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Utilização de óleo e adjuvantes nas aplicações

No documento Pinta preta dos citros (páginas 139-143)

volume de copa da planta: 4,2 m de altura × 3,7 m

8.3.6 Utilização de óleo e adjuvantes nas aplicações

As pulverizações com fungicidas para o controle da pinta preta nos diferentes paí- ses onde ela ocorre são realizadas com adição de óleo mineral ou vegetal. Desde a déca- da de 1960 os cúpricos já eram aplicados na África do Sul com a adição de óleo. Naquela época a dose recomendada era de 0,5% e, a partir da década de 1990, passou -se a utilizar

uma dose inferior (0,25%). No Brasil vários trabalhos foram feitos desde a década de 1990, e o óleo, na maioria dos ensaios, mostrou -se eficiente em aumentar o desempenho dos fungicidas. Resultados de experimentos com doses inferiores a 0,25% são variáveis, ora equivalentes, ora inferiores à dose recomendada. O óleo pode ser de origem mine- ral ou vegetal e nos dois casos há desempenho semelhante quando adicionados à calda fungicida (Tabela 8.15).

Tabela 8.15 Severidade (%) da pinta preta em frutos de laranjeiras doces tratadas com calda fungicida acrescida ou não de óleo, em diferentes experimentos realizados no estado de São Paulo.

Safra Local Variedade Tratamentosa Severidade (%)

1995/96 Conchalb ‘Pera’ Benomil 0,69 b Benomil + OM (0,5%) 0,54 b Mancozebe 0,95 ab Mancozebe + OM (0,5%) 0,67 b Sem aplicações 1,24 a 1997/98 Conchalc ‘Pera’ Benomil 0,57 b Benomil + OM (0,5%) 0,13 c Sem aplicações 0,93 a 1997/98 Conchald ‘Natal’ Benomil 1,28 b Benomil + OM (0,5%) 0,39 c Sem aplicações 2,52 a

2005/06 Mogi Guaçue ‘Natal’

Carbendazim + OM (0,25%) 2,08 b Carbendazim + OV (0,25%) 1,23 b

Sem aplicações 5,42 a

2005/06 Mogi Guaçue ‘Natal’

Piraclostrobina + OM (0,125%) 1,06 b Piraclostrobina + OM (0,25%) 1,51 b Piraclostrobina + OM (0,5%) 1,24 b

Sem aplicações 5,42 a

2009/10 Mogi Guaçuf ‘Valência’

Trifl. ou Carb. + OM (0,25%) 2a a 6a pulv. 0,17 e

Trifl. ou Carb. + OM (0,15%) 2a a 6a pulv. 0,32 d

Trifl. ou Carb. + OM (0,25%) 2a a 4a pulv. 1,05 c

Trifl. ou Carb. + OM (0,15%) 2a a 4a pulv. 1,56 b

Sem aplicações 4,48 a

aOM = óleo mineral emulsionável; OV = óleo vegetal emulsionável; Trifl. = pulverizações com trifloxistrobina e Carb. = pulverizações com carbendazim,

acrescidas de OM da 2a a 6a pulverizações ou apenas da 2a a 4a, sendo as duas últimas sem OM. A primeira aplicação foi com cúprico sem OM. Médias

de severidade seguidas por letras iguais no mesmo experimento não diferem entre si (Duncan, p>0,05). bFeichtenberger et al. (1997); cAguilar -Vildoso

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8 Manejo da pinta preta

O óleo deve ser de boa qualidade, apresentar a quantidade suficiente de emulsifi- cantes, propiciar boa miscibilidade em água e mistura uniforme e estável. Além de me- lhorar o desempenho de fungicidas no controle da pinta preta, o óleo também tem ação direta no manejo de pragas. Por outro lado, pode apresentar efeitos negativos sobre o florescimento, acarretando diminuição de inflorescências e consequentemente redução da produção das plantas.

A não utilização do óleo nas duas últimas aplicações é uma prática adotada por al- guns citricultores devido à necessidade de aplicação de enxofre para controle de ácaros, uma vez que a mistura de enxofre com o óleo é incompatível, causando fitotoxicidade. Entretanto, em áreas com alta quantidade de inóculo e em anos com elevado regime de chuvas, a não utilização do óleo no fim do período de controle, bem como a redução da dose ou substituição por outros adjuvantes pode não ser a melhor estratégia.

A utilização de adjuvantes em substituição ao óleo tem sido adotada por alguns citricul- tores visando reduzir custos, uma vez que a dose do óleo utilizada no controle de pinta preta é relativamente alta, e o seu custo, em geral, é maior quando comparado a outros adjuvantes. Entretanto, poucos estudos foram realizados com os diferentes adjuvantes disponíveis no mercado. Além do óleo, apenas os organosiliconados estão registrados no MAPA. No mer- cado nacional existem outros compostos que podem apresentar efeito adjuvante, mas eles não estão registrados no MAPA e, portanto, não podem ser recomendados para aplicações visando melhorar o espalhamento ou a adesividade de defensivos.

Alguns adjuvantes podem melhorar o processo de coalescência das gotas, possibilitando a formação de películas líquidas sobre o tecido por meio da redução da tensão superficial e do ângulo de contato das gotas sobre a superfície. Os organosiliconados apresentam alta ca- pacidade de espalhamento e reduzem a tensão superficial da água. Essas características fazem

com que esses, quando utilizados em volumes altos (200 mL de calda/m3 de copa), causem

escorrimento e perda de efetividade do fungicida no controle da pinta preta. Por outro lado, quando os fungicidas são aplicados em volumes inferiores ao ponto de escorrimento teórico

(100 mL/m3), os organosiliconados mostram eficiência equivalente ao óleo mineral e podem

ser uma opção para o manejo da pinta preta (Figura 8.23).

Os ensaios com os volumes de 50 e 100 mL/m3 foram conduzidos por três safras,

em Tambaú -SP, em pomares com alta intensidade da doença. Os resultados mostraram que a adição do óleo mineral ou do organosiliconado à calda de fungicida proporcio- nou eficiência similar, com a doença sendo mantida em níveis relativamente baixos nos

dois tratamentos. No ensaio com 200 mL/m3 realizado em Mogi Guaçu -SP, apesar de o

organosiliconado ter apresentado um controle inferior ao obtido com a adição do óleo mineral à calda, ambos se mostraram eficazes, uma vez que a doença permaneceu em níveis baixos comparados ao tratamento sem aplicações de fungicidas. Dessa maneira, esse organosiliconado (copolímero de poliéter e silicone) é uma opção de adjuvante a ser adicionado à calda fungicida pulverizada em volumes abaixo do ponto de escorrimento para o controle da pinta preta.

Área abaixo da cur

va de progresso da severidade (AACPS)

Óleo mineral Organosiliconado Sem aplicações

0 200 400 600 800 200 mL/m3 b c a 0 200 400 600 800 100 mL/m3 b b a 0 200 400 600 800 50 mL/m3 b b a

Figura 8.23 Área abaixo da curva de progresso da severidade (AACPS) da pinta preta em frutos de laranjeiras ‘Valência’ pulverizados com caldas fungicidas acrescida de óleo mineral (0,25% dos produtos comerciais Argenfruit ou Agefix) ou adjuvante organosiliconado copolímero de poliéter e silicone (0,025% do produto comercial Silwet) aplicados com volume de calda de 50, 100 ou 200 mL/m3 no controle da doença. Médias seguidas pela mesma letra

na coluna em cada volume de calda não diferem entre si (Tukey; p >0,05). Fontes: Silva (2013a) – 50 e 100 mL/m3;

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