da análise de conteúdo, tida por RICHARDSON (1989, p. 44), como a etapa mais apaixonante numa pesquisa documental. De acordo com o autor,

Originariamente, dita análise representou uma técnica quantitativa para descrever o conteúdo manifesto de uma comunicação. Tanto assim que Bernard Berelson a definiu como “uma técnica de pesquisa que tem por finalidade permitir a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto na comunicação”.

É importante lembrar que somente os trabalhos publicados nos anais da COMSAÚDE em forma de livro e CD-Rom foram analisados, uma vez que, como é comum nos encontros científicos, há pesquisadores que inscrevem seus trabalhos, mas não os apresentam ou têm seu

paper recusado. Esses trabalhos não foram objeto de análise nesta tese.

A análise se deu após a utilização de um protocolo (anexo 17), aplicado em pré-teste e aprovado pela banca de qualificação que seguia as etapas sugeridas por KRIPPENDORF (1997), apontando um método misto de análise de conteúdo, que combina técnicas qualitativas e quantitativas com as seguintes etapas de trabalho:

1) Formular uma hipótese ou questão para a pesquisa e verificar perfil de produção temática;

2) Definir a população em questão;

3) Selecionar uma amostra adequada da população;

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Neste caso, optamos pelas informações de cada instituição – período 1998-2003 – uma vez que o banco de teses não agrega toda a produção acadêmica das instituições avaliadas até 2004.

4) Selecionar e definir as unidades de análise;

5) Construir as categorias do conteúdo a ser analisado; 6) Estabelecer um sistema de quantificação;

7) Treinar os codificadores e conduzir um estudo-piloto;

8) Codificar o conteúdo de acordo com as definições estabelecidas; 9) Analisar os dados coletados;

10) Estabelecer conclusões e pesquisar indicações.

O item número 1 proposto por KRIPPENDORF era justamente um dos objetivos desta tese, ou seja, verificar o perfil da produção temática na COMSAÚDE. A população em questão (item 2) era o conjunto de trabalhos apresentados e o universo (item 3) cobriu 100% dos papers apresentados nas edições da COMSAÚDE. Quanto às demais etapas, foram construídas durante o processo de análise de conteúdo e contemplaram várias unidades de análise, entre elas locais de origem dos autores, formação principal dos autores, instituição representada, palavras-chave utilizadas, suporte do trabalho, temática, referências

bibliográficas utilizadas, procedência, quantidade de autores, gênero, fonte consultada, idioma, tipo de documento estudado, entre outros.

Ao proceder a análise de conteúdo dos artigos das COMSAÚDE, nos detivemos de modo especial nas referências bibliográficas utilizadas pelos autores para identificar quais os principais marcos teóricos utilizados pelos pesquisadores. Esse tipo de análise é comum na bibliometria, ramo da Ciência da Informação em que elementos textuais, paratextuais e contextuais referentes a monografias e artigos de periódicos constituem variáveis comumente abordados nos estudos bibliométricos (ALVARENGA, 2000). A autora lembra que os

resultados alcançados refletem aspectos quantitativos de campos de conhecimento,

evidenciando ângulos, tais como produtividade de autores ou de fontes discursivas, os autores que constituem as frentes de pesquisa em determinado campo de conhecimento e constatações de regularidades que podem fazer emergir fatos históricos, no processo de evolução de uma disciplina. ALVARENGA (2000) salienta ainda que o mapeamento de relações estabelecidas entre autores e textos, por meio de citações, podem constituir insumos empíricos de maior importância para que se evidenciem ângulos peculiares do processo de produção de

Voltando à análise de conteúdo, na visão de KRIPPENDORFF, esta possui atualmente três características fundamentais: (a) orientação fundamentalmente empírica, exploratória, vinculada a fenômenos reais e de finalidade preditiva; (b) transcendência das noções normais de conteúdo, envolvendo as idéias de mensagem, canal, comunicação e sistema; (c) metodologia própria, que permite ao investigador programar, comunicar e avaliar criticamente um projeto de pesquisa com independência de resultados.

Todo o processo de análise de conteúdo dos trabalhos das edições da COMSAÚDE seguiu as etapas sugeridas por FONSECA JUNIOR (2005, p. 290):

A análise de conteúdo organiza-se em três fases cronológicas: (1) Pré-

análise: consiste no planejamento do trabalho a ser elaborado, procurando

sistematizar as idéias iniciais com o desenvolvimento de operações sucessivas, contempladas num plano de análise; (2) Exploração do

material: refere-se à análise propriamente dita, envolvendo operações de

codificação em função de regras previamente formuladas. Se a pré-análise for bem-sucedida, esta fase não é nada mais do que a administração sistemática de decisões tomadas anteriormente; (3) Tratamento dos

resultados obtidos e interpretação: os resultados brutos são tratados de

maneira a serem significativos e válidos. Operações estatísticas (quando for o caso) permitem estabelecer quadros de resultados, diagramas, figuras e modelos. A partir desses resultados, o analista pode então propor inferências.

Para obter outro elemento de comparação deste estudo – o perfil da produção científica americana na área de Health Communication – atendemos a sugestão da banca de qualificação verificando as temáticas mais presentes nos trabalhos apresentados no portal da ICA (International Communication Association) e aqueles publicados na edição mais recente do

Handbook of Health Communication (THOMPSON et al., LEA Inc, New Jersey, 2003.

753 p.).

Quanto ao último ingrediente de comparação deste trabalho, as temáticas mais presentes nas pesquisas sobre Comunicação feitas nas faculdades de Saúde, foi utilizado como referência o censo de 2004 (última edição disponível) no Diretório de Grupos de Pesquisa do Brasil do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

O resultado final desta tese, além levantar o histórico da linha de pesquisa e elencar o que foi produzido em forma de dissertações e teses sobre o tema Comunicação para a Saúde

especificamente na área de Ciências Sociais Aplicadas (com filtro na Comunicação) na academia brasileira, faz um paralelo com o que foi apresentado em forma de papers na COMSAÚDE, indo ao encontro do que foi preconizado por GIL (1996, p. 43):

Muitas vezes as pesquisas exploratórias constituem a primeira etapa de uma investigação mais ampla. Quando o tema escolhido é bastante genérico, tornam-se necessários seu esclarecimento e delimitação, o que exige revisão da literatura, discussão com especialistas e outros procedimentos. O produto final deste processo passa a ser um problema mais esclarecido, passível de investigação mediante procedimentos mais sistematizados.

A análise da produção científica sobre Comunicação para a Saúde, dentro do universo proposto como objeto de estudo, foi feita com a combinação de procedimentos estatísticos e comparativos, uma vez que a reunião destes dois tipos de forma de análise poderia ser útil para justificar e consolidar os dados obtidos.

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