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4. DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE

5.2 Universo e Participantes da Pesquisa

Os participantes dessa pesquisa são gestores escolares das escolas da rede estadual paulista de ensino num município da Região Metropolitana do Vale do Paraíba Paulista.

Os 32 gestores, em exercício na função de diretor nas escolas com atendimento aos segmentos de Ensino Fundamental e Médio da Educação Básica do referido município, foram convidados para responderem a um questionário inicial que ao fornecer elementos para uma caracterização geral do grupo, também possibilitou a seleção dos participantes para a fase de entrevista. Como são muito diversas as situações funcionais, tal seleção tomou por base o tempo médio de atuação na gestão, considerando que no atual organograma da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo são reconhecidas como funções gestoras, além da direção de escola, a vice direção e a coordenação pedagógica, o que se denomina equipe gestora. Portanto, apesar dos questionários serem enviados para diretores de escola em exercício, ao se considerar o tempo de gestão, foram computados os períodos em que os mesmos também desenvolveram -as funções de coordenação e vice-direção.

Após a devolução dos questionários, foi selecionado número equivalente de gestores que estivessem em início de carreira (menos de dez anos de atuação), em fase intermediária (entre 10 e 19 anos) e em fase final (com mais de 20 anos), computando-se especificamente o tempo de atuação gestora. Entre os pesquisados há, portanto, participantes com muitos anos na carreira do magistério13 classificados em fase inicial por estar há pouco tempo na gestão, e outros, com menos tempo na carreira, classificados em fase subsequente. Da mesma forma, a idade cronológica também nem sempre coincidirá com o maior tempo na função.

Embora não seja a intenção analisar os índices de desempenho das escolas, com o objetivo de identificar, dentre os incidentes críticos, as ações de formação que contribuíram para o desenvolvimento das competências básicas necessárias à prática gestora, utilizou-se também como critério para a seleção dos entrevistados, a seleção de escolas com diferentes níveis de desempenho pedagógico (bom, regular

13 De acordo com a Lei Complementar nº 836 de 30-12-1997, a carreira do magistério é composta tanto pela docência como pelas funções de suporte pedagógico, as quais cabem as atribuições de ministrar, planejar, inspecionar, supervisionar, orientar e administrar a educação básica.

e baixo desempenho), de modo a abranger os vários contextos escolares, no que se refere ao sistema de avaliação das escolas no estado de São Paulo. Para essa caracterização das escolas foram considerados os principais indicadores de desempenho da rede estadual de ensino: SARESP E IDESP.

Assim, de acordo com esses critérios, foram selecionados 9 gestores, sendo 3 em exercício em escolas com bom desempenho pedagógico, 3 em exercício em escolas com desempenho pedagógico regular e 3 com exercício em escolas consideradas prioritárias em termos de desempenho.

5.3 Instrumentos

Os instrumentos adotados para esta pesquisa foram o questionário, como apontado na seção anterior, e também a entrevista em profundidade.

Como uma das técnicas mais importantes para a obtenção de dados nas pesquisas sociais disponíveis atualmente, o questionário possibilita atingir um maior número de pessoas e permite que o pesquisado tenha maior autonomia em suas respostas (GIL, 1998). Para garantir esta autonomia, o questionário mesclou perguntas fechadas e abertas, adaptando o instrumento proposto por Sá (2013), para estudar as trajetórias de professores engenheiros e de professores enfermeiros.

Perguntas fechadas são aquelas para as quais todas as respostas possíveis já estão fixadas e as abertas aquelas em que o pesquisado responde com suas próprias palavras (GIL, 2008). Desta forma, as perguntas fechadas tiveram o objetivo de delinear o perfil geral do grupo por meio da coleta de dados sociodemográficos e de formação dos participantes tais como: tempo de formação, tempo de atuação no magistério, incluindo a docência e funções gestoras, cursos de pós-graduação realizados com as respectivas áreas de concentração, dentre outras. As perguntas abertas foram dispostas para que os participantes pudessem se posicionar quanto a sua situação funcional, manifestando suas opiniões com relação às influências recebidas ao longo da carreira, bem como suas expectativas no que se refere à permanência ou redirecionamento das atividades exercidas.

A entrevista em profundidade utilizada em abordagens qualitativas possibilita a exploração e o aprofundamento do objeto da pesquisa, seja pela ausência de um roteiro fechado de questões, seja pela possibilidade de um diálogo

livre entre entrevistador e entrevistado. Trata-se de um instrumento flexível que permite ao pesquisador, ao longo da entrevista, redirecionar as perguntas sempre que necessário, bem como permite ao pesquisado falar espontaneamente sobre suas experiências e sentimentos. Segundo Szymanski (2004), pressupõe o estabelecimento de uma condição de reflexividade e uma maior aproximação entre entrevistador e entrevistado.

Ao considerarmos o caráter de interação social da entrevista, passamos a vê-la submetida às condições comuns de toda interação face a face, na qual a natureza das relações entre entrevistador/entrevistado influencia tanto seu curso como o tipo de informação que aparece. Como experiência humana, dá-se no “espaço relacional do conversar” (SZYMANSKI, 2004, p. 11).

Ainda conforme Szymanski (2004), ao longo da entrevista o pesquisador deve manter a atenção tanto ao que é manifestado claramente pelo participante, quanto às estratégias de ocultamento utilizadas por ele, quando não se sente à vontade para expor determinados fatos ou detalhes ao pesquisador. Portanto, estar atento e registrar as reações, as pausas e as diferentes emoções manifestadas durante a entrevista constituem-se também numa coleta de dados que pode ser significativa durante a análise das narrativas.

Nesta perspectiva, a utilização da entrevista em profundidade para a coleta das narrativas teve a pretensão de complementar o delineamento do perfil dos gestores, identificar as características gerais do grupo e aprofundar o conhecimento dos vários momentos e acontecimentos marcantes que compõem as suas trajetórias de formação e de atuação profissional. Tal entrevista, orientada por um roteiro, foi realizada mediante a proposição de uma pergunta desencadeadora que tinha como objetivo estimular o gestor ou gestora a narrar sua trajetória profissional e destacar os acontecimentos que a marcaram. Tal pergunta foi assim formulada: A escolha de uma profissão é decisiva na vida de uma pessoa,

podendo determinar seu estilo e ritmo de vida. Quais foram as razões que motivaram sua escolha pela carreira no campo da educação? Quais acontecimentos marcaram sua trajetória?

Um roteiro, abaixo descrito, foi elaborado para orientar a entrevista sem, entretanto, limitar o participante em sua liberdade narrativa:

- Contexto de formação na educação básica; - Experiência docente;

- Demais funções do magistério já desempenhadas e suas contribuições para a prática gestora;

- Considerações sobre o curso de Pedagogia frente às exigências da prática gestora;

- Conhecimentos e experiências obtidas nos cursos de formação continuada - A prática gestora e a gestão de resultados educacionais;

- Integração da vida familiar com a vida profissional e as influências de uma sobre a outra.