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2. ESCOLA E TRANSDISCIPLINARIDADE

2.3. UTILIZAÇÃO DE PROJETOS

No entender de Vieira (2001) apud Dewey (1897) educação é um processo de vida e não uma preparação para a vida, e a escola deve representar a vida presente, tão real e vital para o aluno, como a que ele vive, o entendimento então é de que a forma de trabalhar também deve ser repensada e modificada. A busca desta forma de trabalhar levará o ser humano a um grande objetivo, que é o de educar as gerações vindouras com maior objetividade e facilidade.

Os seres humanos são capazes de dar valor, refletir e interagir nas formas de ação, frente aos desafios impostos pelo meio e por nós mesmos, emergindo o ato de planejar, de fazer projetos.

O planejamento foi e será sempre, um ato ou necessidade em todas as atividades humanas, tornando-se imprescindível, dado à complexidade dos problemas culturais, sociais, políticos e econômicos das sociedades em virtude do que as escolas e professores buscam nestes, o desenvolvimento de seus trabalhos.

Para que aconteça o planejamento é necessário diretrizes norteadoras, como o projeto pedagógico, segundo Moretto (1997) citado por Vieira (2001, p. 1), projeto pedagógico é um: “conjunto de princípios orientados que vai dizer cotidianamente, como dar identidade ao seu trabalho.”

Para Vieira (2001, p. 1) um projeto pedagógico contempla várias faces, e possui três dimensões:

− Dimensão Política: que explicita o lugar que a educação formal imagina e pensa ocupar dentro da sociedade e que seus alunos deverão ocupar;

− Dimensão Econômica: em virtude da globalização;

− Dimensão de Aprendizagem: em virtude da dedução das formas de ensino.

Do planejamento surge o projeto, a esse se associam às idéias, os professores, os alunos e a escola, modificando-se o processo de ensino aprendizagem.

A utilização de projetos para Perrenoud (2000, p. 36) só acontece se os alunos aceitarem o projeto e se desejarem saber do conteúdo a ser abordado, mencionando os três dispositivos didáticos necessários:

1. Motivação;

2. Relação com o saber;

3. Sentido da experiência e do trabalho escolar.

Quando da utilização de projetos, os alunos estarão sendo amplamente estimulados, o que não ocorre nas atividades longas e cansativas, nas aulas expositivas e baseadas em livros textos, auxiliando pouco no compartilhamento de recursos e na cooperação entre esses.

Diz Perrenoud (2000, p. 128):

“Se fosse preciso iniciar seriamente os alunos na informática, o caminho mais interessante seria inseri-la completamente nas diversas atividades intelectuais cujo domínio é visado, particularmente cada vez que as TIC liberam das tarefas longas e fastidiosas que desestimulam os alunos, tornando mais visíveis os procedimentos de tratamento ou as estruturas conceituais, ou permitindo que os alunos cooperem e compartilhem os recursos”.

Os alunos deixam de ser meros receptores do conteúdo, participando ativamente da experiência educativa de construção de seu conhecimento, o que os levará a apropriação e desenvolvimento de suas potencialidades.

Abrantes (1995, p. 62), citado por Vieira (2001), aponta características fundamentais do trabalho com projetos:

− Um projeto é uma atividade intencional: o envolvimento dos alunos é uma característica chave do trabalho de projetos, o que pressupõe um objetivo que dá unidade e sentido às várias atividades, bem como um produto final que pode assumir formas muito variadas, mas procura responder ao objetivo inicial e reflete o trabalho realizado; − No projeto a responsabilidade e autonomia dos alunos são

essenciais: os alunos são co-responsáveis pelo trabalho e pelas escolhas ao longo do desenvolvimento do projeto. Em geral desenvolvido em equipes, motivo pelo qual a cooperação está também quase sempre associada ao trabalho de projetos;

− Autenticidade: característica fundamental do projeto, buscando um problema relevante aos alunos, não sendo apenas reprodução de conteúdos, nem dissociado da realidade;

− O projeto envolve complexidade e resolução de problemas: o objetivo central do projeto constitui um problema ou uma fonte geradora de problemas, que exige uma atividade para sua realização;

− Tem caráter faseado: percorre várias fases - escolha do objetivo central, formulação dos problemas, planejamento, execução, avaliação e divulgação dos trabalhos.

“Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos. Ensina-se não só pelas respostas dadas, mas principalmente

pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação desencadeada” Vieira(2001, p. 2).

Para o desenvolvimento do trabalho com projetos Vieira (2001, p. 3) diz que são necessários três momentos, sem a necessidade de serem etapas estanques, a saber:

− Problematização: ponto de partida, onde os alunos expressarão suas idéias, crenças e conhecimentos sobre o tema em questão. Ao professor cabe detectar o que o aluno já sabe, e o que ainda não sabe;

− Desenvolvimento: criam-se as estratégias para buscar soluções às questões e hipóteses levantadas;

− Síntese: às convicções iniciais são superadas e outras são substituídas, a aprendizagem passa a fazer parte dos esquemas de conhecimentos dos alunos e vão servir de base de conhecimento para os novos em outras situações de aprendizagem.

Os projetos são processos contínuos que não podem ser reduzidos a uma lista de objetivos e etapas estanques. É uma postura que reflete uma concepção de conhecimento como produção coletiva, onde a experiência vivida e a produção cultural sistematizada se entrelaçam dando significado às aprendizagens construídas e reconstruídas a cada momento.

Dá-se um sentido novo ao ato de aprender, onde cada necessidade de aprendizagem busque a solução de problemas que se nos apresentam no dia a dia, gerando situações de aprendizagens diversificadas e voltadas para a

realidade vivida, possibilitando aos educadores o fazer pedagógico direcionado a construção da autonomia do indivíduo e do coletivo do grupo.

Ao observar a escola “atual” vê-se a necessidade urgente de buscar autonomia e metodologias que de fato contribuam para o desenvolvimento de políticas educacionais relevantes, que viabilizem as mudanças urgentes e necessárias na comunidade, na escola e conseqüentemente nos professores e alunos.

A busca constante de novas metodologias nos leva a transdisciplinaridade, forma possível de reunir este emaranhado de disciplinas, conteúdos e métodos, com objetivos claros de unir o homem e a sua natureza, a escola e seu conteúdo, através de projetos voltados para os interesses dos alunos envolvidos, utilizando estas novas tecnologias que hoje chamam atenção de todos, assunto abordado no capítulo seguinte.

CAPÍTULO III

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