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Usina de Tratamento de Resíduos Sólidos Kim Ribeiro Ruschel, Centro

COMO MELHORAR A DISCUSSÃO DA SUSTENTABILIDADE NA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO?

4.2.2 Opera Prima

4.2.4.2 Usina de Tratamento de Resíduos Sólidos Kim Ribeiro Ruschel, Centro

Universitário Belas Artes de São Paulo

Localizada em Paraty, RJ, a usina modelo de beneficiamento de lixo reciclável separa e recicla o lixo não-orgânico produzido pela população urbana. Também foi proposta a criação de centros comunitários para fazerem a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a população como um todo. Os centros comunitários forneceriam assistência na organização da comunidade e ajuda na conscientização das pessoas com a questão do lixo.

Antes de discutirmos o problema dos resíduos produzidos pelo homem devemos observar como a natureza trata a mesma questão. No universo não existe lixo, existe a reciclagem, “nada se perde tudo se transforma”. Nosso planeta só existe porque quando o sol se formou, ele deixou para trás “sobras” em forma de poeira estelar, esse lixo estelar se reciclou e formou os planetas, corpos celestes que orbitam o sol.

No princípio não havia vida na terra, ela só se fez possível porque átomos de diferentes elementos químicos se recombinaram formando cadeias de aminoácidos que por sua vez formaram os primeiros seres unicelulares, estes evoluíram até se transformarem no ser humano.

Cada átomo que existe dentro do nosso corpo foi forjado dentro de nossa estrela mãe: o sol. Através da reciclagem natural e a transformação dos átomos, seres mais complexos como bactérias, plantas ou animais podem existir.

A manutenção da vida na terra esta ligada a vários fatores, sendo um deles a boa conservação dos recursos hídricos, que por sua vez, está diretamente conectado ao correto tratamento dos resíduos sólidos. Com a crescente preocupação sobre o futuro da água potável no planeta, cresce a necessidade de estudos sobre o meio ambiente e o tratamento de seus resíduos.

Assim como o universo recicla seu lixo estelar, aqui na Terra não aprendemos ainda a reciclar devidamente nosso lixo. Com o esgotamento dos aterros sanitários, se faz cada vez mais necessários projetos que resolvam este crescente problema mundial.

Esta tese propõe uma usina modelo de beneficiamento de lixo reciclável, localizada em Paraty-RJ. Paraty foi escolhida como patrimônio da humanidade, situada a beira do mar, entre as margens de dois rios principais: Mateus Nunes e Perêque-Assú. Paraty foi utilizada como laboratório devido a sua importante relação com o mar, seus rios, e sua bacia hidrográfica.

O projeto propõe também a criação de centros comunitários que farão a interface entre a usina de responsabilidade estatal e a população comum. Os centros comunitários fornecerão assistência na organização da comunidade e ajuda na conscientização das pessoas para com o problema do lixo. Sem informação não pode haver uma mudança no comportamento das pessoas. O tratamento adequado do lixo deve começar em casa. Com uma idéia simples e de fácil execução este projeto pretende separar e reciclar o lixo produzido pela cidade, contribuindo assim para a boa conservação do nosso planeta.50

FIGURA 25 - Usina de Tratamento de Resíduos Sólidos: Perspectiva Fonte: Arquivo de Kim Ribeiro Ruschel

O trabalho aborda tema de elevada prioridade para a salubridade urbana e a saúde pública: o tratamento adequado do lixo não-orgânico produzido pela população. Utiliza solução de alta tecnologia e arquitetura de grande simplicidade. Além disso, a usina seria auto-suficinte, pois geraria sua própria energia utilizando painéis solares e também energia gerada pela corrente do rio. Uma questão de grande importância é informar a população, assim a sustentabilidade não está só presente na preocupação ambiental e tratamento dos resíduos sólidos, mas na participação da comunidade nesse propósito, através dos centros comunitários. Assim são observadas, principalmente, preocupações com as questões ambientais, sociais e econômicas.

4.2.5 Opera Prima 2004

Ganhadores:

Fernanda Kleemann Spinicci – Requalificação urbana Largo 13 de maio: espaço cívico e institucional - Universidade Presbiteriana Mackenzie

Leonardo Piccinini Colucci – F. A. C. Fundação Amilcar de Castro – UFMG

Lucas Filpecki Martins – Expor. Refletir. Compartilhar. Galeria de arte contemporânea Estocolmo/Skeppsholmen – UFRJ

Nina Carla Segatto Cabeleira Bitelo – Museu de fotografia - Gravataí/Rs – UNISINOS Pedro Engel – Casa da palavra: nova sede do Instituto Estadual do livro – UFRGS Menções honrosas:

Gustavo Conte Moojen – Núcleo Base de Monitoramento e Pesquisa dos Areais – UNIRITTER Izabel Torres Cordeiro – Escola Náutica: intervenção na orla do lago Paranoá – UnB

Mara Oliveira Eskinazi – Centro de Referência Ambiental Lobo-Guará – UFRGS

Destes oito premiados (cinco ganhadores e três menções honrosas) apenas um questionário não foi respondido, o de Nina Carla Bitelo. Sobre a questão feita aos premiados em relação à discussão e abordagem da sustentabilidade em sua formação, cinco autores responderam que é pouca e superficial, e dois que é nula. Algumas citações sobre a sustentabilidade na formação do arquiteto seguem abaixo.

Sustentabilidade é um conceito inatingível. Tudo é finito, nada se sustenta pra sempre. Nada. Então pra que serve o conceito de sustentabilidade? Não existe o conceito de boa arquitetura independente deste. Arquitetura sustentável nada mais é do que uma obra que não necessite apelar pra força de equipamentos modernos, desde iluminação, aquecimento, ventilação..., visando com isso superar uma deficiência de projeto. Esse conceito nasce com a arquitetura.

Gustavo Moojen, UNIRITTER, 2004. Primeiramente, este assunto deve estar na pauta de conteúdos considerados pertinentes aos processos didáticos em arquitetura por aqueles que idealizam o ensino. Na minha opinião a sua pertinência dependerá sempre de valores em jogo na discussão arquitetônica, que muitas vezes é alheia a valores externos à disciplina. Veja, eu diria que a sustentabilidade não é fundamental para o ensino da arquitetura (e por isso não talvez figure como deveria nas escolas), embora ela possa (e na minha opinião, deva) compor um rol de valores presentes em uma discussão ética sobre que arquitetura deve ser praticada e ensinada. Um bom caminho para que passe a figurar na arquitetura pode estar justamente na fomentação da discussão sobre valores éticos na arquitetura, já que uma discussão sobre a difinição disciplinar me parece já um pouco estéril. Discutir a ética em arquitetura teria boa força “problematizante”, mas não é nenhuma novidade como proposta. Lembre que a inflexão no pensamento depois do Movimento Moderno contou com esse tipo de discussão.

Em segundo lugar, creio que a sustentabilidade só possa figurar no ensino com o devido respaldo técnico. Não é algo que se limite a uma simples intenção de projeto ou que possa ser sustentado apenas como discurso. Sua presença como valor deve efetivamente alterar a produção projetual e também a maneira de se projetar. Este respaldo técnico deve ter, evidentemente, coerência didática e não ser reduzido a diretrizes normativas como as NBR da vida.

Finalmente, acho que este valor não deva introduzir conteúdos e critérios às custas da exclusão de outros conteúdos e critérios importantes para o fazer arquitetônico. Não creio que a sustentabilidade se baste como um valor em si. Sendo mais claro, um edifício que vise a sustentabilidade não se exime de ser bem proporcionado, se esteticamente interessante, garantir a usabilidade do seu espaço, escutar o seu contexto, etc. Se fosse assim, voltaríamos a uma redução semelhante a um

funcionalismo xiita que há quase um século se mostrou equivocado. Ao contrário, penso que só será possível levar adiante a presença da sustentabilidade como valor no ensino se ela for inserida em uma cultura arquitetônica já existente. Esta cultura, é claro, será modificada pela sua presença. Com isso será necessário que se repense os processos criativos do projeto e os processos de ensino. E esta necessidade também não é novidade, já que se hoje alguns clamam pela sustentabilidade no ensino, já se clamou pelo conforto ambiental, pela história da arquitetura, pela preservação do patrimônio, por noções de técnica construtiva, por um olhar para a cidade, pela expressão formal, etc.

Pedro Engel, UFRGS, 2004.

Dos sete questionários recebidos, quatro disseram que em seus trabalhos algumas questões sobre sustentabilidade foram abordadas, um respondeu que não abordou, e dois disseram que o trabalho estava muito voltado para a sustentabilidade na arquitetura, o de Mara Eskinazi e o de Izabel Torres Cordeiro.